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O que e a vida_ - Erwin Schrodinger

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Segue-se a consideração mais simples, mas <strong>que</strong> se mostrará não totalmente<br />

adequada. Seja um evento A. Contemplemos, em algum momento posterior, um<br />

evento B fora da esfera de raio ct em volta de A. Logo, B não pode exibir<br />

qual<strong>que</strong>r vestígio de A; nem, é claro, A de B. Portanto, nosso critério falha. Pela<br />

linguagem <strong>que</strong> empregamos supusemos, é claro, <strong>que</strong> B é posterior. Mas<br />

estaríamos certos quanto a isso, já <strong>que</strong> o critério falha de qual<strong>que</strong>r modo?<br />

Contemplemos, em um momento anterior (através t), um evento B’ fora da<strong>que</strong>la<br />

mesma esfera. Nesse caso, exatamente como antes, nenhum vestígio de B’ pode<br />

ter atingido A (e, claro, nenhum vestígio de A pode ser exibido em B’).<br />

Assim, em ambos os casos, existe a mesma relação de não-interferência mútua.<br />

Não existe diferença conceitual entre as classes B e B’ com respeito à sua relação<br />

causa-efeito com A. Assim, se quisermos fazer dessa relação, e não de um<br />

preconceito linguístico, a base do “antes e depois”, então B e B’ formarão uma<br />

classe de eventos <strong>que</strong> não é anterior e nem posterior a A. A região do espaçotempo<br />

ocupada por essa classe é chamada região de “simultaneidade potencial”<br />

(com respeito ao evento A). Essa expressão é empregada por<strong>que</strong> sempre é<br />

possível adotar uma estrutura de espaço-tempo <strong>que</strong> torne A simultâneo de um B<br />

ou um B’ particular selecionado. Essa foi a descoberta de Einstein (<strong>que</strong> recebe o<br />

nome de Teoria da Relati<strong>vida</strong>de Restrita, de 1905).<br />

Hoje em dia, essas coisas se tornaram realidade muito concreta para nós, físicos;<br />

nós as usamos no trabalho diário, da mesma forma <strong>que</strong> empregamos a tabuada<br />

de multiplicar ou o teorema de Pitágoras sobre os triângulos retângulos. As vezes,<br />

fico me perguntando por <strong>que</strong> elas teriam provocado tanto alvoroço entre leigos e

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