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Retratos de Viseu nos 60's e a carreira musical da Banda POP Os Tubarões de Viseu, Portugal.

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os tubarões ’66 101<br />

Foi uma sessão muito renhida<br />

e que nos correu muito bem.<br />

O ambiente era escaldante<br />

e o berreiro infernal. Em muitos<br />

momentos não nos ouvíamos<br />

uns aos outros e por vezes<br />

nem o próprio instrumento.<br />

Tocávamos por instinto com muita<br />

determinação e concentração.<br />

Naquele tempo não havia as<br />

tecnologias de hoje com sons<br />

de retorno e o controlo do som<br />

era feito directamente por nós<br />

em palco. Tudo era ao vivo saído<br />

directamente dos amplificadores.<br />

O palco do Monumental era<br />

enorme mas mesmo assim<br />

pequeno para as aparelhagens<br />

de seis conjuntos em simultâneo,<br />

mesmo partilhando uma única<br />

bateria. Ficávamos muito<br />

distantes uns dos outros e com<br />

muita pouca audição de conjunto.<br />

Mas era assim para nós e para<br />

todos.<br />

De novo se mobilizaram as nossas<br />

claques, a de Viseu e a de Lisboa.<br />

Entrámos em palco vestidos<br />

com um bonito fato cinzento de<br />

trespasse feito na Alfaiataria<br />

Freitas em S. Pedro do Sul e<br />

começámos com o “Satisfaction”,<br />

um clássico com aceitação muito<br />

generalizada e a adesão foi muito<br />

boa. Seguiram-se os primeiros<br />

acordes do baixo do “We gotta get<br />

out of this place”, último êxito dos<br />

“Animals”, grupo que tinha uma<br />

configuração instrumental muito<br />

semelhante à nossa, para além<br />

do timbre do Zé Merino lembrar<br />

o timbre do Eric Burdon. Ainda<br />

com os aplausos no ar o Quim<br />

arrancou com os inconfundíveis<br />

primeiros acordes do “I Feel<br />

Fine” e terminámos com uma<br />

fortíssima interpretação do<br />

Zé Merino no “It’s my life” dos<br />

“Animals”, uma música do final<br />

do ano de 1965 especialmente<br />

escrita para a voz do Eric Burdon,<br />

com uma construção musical<br />

forte iniciada pela viola baixo que<br />

sincroniza com a viola solo na<br />

segunda frase musical, e assim<br />

se mantém durante partes da<br />

música, sempre em crescendo,<br />

e sobre a qual evolui um timbre<br />

forte de voz que nalgumas fases<br />

incita ao diálogo com os coros.<br />

Sem dúvida uma boa música que<br />

nós tocávamos muito bem. E a<br />

plateia foi ao rubro. Foi uma tarde<br />

memorável. Não conseguíamos<br />

sair do palco pois os aplausos não<br />

paravam. O público pedia mais<br />

uma música e não se cansava<br />

de aplaudir. Nós agradecíamos<br />

no palco com o Zé a dizer estar<br />

rebentado da garganta. Então<br />

o Quim Guimarães virou-se<br />

para o Júri algures no Balcão<br />

à nossa direita, levantou o<br />

indicador direito e interrogou:<br />

“só mais uma?” e foi-nos dada<br />

autorização. Interpretámos o “voo<br />

do moscardo”, um instrumental<br />

clássico que o Quim tinha<br />

adaptado à viola eléctrica, e em<br />

que demonstrava todo o seu<br />

virtuosismo.

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