porviseu60s-web
Retratos de Viseu nos 60's e a carreira musical da Banda POP Os Tubarões de Viseu, Portugal.
Retratos de Viseu nos 60's e a carreira musical da Banda POP Os Tubarões de Viseu, Portugal.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
os tubarões ’67 137<br />
tinha estacionamento e um<br />
horário que possibilitava<br />
uma grande autonomia e<br />
independência a todos nós.<br />
Era o local ideal que propiciava<br />
bons e discretos encontros com<br />
fãs, admiradoras e namoradas.<br />
Nas noites mais quentes ou<br />
quando o bar do Hotel Grão<br />
Vasco encerrava mais cedo<br />
começámos a frequentar o Café<br />
Paladium, recém aberto por<br />
um ex-emigrante da África do<br />
Sul, que fechava tarde e tinha<br />
uma cozinheira muito simpática<br />
sempre pronta para nos servir<br />
qualquer petisco, já que éramos<br />
novos e tínhamos sempre muito<br />
apetite.<br />
O nosso grupo de amigos e<br />
de convívio foi-se alargando,<br />
passando a incluir alguns jovens<br />
casais, intelectuais, advogados<br />
e outros profissionais liberais,<br />
e ainda outras pessoas que<br />
apreciavam o convívio nocturno.<br />
Começaram a aparecer inúmeros<br />
convites para algumas tertúlias<br />
nocturnas bem animadas.<br />
Houve uma fase em que íamos<br />
quase todas as semanas até<br />
ao Caramulo onde um grupo de<br />
pessoas em recuperação promovia<br />
sessões de fados e de convívio até<br />
altas horas da madrugada.<br />
Muito agradáveis, úteis e cultas<br />
eram as noitadas na Casa do<br />
Cruzeiro, a casa do Dr. Vasco<br />
Cunha, descendente do Visconde<br />
de Rio Torto. A Casa do Cruzeiro<br />
fica à entrada do caminho para<br />
o Fontelo, e o nome deve-se à<br />
escultura granítica por cima do<br />
portão, hoje Monumento Nacional.<br />
Tinha um páteo interior lindíssimo,<br />
aberto, com um bonito relvado<br />
que, no Verão, servia de cenário<br />
às nossas audições de discos, às<br />
tertúlias e récitas poéticas. No<br />
inverno ouvíamos os discos na<br />
sala de leitura. Nas madrugadas,<br />
quando a fome apertava, lá íamos<br />
à cozinha à prova de queijos da<br />
Serra, produto da renda de uma<br />
das propriedades da família. Tudo<br />
era motivo de conversa nestas<br />
tertúlias nocturnas. E o nível era<br />
elevado e de grande abrangência<br />
cultural. Por ali aprendemos<br />
muito. O nosso amigo e anfitrião,<br />
advogado com cultura superior<br />
o Dr. Vasco Martins da Cunha<br />
tinha regressado de Angola, tinha<br />
uma excelente discografia e uma<br />
fantástica aparelhagem sonora<br />
com o seu gira-discos Garrard,<br />
o que nos propiciava audições de<br />
LP’s de boa música brasileira<br />
onde nunca faltavam o “João<br />
Gilberto”, “Vinícius de Moraes”,<br />
e a terminar essa interpretação<br />
única do “Camisa Amarela” pela<br />
“Nara Leão”.<br />
1 2<br />
1.<br />
Casa dos Viscondes de Treixedo,<br />
Rua Direita (foto Germano)<br />
2.<br />
Casa do Cruzeiro, terraço interior<br />
(foto Germano)