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Revista Curinga Edição 02

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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data de 2,5 milhões de anos<br />

antes de Cristo. A natureza, os<br />

ciclos da terra e a fertilidade<br />

eram os focos de reverência.<br />

Mas na atualidade, novas religiões<br />

surgem a todo o momento,<br />

templos são erguidos em cada<br />

esquina, livros, pessoas e coisas<br />

são eleitos deuses. Talvez isso se<br />

explique pelo caráter de insegurança<br />

e de individualismo<br />

presentes nas sociedades contemporâneas.<br />

Hoje, é impossível<br />

contar quantos milhares de<br />

religiões existem no planeta.<br />

Temos conhecimento das<br />

mais populares e com mais<br />

adeptos: cristianismo, budismo,<br />

hinduísmo, islamismo, judaísmo,<br />

espiritismo. Mas, ainda<br />

dentro delas, circulam inúmeras<br />

variações, de acordo coma<br />

geografia, a cultura e a história.<br />

O maior exemplo pode ser<br />

o do cristianismo, dividido<br />

entre católicos, ortodoxos e<br />

protestantes. Dentro do protestantismo,<br />

podemos citar, pelo<br />

menos, algumas centenas de<br />

seguimentos, e, mesmo assim,<br />

não citaríamos todos.<br />

Cada expressão religiosa<br />

costuma eleger, além de divindades,<br />

sejam elas quais forem,<br />

símbolos, rituais, palavras ou<br />

livros sagrados. Mas isso não é<br />

regra, como o que ocorre com<br />

a Fé-Bahá’í, surgida no século<br />

XIX na região da antiga Pérsia.<br />

Para os fiéis não existem dogmas<br />

ou rituais. Acreditam ser<br />

a única religião, creem em um<br />

só Deus, criador, e inalcançável.<br />

Pregam a paz entre os homens<br />

e abominam qualquer tipo de<br />

preconceito e discriminação.<br />

Já em outro extremo, de<br />

origem Sueca, a “Assembleia de<br />

Deus” é regida por um conjunto<br />

de normas, regras e rituais.<br />

Creem em Jesus Cristo e na salvação<br />

do homem que se afasta<br />

do pecado. Serão excluídos do<br />

reino dos céus: “os sodomitas,<br />

os idólatras, os impuros, os<br />

assassinos, os viciados e todo<br />

aquele que ama e pratica a<br />

mentira”. (Ap 21.27; 22.15)<br />

Doutrinamentos, natureza,<br />

o homem e Deus. O que fica<br />

evidente é o pertencimento de<br />

todas as religiões a um universo<br />

de fé. Todas expressam a qualidade<br />

do ser humano diante do<br />

desconhecido, do mistério, do<br />

místico. Todas se aproximam<br />

em um sentido: são objetos e<br />

criações de uma mesma espécie,<br />

nós homo sapiens.<br />

“Pé em Deus e fé na<br />

tábua!”<br />

Nesse emaranhado de possibilidades<br />

- crenças, templos,<br />

divindades, sol, lua, Jesus com<br />

barba, da confluência entre as<br />

várias religiões ou extremismos<br />

- em que parte dessa história<br />

encontram-se os ateus e os agnósticos?<br />

E os que encontram,<br />

por exemplo, em Karl Marx, na<br />

observação dos astros ou em<br />

John Lennon, um modo distinto<br />

de olhar a vida?<br />

A religião também pode<br />

fugir a Deus, não O querer. E<br />

por não O querer, se apoio em<br />

outras filosofias, tenho outros<br />

vícios, outras linguagens. É<br />

como chutar Deus e acreditar<br />

O contexto desfavorável para a livre manifestação de crenças fez com que pessoas de diferentes religiões se reunissem,<br />

no intuito de trabalharem para subverterem esta situação. A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, CCIR, no Rio de<br />

Janeiro, nasceu dentro deste ambiente de divergência e desrespeito. Formada por umbandistas, candomblecistas, espíritas,<br />

judeus, católicos, muçulmanos, malês, bahá’ís, evangélicos, hare krishnas, budistas, ciganos, wiccanos, seguidores do Santo<br />

Daime, evangélicos, ateus e agnósticos, a comissão também possui membros do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, do Ministério<br />

Público e da Polícia Civil. As atividades são amparadas pela Lei Caó 7716/89. De acordo com a lei: “Intolerância religiosa<br />

é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar<br />

as diferenças ou crenças religiosas de terceiros. Poderá ter origem nas próprias crenças religiosas de alguém ou ser motivada<br />

pela intolerância contra as crenças e práticas religiosas de outrem”.<br />

Vinte anos após a criação da Lei, a CCIR ainda luta contra a intolerância. Em 2009, uma mãe perdeu provisoriamente a guarda<br />

de seu filho, pois a juíza entendeu que ela não tinha condições morais de criar a criança por ser candomblecista. No mesmo<br />

ano, traficantes de drogas invadiram barracões, quebraram imagens e ameaçaram de morte religiosos de matrizes africanas<br />

que não quiseram se converter ao Evangelho. A CCIR atua na luta pela liberdade religiosa e pela garantia de um Estado laico,<br />

desvinculado de preceitos religiosos, onde cada cidadão tenha o direito garantido de praticar a sua fé, seja ela qual for.<br />

26 abril 2012

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