02.11.2018 Views

colecao-conteudos-que-mexem-com-as-nossas-certezas

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>com</strong> b<strong>as</strong>e nel<strong>as</strong>, apresentar outr<strong>as</strong> variedades do ritmo<br />

Da batida do soul ao batidão<br />

A opção do professor foi expandir a variedade inicial trazida pelos estudantes e apresentar outr<strong>as</strong>, <strong>que</strong><br />

permitissem enxergar nov<strong>as</strong> facet<strong>as</strong> do ritmo musical (influênci<strong>as</strong> nacionais e internacionais no funk<br />

aparecem no artigo Soul Br<strong>as</strong>ileiro e Funk Carioca). A turma se surpreendeu ao saber <strong>que</strong> o funk<br />

tocado pelos carros <strong>que</strong> circulam na região próxima à escola bebe na fonte de batid<strong>as</strong> criad<strong>as</strong> nos<br />

Estados Unidos. O R&B (rhythm and blues) dos anos 1950 é o seu ancestral mais antigo, <strong>que</strong> ele<br />

<strong>com</strong>partilha <strong>com</strong> o rock e o soul. Do soul, n<strong>as</strong>ceu o movimento hip-hop n<strong>as</strong> periferi<strong>as</strong> de Nova York, e o<br />

funk americano no sul do país, <strong>que</strong> tem James Brown (1933-2006) <strong>com</strong>o um de seus maiores<br />

representantes.<br />

Era para ouvir e dançar <strong>as</strong> músic<strong>as</strong> de Brown <strong>que</strong> os jovens se reuniam n<strong>as</strong> periferi<strong>as</strong> carioc<strong>as</strong> durante<br />

a década de 1970. "Esses eventos eram fre<strong>que</strong>ntados, principalmente, por negros em clubes de<br />

subúrbios e periferi<strong>as</strong>", afirma Carlos Palombini, professor da Universidade Federal de Min<strong>as</strong> Gerais.<br />

Com o tempo, Brown e outros ícones do funk deram espaço a novos estilos. O electro e o miami b<strong>as</strong>s,<br />

marcados por batid<strong>as</strong> repetitiv<strong>as</strong>, se misturaram às batid<strong>as</strong> do hip-hop vindo dos Estados Unidos. "Os<br />

DJs, junto <strong>com</strong> os fre<strong>que</strong>ntadores dos bailes, p<strong>as</strong>saram a exercer um grau crescente de manipulação<br />

sobre esse material, <strong>que</strong>, colocado em relação <strong>com</strong> musicalidades locais, deu origem ao funk carioca",<br />

conta Carlos.<br />

Os MCs do Bonde do Canguru desmontaram mitos do funk ostentação<br />

O tempo p<strong>as</strong>sou e o ritmo foi incorporando nov<strong>as</strong> batid<strong>as</strong>, novos tem<strong>as</strong>, se transformando. Como já<br />

falamos, o probidão é só uma del<strong>as</strong>. Ess<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong>, inclusive, já estavam presentes nos ancestrais<br />

d<strong>as</strong> músic<strong>as</strong> mais famos<strong>as</strong> hoje. No miami b<strong>as</strong>s e no blues, <strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> sexuais eram constantes, e<br />

no rap são <strong>com</strong>uns <strong>as</strong> letr<strong>as</strong> <strong>que</strong> falam sobre crimes e denunciam a violência policial. Nada disso é<br />

gratuito. O conteúdo se relaciona diretamente <strong>com</strong> a realidade vivida por <strong>que</strong>m produz essa<br />

manifestação cultural. "O funk não é problema, m<strong>as</strong>, no máximo - e apen<strong>as</strong> em parte -, sua<br />

representação", defende Carlos.<br />

Para Felipe, chegava a hora de encarar o proibidão. Primeiro, ele propôs <strong>que</strong> a turma fizesse a<br />

apreciação do repertório selecionado. Quem quisesse podia dançar à vontade. O restante tomou not<strong>as</strong><br />

sobre <strong>as</strong> letr<strong>as</strong>, os ritmos e <strong>as</strong> danç<strong>as</strong>. Depois, se reuniram para discutir o <strong>que</strong> observaram.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!