Fides 20 N2 - Revista do Centro Presbiteriano Andrew Jumper
Revista Fides Reformata 20 N2 (2015)
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FIDES REFORMATA XX, Nº 2 (<strong>20</strong>15): 41-69<br />
que já morreram”. 52 O que poucos deles reconhecem é que, para fazê-lo, eles<br />
estão se basean<strong>do</strong> profundamente em outros teólogos que já morreram, especialmente<br />
os das correntes da neo-orto<strong>do</strong>xia e <strong>do</strong> catolicismo romano. 53 De<br />
fato, grande parte <strong>do</strong> que eles consideram ser novo não é nada mais que formas<br />
recicladas de pietismo, 54 pentecostalismo, 55 liberalismo 56 ou neo-orto<strong>do</strong>xia. 57<br />
Enquanto afirmam ser pós-modernos, estão, na verdade, usan<strong>do</strong> a teologia<br />
de homens bastante modernos que foram tanto moldes como molda<strong>do</strong>s por sua<br />
época. 58 O problema pós-moderno de escolher convenientemente quan<strong>do</strong> o texto<br />
tem um senti<strong>do</strong> claro e quan<strong>do</strong> não tem é onipresente no MIE. Peter Rollins,<br />
por exemplo, nega a existência de um significa<strong>do</strong> claro <strong>do</strong> texto bíblico, mas<br />
afirma veementemente que a Bíblia prega amor e justiça social. 59 Muitos autores<br />
52 Curiosamente, os elementos básicos da experiência, da comunidade e <strong>do</strong> contexto <strong>do</strong> MIE<br />
podem ser atribuí<strong>do</strong>s ao teólogo liberal <strong>do</strong> século 19 Friedrich Schleiermacher (JOHNSON, Gary. Introduction.<br />
In: JOHNSON e GLEASON, Reforming or Conforming?, p. 16). As escolhas <strong>do</strong> MIE sobre o<br />
que é relevante hoje parecem, às vezes, guiadas mais por conveniência <strong>do</strong> que por um cuida<strong>do</strong>so exame<br />
histórico e teológico. Eles rejeitam a teologia reformada histórica ao mesmo tempo em que usam Karl<br />
Barth, Jurgen Moltmann e N. T. Wright em conjunto com filósofos pós-modernos. GLEASON, Church<br />
and Community, p. 180.<br />
53 Em Orto<strong>do</strong>xia Generosa, McLaren cita e recomenda vários teólogos e filósofos, na maior<br />
parte católicos (Josef Pieper, Aquino, Guardini) ou o neo-orto<strong>do</strong>xo Karl Barth. Vale observar que o<br />
catolicismo romano pós-Vaticano II tem uma afinidade próxima com o universalismo incipiente da<br />
neo-orto<strong>do</strong>xia.<br />
54 Observe a ênfase na experiência pessoal como guia e alvo para a vida cristã, em conjunto com<br />
uma moralidade muito individualista na qual a pessoa é a única que está em posição de julgar o próprio<br />
comportamento. CLARK, Whosoever will be saved, p. 117.<br />
55 Grande ênfase na experiência, certo desdém por aqueles que criticam o movimento sem fazer<br />
parte dele e negação da suficiência das Escrituras. Sobre o relacionamento <strong>do</strong> MIE com o pentecostalismo<br />
da terceira onda e John Wimber (da Igreja Vineyard), ver GIBBS e BOLGER, Emerging Churches, p. 219.<br />
56 Phil Johnson (Joyriding on the <strong>do</strong>wngrade, p. 222) alerta para similaridades entre o liberalismo<br />
e o MIE: a rejeição da expiação penal substitutiva como sen<strong>do</strong> muito violenta, o clamor por tolerância<br />
como sen<strong>do</strong> o valor supremo, o relaxamento na <strong>do</strong>utrina da inerrância e outros elementos.<br />
57 A dependência da neo-orto<strong>do</strong>xia pode ser exemplificada em sua visão da Bíblia e compreensão<br />
sobre Deus. Sua negação da possibilidade de expressar verdades proposicionais sobre Deus vem de uma<br />
visão enganosa sobre a questão da autorrevelação de Deus. Sua confusão sobre a revelação e a inerrância<br />
das Escrituras também é em grande parte causada por sua dependência de Karl Barth. Em harmonia com<br />
Barth, eles afirmam que Deus é completamente outro e está além <strong>do</strong> alcance humano. Eles seguem o<br />
caminho de, por um la<strong>do</strong>, negar a compreensibilidade de Deus, e de outro, afirmar inconsistentemente<br />
várias coisas sobre ele. Ver DEYOUNG e KLUCK, Não quero um pastor bacana, p. 91-95.<br />
58 DeYoung e Kluck também observam isso e dizem: “A maior ironia em relação à igreja emergente<br />
pode ser exatamente esta: ao punirem severamente tu<strong>do</strong> o que é moderno, eles são, em muitos aspectos,<br />
totalmente modernos. Muitos <strong>do</strong>s principais livros mostram uma combinação familiar de liberalismo <strong>do</strong><br />
evangelho social, uma visão neo-orto<strong>do</strong>xa das Escrituras e um desprezo pós-iluminista por coisas como<br />
inferno, ira de Deus, revelação proposicional, propiciação e tu<strong>do</strong> aquilo que vá além de um cristianismo<br />
vagamente moralista, afetuoso e sem <strong>do</strong>utrinas”. Não quero um pastor bacana, p. 184.<br />
59 Ibid., p. 144-147.<br />
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