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2004_Luzes-ApostoloPulchrum

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LUZES DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ<br />

Q<br />

uando analisamos a Idade Média, notamos que<br />

esta se encontra toda semeada do desejo e da<br />

prática de atos heróicos. Não, porém, do heroísmo<br />

como vulgarmente se o entende, e sim como<br />

o propugna a Igreja, isto é, a palpitação contínua do<br />

coração do verdadeiro católico, que o inclina de modo<br />

constante para o melhor de sua alma: a façanha.<br />

Não se trata, portanto, de façanhas quaisquer, mas daquelas<br />

que interessam à Fé, e é a propósito delas que somos<br />

levados a afirmar ser a Idade Média toda ela “façanhuda”.<br />

Em seus diferentes aspectos, nos diversos terrenos<br />

de seu realizar, mesmo nos mais práticos, operativos,<br />

técnicos, ela está sempre empreendendo proezas. De<br />

maneira que, com freqüência, a altura das torres são ousadias<br />

de impulso para o céu, as espessuras das muralhas<br />

são audácias de arquitetura, os vitrais são aventuras de luz<br />

e policromia, e assim por diante, os mil progressos artísticos<br />

e industriais da época medieval representam façanhas<br />

porque estão na fina ponta do que um espírito muito<br />

dinâmico poderia querer realizar.<br />

E examinando aquelas maravilhas, nos perguntamos<br />

como esses homens ousaram tanto! Ousadia que comporta<br />

riscos, e esse ombrear com o perigo do fracasso é igualmente<br />

belo. Contudo, o melhor da façanha medieval é ter<br />

pensado com tanta maturidade, seriedade e prudência os<br />

seus planos arrojados que, na hora de concretizá-los, o<br />

risco está reduzido ao mínimo que as circunstâncias da<br />

época permitem. Sempre deverão contar com ele, é verdade,<br />

mas protegido pelos escudos da prudência e da seriedade,<br />

do equilíbrio e do “saber fazer” todas as coisas<br />

com largueza de espírito.<br />

Não há negar que aquelas grandiosas catedrais góticas,<br />

aqueles castelos-fortalezas, aquelas abadias monumentais,<br />

aquelas torres e muralhas só podem ter sido construídos<br />

por arquitetos sérios, à solicitação de príncipes<br />

ou de bispos profundamente sérios, para um povo também<br />

ele imbuído de seriedade. Mas, ao mesmo tempo,<br />

dotados do senso católico que os leva a pôr em tudo uma<br />

nota característica que nos fala de equilíbrio, de harmonia,<br />

de contentamento de alma.<br />

Torres e muralhas, abadias e catedrais concebidas<br />

por homens sérios, imbuídos entretanto<br />

de grande equilíbrio e intensa alegria de alma<br />

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