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Capítulo 4<br />
A Descoberta da<br />
Bobina <strong>de</strong> <strong>Tesla</strong> e Transformador<br />
(A parte básica <strong>de</strong> todos os rádios e TVs.)<br />
Por um tempo eu me entreguei totalmente ao intenso prazer <strong>de</strong> imaginar máquinas e inventar<br />
novas formas. Era um estado mental <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> completa, que eu jamais conheci na <strong>vida</strong>. As<br />
idéias vinham em um fluxo ininterrupto e a única dificulda<strong>de</strong> que tive era <strong>de</strong> retê-las com<br />
rapi<strong>de</strong>z. As peças do aparelho que concebi eram-me absolutamente reais e tangíveis em cada<br />
<strong>de</strong>talhe, até mesmo as minúsculas marcas e sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. Eu adorava imaginar os motores<br />
funcionando constantemente, pois <strong>de</strong>sta maneira eles apresentavam aos olhos uma visão<br />
fascinante da mente. Quando a inclinação natural <strong>de</strong>senvolve-se em um <strong>de</strong>sejo apaixonado, o<br />
avanço em direção a sua meta acontece com a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> botas <strong>de</strong> sete léguas [SIC]. Em menos<br />
<strong>de</strong> dois meses, <strong>de</strong>senvolvi praticamente todos os tipos <strong>de</strong> motores e modificações do sistema<br />
que são agora i<strong>de</strong>ntificados com o meu nome, e que são utilizados sob muitos outros nomes em<br />
todo o mundo. Foi, talvez, provi<strong>de</strong>ncial que as necessida<strong>de</strong>s da existência comandarem a<br />
suspensão temporária <strong>de</strong>ssa ati<strong>vida</strong><strong>de</strong> que consome a mente.<br />
Eu vim para Budapeste motivado por uma informação prematura a respeito <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong><br />
telefone, e por ironia do <strong>de</strong>stino, tive que aceitar uma posição como <strong>de</strong>senhista no Gabinete<br />
Central <strong>de</strong> Telégrafo do Governo húngaro, com um salário que eu julgo ter o privilégio <strong>de</strong> não<br />
divulgar. Felizmente, eu logo <strong>de</strong>spertei o interesse do inspetor-chefe e <strong>de</strong>pois fui empregado em<br />
cálculos, <strong>de</strong>senhos e estimativas <strong>de</strong> conexão das novas instalações, até a central telefônica<br />
começar, quando eu assumi o comando da mesma. A experiência e conhecimento prático que<br />
ganhei no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste trabalho foram dos mais valiosos e o emprego me <strong>de</strong>u ampla<br />
oportunida<strong>de</strong>s para o exercício das minhas faculda<strong>de</strong>s inventivas. Fiz várias melhorias no<br />
aparelho da Estação Central e aperfeiçoei um repetidor <strong>de</strong> telefone ou amplificador que nunca<br />
foram patenteados ou publicamente <strong>de</strong>scritos, mas são creditados a mim até hoje. Em<br />
reconhecimento da minha assistência eficiente o organizador da empresa, o Sr. Puskas, após<br />
<strong>de</strong>scartar seu negócio em Budapeste, me ofereceu uma posição em Paris, que eu aceitei com<br />
prazer.<br />
Nunca po<strong>de</strong>rei esquecer a impressão profunda que esta cida<strong>de</strong> mágica produziu em minha<br />
mente. Por vários dias após a minha chegada, eu vaguei pelas ruas totalmente perplexo com o<br />
novo espetáculo. As atrações eram muitas e irresistíveis, mas, infelizmente, eu gastei<br />
rapidamente o que eu tinha recebido. Quando o Sr. Puskas me perguntou como eu estava indo<br />
no novo âmbito, eu <strong>de</strong>screvi a situação com precisão com a afirmação <strong>de</strong> que "os últimos 29<br />
dias do mês são os mais difíceis”. Eu levava uma <strong>vida</strong> bastante intensa no que agora era a<br />
chamada <strong>de</strong> "moda <strong>de</strong> Roosevelt." Todas as manhãs, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do tempo, eu ia do<br />
Boulevard St. Marcel, on<strong>de</strong> eu morava para uma casa <strong>de</strong> banho no rio Sena, mergulhava na<br />
água, fazia o circuito vinte e sete vezes seguidas, e então caminhava uma hora para chegar Ivry,<br />
on<strong>de</strong> a fábrica da empresa se localizava. Lá eu tomava um café da manhã <strong>de</strong> lenhador às sete e<br />
meia da manhã e, em seguida, ansiosamente aguardava a hora do almoço, enquanto isso<br />
“quebrava um galho” para o gerente, Mr. Charles Batchellor, que era um amigo íntimo e<br />
A <strong>estranha</strong> <strong>vida</strong> <strong>de</strong> <strong>Nikola</strong> <strong>Tesla</strong>