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Whiz 6ª Edição

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“O<br />

meu sorriso vai na frente”.<br />

Essa é a filosofia de vida<br />

de Judith Caggiano. Aos<br />

85 anos, ela explica<br />

o porquê disso: para essa senhora,<br />

o que importa é viver a vida com um<br />

sorriso no rosto, sem arrependimentos,<br />

da maneira que você quiser e sempre<br />

tratando todos da melhor forma possível.<br />

Mas quem é Judith Caggiano?<br />

Nossa história começa na cidade de Lins, no<br />

dia 30 de outubro de 1931. Filha de uma família<br />

simples do interior, Judith guarda boas lembranças<br />

de sua infância. Aos 17 anos conheceu Sérgio Caggiano,<br />

com quem se casou três anos depois e teve três filhos.<br />

A relação com ele era bem complicada, afinal, Sérgio<br />

era muito ciumento. Mesmo diante de tal situação,<br />

a filosofia da jovem senhora prevalece. Recorda-se com<br />

carinho de sua relação com o falecido marido: “eu não<br />

podia rir e nem chorar. Ele tinha personalidade forte,<br />

mas era bom pai, bom marido, nunca faltou nada para<br />

mim nem para os meus filhos”.<br />

Com a virada do milênio, a vida de Judith também<br />

sofreu uma reviravolta. Sérgio veio a falecer<br />

e, pela primeira vez, ela viu uma oportunidade para<br />

conhecer o mundo com seus próprios olhos. Com<br />

69 anos de idade, atirou-se no mundo. No começo<br />

sofreu um pouco, afinal, era muito ingênua, mas aos<br />

poucos foi aprendendo e se tornando cada vez mais<br />

independente.<br />

Três anos depois, aos 72 anos, durante uma viagem<br />

para Maringá, ela fez sua primeira tatuagem.<br />

O tatuador ficou tão feliz com o interesse daquela<br />

senhora que sequer cobrou pelo trabalho. Como local<br />

para o desenho, Judith optou pela nuca e se surpreendeu<br />

ao descobrir como eram realmente feitas as tatuagens:<br />

“eu sempre achei que fosse uma canetinha, nunca<br />

achei que aquilo iria me cortar, parecia que minha<br />

cabeça ia cair”, conta com uma voz presa por conta das<br />

gargalhadas que tentava conter.<br />

Para aqueles que imaginam que tal experiência<br />

a traumatizaria, se enganaram. Daquele momento<br />

em diante, muitas outras tatuagens viriam e mal<br />

sabia ela que isso a tornaria a pessoa inconfundível<br />

que é hoje. Judith exibe todas com orgulho<br />

e fala de forma carinhosa de cada uma delas,<br />

afirmando que fez porque quis e que cada<br />

uma tem um significado especial. Uma<br />

em específico é citada com mais vigor,<br />

como se aquilo a representasse. O desenho era de<br />

uma chama. A senhora a mostra e reflete, orgulhosa:<br />

“sabe quando esse fogo apaga? Quando a gente morre,<br />

porque essa [chama] é o fogo da vida”.<br />

No ano de 2010 aconteceria algo que mudaria<br />

totalmente o rumo de sua vida. Judith foi convidada<br />

para participar do concurso “A Avó Mais Enxuta do<br />

Brasil” no programa “O Melhor do Brasil” da Rede<br />

Record. Ela conta que não queria participar já que<br />

estava receosa, mas após muita insistência por parte dos<br />

produtores do programa, a senhora tatuada aceitou<br />

a proposta. O quadro era basicamente uma disputa<br />

entre várias idosas e a ganhadora era decidida pelo voto<br />

dos jurados. Já era de se esperar, Judith saiu vencedora:<br />

“o Marcio Garcia pegou na minha mão e gritou meu<br />

nome, todos na plateia começaram a gritar, bater<br />

palma, bater o pé no chão... Se eu fosse fraca ou não<br />

tivesse uma preparação, não sei o que seria de mim”,<br />

conta emocionada.<br />

Depois disso não parou mais. Já foi no “Programa do<br />

Jô”, no “Amor e Sexo”, fez parte do documentário<br />

“Envelhescência”, faz visitas constantes em hospitais,<br />

vai em baladas quase todos os finais de semana, foi<br />

madrinha do primeiro Motofest de Santo André<br />

em 2013, frequenta e faz parte de motoclubes e ano<br />

passado, aos 84 anos, saltou de paraquedas. “Eu olho<br />

esses jovens, cansados porque chegaram tarde da<br />

balada, e eu que sou velha? Eles que são velhos, não<br />

têm disposição para nada”, exclama a senhora.<br />

Judith é um exemplo, uma pessoa que vive sem<br />

preconceitos, de bem com a vida e sempre com um<br />

sorriso no rosto. Ela não se vê parada e acredita que<br />

ainda tem muito para contribuir com a sociedade<br />

e ensinar para as pessoas: “quero transmitir coisas boas<br />

para o povo, nunca tirar essa marca do meu sorriso<br />

para eles e só falar coisas boas”.<br />

“Eu olho esses<br />

jovens, cansados<br />

porque chegaram tarde da<br />

balada, e eu que sou velha?<br />

Eles que são velhos, não têm<br />

disposição para nada”<br />

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