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Revista Penha | fevereiro 2018

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França. Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França.

Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

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O GÉNIO<br />

ARDENTE<br />

DO BARÃO DE<br />

SABROSA<br />

Barão de Sabrosa – aliás, Barão da Ribeira<br />

de Sabrosa – só existiu um. Chamava-se<br />

Rodrigo Pinto Pizarro Pimentel<br />

de Almeida Carvalhais e teve uma<br />

vida digna de filme.<br />

Nasce em berço confortável no final do<br />

séc. XVIII em Vilar de Maçada, distrito<br />

de Vila Real – o seu pai era o morgado<br />

de Ribeira de Sabrosa, de Montes Calvos<br />

e de Soutelinho do Amésio. Segundo<br />

o livro ‘Os governadores do Distrito<br />

de Vila Real’, Rodrigo Pinto, como era<br />

conhecido à época, foi destinado pelos<br />

pais à vida religiosa. Fez os seus estudos,<br />

mas não sentia vocação e rumou à<br />

“carreira das armas”.<br />

Estava-se em 1812, em plena batalha<br />

contra as tropas de Napoleão. Rodrigo<br />

Pinto combate os franceses e, terminado<br />

o conflito, ruma ao Brasil como<br />

“ajudante de campo do general Francisco<br />

Homem de Magalhães Pizarro, seu<br />

parente e amigo”. Serve na Campanha<br />

do Rio da Prata, no atual Uruguai, e vai<br />

subindo na hierarquia militar.<br />

Em 1822 regressa a Portugal e vai proteger<br />

D. João VI das investidas absolutistas<br />

de sua mulher, Carlota Joaquina,<br />

e de seu filho Miguel. Como contrapartida<br />

da proteção, o rei teve de jurar a muito<br />

progressista Constituição de 1822,<br />

com um discurso escrito pelo futuro<br />

Barão de Sabrosa. Esta foi a sua primeira<br />

grande intervenção como liberal,<br />

ideologia que lhe marcou a vida.<br />

Em 1826, depois da morte do rei, D. Pedro<br />

V – no Brasil – aprova a também<br />

liberal Carta Constitucional da Monarquia<br />

Portuguesa. A regente de Portugal,<br />

sua irmã D. Isabel Maria, torce o nariz<br />

ao texto. E é Rodrigo Pinto Pizarro, a<br />

mando do futuro marechal Saldanha,<br />

que força a Infanta e o seu governo a<br />

jurarem o texto. Com a Carta em vigor,<br />

combate as tropas de D. Miguel, que<br />

conspiram o regresso ao absolutismo.<br />

Nesse mesmo ano, os irmãos D. Pedro<br />

V e D. Miguel chegam a um entendimento<br />

político. Mas este último desrespeita-o<br />

e usurpa o trono, obrigando Rodrigo<br />

Pinto Pizarro a seguir para o exílio.<br />

Esteve em Inglaterra, na França e nos<br />

Países Baixos, conta Almeida Garrett,<br />

depois da sua morte, no ‘elogio Histórico<br />

do sócio Barão da Ribeira de Sabrosa’<br />

– ambos pertenciam à Sociedade<br />

Patriótica Lisbonense.<br />

A vitória dos liberais coloca D. Maria<br />

II (em quem D. Pedro V abdicara) no<br />

trono português. Rodrigo Pinto Pizarro<br />

também regressa, mas as críticas que,<br />

no exílio, fizera a D. Pedro V não tinham<br />

sido esquecidas e é preso. Rapidamente<br />

perdoado, em 1835 é feito Barão da<br />

Ribeira de Sabrosa pela Rainha. Nos<br />

anos seguintes vai para o Parlamento, é<br />

elevado a brigadeiro, é escolhido como<br />

o primeiro Governador Civil de Vila Real,<br />

é eleito para o Senado e, em 1839, é designado<br />

primeiro-ministro e ministro da<br />

Guerra, mais, interinamente, ministro<br />

dos Negócios Estrangeiros e Marinha.<br />

Uma disputa diplomática com os ingleses<br />

leva-o à demissão. Pouco depois,<br />

em 1941, morre quando estava de férias<br />

em Vilar de Maçada.<br />

Foi um homem de “génio ardente, ambicioso<br />

de glória, tenaz de propósito”, nas<br />

palavras de Almeida Garrett.<br />

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