06.04.2018 Views

porviseu60s-web

Retratos de Viseu nos 60's e a carreira musical da Banda POP Os Tubarões de Viseu, Portugal.

Retratos de Viseu nos 60's e a carreira musical da Banda POP Os Tubarões de Viseu, Portugal.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

66 porViseu ’60s.<br />

Face a tal desfeita dos nossos<br />

colegas, o Tó e eu decidimos<br />

não quebrar e aguentar e só nos<br />

dirigirmos à Pensão David quando<br />

pudéssemos levar a sopa que<br />

todos haveriam de provar.<br />

E assim fizemos. Meia hora mais<br />

tarde lá partimos com o panelão<br />

ainda a ferver, sustentado<br />

por panos de cozinha e paus<br />

enfiados pelas asas e tampa<br />

da panela. Fizemos o trajecto<br />

cuidadosa e penosamente a pé,<br />

atravessamos a ponte da queda<br />

de água e lá chegámos à porta<br />

da Pensão. Quando subíamos<br />

as estreitas escadas de acesso<br />

ao Restaurante no 1.º andar eis<br />

que aparece um casal idoso a<br />

descer. Embora exaustos, a nossa<br />

esmerada educação levou-nos<br />

a recuar, devagarinho. Chegados<br />

ao hall um de nós sugere: “…larga<br />

que eu seguro daqui”. Dito e feito.<br />

O outro largou a alça, a panela<br />

escorregou para o chão e a sopa<br />

espalhou-se toda pela entrada da<br />

Pensão, ainda quente e de cheiro<br />

duvidoso, com o resto do grupo a<br />

rir a bandeiras despregadas e o<br />

Sr. David estupefacto sem<br />

perceber nada de tamanha<br />

confusão. Lá nos valeu a Elisa,<br />

filha do patrão, que salvou a<br />

situação. Elisa era muito nossa<br />

amiga e rapidamente tratou da<br />

limpeza do raro petisco espalhado<br />

pelo chão, que exalava um cheiro<br />

pouco agradável mesmo à porta<br />

da cozinha mais famosa da região.<br />

Só visto! Um desastre que só<br />

acontece a grandes e experientes<br />

chefes na busca de novas<br />

experiências gastronómicas.<br />

Acabámos por jantar muito<br />

bem, muito tarde e com um<br />

contrato fechado para tocarmos<br />

na “MÓ” aos fins de semana<br />

compreendendo o cachet o jantar<br />

na Pensão David, e o pagamento<br />

do aluguer das aparelhagens<br />

ao Sr. Morgado. Atendendo ao<br />

adiantado da hora, o Carlos<br />

Barbosa saiu e nós continuámos<br />

na conversa até perto da meia<br />

noite. Quando nos chegou a conta<br />

informámos que a mesma entrava<br />

nas contas do Carlos Barbosa.<br />

O Sr. David ficou de novo sem<br />

saber o que fazer pois não tinha<br />

recebido nenhumas instruções<br />

nesse sentido. Mas perante a<br />

nossa convicção e ainda não<br />

refeito do que fizéramos à entrada<br />

da Pensão, lá teve de aceitar já<br />

que não havia outra alternativa.<br />

E só no final do mês de Agosto<br />

é que o Carlos Barbosa veio a<br />

saber da partida que lhe tínhamos<br />

pregado.<br />

A “MÓ” era um velho moinho<br />

descontinuado, mesmo à beira-<br />

-rio, com o tecto cimentado, uma<br />

protecção rudimentar a toda a<br />

volta e uma área aproximada de<br />

20m 2 . Funcionava como bar e<br />

procurava mais animação com<br />

a introdução da nossa música<br />

ao vivo aos fins de semana.<br />

Começámos a tocar na “MÓ” até<br />

ao final do mês de Agosto, com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!