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O que e a vida_ - Erwin Schrodinger

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Para completar nosso conhecimento das propriedades físicas da luz <strong>que</strong> se<br />

origina em uma fonte qual<strong>que</strong>r, um tipo especial de espectroscópio precisou ser<br />

usado: a decomposição é conseguida através de uma grade óptica. Um prisma<br />

não serviria, pois não se sabe de antemão os ângulos em <strong>que</strong> ele refrata os<br />

diferentes comprimentos de onda. Eles são diferentes para prismas de materiais<br />

diferentes. De fato, a priori, com um prisma não se poderia se<strong>que</strong>r afirmar <strong>que</strong> a<br />

radiação mais fortemente desviada é de comprimento de onda menor, como é<br />

realmente o caso.<br />

A teoria da grade de difração é muito mais simples <strong>que</strong> a do prisma. A partir de<br />

uma suposição básica acerca da luz - meramente <strong>que</strong> ela é um fenômeno<br />

ondulatório - pode-se, se se tiver medido o número por polegada de orifícios<br />

equidistantes na grade (usualmente, da ordem de muitos milhares), dizer o ângulo<br />

exato de desvio para um dado comprimento de onda e, portanto, inversamente,<br />

inferir o comprimento de onda a partir da “constante da grade” e do ângulo de<br />

desvio. Em certos casos (notavelmente nos efeitos Zeeman e Stark), algumas das<br />

linhas espectrais são polarizadas. Para completar a descrição física nesse<br />

aspecto, no qual o olho humano é inteiramente insensível, coloca-se um<br />

polarizador (um prisma de Nicol) no caminho do feixe antes de decompô-lo; ao<br />

se rodar lentamente o Nicol em torno de seu eixo, certas linhas são extintas ou<br />

reduzidas a seu brilho mínimo para certas orientações do Nicol, o <strong>que</strong> indica a<br />

direção (ortogonal ao feixe) de sua polarização total ou parcial.<br />

Uma vez <strong>que</strong> toda a técnica está desenvol<strong>vida</strong>, ela pode ser estendida para muito<br />

além da região do visível. As linhas espectrais de vapores incandescentes não<br />

estão de forma alguma restritas à região do visível, <strong>que</strong> não pode ser distinguida<br />

fisicamente. As linhas formam uma série longa, teoricamente infinita. Os<br />

comprimentos de onda de cada série estão relacionados por uma lei matemática<br />

relativamente simples, peculiar a ela, <strong>que</strong> vale uniformemente em toda a série,<br />

sem qual<strong>que</strong>r distinção quanto à parte da série <strong>que</strong> acontece estar na região<br />

visível. Essas leis quanto às séries foram encontradas primeiro empiricamente,<br />

mas são agora compreendidas teoricamente. Naturalmente, fora da região<br />

visível, uma chapa fotográfica deve substituir os olhos. Os comprimentos de onda<br />

são inferidos a partir de puras medições de comprimento: primeiro, e de uma vez<br />

por todas, mede-se a constante da grade, isto é, a distância entre orifícios vizinhos<br />

(a recíproca do número de orifícios por unidade de comprimento); depois,<br />

medem-se as posições das linhas sobre a chapa fotográfica, a partir do <strong>que</strong>, junto<br />

com as dimensões conhecidas do equipamento, os ângulos de desvio podem ser<br />

computados.<br />

Essas são coisas bem conhecidas, mas <strong>que</strong>ro sublinhar dois pontos de importância<br />

geral, <strong>que</strong> se aplicam a quase toda medição física.<br />

O estado de coisas sobre o qual me estendi um pouco aqui é fre<strong>que</strong>ntemente<br />

descrito dizendo-se <strong>que</strong>, conforme a técnica de medição é refinada, o observador

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