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Jornal Paraná Janeiro 2018

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VARIEDADES<br />

Concentração diminuiu,<br />

mas ainda preocupa<br />

Os dados são do segundo censo nacional de variedades de<br />

cana feito pelo IAC. A RB867515 ainda predomina absoluta<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Aconcentração varietal<br />

de cana-de-açúcar no<br />

Brasil, índice que considera<br />

as três variedades<br />

mais cultivadas no país,<br />

diminuiu de 77% para 75,1%, o<br />

que indica que as empresas<br />

passaram a se preocupar com<br />

esse aspecto. Esse resultado é<br />

positivo para o setor sucroenergético<br />

brasileiro, por proporcionar<br />

maior segurança biológica<br />

frente ao surgimento de novas<br />

pragas e doenças. Porém, a<br />

concentração da variedade RB-<br />

867515 ainda é grande, o que<br />

pode colocar em risco a canavicultura<br />

de alguns estados,<br />

como <strong>Paraná</strong> e Espírito Santo.<br />

Os dados fazem parte do segundo<br />

censo nacional de variedades<br />

de cana-de-açúcar realizado<br />

pelo Instituto Agronômico<br />

de Campinas (IAC), que é o<br />

maior levantamento sobre uso<br />

de variedades desta cultura no<br />

Brasil. Seis milhões de hectares<br />

foram recenseados nos Estados<br />

de São Paulo, Espírito Santo,<br />

Goiás, Mato Grosso, Mato<br />

Grosso do Sul, Minas Gerais e<br />

<strong>Paraná</strong>, com informações de<br />

216 unidades produtoras. O IAC<br />

fez também o levantamento das<br />

intenções de plantio em 700 mil<br />

hectares, dentro de um milhão<br />

de hectares plantados na safra<br />

2017/18.<br />

A recomendação do Programa<br />

Cana IAC é de que em uma<br />

área de produção, uma única<br />

variedade de cana-de-açúcar<br />

não represente mais do que<br />

15% do total. A diversidade varietal<br />

é estratégica para garantir<br />

a segurança biológica e evitar<br />

que, em caso do ataque de<br />

praga ou doença severa, grande<br />

parte do canavial seja atingida,<br />

segundo o pesquisador e<br />

líder do Programa Cana IAC,<br />

Marcos Guimarães de Andrade<br />

Landell.<br />

O censo aponta que há regiões<br />

onde há mais de 50% do canavial<br />

plantado com um único<br />

material - a RB867515. Este é<br />

o caso do Espírito Santo, que<br />

mantém 59% dos 47.736 hectares<br />

plantados com a variedade<br />

e a intenção de plantio<br />

mostra que esse número será<br />

aumentado. Também, as três<br />

variedades mais plantadas somam<br />

78% da área. O Mato<br />

Grosso tem 56% desta variedade<br />

em 146.302 hectares, onde<br />

apenas quatro variedades<br />

ocupam 79% do total.<br />

No <strong>Paraná</strong> onde a concentração<br />

também é significativa, só três<br />

variedades ocupam 62% da<br />

área destinada à cana-de-açúcar<br />

- RB867515 (com 43%),<br />

RB966928 (14%) e RB835054<br />

(5%), o que traz risco fitossanitário.<br />

“São Paulo tem a menor<br />

proporção de RB867515, com<br />

21%, isso significa que o estado<br />

é mais eficiente na modernização<br />

de variedades”, diz o<br />

Uso de novos materiais<br />

devia ser maior<br />

Segundo Rubens Braga Júnior,<br />

os produtores do Centro-Sul<br />

do Brasil também não estão<br />

usando novas variedades na<br />

proporção devida. O censo<br />

mostrou, assim como em<br />

2016, uma grande concentração<br />

de plantio com a variedade<br />

RB867515, que representa<br />

26% dos canaviais e<br />

soma 18% das intenções de<br />

plantio. “A região de Assis usa<br />

variedade mais novas, assim<br />

como o <strong>Paraná</strong>, já Araçatuba<br />

adota mais antigas”, comenta.<br />

Conceitualmente, as variedades<br />

modernas são adaptadas<br />

ao plantio mecanizado e não<br />

apresentam falhas, têm alta<br />

produtividade e resistência às<br />

doenças e ao acamamento.<br />

“Vale destacar que o menor<br />

índice de atualização varietal,<br />

ou seja, o uso de variedades<br />

modernas representa maior<br />

produtividade”, resume o pesquisador<br />

do IAC.<br />

O levantamento sobre as intenções<br />

de plantio para a próxima<br />

safra de cana-de-açúcar,<br />

quando deverão ser plantados<br />

cerca de um milhão de hectares,<br />

aponta ainda para uma<br />

tendência na queda no índice<br />

estatístico e consultor do Programa<br />

Cana IAC, Rubens Braga<br />

Junior. Goiás mantém 29% da<br />

RB867515.<br />

de concentração. Foram recenseadas<br />

cerca de 70% da<br />

área que será plantada.<br />

Segundo Marcos Landell, o<br />

Índice de Atualização Varietal<br />

é um indicador positivo na<br />

avaliação das propriedades,<br />

além de representar um incentivo<br />

a todos os programas<br />

de melhoramento genético de<br />

cana no Brasil. Além do IAC,<br />

a Rede Interuniversitária para<br />

o Desenvolvimento do Setor<br />

Sucroenergético (Ridesa) e o<br />

Centro de Tecnologia Canavieira<br />

(CTC) mantêm esses<br />

programas no País.<br />

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<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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