lilla
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Ao chegar à terceira idade, o<br />
idoso passa por dificuldades,<br />
sofre preconceitos e é abandonado<br />
por uma sociedade<br />
que aprecia a juventude. Ser lésbica nessa<br />
sociedade é ser invisível e excluída.<br />
Muitas vezes elas acabam voltando para<br />
o armário para conseguir mais aceitação.<br />
Nos últimos anos, estudos e obras têm<br />
abordado cada vez mais a mulher lésbica<br />
como tema. Entretanto, são raros os que<br />
falam do envelhecimento da mulher e<br />
seu papel na sociedade. Em 2015, a telenovela<br />
Babilônia, da Rede Globo, mostrou<br />
o casal lésbico Teresa (Fernanda<br />
Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg)<br />
se beijando no primeiro capítulo. A rejeição<br />
do público foi grande e membros<br />
de igrejas evangélicas promoveram um<br />
boicote ao folhetim, que teve a participação<br />
das duas diminuída e as cenas de<br />
carinho cortadas ao longo das cenas. O<br />
que chocou além do beijo gay foi a ideia<br />
de que o idoso não pode ter uma sexualidade,<br />
principalmente mulheres e sem<br />
participação de homens. Outras obras já<br />
tiveram personagens homossexuais e a<br />
polêmica sempre existiu, já que a influência<br />
do modelo patriarcal e conservador<br />
ainda é forte culturalmente no Brasil.<br />
Mas a aversão ao casal de senhoras<br />
parece desproporcional se lembrarmos<br />
o casal Marcela (Luciana Vendramini) e<br />
Marina (Giselle Tigre), da novela Amor<br />
e Revolução do SBT, elas eram mais jovens.<br />
Ou ainda, as cenas de beijo e sexo<br />
entre Beatriz (Bruna Marquezine) e Julia<br />
(Leticia Colin) na série global Nada Será<br />
como Antes, que além de jovens faziam<br />
parte de um triângulo amoroso com um<br />
homem, a repercussão foi bem diferente,<br />
o episódio era aguardado e “bombou” na<br />
web, segundo alguns portais de notícias.<br />
A mulher lésbica ainda é muito erotizada,<br />
tanto que ao pesquisar sobre elas<br />
muitos conteúdos são de caráter sexual.<br />
Mas quando essas lésbicas envelhecem<br />
é como se não tivessem mais utilidade.<br />
Se hoje em dia as lésbicas conseguem<br />
se assumir e viver desta forma parte da<br />
responsabildade é de lutas que vem de<br />
décadas atrás, com o movimento feminista<br />
no Brasil que trouxe consciência e<br />
representatividade para questões lésbicas.<br />
Antigamente, os homossexuais sentiam-se<br />
unicos, não era comum conhecer<br />
outros gays, tanto que muitos chegam a<br />
maturidade sem entender a própria sexualidade.<br />
“Os gays aparecem mais, eles<br />
foram habituados a desde criança correrem<br />
atrás do que eles querem, brigar<br />
pelo que eles querem. E claro, eles usam<br />
isso no exercicio da sua homossexualidade.<br />
Isso se reflete mesmo hoje as lésbicas<br />
são muito mais embutidas, quietas, dentro<br />
de casa do que os gays”, fala a editora<br />
de livros Laura Bacellar para o programa<br />
É a vovózinha! da TV Brasil em 2012.<br />
A mulher lésbica<br />
ainda é muito erotizada,<br />
tanto que ao pesquisar<br />
sobre elas muitos conteúdos<br />
são de caráter sexual.<br />
Apesar da ideia comum de que ser<br />
lésbica na velhice pode ser algo solitário,<br />
tudo depende de como a pessoa leva<br />
a vida e suas escolhas ao longo dela. Para<br />
Bacellar, não ter a sexualidade clara na<br />
melhor idade e estar no armário pode ser<br />
duroe causar sofrimento. Mas estar aberta<br />
a isso é importante e apesar de conflituoso,<br />
ter a sexualidade clara, mesmo<br />
depois de mais velho é libertador. “Faça<br />
terapia. Vai lá, converse ‘isso está me<br />
incomodando’ ou ‘ eu quero sair do armário<br />
e não tenho coragem’. Peça ajuda,<br />
fale!” aconselha a advogada Hanna Korich,<br />
parceira de Bacelalr.<br />
LILLA | N. 1 | DEZ 2017 | 13