Rosa do abismo
9ª coletânea da Academia Peruibense de Letras
9ª coletânea da Academia Peruibense de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Rosa</strong> <strong>do</strong> <strong>abismo</strong><br />
em silêncio e gratidão, por que os seres humanos não conseguem<br />
seguir este exemplo?<br />
— Bem, de humanos eu não enten<strong>do</strong>, mas o que sei é que a<br />
natureza tem harmonia que lhe é própria, talvez ela exista para<br />
ensinar os homens a refletirem sobre o lugar de cada coisa no<br />
universo.<br />
— Acho que você tem razão, pássaro Azul, na sua colocação,<br />
porque cada coisa tem seu próprio mecanismo e está aí<br />
para nos ensinar.<br />
— Às vezes tenho vontade de ser um pássaro ou uma flor<br />
e conservar a beleza e simplicidade dadas por Deus.<br />
— Amélia, como você é minha amiga e entende minha<br />
linguagem, vou te contar uma estória fascinante, de uma de<br />
minhas aventuras.<br />
— Certa vez, já faz um bom tempo, eu me perdi pelas<br />
matas da Jureia, em Peruíbe. Eu tinha me afasta<strong>do</strong> <strong>do</strong> ban<strong>do</strong> e<br />
voei, voei... fiquei muito cansa<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> percebi, estava em<br />
um <strong>abismo</strong>, no meio de to<strong>do</strong> aquele mataréu. O cansaço me<br />
fez a<strong>do</strong>rmecer e quan<strong>do</strong> acordei mais refeito, resolvi explorar<br />
aquela região perdida na mata. Saí voan<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>samente,<br />
observan<strong>do</strong> a vegetação, quan<strong>do</strong> de repente, alguma coisa me<br />
chamou a atenção: comecei sentir um aroma de rosa, pensei:<br />
rosa por aqui... impossível! Fui seguin<strong>do</strong> na direção <strong>do</strong> perfume<br />
e visualizei a rosa. Realmente era uma rosa de verdade,<br />
com perfume, espinhos e tu<strong>do</strong>. No começo fiquei meio atrapalha<strong>do</strong>,<br />
pensan<strong>do</strong>: será que estou imaginan<strong>do</strong> coisas, não é<br />
possível. Firmei os olhos e vi que realmente era a rosa. Fiquei<br />
a apreciá-la meio de longe encabula<strong>do</strong>, depois me aproximei<br />
e puxei conversa com ela:<br />
— Que fazes perdida aqui neste <strong>abismo</strong>, sem contato com<br />
ninguém, como consegue sobreviver?<br />
A rosa sorriu, o mais belo sorriso de uma flor e me disse:<br />
— Não estou sozinha, toda vegetação da mata é minha<br />
companhia, temos vida e obedecemos leis que nos sustentam,<br />
85