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As origens da Linguística românica 25<br />

diez<br />

Com suas obras (principalmente a Gramática de 1836), Friedriech Christian<br />

Diez (1974-1876) confirmou que havia entre o latim e as principais línguas<br />

românicas <strong>um</strong>a relação semelhante à do indo-europeu com o latim, o grego e o<br />

sânscrito; aplicando o método comparativo dos indo-europeístas, chegou a alg<strong>um</strong>as<br />

teses que são hoje postulados da Linguística Românica. Uma dessas teses é<br />

que as línguas românicas se originaram não do latim clássico, mas de <strong>um</strong>a outra<br />

variedade de latim, conhecida como “latim vulgar”; outra tese de Diez é que não<br />

tem qualquer fundamento a hipótese (defendida pelo francês François-Just-Marie<br />

Raynouard, 1761-1836 e endossada antes dele por outros intelectuais, entre os<br />

quais o filósofo Voltaire), segundo a qual todas as línguas românicas teriam como<br />

ascendente mais próximo o provençal. Diez se interessou também pelo estudo de<br />

narrativas em espanhol antigo; assim, seu trabalho, que tinha orientação paralela<br />

ao da Filologia Clássica, criou espaço para <strong>um</strong>a Filologia Românica, com o duplo<br />

aspecto de estudo textual, justificado pelas dificuldades encontradas na leitura dos<br />

doc<strong>um</strong>entos românicos escritos antes da imprensa e da consolidação das línguas<br />

românicas, e de investigação genética das línguas derivadas do latim.<br />

os neogrAmáticos e seus críticos<br />

A geração de Diez, fundador da Linguística Românica, esteve sob influência<br />

direta da filosofia dos românticos, impregnada de espiritualismo e historicismo.<br />

A próxima escola linguística com influência marcante para a Romanística foi, ao<br />

contrário, <strong>um</strong>a escola fortemente marcada pelos progressos vividos no final do<br />

século XIX pelas ciências naturais. Nessa escola, que teve por centro a Universidade<br />

de Leipzig, há grandes indo-europeístas como Karl Brugmann (1887-1919),<br />

August Leskien (1840-1916) e Hermann Osthoff (1847-1909), autores de obras<br />

respeitadas e originais, mas é com<strong>um</strong> referir-se a esses autores como <strong>um</strong> grupo,<br />

utilizando para isso o nome de “neogramáticos” (Junggramatiker), que lhes foi<br />

dado de início por troça, mas que acabou tornando-se respeitado, à medida que<br />

eles passaram a representar a “posição oficial” em matéria de história das línguas.<br />

Os neogramáticos ganharam espaço no universo acadêmico da época<br />

defendendo <strong>um</strong> programa que afrontava ostensivamente as orientações dos<br />

primeiros comparatistas. Fizeram troça do propósito que havia animado seus<br />

predecessores no domínio da Linguística Indo-europeia – encontrar pela comparação<br />

a protolíngua, que estaria na origem de todas as línguas modernas;<br />

recomendaram ao contrário que a atenção dos pesquisadores se voltasse para

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