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Rosa do abismo

9ª coletânea da Academia Peruibense de Letras

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Apresentação<br />

Caro leitor<br />

Permita-nos, nesta 9ª Coletânea, iniciar a apresentação da<br />

obra em um estilo um pouco diferente. Somos uma Academia<br />

integrada à vida de nossa cidade, aos seus problemas e também<br />

as benesses que ela nos concede. Somos regionais, mas é<br />

intrínseco da natureza literária certo pen<strong>do</strong>r para o universal,<br />

o global, como é costume hoje em nosso tempo cheio de conexões,<br />

de informações, de multiplicidades. Comecemos então<br />

pelas multiplicidades <strong>do</strong> clima cultural nos tempos atuais,<br />

aqui no Brasil.<br />

Um conto de multiplicidades<br />

É o melhor <strong>do</strong>s tempos, é o pior <strong>do</strong>s tempos, é a idade da<br />

sabe<strong>do</strong>ria, é a idade da estupidez, é a época da crença, é a<br />

época da incredulidade, é a estação da luz, é a estação das<br />

trevas, é a primavera da esperança, é o inverno <strong>do</strong> desespero,<br />

tem-se tu<strong>do</strong> e nada se tem, seguimos to<strong>do</strong>s diretamente para o<br />

Céu, seguimos to<strong>do</strong>s diretamente pelo outro caminho... Com<br />

perdão de Charles Dickens por essa paráfrase <strong>do</strong> seu famoso<br />

trecho inicial de “Um conto de duas cidades”, de 1859. Talvez<br />

exageran<strong>do</strong> um pouco, mas o cenário aqui no Brasil tem<br />

certas semelhanças com aquele nos tempos que antecederam<br />

a Revolução Francesa, o pano de fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> romance de Dickens.<br />

Afinal, os fatos históricos têm o péssimo hábito de reaparecerem,<br />

volta e meia sain<strong>do</strong> das brumas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Senão<br />

iguais, mas semelhantes. Muito semelhantes.<br />

Semelhanças pioradas em nosso caso brasileiro. Aqui o clima<br />

também é de pouco sol e paira sobre nossas cabeças um<br />

céu cinzento e tenso. Talvez um céu artificial como certos clamores<br />

engendra<strong>do</strong>s numa tentativa cínica de opor norte e sul,<br />

ricos e pobres, negros e brancos...<br />

Mas há também o clamor real <strong>do</strong> povo confuso em meio à<br />

cacofonia da disputa pelo poder. Decerto que esse clamor vem<br />

de um povo excluí<strong>do</strong> <strong>do</strong>s benefícios da imensa riqueza gerada

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