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Quando crianças, estávamos<br />
acostumados a ouvir<br />
as clássicas histórias<br />
de contos de fadas. Havia<br />
príncipes e princesas, reinos<br />
mágicos e o final feliz sempre estava<br />
presente. A ingenuidade<br />
e as boas intenções das personagens<br />
ajudavam a criar um universo<br />
contemplado pelo público infantil.<br />
Entretanto, esse mundo mágico só<br />
começou a existir após os filmes da<br />
Disney, que encantaram a infância<br />
de muitas crianças. Antigamente,<br />
os contos eram sombrios<br />
e sangrentos, sempre com finais<br />
trágicos. Isso porque eram narrados<br />
durante a Idade Média, de forma<br />
que pudessem alertar<br />
os jovens sobre os perigos do mundo<br />
afora. Em um período marcado<br />
por fome, frio, pobreza e medos,<br />
essa era a saída encontrada por<br />
muitos pais dos vilarejos medievais<br />
da Alemanha, França e Polônia.<br />
Como os contos foram repassados<br />
oralmente muitos anos atrás, não<br />
há uma versão correta das histórias,<br />
o que justifica as diversas adaptações.<br />
Prevalece, acima de tudo, a moral<br />
e a mensagem que ela quer passar.<br />
Os irmãos alemães Jacob e Wilhelm<br />
Grimm tornaram-se conhecidos<br />
por terem criado grande parte das<br />
histórias que conhecemos hoje em<br />
dia. Em meados do século XVIII,<br />
o interesse em contos de fadas<br />
reacendeu com o surgimento do<br />
romantismo e com o crescimento<br />
da valorização da cultura popular.<br />
Dessa forma, os irmãos Grimm<br />
dedicaram-se à criação de tais<br />
contos para que uma identidade<br />
nacional pudesse ser construída.<br />
Outro nome também surge quando<br />
o assunto são as histórias<br />
infantis: Charles Perrault.<br />
O francês é considerado por muitos<br />
o pai da literatura infantil e também<br />
contribuiu com diversos contos que<br />
fizeram sucesso.<br />
Se as histórias que começam com<br />
“era uma vez” são encantadoras,<br />
suas versões originais estão aqui para<br />
mostrar que não havia final feliz<br />
durante a turbulenta Idade Média.<br />
Cinderela<br />
A versão adaptada pela Disney conta<br />
que Cinderela perdeu o sapatinho de<br />
cristal no baile e, após várias buscas do<br />
príncipe, ele encontra a verdadeira<br />
dona do calçado. Entretanto, o conto<br />
original de Charles Perrault tem<br />
um desfecho bem mais sangrento.<br />
Quando vão provar o sapatinho,<br />
as irmãs de Cinderela mutilam<br />
os próprios dedos e calcanhares para<br />
caberem dentro do sapato.<br />
O príncipe descobre a trapaça das<br />
duas e fica com Cinderela. Como<br />
forma de lição, as irmãs malvadas são<br />
atacadas por pássaros, que bicam seus<br />
olhos e as deixam cegas.<br />
A Bela Adormecida<br />
O mundo mágico da Disney conta<br />
a história de Aurora, uma jovem que<br />
espeta o dedo no fuso de uma roca<br />
e, vítima de um feitiço, cai em sono<br />
profundo. Apenas o beijo de amor<br />
verdadeiro do príncipe Philip a fez<br />
acordar. Já o conto original chamase<br />
“Sol, Lua e Tália” e foi escrito por<br />
Giambattista Basile. Nele,<br />
a personagem espeta o dedo em um<br />
espinho e adormece. Um rei<br />
a encontra, a estupra e vai embora.<br />
Nove meses depois, ela dá à luz<br />
gêmeos enquanto ainda dorme. Um<br />
dos bebês, à procura do seio da mãe,<br />
chupa a ponta do dedo dela e acaba<br />
retirando o espinho, despertando-a.<br />
A Branca de Neve e os Sete<br />
Anões<br />
O conto adaptado começa com<br />
a clássica frase da Rainha Má:<br />
“Espelho, espelho meu: existe alguém<br />
mais bonita do que eu?”. A rainha<br />
fica enraivecida ao descobrir que, na<br />
verdade, Branca de Neve era a mais<br />
bela. Então, ela se disfarça de uma<br />
velha senhora e entrega uma maçã<br />
envenenada para a garota, que assim<br />
fica adormecida e acorda apenas<br />
com o beijo verdadeiro do príncipe<br />
encantado. Já o conto original<br />
foi escrito pelos irmãos Grimm<br />
e apresenta uma versão bem mais<br />
sinistra que a da Disney. A Rainha<br />
Má é, na verdade, mãe da Branca de<br />
Neve. Ela pede para que o caçador<br />
traga o coração, pulmão e fígado da<br />
menina. Com pena da garota, ele<br />
pega os órgãos de um animal e leva<br />
para a rainha. Descobrindo a farsa,<br />
ela dá uma maçã envenenada à garota,<br />
que come e desmaia. Pensando que<br />
ela estava morta, os anões colocam<br />
o corpo dela em um caixão e deixam<br />
um príncipe levá-la para seu castelo.<br />
O beijo verdadeiro não a salva, mas<br />
sim o balanço da carruagem que faz<br />
com que um pedaço da maçã que<br />
estava preso na garganta da Branca<br />
saia e ela desperte. Sendo assim, ela se<br />
casa com o príncipe e a rainha<br />
é condenada a dançar com sapatos de<br />
ferro aquecidos até morrer.<br />
Chapeuzinho Vermelho<br />
Dessa vez, a versão da Disney e dos<br />
irmãos Grimm são iguais: o lobo<br />
chega à casa da vovó, a devora e a usa<br />
como disfarce. Chapeuzinho chega<br />
e quase é enganada pelo lobo, que<br />
acaba sendo morto pelo caçador. Já<br />
a versão original é de Perrault<br />
e apresenta algumas divergências.<br />
O lobo mata a vovó, mas não a devora.<br />
Quando a garota chega<br />
na casa, encontra a vovó (que na<br />
verdade era o disfarce do lobo)<br />
e senta-se para jantar. Ela come<br />
a carne da própria avó e bebe uma<br />
taça com seu sangue achando que era<br />
vinho. A garotinha não desconfia de<br />
nada até deitar-se nua com o lobo,<br />
que a devora. Algumas versões mais<br />
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