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Ano 01 | Edição <strong>001</strong> | Maringá, dezembro de 2017 | O Jornal Comunitário da Zona Norte de Maringá!<br />
Pág. 7<br />
Horta Comunitária<br />
do Jardim Tóquio<br />
Ao todo são 29 hortas comunitárias na cidade de Maringá.<br />
(Por Ligiane Ciola)<br />
As 250 toneladas de alimentos<br />
orgânicos que as 29 hortas comunitárias<br />
produzem por ano ajudam<br />
no orçamento de mais de 700<br />
famílias maringaenses.<br />
O alimento produzido pelas<br />
pessoas beneficiadas pelo projeto<br />
é livre de agrotóxicos e em alguns<br />
casos são vendidos a preços inferiores<br />
aos vendidos no mercado.<br />
Cada família tem direito a dois canteiros<br />
na horta. A prefeitura dá o<br />
adubo, as mudas, e o cidadão só paga<br />
uma taxa de 20 reais por mês.<br />
Zilda Barbosa de Souza, secretária e tesoureira da horta do Jardim Tóquio<br />
Zilda Barbosa de Souza, 54<br />
anos, é secretária e tesoureira da<br />
horta do Jardim Tóquio. Zilda conta<br />
com orgulho que foi uma das<br />
primeiras pessoas a serem sorteadas<br />
na ocasião da inauguração da<br />
horta em agosto de 2015 e que “de<br />
lá para cá viu a horta crescer e viu<br />
também muita gente desistir do trabalho<br />
que é diário e pesado, eu porém<br />
quando chego aqui não tenho<br />
nem vontade de ir embora”.<br />
A horta do Jardim Tóquio possui<br />
atualmente mais de 80 canteiros<br />
que são cultivados por 38 famílias.<br />
Existe também uma área reservada<br />
ao cultivo de plantas medicinais.<br />
Para fazer parte do projeto das<br />
hortas comunitárias os moradores<br />
devem colocar seus nomes em uma<br />
lista de espera e torcer para que alguém<br />
desista de seus canteiros.■<br />
Informações sobre as hortas:<br />
Prefeitura de Maringá<br />
(44) 3261-5575 / (44) 3261-5555<br />
Josep - O espanhol<br />
do “pé vermelho”<br />
O comerciante aposentado de nacionalidade<br />
espanhola, Josep Rossel<br />
Figueras, se apaixonou pela terra vermelha<br />
de Maringá e hoje toma conta<br />
de dois canteiros na Horta do Jardim<br />
Tóquio. Josep tem uma produção muito<br />
boa e vende o excedente de seu<br />
consumo para os restaurantes e lanchonetes<br />
da zona norte. O espanhol<br />
conta que no início enfrentou a desconfiança<br />
dos comerciantes, mas que<br />
hoje possui uma boa carteira de clientes<br />
que continua a expandir-se. Mas<br />
como ele chegou até aqui?<br />
“Eu morava em Tàrrega, província<br />
de Lérida, na comunidade autônoma<br />
da Catalunha e lá trabalhei em<br />
uma cooperativa agropecuária e também<br />
fui dono de uma petiscaria. Em<br />
2013 percebi que a crise econômica estava<br />
ficando cada vez mais violenta e<br />
assim decidi colocar minha atividade<br />
comercial à venda, mas acabei perdendo<br />
muito daquilo que investi”.<br />
Desanimado com a situação financeira<br />
do velho continente e desejoso<br />
de uma vida mais tranquila, Josep<br />
resolveu seguir seu coração, deixou<br />
o emprego e os laços afetivos para<br />
embarcar em uma aventura no Brasil.<br />
A tentativa de associar-se com um<br />
brasileiro em um restaurante não deu<br />
muito certo e Josep acabou perdendo<br />
quase todo o dinheiro que havia. “Quase<br />
desisti do Brasil”.<br />
Foi o encontro com Geralda Lima<br />
Candido, guia turístico e cultivadora<br />
profissional de orquídeas que o<br />
endereçou ao encontro da terra vermelha.<br />
O casal dedica muitas horas<br />
diárias no cultivo dos canteiros. Em<br />
apenas dois canteiros eles produzem<br />
Cebolinha, salsinha, rabanete, Manjericão,<br />
Alface, couve, beterraba, pimenta,<br />
rúcula, chicória, almeirão e<br />
até mesmo Catalonia, hortaliça de origem<br />
oriental de gosto amargo, muito<br />
semelhante ao Almeirão. Na prática<br />
diz Josep, “essa planta fortalece ossos<br />
e dentes e ainda é boa para o sangue<br />
e para o sistema nervoso pois tem<br />
muito cálcio e ferro.”<br />
Josep Rossel Figueras, que toma conta de dois canteiros na Horta do Jardim Tóquio<br />
“Eu gosto da natureza, precisava fazer atividades físicas e também precisava<br />
de um trabalho que me ajudasse a melhorar nossa renda familiar, e foi através<br />
de uma assistente social que fiquei sabendo da possibilidade de inscrever-me na<br />
lista de espera. Tive sorte e não precisei esperar muito tempo, logo uma pessoa<br />
perdeu o interesse pelos canteiros e a direção da horta me chamou para começar<br />
esse trabalho que já dura quase dois anos.”<br />
“O trabalho é pesado, eu venho todos os dias de manhã para irrigar os canteiros<br />
e na parte da tarde para carpir, limpar, adubar, plantar e irrigar novamente,<br />
porque em Maringá faz muito calor. É um trabalho contínuo e diário e de fato<br />
muita pessoas querem possuir um canteiro, mas quando conseguem ficam aqui<br />
dois, três meses e depois acabam desistindo. Mas meu trabalho não para por aí,<br />
tenho que colher, lavar, embalar e entregar os pedidos. O ganho é pequeno mas a<br />
satisfação é grande, gosto de ver a vida nascendo da terra que aqui é muito generosa.<br />
Nessa horta somos uma família e todos me tratam muito bem, nunca fui discriminado<br />
pelo fato de ser estrangeiro.”■