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012 - O FATO MARINGÁ -DEZEMBRO 2018 - NÚMERO 12 (MGÁ 05)

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Ano 1 • Edição <strong>12</strong> • Dezembro de <strong>2018</strong> • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />

Jornal Comunitário Metropolitano de Maringá • 3<br />

O Estado das Coisas<br />

A SITUAÇÃO DA<br />

MINHA IRMÃ NÃO É BOA<br />

Esperando a turbulência passar.<br />

Banda Encruzilhada, de Avaré/SP<br />

Chico Sant'Anna • Jornalista de Avaré/SP e Vocalista da Banda Encruzilhada (1995)<br />

AVARÉ • Não sei se todos<br />

têm a mesma impressão, mas<br />

acho que os dias estão mais<br />

cinzas, meio sem cor. E isso<br />

me lembra do meu passado,<br />

dos dias em que comecei a descobrir<br />

os porquês de tantas coisas<br />

que me rodeavam.<br />

Os meus dias de adolescência,<br />

pelos idos de 1984/85,<br />

foram enevoados e mantinham<br />

a impressão de que<br />

uma eterna névoa recobria os<br />

lares brasileiros. Sim, havia,<br />

por parte de muitos, uma alegria<br />

quase incontrolável com<br />

o fim do Governo Militar; no<br />

entanto, também pairava,<br />

sob a sociedade em geral, essa<br />

aura estática possível de se<br />

cortar com uma faca.<br />

A vida era mais lenta, as coisas<br />

eram mais cômodas. Os<br />

costumes refletiam os modos<br />

e gestos dos antepassados,<br />

principalmente em localidades<br />

mais afastadas dos grandes<br />

centros. Foi exatamente<br />

nesse período em que fui, literalmente,<br />

cooptado pelo estilo<br />

Rock'n'Roll de ser: o país estava<br />

em meio às manifestações<br />

múltiplas de múltiplas bandas<br />

de múltiplos estilos e eu queria<br />

fazer parte disso.<br />

Foi só com o passar dos<br />

anos que deixei de ser um mero<br />

ouvinte / apreciador de<br />

música para passar a inventá-la,<br />

demarcando o meu jeito<br />

específico de pensar e compreender<br />

as coisas, bem como<br />

de avaliar as situações.<br />

Da mesma forma que observei<br />

o horizonte nos extintos<br />

anos 1980, o vejo nos dias<br />

atuais. O céu está carregando<br />

de nuvens de incerteza que<br />

são precedidas, devidamente,<br />

de espectros e ecos desagradáveis<br />

de eras anteriores.<br />

E, igualmente, as pessoas,<br />

de forma quase catártica,<br />

comemoram o novo, o rejuvenescido<br />

e intato governo<br />

que desponta.<br />

Essa simples análise apenas<br />

denota que o cotidiano, a rotina<br />

e a forma de viver é, nada<br />

mais, do que uma roda gigante.<br />

Estamos sentados em seus<br />

bancos, girando e observando<br />

a paisagem. Em um<br />

Chico Sant'Anna, jornalista e vocalista da Banda Encruzilhada.<br />

primeiro momento, estamos<br />

no ápice, no cume do brinquedo<br />

e isso nos traz a sensação<br />

perfeita de integralidade<br />

com o mundo.<br />

Pouco importa o resto,<br />

oras bolas! Porém, sempre<br />

nos esquecemos de que o<br />

mecanismo responsável pela<br />

nossa ascensão terá, em<br />

um algum, o mesmo sentido<br />

para as pessoas sentadas<br />

em nossas poltronas<br />

opostas e, consequentemente,<br />

seremos convidados<br />

a deixar o local para dar<br />

lugar a novas pessoas.<br />

Belchior já havia dito,<br />

muito lá atrás, “que o<br />

novo sempre vem”. E é isso<br />

que a maioria das pessoas<br />

pensa, sente e quer,<br />

hoje e ontem: renovação<br />

de ideias e evolução dos<br />

costumes.<br />

Hoje, ao contrário do<br />

que qualquer cientista político<br />

de passado distante<br />

pudesse profetizar, vivemos<br />

a possibilidade de um<br />

pensamento retrógrado coexistir<br />

com avanços impensáveis<br />

da Tecnologia.<br />

Sim, pois é retrocesso<br />

elencar pautas variadas e referentes<br />

à forma de ser de<br />

brasileiros condenados a guetos<br />

morais - GLBTs, mulheres,<br />

negros e imigrantes, por<br />

exemplo - e, na sequência,<br />

por insatisfação manifestada<br />

por alguns e seguida pelas<br />

massas, voltar a discutir a validade<br />

de iguais direitos a todos,<br />

independente de suas<br />

formas de pensar ou agir.<br />

Poxa, o ideal não seria que<br />

esses direitos, estendidos, fossem<br />

pautas para se idealizar a<br />

melhor maneira de adequação<br />

para todos ao invés de um modo<br />

de restrição de alguns?<br />

Mas a roda gigante sempre<br />

volta a se movimentar e, com<br />

isso, a deixar novos elementos<br />

em condição desconfortável.<br />

E digo isso por sentir a situação<br />

na pele: ainda roqueiro,<br />

47 anos nas costas, participando<br />

de uma mesma banda<br />

há 23 anos, escrevendo<br />

músicas próprias com base<br />

em Blues, Rock e Jazz, sou o<br />

exemplo do que não se deve<br />

ser na sociedade brasileira.<br />

Para alguns, sou um incompreendido;<br />

para outros, um<br />

rebelde apegado ao passado.<br />

Porém, a cegueira coletiva<br />

imposta pela Indústria<br />

Cultural vigente não<br />

deixa as pessoas entenderem<br />

que elas tem possibilidade<br />

de escolher, por<br />

exemplo, sons diferentes<br />

dos que são executados<br />

nas rádios comerciais.<br />

A população, em todas<br />

as áreas, age levada pelo movimento<br />

das massas e isso,<br />

em casos específicos de passado<br />

não tão distante, já resultou<br />

em tragédias que envenenaram<br />

a História.<br />

E, pior de tudo: as vozes<br />

que tentam alertar, mostrar<br />

as rachaduras no concreto<br />

de ideologias conservadores,<br />

não são ouvidas;<br />

ao contrário, são rechaçadas<br />

ao som de gritos e rangeres<br />

de correntes.<br />

A solução, queridos, é deixar<br />

que o Tempo, senhor máximo<br />

das certezas, e o movimento<br />

do brinquedo que rege<br />

nossas vidas direcionem<br />

os destinos gerais de forma a<br />

que estes, em tempo hábil,<br />

abram os olhos e encarem a<br />

Matrix tal como ela é.•<br />

DEMOCRACIA EM CONSTRUÇÃO<br />

da Redação<br />

Na edição Nº 11 de Novembro , O <strong>FATO</strong><br />

lançou um desafio aos leitores: Escrever<br />

um parágrafo sobre a “DEMOCRACIA EM<br />

CONSTRUÇÃO”.<br />

Recebemos várias frases, e uma votação<br />

interna, escolheu duas para presentear<br />

com um exemplar do livro: “Tempos de Cigarro<br />

sem Filtro”, do jornalista londrinense<br />

José Maschio.<br />

FRASES ESCOLHIDAS:<br />

“Democracia seria a vontade o bem popular escolhido<br />

pelo povo que habita aquela nação, porém hoje apenas é<br />

apertar um botão e pagar a conta da escolha.”<br />

(Andreia Mello • Jornalista de Campinas/SP)<br />

“A democracia enquanto regime político possui um significado<br />

teórico, em um mundo ideal, e outro, este que o vemos<br />

na prática. Em uma nação onde cada vez mais o poder<br />

econômico exerce influência a ponto de variados ramos do<br />

mercado elegerem bancadas para a defesa dos próprios interesses,<br />

ano a ano, eleição a eleição, fica comprovado que o<br />

Estado funciona apenas como um balcão de negócios para<br />

estes grupos. Enquanto ações públicas se voltarem quase<br />

que exclusivamente para interesses privados e de uma minoria<br />

privilegiada não podemos dizer que este sistema seja<br />

uma democracia de fato.”<br />

(Matheus Gomes • Jornalista de Maringá/PR)<br />

JANEIRO 2019<br />

O primeiro desafio de 2019 será escrever um poema de 4 linhas.<br />

O tema é livre, mas deve incluir o nome da rua de sua casa.<br />

Escolheremos 3 poemas frases entre todas os enviados para<br />

presentear com o livro “Reencanto II” do poeta Jaime Vieira.<br />

Lá vai o nosso:<br />

“Os carros dividem a rua com as pessoas<br />

Aqui na Rua Itamar Garcia Pereira<br />

Nenhum xingamento ou Buzina<br />

Vila Isabel é só sorrisos a vida inteira”◆<br />

PARTICIPE!<br />

Envie o seu pelo WhatsApp ou E-mail:<br />

(44) 99713 0030 • ofatomaringá@gmail.com<br />

O <strong>FATO</strong> <strong>MARINGÁ</strong> PRESENTEARÁ OS LEITORES COM LIVROS EM 2019<br />

A cada edição apresentaremos um desafio ao leitor.<br />

Os leitores que se expressarem melhor, de acordo com a opinião da redação, ganharão<br />

livros. Não fixaremos a quantidade de leitores. Poderão ser 2, 3,4, enfim, aquilo<br />

que nossa saúde financeira e que a colaboração de autores, nos proporcionarem.<br />

Não estamos sozinhos nessa missão, a nos apoiar, está ao autor maringaense Jaime<br />

Vieira, membro da Academia Maringaense de Letras, que não hesitou em aceitar<br />

nosso convite. A iniciativa de O <strong>FATO</strong> terá o nome de “ISSO FALA DE TI”.<br />

(44) 3029-1431<br />

Av. Alziro Zarur, 702<br />

Jardim São Jorge<br />

Maringá - PR

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