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VARIEDADES<br />
Concentração diminuiu,<br />
mas ainda preocupa<br />
Os dados são do segundo censo nacional de variedades de<br />
cana feito pelo IAC. A RB867515 ainda predomina absoluta<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Aconcentração varietal<br />
de cana-de-açúcar no<br />
Brasil, índice que considera<br />
as três variedades<br />
mais cultivadas no país,<br />
diminuiu de 77% para 75,1%, o<br />
que indica que as empresas<br />
passaram a se preocupar com<br />
esse aspecto. Esse resultado é<br />
positivo para o setor sucroenergético<br />
brasileiro, por proporcionar<br />
maior segurança biológica<br />
frente ao surgimento de novas<br />
pragas e doenças. Porém, a<br />
concentração da variedade RB-<br />
867515 ainda é grande, o que<br />
pode colocar em risco a canavicultura<br />
de alguns estados,<br />
como <strong>Paraná</strong> e Espírito Santo.<br />
Os dados fazem parte do segundo<br />
censo nacional de variedades<br />
de cana-de-açúcar realizado<br />
pelo Instituto Agronômico<br />
de Campinas (IAC), que é o<br />
maior levantamento sobre uso<br />
de variedades desta cultura no<br />
Brasil. Seis milhões de hectares<br />
foram recenseados nos Estados<br />
de São Paulo, Espírito Santo,<br />
Goiás, Mato Grosso, Mato<br />
Grosso do Sul, Minas Gerais e<br />
<strong>Paraná</strong>, com informações de<br />
216 unidades produtoras. O IAC<br />
fez também o levantamento das<br />
intenções de plantio em 700 mil<br />
hectares, dentro de um milhão<br />
de hectares plantados na safra<br />
2017/18.<br />
A recomendação do Programa<br />
Cana IAC é de que em uma<br />
área de produção, uma única<br />
variedade de cana-de-açúcar<br />
não represente mais do que<br />
15% do total. A diversidade varietal<br />
é estratégica para garantir<br />
a segurança biológica e evitar<br />
que, em caso do ataque de<br />
praga ou doença severa, grande<br />
parte do canavial seja atingida,<br />
segundo o pesquisador e<br />
líder do Programa Cana IAC,<br />
Marcos Guimarães de Andrade<br />
Landell.<br />
O censo aponta que há regiões<br />
onde há mais de 50% do canavial<br />
plantado com um único<br />
material - a RB867515. Este é<br />
o caso do Espírito Santo, que<br />
mantém 59% dos 47.736 hectares<br />
plantados com a variedade<br />
e a intenção de plantio<br />
mostra que esse número será<br />
aumentado. Também, as três<br />
variedades mais plantadas somam<br />
78% da área. O Mato<br />
Grosso tem 56% desta variedade<br />
em 146.302 hectares, onde<br />
apenas quatro variedades<br />
ocupam 79% do total.<br />
No <strong>Paraná</strong> onde a concentração<br />
também é significativa, só três<br />
variedades ocupam 62% da<br />
área destinada à cana-de-açúcar<br />
- RB867515 (com 43%),<br />
RB966928 (14%) e RB835054<br />
(5%), o que traz risco fitossanitário.<br />
“São Paulo tem a menor<br />
proporção de RB867515, com<br />
21%, isso significa que o estado<br />
é mais eficiente na modernização<br />
de variedades”, diz o<br />
Uso de novos materiais<br />
devia ser maior<br />
Segundo Rubens Braga Júnior,<br />
os produtores do Centro-Sul<br />
do Brasil também não estão<br />
usando novas variedades na<br />
proporção devida. O censo<br />
mostrou, assim como em<br />
2016, uma grande concentração<br />
de plantio com a variedade<br />
RB867515, que representa<br />
26% dos canaviais e<br />
soma 18% das intenções de<br />
plantio. “A região de Assis usa<br />
variedade mais novas, assim<br />
como o <strong>Paraná</strong>, já Araçatuba<br />
adota mais antigas”, comenta.<br />
Conceitualmente, as variedades<br />
modernas são adaptadas<br />
ao plantio mecanizado e não<br />
apresentam falhas, têm alta<br />
produtividade e resistência às<br />
doenças e ao acamamento.<br />
“Vale destacar que o menor<br />
índice de atualização varietal,<br />
ou seja, o uso de variedades<br />
modernas representa maior<br />
produtividade”, resume o pesquisador<br />
do IAC.<br />
O levantamento sobre as intenções<br />
de plantio para a próxima<br />
safra de cana-de-açúcar,<br />
quando deverão ser plantados<br />
cerca de um milhão de hectares,<br />
aponta ainda para uma<br />
tendência na queda no índice<br />
estatístico e consultor do Programa<br />
Cana IAC, Rubens Braga<br />
Junior. Goiás mantém 29% da<br />
RB867515.<br />
de concentração. Foram recenseadas<br />
cerca de 70% da<br />
área que será plantada.<br />
Segundo Marcos Landell, o<br />
Índice de Atualização Varietal<br />
é um indicador positivo na<br />
avaliação das propriedades,<br />
além de representar um incentivo<br />
a todos os programas<br />
de melhoramento genético de<br />
cana no Brasil. Além do IAC,<br />
a Rede Interuniversitária para<br />
o Desenvolvimento do Setor<br />
Sucroenergético (Ridesa) e o<br />
Centro de Tecnologia Canavieira<br />
(CTC) mantêm esses<br />
programas no País.<br />
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<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>