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Retratos de Viseu nos 60's e a carreira musical da Banda POP Os Tubarões de Viseu, Portugal.

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os tubarões ’67 129<br />

.o.fidalgo.<br />

aprendiz.<br />

António Júlio Valarinho<br />

AUTO DO FIDALGO APRENDIZ<br />

No Sarau dos alunos Finalistas do<br />

Liceu de Viseu “O Auto do Fidalgo<br />

Aprendiz” de D. Francisco Manuel<br />

de Mello (séc. XVII) surge como<br />

segunda escolha do Prof.José<br />

Alberto Osório Mateus, depois do<br />

Reitor deste Liceu ter censurado<br />

a encenação da peça “O Sétimo<br />

Selo” de Ingmar Bergman.<br />

Integrada como principal<br />

“atracção” deste Sarau de alunos<br />

finalistas, o Prof. José Alberto<br />

Osório Mateus, professor de<br />

Português neste estabelecimento<br />

de ensino, pretendeu construir<br />

uma dramaturgia que espelhasse<br />

a virtude de saber viver a vida<br />

segundo os princípios da ética,<br />

cultura, e do aprender a pensar e<br />

a imaginar o imaginário ainda por<br />

imaginar.<br />

É neste ambiente, que todo o<br />

trabalho se desenrola, sendo o<br />

motor de toda a dramaturgia,<br />

cenografia e encenação a<br />

participação activa de todos os<br />

intervenientes sem qualquer<br />

exclusão – actores, técnico<br />

de luzes, músicos, figurinista,<br />

cenógrafos, contra-rega…<br />

O Prof. José Alberto Osório Mateus<br />

era o agente catalisador de uma<br />

encenação construída segundo<br />

um programa de ensaios pré-<br />

-estabelecidos logo de início, onde<br />

o seu horário era calculado ao<br />

minuto.<br />

Ninguém podia chegar atrasado.<br />

A adesão de todos foi<br />

imediata, sempre rodeada de<br />

uma paixão por um projecto<br />

que progressivamente nos<br />

transformou em jovens que<br />

sabiam de antemão, que a partir<br />

daqui, nada ficaria como dantes e<br />

seria deste modo que de imediato<br />

nasceu o CETEV (Centro de<br />

Teatro dos Estudantes de Viseu)<br />

que com o CITAC de Coimbra e o<br />

CETA de Aveiro (Júlio Fino e Júlio<br />

Henriques) formavam um triângulo<br />

de cumplicidades políticas e<br />

culturais.<br />

Do projecto de encenação<br />

e das suas dificuldades e<br />

cumplicidades, os episódios<br />

multiplicaram-se como, a título<br />

de exemplo, por ser talvez o<br />

mais divertido, eram as batidas<br />

de bateria a cargo do Eduardo<br />

Pinto, que colocado num ponto<br />

sem visão da cena, tinha de<br />

rigorosamente acompanhar o<br />

diálogo dos actores, acrescido dos<br />

seus movimentos subsequentes,<br />

para no momento exacto poder<br />

intervir.<br />

O “Auto do Fidalgo Aprendiz” foi<br />

integralmente construído segundo<br />

os conceitos do teatro didáctico<br />

de Piscator e Brecht, aproximando<br />

a personagem principal (D. Gil)<br />

no perfil do português espertalhão<br />

que vive sob o signo das<br />

aparências, fora da realidade,<br />

cheio de dívidas, perseguido<br />

e atraiçoado pelos seus credores<br />

e “amigos”.<br />

As ambições de D. Gil<br />

correspondem às de um fidalgo<br />

provinciano, pelintra, (mas que<br />

necessita que o julguem rico),<br />

pretendente a entrar na corte sem<br />

aceitar a “constante adaptação à<br />

realidade da vida”, que o condena<br />

no final, ao sofrimento e à<br />

desgraça.

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