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trabalho de pensar por si mesmos.<br />
O que torna os jovens ainda mais vulneráveis é o fato de que, em muitos países, as<br />
empresas de crédito contam com o apoio dos governos para que se ofereçam cursos – em<br />
princípio de enfoque teórico, mas com aulas práticas – sobre “a arte de viver de empréstimos”<br />
nos currículos obrigatórios de todas as faculdades e universidades, seja qual for a carreira<br />
escolhida. Por outro lado, e também com a adesão crescente dos governos, foram elaborados<br />
esquemas de empréstimo para estudantes universitários com facilidades sedutoras, mas<br />
ilusórias, de acesso e reembolso. O resultado disso é que a média dos estudantes termina o<br />
curso superior com uma dívida que muitos, cedo ou tarde, acabam descobrindo ser impossível<br />
de pagar; uma dívida que quase sempre exige fazer novos empréstimos para saldar a primeira.<br />
Uma vez que o jovem se inicia nessa roda-viva de “viver de empréstimos”, o hábito de<br />
pedir novos financiamentos para pagar o anterior lhe parece perfeitamente normal. Na<br />
realidade, ele entrou num círculo vicioso. E esses círculos não podem ser desfeitos, somente<br />
cortados.<br />
Esta carta começou como uma história de marinheiro e logo adquiriu a feição de uma<br />
história de camponês (se é que o leitor ainda se recorda da diferença que expliquei na<br />
primeira carta). Quantas Siobhan Healey há em seu bairro? Quem sabe em sua casa? Em sua<br />
cama? Dentro do seu pijama?