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Líder dos Ashaninkas, que nos últimos<br />

anos se tornaram conhecidos no Brasil e no<br />

exterior por seu modelo exemplar de<br />

desenvolvimento sustentável, Benki decidiu fazer<br />

da educação a principal arma na defesa do meio<br />

ambiente dos saberes da floresta. A decisão de<br />

Benki e das demais lideranças dos Ashaninkas,<br />

culminou com a inauguração do Centro de<br />

Formação Aiyoreka Ãntame, cujo nome significa<br />

“Saberes da Floresta” e que está localizado no<br />

município de Marechal Thaumaturgo, com o<br />

objetivo de unir os saberes indígenas ancestrais e o<br />

conhecimento científico da civilização ocidental no<br />

esforço para salvar homem e o planeta.<br />

Os Ashaninka residentes no Brasil<br />

abandonaram definitivamente seu tradicional<br />

nomadismo e se fixaram em torno da aldeia<br />

Apiwtxa. Começou, assim, uma experiência<br />

inédita, com a implantação do primeiro sistema de<br />

recuperação do território, com a utilização de<br />

práticas de manejo sustentável. Desde então, os<br />

Ashaninka já reflorestaram dezenas de hectares<br />

que haviam sido desmatados pelos brancos antes<br />

da demarcação de suas terras e, além das roças de<br />

mandioca e arroz, plantaram árvores frutíferas<br />

regionais, reservando grandes áreas de floresta<br />

para o repovoamento das populações de animais<br />

silvestres. Em torno das casas da aldeia, as abelhas<br />

produzem grandes quantidades de mel e, em<br />

açudes, crescem pequenos peixes para, mais tarde,<br />

serem espalhados pelo rio Amônia, onde passam a<br />

se multiplicar.<br />

Com sua terra sob a constante ameaça dos<br />

madeireiros, em sua maior parte procedentes do<br />

Peru, e de caçadores de animais silvestres, Benki<br />

se deu conta de que o único caminho para a<br />

preservação seria um amplo programa de<br />

conscientização e educação, com base na<br />

valorização da cultura e dos saberes de seu povo.<br />

Para implementar e disseminar esse<br />

programa entre os Ashaninkas e, mais tarde, entre<br />

os demais povos indígenas da Amazônia, Benki<br />

criou a figura do agente florestal. Os agentes,<br />

depois articulados em rede, demonstram aos<br />

indígenas os prejuízos causados pelas práticas<br />

predatórias e ensinam como utilizar os recursos da<br />

floresta de forma sustentável. E os orientam e<br />

ajudam na defesa de seus interesses.<br />

O êxito da experiência de Benki fez com<br />

que o governo do Acre, que se intitula “governo da<br />

floresta”, transformasse os agentes em<br />

funcionários, garantindo, assim, a continuidade e a<br />

ampliação do trabalho”. Com grande capacidade<br />

de articulação, Benki passou a estabelecer contatos<br />

com lideranças da Amazônia e com o meio<br />

acadêmico, abrindo, assim, caminho para a criação<br />

da Escola Aiyoreka Ãntame. Benki faz questão de<br />

salientar que a escola “é fruto da experiência de<br />

nosso povo com a sustentabilidade e atuará como<br />

centro de formação, educação, intercâmbio e<br />

difusão de práticas de manejo sustentável”. Além<br />

de formar jovens e adultos da região em novas<br />

formas de manejo da floresta e dos recursos<br />

naturais, a Aiyoreka Ãntame tem por objetivo<br />

ampliar e aprofundar os conhecimentos sobre o<br />

equilíbrio sustentável dos recursos naturais e<br />

disseminá­los para outras etnias, no Brasil e no<br />

exterior.<br />

Benki já ampliou o seu programa de<br />

educação e conscientização para mais de 20<br />

territórios indígenas, onde os agentes florestais<br />

implementam o modelo construído pelos<br />

Ashaninka: a elaboração de um projeto de<br />

pesquisa para analisar as riquezas do território e,<br />

em seguida, a criação de alternativas de<br />

sustentabilidade econômica e ambiental com vistas<br />

à autonomia de seus habitantes. Benki promove<br />

também programas para divulgar a cultura de seu<br />

povo no mundo dos brancos, como o intercâmbio<br />

que reúne jovens ashaninkas com jovens de<br />

diversas regiões do Brasil. O Centro de Formação<br />

Aiyoreka Ãntame está aberto a instituições e<br />

interessados para seminários, intercâmbio e<br />

oficinas com projetos de educação, cultura e meio<br />

ambiente. Um dos objetivos é fortalecer os<br />

conhecimentos tradicionais, para que a população<br />

tenha uma nova visão da floresta. Uma visão que<br />

inclua saber como usar os recursos naturais sem<br />

agredir o meio ambiente e a natureza, de forma<br />

que esse saber possa ser reconhecido como ciência<br />

de conhecimentos práticos, recuperando terras,<br />

florestas e animais e cuidando da biodiversidade<br />

em geral.<br />

A marca carioca Osklen, criada pelo<br />

empresário Oskar Metsavaht foi uma das<br />

precursoras no Brasil e, com um trabalho bem<br />

JANEIRO 201 8 - AMOORENO - 43

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