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REVISTA SABER madeira<br />

A Revista da Madeira<br />

www.sabermadeira.pt Revista Saber Madeira sabermadeira@yahoo.com 291 911 300


sumario<br />

04<br />

Entrevista<br />

Os grupos de folclore contribuem<br />

para a dinamização cultural das<br />

localidades que representam. É<br />

o caso do Grupo de Folclore MonteVerde que,<br />

fundado há 50 anos na freguesia do Monte,<br />

está na linha da frente das instituições locais<br />

que lutam pela preservação e divulgação das<br />

tradições da freguesia. Marco Mendonça,<br />

descendente dos fundadores e o atual presidente<br />

do grupo de folclore, explica o que o motiva no<br />

folclore e o trabalho que o grupo desenvolve.<br />

06<br />

07<br />

08<br />

14<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

24<br />

Madeira<br />

Baila que baila o bailinho<br />

da Madeira<br />

Lugares de Cá<br />

Monumento aos Gibraltinos<br />

na Madeira<br />

Conversas com A Saber<br />

Francisco Gomes entrevista<br />

António e Susana Cruz<br />

Cultura<br />

Desfolha do Milho<br />

em Santana<br />

Opinião<br />

Isabel Fagundes: Uma História<br />

Blogue de...<br />

Miguel Pires: Dos Músicos<br />

Opinião<br />

Hélder Spínola: É fácil Fazer!<br />

saúde<br />

O que é a Saúde de hoje?<br />

Fotografia Subaquática<br />

As imagens de Artur Silva<br />

Técnicos Diagnóstico e Terapêutica<br />

Radioterapia<br />

26<br />

25<br />

26<br />

28<br />

30<br />

31<br />

32<br />

34<br />

Nutrição<br />

Alison Jesus: O que é ser vegetariano?<br />

Câmara Municipal do Funchal<br />

Estratégia Municipal no domínio<br />

dos impactes ambientais<br />

Viajar com Saber<br />

Battambang, Camboja<br />

Cinema<br />

Toy Story 4<br />

Tecnologia<br />

Novidades para os produtos<br />

da Apple<br />

(Des)Conhecida Arte<br />

Miniaturas de Autocarros<br />

Dicas de Moda<br />

Lúcia Sousa: Tropical Island Colors<br />

36<br />

38<br />

40<br />

42<br />

45<br />

52<br />

54<br />

Makeover<br />

Mary Carfora convida<br />

Mariusky Spínola<br />

20<br />

Fashion Advisor<br />

Jorge Luz: Roupa para Cerimónia<br />

Motores<br />

Nélio Olim: Novo Classe B<br />

da Mercedes<br />

Agenda Cultural da Madeira<br />

Junho<br />

Social<br />

À Mesa com...<br />

As sugestões<br />

de Fernando Olim<br />

Site do Mês<br />

oom.arditi.pt<br />

saber JUNHO 2019<br />

3


ENTREVISTA<br />

Marco Mendonça<br />

Num mundo de crescentes<br />

interações globais, os grupos<br />

de folclore são um baluarte da<br />

sobrevivência do património<br />

cultural local. Fundado na freguesia<br />

do Monte, o grupo de folclore<br />

MonteVerde tem sido um elemento<br />

dinamizador da cultura local através<br />

das suas iniciativas, nomeadamente<br />

nas atuações ao vivo e nos trabalhos<br />

de pesquisa. O atual presidente do<br />

grupo, Marco Mendonça, assistente<br />

técnico camarário de 38 anos, tem<br />

dado continuidade ao trabalho<br />

iniciado pelos seus pais e avós,<br />

fundadores do grupo de folclore<br />

MonteVerde.<br />

Dulcina Branco<br />

Arquivo Grupo MonteVerde.<br />

Como surgiu o grupo de folclore MonteVerde?<br />

- O grupo Monteverde foi fundado por Manuel<br />

Ferreira Pio no Sítio da Levada da Corujeira-Monte<br />

em 1967, coadjuvado por um grupo de aficionados<br />

do folclore e tradições, tendo se exibido em<br />

hotéis e a bordo de navios que aportavam no porto<br />

do Funchal. Chegou também a editar um disco<br />

com 22 músicas de cariz folclórico e popular. Em<br />

1973, o grupo cessou a sua actividade, devido a<br />

uma série de adversidades. Em 2002, Natividade<br />

Mendonça, Manuel Mendonça e família, Danilo<br />

Fernandes e Carlos Pereira empenharam-se na<br />

recuperação do grupo e assim ressurgiu o Grupo<br />

de Folclore MonteVerde que conta atualmente<br />

com 42 elementos, entre os 3 anos e os 67 anos.<br />

Que momentos marcam o percurso do grupo?<br />

- São muitos os momentos que marcam o percurso<br />

do nosso grupo, a começar pela criação do primeiro<br />

festival, o lançamento do nosso CD, os nossos<br />

postais e as nossas galas. Um marco é a entrada<br />

no C.I.O.F.F. Portugal/Internacional que abriu<br />

ainda mais os horizontes e que tornou o nosso<br />

festival candidato a um dos maiores internacionais<br />

da nossa Região. A sede é outro marco que<br />

marca o nosso percurso. A nível de espetáculos<br />

e atuações, temos atuado a bordo de navios de<br />

cruzeiro que aportam no Funchal. Atualmente, o<br />

4 saber JUNHO 2019


fazemos sempre os possíveis<br />

para que os nossos elementos<br />

nos representem nos<br />

congressos de folclore<br />

grupo dignifica o folclore levando a cabo pesquisas<br />

por Alexandre Rodrigues nas mais variadas<br />

áreas culturais, desde a gastronomia e a música,<br />

passando pelos usos e costumes, indumentária,<br />

entre outros. O repertório do grupo passa<br />

também pela recuperação dos repertórios clássicos<br />

dos antigos grupos de folclore MonteVerde e<br />

Livramento. Realizamos ainda a Gala Internacional<br />

de Etnografia e Folclore ‘‘Manuel Ferreira Pio’’<br />

sendo esta inserida no FunchalFolk-Arraial do<br />

Mundo, grandioso festival C.I.O.F.F. É um balanço<br />

positivo pois a cada ano que passa, o grupo dá<br />

passos largos em várias direções, nomeadamente<br />

aperfeiçoando a forma de cantar, tocar e trajar.<br />

Passámos por várias fases, umas mais positivas,<br />

outras menos mas isso é o que faz de nós<br />

o que somos hoje. A caminho das duas décadas<br />

de atividade, continuamos ativos no mundo dos<br />

festivais, intercâmbios, galas e demais atividades.<br />

Uma das nossas grandes preocupações é a formação<br />

dos elementos e integração dos mesmos<br />

em vários meios do folclore. Fazemos sempre<br />

os possíveis para que os nossos elementos nos<br />

representem em congressos de folclore. A celebração<br />

do nosso aniversário tem como objetivo<br />

recordar a história do grupo, desde a sua fundação<br />

até à atualidade.<br />

Quais são os seus maiores desafios ou dificuldades?<br />

- O nosso maior desafio será, talvez, cativar ou<br />

chamar os mais jovens para este tipo de atividade<br />

de modo a que as tradições não sejam esquecidas;<br />

contudo, orgulhamo-nos de ser um grupo<br />

jovem. Um desafio para o ano em curso é consagrar<br />

o nosso festival como um dos maiores festivais<br />

de folclore madeirense. Pretendemos, no<br />

decorrer deste ano, alcançar a 3.ª avaliação positiva<br />

C.I.O.F.F e na história do folclore da Madeira<br />

consagrar um dos maiores festivais de Folclore<br />

da Região. Outro desafio será a edição do novo<br />

dvd, o que ainda não foi possível devido aos orçamentos<br />

elevados e à agenda de actividades do<br />

grupo mas possivelmente, e levantando um pouco<br />

o véu, será lançado ainda este ano. Este disco<br />

vem juntar-se ao que temos já editado. Após<br />

vários anos de recolha e com a preocupação de<br />

recuperar e preservar a música regional já executada<br />

pelos antigos “MonteVerde” e “Livramento”,<br />

lançámos o cd “Anda comigo Maria ver a Senhora<br />

do Monte”, com 16 faixas como também um<br />

cd duplo com as antigas músicas e canções dos<br />

extintos gupos. O lançamento decorreu em agosto<br />

no Largo da Fonte, no Monte.<br />

Quem são as pessoas que assistem às vossas<br />

atuações e compram os discos do grupo?<br />

- Temos dois públicos distintos. Temos o público<br />

madeirense residente e o turista que visita<br />

a Região. Em termos dos nossos espetáculos,<br />

atuamos em função do público que está à nossa<br />

frente a assiste, ou seja, quando é turista, tentamos<br />

que a nossa atuação seja mais demonstrativa<br />

e instrutiva. É notório por parte deste público<br />

o sentido de aprendizagem e apreciação do folclore<br />

popular. Quando o público é madeirense,<br />

a nossa atuação vai no sentido do entretenimento,<br />

procurando levar a cada pessoa um pouco do<br />

passado e das raízes do nosso povo. Já o público<br />

que compra os nossos discos é maioritariamente<br />

o turista que visita a Madeira, sendo de sublinhar<br />

que a aceitação por parte dos nossos turistas é<br />

muito boa. Temos um pequeno livreto no interior<br />

do disco que explica as faixas musicais, em inglês<br />

e em português.<br />

O folclore madeirense está bem e recomenda-se?<br />

- Acho que, há uma maior preocupação na representação<br />

fiel da música tradicional, o que dá<br />

um maior sentido de responsabilidade aos grupos.<br />

Apesar de algumas críticas efetuadas à nossa<br />

maneira de tocar e dançar - sim, em vários<br />

momentos somos um pouco mais acelerados<br />

mas isso deve-se ao nosso amor por aquilo que<br />

fazemos - procuramos ser sempre o mais fidedignos<br />

possível à tradição. Existem hoje mais ou<br />

menos os mesmos grupos que havia há alguns<br />

anos. Há uns com mais foco na qualidade e<br />

outros com menos relevância em querer melhorar;<br />

no nosso caso, tentamos através da AFERAM<br />

dignificar o nosso folclore, pois é para isso que<br />

trabalhamos.s<br />

saber JUNHO 2019<br />

5


MADEIRA<br />

“bailinho da Madeira”<br />

Com um padrão rítmico bastante simples, o bailinho é executado<br />

geralmente na tonalidade de Sol Maior, por ser aquela a que mais<br />

facilmente se adapta a voz. É esta melodia que está na base de muitos<br />

dos mais conhecidos bailes regionais, sendo também a forma assumida<br />

pela mais popular forma de canto improvisado em despique da Madeira.<br />

Encontramo-lo a dar o “som” de muitos romances tradicionais, cantigas<br />

narrativas, cantigas de lazer, etc. É a forma musical mais presente e<br />

espontânea em todos os ambientes festivos na Região, acompanhada por<br />

qualquer instrumento ou mesmo por formas improvisadas de criar som...<br />

Dulcina Branco<br />

O.L.C. aprenderamadeira.net/musica-tradicional<br />

Não sendo possível definir características<br />

genéricas da música tradicional madeirense,<br />

por esse motivo e de modo a facilitar<br />

a exposição, optou-se por abordar<br />

este que é um dos grandes géneros musicais da<br />

Madeira: o bailinho. Trata-se de, o elemento mais<br />

conhecido e identitário da tradição musical da RAM.<br />

É importante chamar a atenção para uma confusão<br />

bastante frequente resultante da coincidência<br />

do nome deste género musical. Existe uma canção<br />

muito conhecida, interpretada pelo cantor madeirense<br />

Max que tem precisamente o nome de “Bailinho<br />

da Madeira”. No entanto, apesar da referência<br />

na sua letra ao bailinho, musicalmente esta nada<br />

tem a ver com ele. Antes pelo contrário, a música tradicional<br />

que serviu de inspiração para algumas das<br />

suas frases musicais foi o charamba. No essencial, a<br />

música tradicional madeirense da atualidade resulta<br />

da combinação de um conjunto de elementos trazidos<br />

por sucessivas levas de povoadores. Na Região<br />

Autónoma da Madeira, estes contributos foram evoluindo<br />

de forma isolada, mas recebendo pontuais<br />

influências de novas populações, de visitantes ocasionais<br />

ou ainda, a partir do séc. XX, dos meios de<br />

comunicação social de âmbito nacional, com particular<br />

incidência nas estações radiofónicas, ou da<br />

generalização do ensino oficial, com a chegada de<br />

docentes de diversos pontos do país. Deste modo,<br />

popularizaram-se na RAM canções que, com o tempo,<br />

têm vindo a assumir, para muitos, um carácter<br />

tradicional. Podemos localizar no séc. XIX o início do<br />

interesse pela representação de aspetos da vida tradicional<br />

da Madeira. As primeiras referências que<br />

se conhecem dão conta da sua presença em eventos<br />

pontuais, como festas ou visitas de entidades<br />

cuja importância justificava dar a conhecer um pouco<br />

das tradições regionais. Embora de forma pouco<br />

precisa, refere-se a apresentação de bailes de camponeses,<br />

ou “a la moda”. Deverá referir-se o trabalho<br />

do jornalista Carlos Santos, sucessivamente responsável<br />

por diversos grupos e que viria a ser convidado<br />

para assumir a direção artística do Grupo Folclórico<br />

da Casa do Povo da Camacha, fundado em 1948. O<br />

momento de viragem que viria a alterar a realidade<br />

do folclore madeirense e criar novos paradigmas que<br />

prevaleceriam durante meio século foi a fundação<br />

do Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha. O<br />

Grupo de Folclore da Casa do Povo da Camacha surgiu,<br />

em finais dos anos quarenta, dentro de um contexto<br />

de aparecimento de grupos relativamente efémeros,<br />

resultado de uma necessidade crescente sentida<br />

na Região a partir da década anterior. A procura<br />

de animações tradicionais para festas cíclicas, como a<br />

Festa das Vindimas ou Fim do Ano, ou para incluir na<br />

receção a figuras de importância política, foi estimulando<br />

a formação dos referidos grupos. Com a criação<br />

da Associação de Folclore e Etnografia da Região<br />

Autónoma da Madeira, em 1995, uma progressiva<br />

estruturação ao longo dos anos seguintes, abriram-<br />

-se as portas para aumentar o nível de informação<br />

dos elementos dos grupos folclóricos(...). s<br />

6 saber JUNHO 2019


LUGARES DE CÁ<br />

Monumento em honra dos gibraltinos<br />

Dulcina Branco<br />

O.L.C.<br />

Lusa e ex-Centro de Estudos de História<br />

do Atlântico (CEHA).<br />

Encontra-se no Parque de<br />

Santa Catarina, no Funchal,<br />

este monumento<br />

que evoca a vivência de<br />

cidadãos de Gibraltar na Madeira,<br />

no decurso da II Guerra Mundial.<br />

Ness tempo, a ilha da Madeira<br />

acolheu 2.000 cidadãos de Gibraltar,<br />

que chegaram entre os dias 21<br />

de julho e 13 de agosto de 1940<br />

e permaneceram na ilha até ao<br />

fim do conflito. Celebrando estes<br />

antigos laços com o povo gibraltino,<br />

foi assinado em Maio de 2009<br />

um protocolo entre os municípios<br />

de Gibraltar e a Madeira, erguendo-se<br />

monumentos em ambos os<br />

locais para assinalar esta situação.<br />

Tudo se passou no início<br />

da década de 1940, com o alastrar<br />

da Segunda Guerra Mundial.<br />

Gibraltar era um enclave britânico<br />

em terras espanholas. Os seus<br />

cidadãos, sentindo-se ameaçados<br />

perante a vizinhança de Franco,<br />

ditador espanhol próximo de<br />

Hitler e Mussolini, saíram em busca<br />

da segurança e da neutralidade<br />

que oferecia a ilha da Madeira.<br />

Aqui encheram cafés, hotéis, residenciais<br />

e transformaram costumes<br />

e hábitos. As mulheres gibraltinas,<br />

donas de comportamentos<br />

cosmopolitas, eram muito mais<br />

informais do que as madeirenses.<br />

Entre os gibraltinos e madeirense<br />

verificaram-se vários casamentos.<br />

Os madeirenses beneficiaram<br />

social e economicamente<br />

e os gibraltinos puderam encontrar<br />

na ilha, paradisíaca na altura,<br />

um refúgio seguro dos horrores<br />

da guerra. Gibraltar tem hoje<br />

cerca de 30 mil habitantes, a maioria<br />

dos quais já esteve na Madeira<br />

por conta das iniciativas que aqui<br />

decorrem anualmente para celebrar<br />

o facto histórico. s<br />

saber JUNHO 2019<br />

7


CONVERSAS COM A SABER<br />

O mundo em que vivemos é<br />

extremamente fértil em definições<br />

do conceito ‘Amor’. Algumas são mais<br />

profundas e muitas outras são menos<br />

consequentes. Todavia, na essência,<br />

amar implica ter a coragem para<br />

mergulhar, sem paraquedas, num<br />

universo de cumplicidade. Com um<br />

mundo de vivências em conjunto,<br />

Susana e António Barroso Cruz são<br />

a imagem de uma cumplicidade<br />

cultivada entre duas personalidades<br />

muito diferentes, mas que, juntos,<br />

demonstram, todos os dias, desafio<br />

após desafio, e com encantadora<br />

frontalidade, que a cumplicidade não<br />

se compra, a afinidade não se explica,<br />

a amizade não se força, a confiança<br />

não se obriga e o sentimento,<br />

muitas vezes, não se controla. Ou<br />

existe, ou não existe. Entre eles,<br />

não só existe, como também define<br />

um percurso conjunto de mais de<br />

duas décadas e do qual nasceu a<br />

Mariana. Num diálogo aberto com<br />

o casal que brilhantemente liderou<br />

as CONVERSAS COM SABOR durante<br />

quase uma década, falou-se de<br />

livrarias nas quais nasceu um amor,<br />

de uma Angola que permanece<br />

gravada na memória e no coração, de<br />

excentricidades que são cultivadas,<br />

de batalhas que se lutam por valores<br />

e princípios, de viagens, de livros, de<br />

superação, do céu e até… de Deus. Se<br />

é verdade que o que ficou por dizer<br />

é muito mais do que aquilo que foi<br />

dito, não é menos verdade que a<br />

sinceridade e o intimismo dominaram<br />

o tempo passado em conjunto. E,<br />

tal como aquele bom livro no qual<br />

encontramos, com cada virar de<br />

página, mil sonhos para realizar e mil<br />

razões para continuar, também na<br />

Susana e no António encontramos<br />

aquela história que nos faz acreditar<br />

que a única forma de chegar ao<br />

impossível é acreditando que é<br />

possível.<br />

FRANCISCO GOMES<br />

gentilmente cedidas por António e Susana<br />

8 saber JUNHO 2019


antónio E susana cruz<br />

FG - Após tantos anos a coordenar esta rubrica da revista na condição de<br />

entrevistador, qual é a sensação de estar no outro lado do microfone?<br />

António: Tinha estado antes, e, portanto, não é uma sensação nova.<br />

Susana: Estamos, hoje, a ser entrevistados, mas nos seis anos em que o<br />

António e eu estivemos com a rubrica, demos um “refresh” à mesma. O<br />

António trouxe alguma irreverência...<br />

FG - Susana, vamos começar por si. O que é que pensa ou sente uma<br />

menina que sai de uma Angola à beira de uma guerra civil e é trazida<br />

para um Portugal ou para uma Madeira, certamente mais cinzenta e ainda<br />

com marcas de subdesenvolvimento?<br />

Susana: Sente que está a sair de um mundo a cores e está a entrar num<br />

mundo a preto e branco. Saí de Angola quando ia fazer nove anos. Não nasci<br />

lá. Fui para lá com os meus pais quando tinha apenas um ano. O meu<br />

pai esteve lá a fazer o serviço militar, e, acabado o serviço militar, ficou lá<br />

a trabalhar. Para mim, Angola era a liberdade, o convívio, era a porta de<br />

casa sempre aberta, era a informalidade - chegava a casa de uma amiga e<br />

era convidada para a mesa para almoçar e isto não acontecia em Portugal.<br />

Angola era extremamente informal e eu estava habituada a isso. Era brincar<br />

de fato de banho no quintal, era brincar na rua, era apanhar banhos<br />

de mangueira, era ver a minha irmã a andar às cavalitas da empregada de<br />

casa. Recordo, por exemplo, que a minha mãe ia trabalhar e a empregada<br />

arrumava a casa com a minha irmã, ainda pequenina, às costas, naqueles<br />

lenços que elas usam e colocam os filhos.<br />

Quando cheguei a Portugal, não havia nada disso e foi complicado. Cheguei<br />

cá, fui estudar para o Colégio da Apresentação de Maria e fui chamada de<br />

“retornada”. Felizmente, a minha família tinha cá algum património, algumas<br />

casas alugadas e não tivemos aquele ‘começar do zero’ como muita<br />

gente infelizmente teve. Os meus pais quando cá chegaram, começaram<br />

a trabalhar. Lembro-me que o meu pai era ainda novo (não tinha ainda 40<br />

anos), e, portanto, não tivemos as dificuldades que muitos tiveram. Mas…<br />

não foi nada fácil para mim, para o meu pai, para a minha família, a vinda<br />

para Portugal.<br />

FG - E como é que o António entra neste filme? Como é que vocês se<br />

conheceram e tudo aconteceu?<br />

Susana: O António entra na vida de uma Susana já adulta, saída de um primeiro<br />

casamento. O António entra devagarinho e teve que penar devagarinho<br />

(risos).<br />

António: Demorou dez meses (risos)...<br />

Susana: Estive casada dos 25 aos 29 anos com o meu primeiro marido,<br />

pelo que os meus trinta anos já os fiz divorciada. Conheci o António com<br />

32 anos, em Lisboa, e foi uma situação engraçada. Foi numa livraria – como<br />

não poderia deixar de ser, não é?! (risos) Estavam os livros no destino!...<br />

Trabalhava em Lisboa, e, à hora de almoço, ia com a minha amiga Patrícia<br />

Andrade à Livraria da Bulhosa. Íamos ver os livros e o António também lá<br />

andava a ver os livros. Havia uma grande mesa rectangular com livros e há<br />

um dia em que o António está a ver os livros e começa a olhar para mim.<br />

Eu não liguei e continuei a ver os livros com a minha amiga. No outro dia,<br />

lá está o António no mesmo sítio. Até que, um certo dia, eu e a minha amiga<br />

vamos almoçar a um restaurante de comida natural em frente ao qual,<br />

no outro lado da rua, havia uma florista. O António vê-me entrar no restaurante<br />

e espera que eu saia para me oferecer uma rosa. Tenta meter conversa<br />

comigo, mas eu sem lhe ligar nenhuma. Atravesso a rua para entrar<br />

para o meu local de trabalho e o António no outro lado da rua com a rosa,<br />

a fazer uma triste figura! (risos). Entretanto, isto passou. Há um outro dia<br />

em que vou almoçar a outro restaurante com um amigo meu, onde, por<br />

coincidência, está o António a almoçar com a sua primeira mulher - já ex-<br />

-mulher. O António estava sempre a olhar para mim, e, entretanto, chega à<br />

minha mesa o empregado com um cartão dele onde tinha escrito: ‘Já está<br />

na hora de nos conhecermos’. O meu amigo, escandalizado com a situação,<br />

porque o António estava a almoçar com uma mulher, dizia-me que<br />

‘Não pode ser’ e aconselhava-me que não respondesse. Mas eu tive curiosidade,<br />

acabei por lhe ligar e encontramo-nos. Tempos depois, uma amiga<br />

minha, a Isabel Dantas, fez um jantar de aniversário, eu convidei-o para me<br />

acompanhar e, a partir daí, começou. Recordo que ele esteve dois meses<br />

a entregar no meu trabalho uma carta com poemas e era caricato (risos).<br />

Quando chegavam, lia as cartas às minhas amigas e era uma festa! (risos)<br />

Andamos nisto dois meses. Mas, tempo depois, já estávamos a viver juntos.<br />

FG - António, rebobinando um pouco… Quem era, ou como era, o António,<br />

filho?<br />

António: O António, filho, era um estudante mediano. Foi alguém que nunca<br />

gostou de estudar. Era um cábulo. Foi um filho, assim como foram os restantes<br />

filhos, com algumas carências afectivas. Vem de família esta carência<br />

de afectividade. Não sou propriamente aquela pessoa de abraçar e de<br />

beijar espontâneamente. O meu pai era uma pessoa muito activa profissionalmente,<br />

e a minha mãe também (era funcionária pública), pelo que tinha<br />

os seus dias completamente ocupados, e, então, o António, filho, era um<br />

“terrorista”, no bom sentido da palavra. De certa forma, era um princípio<br />

de “tarado” (risos). Aliás, a minha iniciação sexual tem parte de uma antiga<br />

criada dos meus pais. Lembro-me de falar de “pilinhas” e os meus pais<br />

viram que havia ali algum mau comportamento por parte da criada lá da<br />

casa (hoje diz-se empregada). Foi uma coisa muito dramática para os meus<br />

pais, tanto que, a seguir, ela despedida. (risos)<br />

Isto, para dizer que eu era um miúdo inquieto e irrequieto. Era um miúdo<br />

algo revoltado, ainda que moderadamente revoltado, porque, quando<br />

me faziam alguma, eu fazia pior. Por exemplo, há um dia em que, no meu<br />

quarto, a brincar com os carrinhos, fiz uma estrada com o sabão OMO.<br />

Naturalmente, a empregada não gostou da brincadeira, e, em resposta,<br />

fechou-me à chave no quarto. Quando a minha mãe chega a casa do trabalho,<br />

eu saio do quarto e atiro as chaves todas da casa pela janela. Outras<br />

vezes, meti-me, completamente vestido, no tanque de levar roupa à mão.<br />

Eu era, na verdade, irrequieto. (risos) Não era maldoso, mas fazia as brincadeiras<br />

próprias da infância e da pré-adolescência, por isso, levei muita palmada<br />

no rabo e puxão de orelhas. Além disto, despertei cedo para o sexo<br />

oposto. Sou do tempo em que havia uma separação nas escolas. Havia a<br />

escola masculina e a escola feminina. Era um filho que brincava muito sozinho.<br />

Sempre gostei muito de me isolar e ainda hoje gosto de me isolar. Sou<br />

uma pessoa algo solitária. Preciso de solidão. Tenho um irmão com menos<br />

5 anos do que eu e não me lembro de brincadeiras com ele. Tenho uma<br />

irmã com menos 7 anos do que eu e também não me lembro de brincadeiras<br />

com ela. De certa maneira, eu era uma pessoa fechada no quarto,<br />

que brincava muito sozinha, Já mais velho, comecei a desenvolver o gosto<br />

pela literatura e a coleccionar livros da altura, especialmente os da Colecção<br />

do Vampiro.<br />

FG - E, hoje em dia, como é o António pai?<br />

António: Sou exageradamente pai.<br />

FG - Mais pai do que foi o seu pai?<br />

António: Sim, seguramente que sou, mas adoro o meu pai. O meu pai sempre<br />

foi uma excelente pessoa, um excelente feitio. Não tive, nunca, problemas<br />

com o meu pai, mesmo na infância, e as brincadeiras pelas quais fui<br />

castigado, foram na altura certa e com merecimento. O meu pai sempre<br />

foi uma pessoa que trabalhou muito, nunca faltou com nada em casa, mas,<br />

talvez por esse motivo - por estar muito ausente e também porque não tra-<br />

saber JUNHO 2019<br />

9


CONVERSAS COM A SABER<br />

zia no seu ADN a afectividade, não passava para os filhos essa qualidade,<br />

daí que não tivesse tido muita afectividade do meu pai. O que não significa<br />

que não gostasse dos filhos, assim como a minha mãe. Portanto, não sou<br />

para a minha filha o pai não tive, ao nível dos afectos. Pelo contrário, sou<br />

muito afectivo para com a minha filha, sou obcecado com a segurança da<br />

minha filha e protejo demasiado a minha filha. Tenho consciência de tudo<br />

isto, mas sei que também lhe consigo dar espaço e liberdade, pois os miúdos<br />

precisam disso. Crescem e tornam-se, pouco a pouco, adultos, mas,<br />

como qualquer pai, continuo a olhar para a minha filha como se fosse ainda<br />

uma criança. Sei que, daqui a vinte anos, provavelmente, continuarei a<br />

olhar para ela como se fosse ainda uma criança a precisar de protecção. E<br />

é claro que os afectos estarão sempre presentes.<br />

FG - Quando olha para a sua filha, em que é que ela saiu ao pai? O que é<br />

que gostaria que ela retivesse, ou não retivesse, do pai?<br />

António: De uma forma abrangente, gostava que ela retivesse, de mim, a<br />

honestidade, a frontalidade, o espírito de aventura, a capacidade de conseguir<br />

passar – como eu tive de passar - de uma postura introvertida para<br />

uma postura mais extrovertida. Gostaria que ela tivesse as mesmas oportunidades<br />

que eu tive, profissionalmente falando, mas, como é óbvio, é necessário<br />

trabalhar para que as coisas aconteçam. Por isso, de uma forma geral,<br />

gostaria que a minha filha fosse como eu sou. O que é que não gostaria<br />

que a minha filha fosse?... Que não fosse tão teimosa e casmurra como eu<br />

por vezes sou e que não cometesse alguns erros de infedilidade como eu<br />

cometi. Mas, enfim… penso que todos nós estamos mais ou menos sujeitos<br />

a isso, e não gostaria que a minha filha tivesse algumas experiências que<br />

eu já tive e que não são propriamente recomendáveis.<br />

FG - A irreverência caracteriza muito o seu percurso, mas penso que também<br />

faz por cultivar essa imagem de excentricidade e inconformismo.<br />

António: Sim, cultivo.<br />

FG - Essa irreverência é uma defesa?<br />

António: Não sei se em algum momento da minha vida o terá sido. Não<br />

creio. Sou irreverente a partir do momento em que venho viver para a<br />

Madeira e a sociedade madeirense, para o melhor, e, neste caso, para o<br />

pior, obrigou-me a ser irreverente. Mas faz sentido falar na minha irreverência<br />

como uma espécie de protecção. Como se diz na linguagem futebolística,<br />

a melhor defesa é o ataque, e, então, pode dizer-se que uma das defesas<br />

que conquistei foi partir para o ataque e aqui há vários momentos em<br />

que essa possibilidade me é conferida. Não tenho dúvidas em afirmar que,<br />

com o facto de ter começado a colaborar com as publicações de ‘O Liberal’,<br />

nomeadamente no semanário Tribuna da Madeira e, depois, no Diário<br />

Cidade, comecei a atrair as atenções e observações menos elogiosas de<br />

determinados círculos. Fui atacado por pessoas desta terra quando comecei<br />

a ter alguma visibilidade e a me expor, e, por essa razão, usei as colunas<br />

de opinião à minha responsabilidade para me defender e também atacar.<br />

FG - É mais fácil ser o António ou o António Barroso Cruz, escritor? Com<br />

qual deles se dá melhor?<br />

António: O António Barroso Cruz escritor entranhou-se no António. Entranham-se<br />

e, hoje, confundem-se. Aliás, hoje em dia, existirão, com certeza,<br />

dois “Antónios”: há o António que tem que ter uma postura profissional,<br />

séria e correcta, e, depois, existe o outro António, que é o António que não<br />

tem de se proteger por detrás da marca profissional que representa, e, por<br />

isso, pode ser o António que faz tatuagens, que se despe num palco e que<br />

não tem problema em pôr o nome aos bois e às vacas.<br />

FG - E a Susana com qual é que se casou?<br />

Susana: Acho que casei com alguém que já era, de certa forma, irreverente.<br />

Ele, provavelmente, ainda não o sabia, pois tudo aquilo que ele hoje é, já<br />

o tinha dentro dele. Acho que ele tem razão quando diz que, quando veio<br />

para a Madeira, teve que trabalhar o meio e conquistar as oportunidades.<br />

Tem todo o mérito nisso! Mas, para mim, o António sempre foi - e continua<br />

a ser, um desafio, e é isso que também me atrai nele. Se ele não fosse um<br />

desafio, acho que já tinha acabado com ele há muito tempo, pois não gosto<br />

de relações monótonas, pouco desafiantes.<br />

FG - O António confidenciou-me outrora que a Susana foi a mulher que<br />

o estabilizou.<br />

António: É verdade.<br />

FG - A observação transmite a ideia de ser a âncora de um barco…<br />

Susana: Houve uma série de situações que conduziram a isso. Foi como se<br />

os astros se tivessem alinhado para que nós nos conhecêssemos. Acho que<br />

nós nos conhecemos em fases da nossa vida em que queríamos, naquela<br />

altura, as mesmas coisas. Por exemplo, o António queria ser pai, eu queria<br />

ser mãe. Acho que isso aconteceu de uma forma descontraída e perfeitamente<br />

enquadrada. Mas, sim, acho que sou a parte mais calma do António.<br />

Sou aquela pessoa que, às vezes, o puxa para baixo, mas também sou<br />

aquela pessoa que não lhe corta as pernas. Sou, em algumas ocasiões, contra<br />

algumas das suas ideias, sou talvez a sua maior crítica, mas também sou<br />

a pessoa que lhe reconhece muitas qualidades e muito mérito.<br />

FG - Tais como? Quais são as melhores qualidades do António?<br />

Susana: É muito trabalhador, organizado e correcto. Tem defeitos, como<br />

qualquer pessoa, mas tem muitas qualidades e nós os dois acabamos por<br />

encaixar um com outro. Aceitamo-nos um ao outro. Sou, por vezes, muito<br />

contestatária e ele é mais do tipo “laissez faire, laissez passer.” Mas, acabamos<br />

por encaixar.<br />

FG - Tem consciência que é casada com uma pessoa com uma certa predisposição<br />

mediática – e o que lhe pergunto é se é mais fácil ser a Susana<br />

ou ser a esposa do António?<br />

Susana: É mais fácil ser a Susana e eu tento ser sempre mais do que a<br />

mulher do António Cruz. Tenho vida própria, mas, sim, ser mulher do António<br />

Cruz é, às vezes, um problema, porque dou por mim exposta a situações<br />

nas quais não pedi para estar. Mas sei lidar com isto.<br />

António: Há pessoas que se incompatibilizaram com a Susana por minha<br />

causa. Quando passavam por ela na rua, rosnavam (risos)...<br />

FG - “O casamento e o amor são feitos de grandes emoções, mas também<br />

de desafios que marca quem os enfrenta. Custa mais a quem ama,<br />

não a dor que se possa sentir em determinado momento, mas o fingir<br />

que não tem dor nenhuma”. Isto é verdade?<br />

Susana: Não consigo fingir, sou muito transparente. Entendo essa afirmação,<br />

mas não me revejo nela porque o gostar de alguém, o estar numa relação<br />

ou num casamento é uma coisa que se aprende a construir. Uma coisa<br />

que as pessoas esquecem, e há relações que acabam muito rápido por causa<br />

disso, é o facto de poderem não estar preparadas para o “alimentar” da<br />

relação. Aquilo que há inicialmente é a paixão, que muita gente confunde<br />

com amor. Acontece que o que vem a seguir a isso é o mais difícil. Na minha<br />

10 saber JUNHO 2019


elação com o António, e nisto acho que sou a âncora dele, sou aquela que<br />

constrói e que alimenta o amor na relação. O António é um homem mais de<br />

paixões, e, às vezes, é preciso que eu refreie essas paixões. Sou mais com<br />

os pés na terra do que o António. Sou uma pessoa mais construtiva nessas<br />

coisas e acho que, aí também, nos equilibramos bem.<br />

FG - O António já conheceu mais de noventa países diferentes, já viu<br />

mares azuis, já viu montanhas a rasgar o céu, já testemunhou desertos,<br />

cenários e pessoas que a maior parte dos mortais nunca conhecerão.<br />

Conheceu o mundo numa perspectiva privilegiada e ainda o percorre<br />

com uma frequência extraordinária. É um verdadeiro cidadão do mundo!<br />

Pergunto-lhe: Em nada disto que viu, encontrou um sopro de Deus?<br />

António: Não. Nem mesmo quando visitámos Jerusalém. Não me julguem<br />

mal mas, com todo o respeito que tenho por todas as religiões e pelas pessoas<br />

que acreditam e têm fé, que vão de joelhos a Fátima rezar, tenho para<br />

mim que é demasiado fácil justificar a criação do mundo em seis dias. Não<br />

há nenhuma entidade sobrenatural que possa ter criado tudo isto em seis<br />

dias. Tudo isto é um processo evolutivo, cientificamente comprovado e que<br />

não tem o tal sopro de Deus, seja ele islâmico, seja ele budista, seja ele católico.<br />

Acredito na fé, respeito a fé e se tu tens Fé na tua religião, eu admiro a<br />

tua fé e acredito na tua Fé e nunca a contestarei. Agora, se me pedem uma<br />

opinião objectiva acerca da existência de um Deus, não consigo acreditar<br />

na existência de um Deus.<br />

FG - Então, o que há depois disto?<br />

António: Depois disto, não há nada. Termina no dia em que eu morrer. Isto<br />

começou em 29 de Janeiro de 1962 e vai acabar, algures, numa data. Não<br />

acredito em reencarnações. Para mim, nenhuma filosofia islâmica, budista,<br />

católica, hinduista, de qualquer religião que seja, cola comigo. Sou uma<br />

pessoa muito prática, muito terra-a-terra, muito objectiva.<br />

FG - Tem ideia da existência de um “céu”?<br />

Não. O céu é uma coisa bonita para se fotografar, é um espaço giro para se<br />

voar e para chegar a outro destino. Apenas isso. O “céu” para mim, enquanto<br />

aquele lugar onde nós iremos parar um dia, assim como o inferno, não<br />

é comprovado, e, por isso, não existe.<br />

FG - Susana, é fácil gostar do António?<br />

António: É! (risos)<br />

FG - Uma pessoa que leia o que o António escreve, que, eventualmente,<br />

leia esta entrevista e não tenha conhecimento prévio de quem é o António<br />

Cruz, é uma pessoa que estará mais propensa a gostar do António?<br />

A criticá-lo? A se render perante a excentricidade que o António não<br />

se coíbe em projectar? Ou será uma pessoa que terá curiosidade em<br />

conhecê-lo?<br />

António: Não sou uma zona cinzenta. Sou uma pessoa de cor, mais ou<br />

menos esbatida, mas não sou uma pessoa cinzenta. As pessoas têm empatia<br />

comigo e tenho, naturalmente, empatia para com as pessoas. Profissionalmente<br />

falando, nunca tive algum problema de relacionamento, nem<br />

com a hierarquia superior, nem com a hierarquia inferior. Sempre me relacionei<br />

bem com toda a gente e as pessoas, de uma forma geral, gostam de<br />

mim. O António Barroso Cruz começa a ser odiado por algumas pessoas,<br />

por algum sector cultural desta terra, a partir do momento em que começa<br />

a expor-se (literária e televisivamente falando), começa a fazer programas<br />

que nunca tinham sido feitos na RTP-Madeira e que provocam alguma<br />

inveja, mexem com algumas situações estabelecidas de acomodação<br />

na RTP-Madeira, e as pessoas não gostaram. Acharam que o António Barroso<br />

Cruz devia ser um alvo a abater porque estava a fazer alguma sombra<br />

a alguém, mas eu nunca quis fazer sombra a ninguém. Sou uma pessoa<br />

que gosta de escrever, de comunicar, de fazer teatro e televisão, sem<br />

estar a olhar para quem quer que seja. Há espaço para todos e para muita<br />

gente. O António Cruz começa a ser odiado porque não foi servil, não se<br />

ajoelhou e não foi atrás daqueles que tiveram os desígnios da Cultura desta<br />

terra em suas mãos. Por isso, o António Cruz sempre foi uma contra-<br />

-corrente. O António Cruz democratizou a literatura nesta terra, ponto final.<br />

Antigamente, ninguém podia publicar nesta terra sem o alvará de alguém<br />

que existia então, até aparecer o António Cruz. O António Cruz entra na<br />

editora ‘O Liberal’, começa a publicar e a promover a publicação de autores<br />

que nunca tinham tido, até então, a oportunidade de publicar um livro,<br />

por mais medíocres que fossem. Assumo isso. Assumo que há coisas que<br />

foram publicadas na editora ‘O Liberal’ que são medíocres. Mas a verdade<br />

é que todos temos um sonho. Temos um sonho e temos toda a legitimidade<br />

de correr atrás desse sonho e tentar materializá-lo. E eu consegui que<br />

algumas pessoas materializassem o sonho de publicar um livro, e conseguiram-no<br />

com a minha ajuda. Há pessoas que me estão muito gratas por<br />

essa oportunidade que lhes proporcionei, ao longo dos anos. E, depois, há<br />

os outros que não gostaram dessa minha postura.<br />

FG - Por muito que essas batalhas de Cultura tenham tido na base, princípios<br />

e valores nobres, valeu a pena?<br />

António: Claro que valeu a pena.<br />

FG - Sente que perdeu mais do que ganhou?<br />

António: Não perdi o que quer que seja, porque consegui sempre realizar<br />

o que queria e ajudar aqueles que precisavam que eu lhes ajudasse. Não<br />

há batalhas perdidas à partida, nem há lutas das quais devamos desistir<br />

quando achamos que estamos a ajudar alguém ou a fazer por nós. Portanto,<br />

não. Não dou por perdidos, nem em termos de tempo, nem em termos<br />

de energia, esses confrontos.<br />

FG - Mas admite que situações houve que o magoaram...<br />

António: Tiraram-me muitas horas de sono, quando se iniciou uma campanha<br />

anti-António Barroso Cruz na área Cultural. Quando se iniciou essa<br />

campanha, eu não estava preparado, eu não sabia onde me estava a meter,<br />

eu não sabia por quem estava rodeado, e, portanto, perdi muitas horas<br />

de sono. Houve muitas horas em branco por causa disso, mas, ao mesmo<br />

tempo em que as pessoas me tentavam destruir, davam-me a força necessária<br />

para reagir e passar por cima. Daí que nunca dei por mal empregadas<br />

essas batalhas e essas ajudas. No entanto, hoje, se calhar, não teria ajudado<br />

algumas pessoas a publicar e apenas por um motivo: essas pessoas não<br />

fizeram rigorosamente nada pelo seu livro, nada fizeram para promover o<br />

seu livro e para defender, no final de contas, o investimento que a editora<br />

fez na edição do seu livro.<br />

FG - Susana, é fácil gostar deste homem?<br />

Susana: Não acho que seja difícil. Ele tem razão quando diz que gera empatia<br />

e tudo o mais, mas não é só qualidades… O António comete um bocadinho<br />

o pecado do egoísmo, e, nesse sentido, às vezes, não é fácil gostar<br />

dele. Penso que isso tem a ver com a educação familiar que teve, a pouca<br />

afectividade dos pais... Pese embora os meus sogros tenham sido pessoas<br />

maravilhosas! O meu sogro é um doce de pessoa e a minha sogra<br />

era a Manuela Ferreira Leite lá de casa. (risos). O António foi buscar muitas<br />

características à mãe, como a organização, o rigor, a honestidade, o controlo,<br />

o descaramento, a escrita e a leitura. Os meus sogros gostavam muito<br />

de escrever, de ópera e de teatro. O António herdou dos pais todas essas<br />

características. Tem momentos em que ele se centra muito no individual, e,<br />

por isso, não é sempre fácil gostar. Mas, no todo, é bom e é fácil gostar dele.<br />

Profissionalmente falando, ele está muito bem, fruto de todo o seu mérito.<br />

Tudo aquilo que alcançou deve-se muito à sua excelência, à sua capacidade<br />

de trabalho, de comunicar e de inovar. Ele não se limita a fazer o trabalho<br />

dele. Ele vai mais além!<br />

FG - Quando olha para a Mariana, vê mais Susana ou vê mais António?<br />

Susana: A Mariana tem uma coisa parecida comigo, que o pai não tem, e<br />

que é a capacidade de fazer amizades e de se relacionar com os outros. Ela<br />

tem a capacidade de fazer amigos e de alimentar amizades, como eu tenho.<br />

Não sou rica, em termos de conta bancária, mas sou rica pelos amigos que<br />

tenho. Tenho um grupo de amigos muito sólido, que é uma coisa que me<br />

faz muito bem, até porque, como o António trabalha em Lisboa, quando<br />

saber JUNHO 2019<br />

11


CONVERSAS COM A SABER<br />

ele não está, eu passo algum tempo sozinha. Nesses momentos, as minhas<br />

amigas estão ainda mais presentes. A Mariana tem esse lado social. Aliás, é<br />

uma coisa que lhe digo: Tu só vais chegar à idade da mãe com este tipo de<br />

amizades, se alimentares isso: a amizade, as relações de amizade. Infelizmente,<br />

tem algumas coisas do pai (risos). A parte do egoismo, alguma falta<br />

de afectividade. Ela era muito meiguinha quando era criança mas ela é<br />

do signo Escorpião... Eu, ao contrário do António, sou mais mística, acredito<br />

em algumas coisas e ele não acredita em nada. A Mariana está no meio.<br />

Essa parte do egoismo que é uma coisa que eu gostava que ela não tivesse<br />

do pai, ela tem, mas também tem outras características do pai, como por<br />

exemplo ser honesta e rigorosa.<br />

FG - Qual é o seu maior medo como mãe?<br />

Susana: Perder a minha filha. Tenho muito medo que aconteça alguma<br />

coisa à minha filha.<br />

FG - O António gosta de abraços?<br />

Susana: O António não é de abraçar muito. Quer dizer, ele é aquela pessoa<br />

que vai à frente, trata de tudo, mas, depois, quando tem que avançar<br />

a parte afectiva, ele não sabe dar isso. O António é a parte prática, racional,<br />

mas tem menos a parte emocional.<br />

António: Alguém tem que reagir, raciocinar… e eu sou essa parte prática.<br />

FG - Vamos realizar um exercício hipotético, admitir que o António está<br />

errado e que, afinal, o “céu” existe mesmo. Quem é que lá iria estar para<br />

o receber?<br />

António: Como a minha mulher está convicta que vai antes de mim, deverá<br />

ser ela, mas, desde logo, seria a minha avó e a minha mãe.<br />

FG - O que é que lhes diria?<br />

António: Iria dizer-lhes que estava enganado e… ‘Tenho saudades de<br />

vocês’. A morte da minha mãe é muito recente. Na realidade, acho que ainda<br />

não chorei a minha mãe, pese embora me tenha doido mais a morte<br />

da minha avó, há trinta e quatro anos. A minha avó viveu alguns anos connosco,<br />

sempre bem, e ela é, aind ahoje, aquela imagem que evoco e trago<br />

sempre na lembrança. À noite, acordo a chorar por que sonhei com a<br />

minha avó e a casa em que vivi, em Campo de Ourique… Tenho tão boas<br />

recordações daquela casa! Tão boas, tão boas que me fazem acordar a<br />

chorar. A minha avó sempre foi uma pessoa muito próxima, muito querida<br />

e dócil. Foi a única que conheci, dos quatro avós a que tinha direito, e<br />

era aquela pessoa que chegava todas as noites à minha cabeceira antes<br />

de adormecer me benzia e rezava uma oração. Ela é, de facto, a pessoa de<br />

quem tenho mais saudades e já lá vão trinta e quatro anos. De facto, não<br />

sou muito de chorar mas com o passar dos anos, tenho ficado mais sentimental.<br />

A lágrima solta-se mais facilmente, coisa que antes não me acontecia.<br />

A idade tem destas coisas. Traz-nos conhecimento, tranquilidade, irreverência,<br />

permissividade em relação a algumas coisas, sensatez e também<br />

algum desespero em relação ao futuro, especialmente ao constatar que<br />

isto. um dia, vai acabar.<br />

FG - Com que sonha um homem que já viu o Mundo quase todo?<br />

António: Sonha que família que tem à sua responsabilidade esteja bem.<br />

Sonha com o morrer o mais tarde possível, sobretudo porque me dói pensar<br />

que a minha filha irá ficar sem pai. Há tanto amor que tenho para dar<br />

à minha filha... Sonha em conhecer mais mundo. Há muito mundo para<br />

ver, há muito palco para pisar, há livros por editar, lugares para conhecer.<br />

Seria um desperdício enorme eu ir embora com tanta coisa ainda por fazer.<br />

FG - Amante de línguas e de literaturas, Susana, recomendaria os livros<br />

do António?<br />

Susana: A alguém eclético, sim. Os livros do António abordam diversas<br />

áreas da literatura: infantil, viagens, fotografia, poesia erótica, contos... Os<br />

livros do António são tudo isto. Ele escreve bem e acho que há uma evolução<br />

enorme entre os seus primeiros livros e os últimos. Tem vindo sempre<br />

a melhorar e a escrever cada vez melhor. O António não é um Saramago,<br />

mas, aquilo que tem feito, tem feito bem. O António gosta e sabe<br />

escrever e publica porque sente prazer a escrever, goste ou não se goste<br />

do que escreve.<br />

António: Com a certeza que, se a minha vida fosse unicamente escrever,<br />

sei que seria muito bom. E aqui não há qualquer tipo de soberba ou de<br />

presunção. Eu sei que conseguiria ser muito bom. Mas não tenho tempo<br />

e ninguém vive disso. Mesmo aqueles que viveram da escrita em Portugal,<br />

não viveram bem. Viveram sempre com dificuldades financeiras. Portanto,<br />

para quem tem a responsabilidade de manter uma família e gosta de ter<br />

alguns prazeres na vida (viajar e comprar muitos livros), não é fácil, de todo,<br />

sobreviver como escritor, unicamente, pois por mais milhares de livros que<br />

tu vendas e edições que tu publiques, a verdade é que, tirando um ou outro<br />

caso nacional, ganhas menos de um euro por livro que vendes. A actividade<br />

da escrita, em Portugal, não é, de forma alguma, rentável.<br />

Susana: Mas é sempre importante as pessoas lerem e, principalmente,<br />

recomendaria aqueles que criticam o António, mas que nunca o leram.<br />

Muitas vezes, criticam-no sem terem lido um livro seu, e acham-no vaidoso,<br />

narcisista, arrogante… O António não é nada disso. Trabalha e faz as coisas<br />

com brio e profissionalismo. Então, recomendaria que lessem, de uma<br />

forma imparcial, aquilo que o António escreve.<br />

FG - Lida melhor com a injustiça cometida por pessoas inteligentes ou<br />

com aquela que é praticada por pessoas ignorantes?<br />

Susana: Aceito mais a injustiça cometida por pessoas ignorantes. Se for<br />

inteligente, à partida, tem muito maior capacidade para discernir entre o<br />

que está certo e o que está errado, ao passo que o ignorante pode não ter<br />

essa capacidade de discernimento.<br />

FG - Costuma dizer-se que, viajamos mentalmente aos sítios onde já<br />

fomos felizes e procuramos encontrar aí algum conforto. A Susana já<br />

visitou Angola, neste sentido?<br />

Susana: Sim, já lá fui algumas vezes, mas aprendi a viver com o saudosismo.<br />

Dito isso, neste momento, sinto mais a necessidade de não querer<br />

morrer sem voltar lá, embora tenha consciência que a Angola que vou<br />

encontrar hoje não tem nada a ver com a Angola que eu deixei.<br />

FG - Está preparada para isso?<br />

Susana: Não sei. Tenho medo.<br />

FG - É por isso que esse regresso tem sido adiado?<br />

Susana: Não tem sido só por isso… É estupidamente caro viajar para Angola,<br />

mas essencialmente receio o regresso às minhas lembranças. Se tivesse<br />

continuado em Angola, obviamente que a minha vida teria sido diferente,<br />

talvez tivesse tido um crescimento muito menos fechado do que aquele<br />

que tive cá. Aqueles dois, três anos depois da chegada a Portugal foram<br />

muito complicados...<br />

FG - Alguma vez coloca, num dos pratos da balança, a dor que passou<br />

aquando a saída de Angola, e, no outro dos pratos da balança, tudo aqui-<br />

12 saber JUNHO 2019


PUB<br />

lo que construiu com o António e a Mariana, e chega à conclusão, ‘Ainda<br />

que as coisas foram assim, pois agora tenho tudo isto na mina vida’?<br />

Susana: Não, porque as circunstâncias permitiram que fosse assim. Se<br />

tivesse lá ficado, teria construído outras coisas. E a vida é mesmo assim! Se<br />

eu não tivesse ido almoçar naquele dia à Bulhosa, provavelmente não teria<br />

visto o António. Se ele não trabalhasse na ‘Space’, na 5 de Outubro, mas trabalhasse<br />

em Entrecampos, pro exemplo, provavelmente nunca nos teríamos<br />

conhecido… As coisas acontecem quando têm de acontecer. Se tivesse<br />

conhecido o António dez anos mais nova, provavelmente, hoje, não estaria<br />

com ele. Pese embora já tenhamos vinte anos de casamento e vinte e<br />

um anos que nos conhecemos, acabamos por ser muito diferentes um do<br />

outro. Acredito que as relações das pessoas acontecem quando as pessoas<br />

se encontram na etapa certa e quando têm que se encontrar. Acredito que<br />

as coisas acontecem quando têm que acontecer, mas temos que aprender<br />

e sermos inteligentes o suficiente para lidar com as coisas que vêm a seguir.<br />

FG - O que é que ainda lhe falta concretizar?<br />

Susana: Ver a minha filha a casar, ter filhos, ter netos... Não tenho sonhos<br />

utópicos, ou seja, sonho ver a minha filha muito feliz. Sonho em vê-la a<br />

crescer e a ser feliz com a vida que quiser ter. Sonho que tenha uma relação<br />

com alguém e tenha, também, a sua família, e eu estar presente para<br />

apoiá-la, na sua retaguarda, respeitando sempre as decisões dela. Sonho<br />

que ela seja feliz naquili que fizer e que eu esteja cá para vê-la a conquistar<br />

o rumo que ela seguir.<br />

FG - O António fez esta pergunta a muitos dos seus convidados e agora<br />

faço-a a si: neste momento, o que é que gostaria de dizer à Susana?<br />

António: Agradecer o facto de ela continuar a ser o factor de estabilização<br />

em toda a desestabilização que eu sou. Agradecer o facto de ter acreditado<br />

sempre na nossa relação, mesmo quando teve motivos para não o fazer.<br />

Fiz-lhe uma promessa, daquelas coisas que se fazem quando se casa, que<br />

seria para cinquenta anos a nossa relação, e continuo disposto a chegar lá,<br />

assim a idade mo permita, mesmo com todos os problemas que venhamos<br />

a ter no nosso percurso. Sim… daqueles cinquente que lhe prometi, há vinte<br />

anos, ainda faltam trinta, por isso estou disposto a cumprir.<br />

FG - Como é que a Mariana irá recordar o pai?<br />

António: Vai recordá-lo como um pai chato, que as amigas adoram. Um<br />

pai que era um bocadinho maluco e desequilibrado, mas que, na maioria<br />

dos casos, esteve lá quando ela precisou. Um pai ausente, por via das viagens<br />

e da escrita (pois preciso de algum isolamento para escrever), mas<br />

ausente e presente, ao mesmo tempo. Em suma, de uma forma positiva<br />

e com saudade.<br />

FG - Imaginemos que tem um papel, uma caneta e uma palavra para<br />

dedicar à sua filha. Qual é a palavra que escreve no papel e porquê?<br />

António: Caminha. Porque o processo faz-se caminhando. É no caminhar<br />

que alcançamos e ela tem todas as capacidades e é isso que tem feito para<br />

alcançar os seus objetivos. s<br />

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saber JUNHO 2019<br />

13


CULTURA<br />

Desfolha<br />

do Milho<br />

O milho é uma das culturas mais<br />

representativas do Concelho de<br />

Santana. Tem um processo bem<br />

enraizado junto da população local,<br />

nomeadamente na plantação,<br />

desfolha e embagamento.<br />

Dulcina Branco<br />

gentilmente cedidas por Parque Temático de Santana.<br />

14 saber JUNHO 2019


A<br />

plantação, a desfolha e o embagamento<br />

do milho são processos que<br />

foram, durante muitos anos, atividades<br />

comunitárias que juntavam a<br />

comunidade local. Com o objetivo de recordar<br />

a atividade e de a promover, o Parque Temático<br />

da Madeira tem vindo a realizar nas suas<br />

instalações, habitualmente no mês de setembro,<br />

a representação tradicional da desfolha do<br />

milho. A iniciativa é realizada em parceria com a<br />

Associação Cultural Lírios do Norte e tem como<br />

objetivo a representação genuína e tradicional<br />

da atividade, na qual se dá a conhecer aos visitantes,<br />

envolvendo-os também na atividade, no<br />

desfolhar do milho. Pretende-se representar<br />

também toda a envolvência típica que juntava<br />

os vizinhos que nestes momentos de trabalho,<br />

passavam o tempo com cantigas típicas. Nesta<br />

iniciativa, é criado o gastalho que é feita de pau<br />

seco onde depois de desfolhado o milho é colocado<br />

a secar ao sol. Paralelamente a esta atividade,<br />

tem ainda lugar a confeção tradicional<br />

do pão de santana numa cozinha tradicional a<br />

lenha, atividade esta que é aberta e passível de<br />

participação e envolvimento dos visitantes. s<br />

saber JUNHO 2019<br />

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OPINIÃO<br />

Isabel Fagundes<br />

Exerce funções numa escola do Funchal<br />

Uma história<br />

Não podia permitir que pessoas<br />

coabitassem com ratos e dejetos e<br />

ficar alheia a tal situação. O terreno<br />

era meu, pois quando adquiri a casa<br />

eles já lá viviam, mas eu sempre tive<br />

esperança de poder fazer qualquer<br />

coisa para que aquelas pessoas<br />

tivessem uma habitação condigna.<br />

Eles pagavam uma renda que me<br />

recusei a receber.<br />

Certo dia, quando passeava em plena<br />

placa central, sob um sol delicioso de<br />

primavera, saboreava os raios amenos<br />

que já me faziam falta e deleitava-me<br />

com um momento de lazer merecido.<br />

Caminhava em passos largos mas não apressados<br />

e dirigia-me para Este da cidade. Foi então<br />

que encontrei uma senhora que já não via há<br />

uns anos, mas ela reconheceu-me e eu reconheci-a.<br />

Ofereceu-me sorrisos e palavras. Era<br />

uma pessoa humilde nos seus 75 anos, com os<br />

cabelos pintados de preto e com raízes já muito<br />

branquinhas. Tinha roupas com fundo preto<br />

mas com muitas cores à mistura. Fiquei feliz<br />

por vê-la. Estava sóbria, e na sua pele madura<br />

de uma senhora daquela idade, despontavam<br />

poucas rugas. Dei-lhe um abraço. Essa senhora<br />

e eu temos uma história: Quando fui morar<br />

para uma casa há 19 anos, num terreno adjacente<br />

a essa casa, por entre barracas construídas<br />

com madeiras e ferros velhos, além<br />

de lama, ratos e dejetos de pessoas e animais,<br />

viviam 9 pessoas, adultos e crianças e mais uns<br />

quantos cães. A senhora de que vos falo vivia<br />

numa barraca com o marido e o filho mais novo,<br />

e na barraca maior vivia o filho mais velho com a<br />

mulher e filhos. Ela era alcoólica e passava todos<br />

os dias embriagada. Dia sim, dia sim, ouvia brigas,<br />

agressões, barulhos ruídos, gritos, choros<br />

e sei lá que mais. O filho mais velho batia na<br />

mãe, a nora batia na sogra, era um turbilhão de<br />

agressões que me perturbavam imenso. Quando<br />

chovia, eu dormia preocupada com aquelas<br />

pessoas e sempre senti necessidade de fazer<br />

algo por eles. Aquela não era uma forma digna<br />

de se viver. Eu não podia deixar que crianças<br />

permanecessem naquele espaço imundo.<br />

Não podia permitir que pessoas coabitassem<br />

com ratos e dejetos e ficar alheia a tal situação.<br />

O terreno era meu, pois quando adquiri a casa<br />

eles já lá viviam, mas eu sempre tive esperança<br />

de poder fazer qualquer coisa para que aquelas<br />

pessoas tivessem uma habitação condigna. Eles<br />

pagavam uma renda que me recusei a receber.<br />

Não podia receber dinheiro por um local imundo<br />

como aquele. Mas eles continuavam a pagar,<br />

não faço ideia de quanto, que depositavam não<br />

sei onde. Foi então que decidi agir. Quis saber<br />

se eles estavam inscritos no Instituto de Habitação,<br />

e estavam, há “milhentos” anos! Fui falar<br />

com funcionários dessa instituição para saber o<br />

que poderia ser feito por essas pessoas. Então<br />

percebi que se encetasse uma Ação de Despejo,<br />

alegando toda aquela conspurcação em que<br />

seres humanos viviam, havia a possibilidade de<br />

essas pessoas obterem uma habitação digna.<br />

Segui os trâmites que requer uma Ação de Despejo,<br />

com todos os gastos inerentes. Certifiquei-<br />

-me que essas pessoas ao saírem daquele espaço<br />

imundo teriam de certeza uma habitação e<br />

não iriam dormir na rua, e fui em frente com<br />

o processo. As pessoas que viviam nas barracas<br />

ficaram muito zangadas comigo pela minha<br />

ação, pois não queriam sair de lá. Olhavam-me<br />

de soslaio quando passavam por mim, como se<br />

eu fosse muito má. Eu tinha a certeza que estava<br />

a ajudá-los mas eles não entendiam isso. Passou<br />

mais de um ano para que tal situação fosse<br />

resolvida. Tudo se resolveu. A senhora, o marido<br />

e o filho mais novo tiveram uma habitação num<br />

local, e o filho mais velho com a mulher e os<br />

descendentes foram para uma habitação noutro<br />

local. E o terreno foi completamente limpo.<br />

Passaram-se seguramente 13 ou 14 anos e hoje<br />

encontrei a senhora sorridente, sóbria, pois já se<br />

libertou da dependência do álcool, e ofereceu-<br />

-me muitos sorrisos ao reconhecer que o que fiz<br />

por ela foi o melhor que alguém poderia fazer.<br />

Então disse-me: - Muito obrigada menina! Que<br />

Deus lhe dê tudo o que há de melhor!. s<br />

16 saber JUNHO 2019


o blogue de...<br />

miguel pires<br />

músico<br />

miguelpyres.blogspot.pt (Mr. Nice Guy)<br />

INTERNET<br />

Dos músicos<br />

Tenho ouvido ao longo dos anos<br />

expressões como “os músicos são<br />

pessoas difíceis” ou “os músicos são<br />

uma raça do caraças”. Pois... Percebo<br />

que se possa pensar isso. Mas reparem<br />

que não é bem assim. Além de ser músico,<br />

lido com os meus colegas numa base diária há<br />

muitos anos. E que fique claro que tudo o que<br />

aqui escrever aplica-se também a mim. Mais:<br />

aplica-se, primeiro que tudo, a mim. Não sou<br />

especial, nem melhor, nem pior do que os<br />

outros. Poderei eventualmente ser diferente.<br />

Mas isso cabe, a quem me conhece, avaliar.<br />

Não devemos esquecer que, associado a um<br />

músico está sempre um artista. Os que dizem<br />

que não são artistas, ou são mentirosos, ou<br />

são técnicos de música. E, neste último caso,<br />

não são músicos na sua acepção total. Tocar é<br />

uma coisa. Debitar notas de forma mecânica é<br />

outra. A palavra artista traz consigo uma série<br />

de dimensões que, essas sim, podem ser difíceis<br />

de perceber. E, ou se tem pachorra para<br />

tentar perceber, ou não se tem. Tudo o que<br />

seja artista tem uma visão empolada da realidade.<br />

Ou de algumas vertentes da realidade.<br />

Tem a noção de como quer mostrar a sua<br />

arte às pessoas. Sabe de que condições precisa<br />

para tocar de forma descontraída e sentida,<br />

sem se preocupar com coisas que, se não<br />

estiverem de acordo, podem prejudicar a sua<br />

actuação. E acreditem que, se as condições<br />

forem satisfeitas, todos ganham. O Público, o<br />

Promotor do Evento e o Artista. Não há maneira<br />

de haver perdas. Deve haver paciência, tolerância<br />

e aceitação quando se lida com músicos.<br />

E os músicos devem ter estas mesmas<br />

características quando lidam com não músicos.<br />

É tudo uma questão de adaptação e de<br />

bom senso. O que não pode haver é posições<br />

de força e braços de ferro tontos. Porque não<br />

se ganha rigorosamente nada. Infelizmente,<br />

as noções de ego gigante e de mau-feitio também<br />

estão associadas aos músicos. Também<br />

conheço pessoas assim. Mas são facilmente<br />

identificáveis. E com estes as conversas devem<br />

ser claras, firmes e inequívocas. Porque se não<br />

forem, toda a relação daí para a frente torna-<br />

-se tensa e contra-producente. E aí todos perdem.<br />

Tenho um colega e amigo músico que<br />

diz que “para falar com um músico sem criar<br />

fricções, é preciso saber o que é um Fá Sustenido”.<br />

Pode não ser assim tão linear. Mas o<br />

princípio é exactamente este. Se falarmos com<br />

um artista sem mostrarmos interesse pelas<br />

especificações da profissão e sem sensibilidade<br />

por tudo o que é preciso para se mostrar<br />

arte, corremos o risco de levar com maus-feitios.<br />

Se o promotor de um evento se preocupa<br />

essencialmente em rentabilizar o que gastou<br />

e em ter clientes felizes, o artista preocupa-se<br />

só com as condições que ele considera adequadas<br />

(ou mínimas) para apresentar o seu<br />

trabalho ao seu público. E é da sensibilidade e<br />

do bom senso de ambos que nasce o entendimento<br />

que, regra geral, traz boas relações<br />

profissionais. Posso dar-vos um exemplo: se<br />

vou tocar num hotel, não posso exigir um palco<br />

com 10 metros de frente. Preciso de ter o<br />

bom senso de me adaptar às condições que<br />

existem. Posso (e devo), no máximo, apresentar<br />

sugestões para uma melhoria das condições.<br />

Por outro lado, não deve o hotel esperar<br />

que eu toque com umas colunas do tamanho<br />

de um rádio a pilhas. Ou com equipamento de<br />

som que funcione mal. Nestes casos, reclamar<br />

ou não fazer a actuação não é ser complicado.<br />

É ter bom senso. Porque se assim não for,<br />

quem nos ouve não vai gostar. E quem está no<br />

palco não é o promotor. É o artista. E ele é que<br />

será, perante o público, responsável pela porcaria<br />

que este acabou de ouvir. Se os músicos<br />

são especiais? São sim senhor. Dominam uma<br />

arte que transmite emoção, alegria e diversão<br />

às pessoas. Mas são pessoas normais, com<br />

preocupações normais. Não devem, em circunstância<br />

alguma, achar-se especiais. Isso<br />

cabe a quem os ouve. E são pessoas que trabalham<br />

para que todos saiam contentes. Porque<br />

músico que não trabalhe para si, para o<br />

seu Público e em harmonia com o Promotor<br />

do Evento, tem alguma coisa de errado. Beijos<br />

& Abraços. MP. s<br />

saber JUNHO 2019<br />

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OPINIÃO<br />

Hélder Spínola<br />

Biólogo/Professor Universitário<br />

É fácil fazer!<br />

Se é verdade que, muitas vezes,<br />

‘falar é fácil’, também não é menos<br />

verdade que as consequências de<br />

nada fazer estão a colocar-nos numa<br />

situação muito difícil.<br />

Há uma expressão muito utilizada<br />

quando precisamos de uma desculpa<br />

para nos deixarmos quietos: ‘falar<br />

é fácil’. Esta expressão remete-nos<br />

para a dificuldade em fazer, em agir, em determinadas<br />

circunstâncias, e procura expressar as<br />

grandes diferenças entre a teoria e a prática. Se<br />

é verdade que, muitas vezes, ‘falar é fácil’, também<br />

não é menos verdade que as consequências<br />

de nada fazer estão a colocar-nos numa<br />

situação muito difícil. Isto serve para muitas<br />

áreas de grande interesse nas nossas vidas,<br />

individuais e coletivas, desde a saúde, a educação,<br />

a economia, e, entre outras, o ambiente.<br />

Falemos do ambiente. Há muito tempo,<br />

demasiado, que aquilo que mais fazemos pelo<br />

ambiente é falar. Falar também é importante,<br />

é uma forma eficaz que temos para comunicar<br />

e transmitir ideias, intenções e conhecimentos.<br />

Mas não chega, até para transmitir ideias<br />

e conhecimentos temos de usar mais o exemplo,<br />

demonstrando que, afinal, fazer também é<br />

fácil. Na área do ambiente, para que não saiamos<br />

das nossas rotinas diárias confortáveis,<br />

definidas ao milímetro há longos anos, não é<br />

raro ficarmos à espera de uma qualquer solução<br />

tecnológica dê por nós um contributo para<br />

a resolução dos desequilíbrios existentes. Ou<br />

utilizarmos a desculpa de que as condições<br />

ideais não estão reunidas para que possamos<br />

agir. E o tempo vai passando, os problemas<br />

ambientais e de sustentabilidade vão-se agudizando,<br />

e as suas consequências estão aí: ar<br />

poluído, recursos a desaparecer, água escassa<br />

e poluída, alimentos contaminados, microplásticos<br />

no mar, alterações climáticas, espécies e<br />

ecossistemas a desaparecer, incêndios, cada<br />

vez mais lixo… Pois eu digo-vos: é fácil fazer; e<br />

digo porque o faço e não me custa nada, antes<br />

pelo contrário, dá-me muita satisfação contribuir.<br />

Claro que ninguém é santo, também<br />

tenho a minha quota parte de pecados, também<br />

tenho a minha pegada ecológica, também<br />

sou um contributo para o consumo de recursos<br />

e produção de poluição. Mas até um passarinho<br />

usa recursos e produz desperdícios, o que<br />

é preciso é, tal como o passarinho (e eu ainda<br />

não consiga chegar a tanto), não sair dos limites<br />

do Planeta, na sua capacidade de produzir<br />

recursos e reabsorver os desperdícios, mantendo<br />

assim os equilíbrios dinâmicos que regem a<br />

natureza. Aqui estão alguns gestos simples, que<br />

eu próprio faço, e que revelam que é fácil fazer<br />

(em próximas oportunidades darei mais alguns<br />

exemplos): -Leve sacos reutilizáveis para trazer<br />

as compras quando for ao mercado/supermercado;<br />

-Ao comprar frutas e legumes, escolha a<br />

granel (não embalados), de preferência de produção<br />

regional, e melhor ainda se forem biológicos,<br />

e não os coloque dentro de sacos. Coloque-os<br />

soltos no cesto das compras pois serão<br />

pesados na caixa e colocados dentro dos sacos<br />

reutilizáveis que trouxe para transportas as<br />

compras. -Na compra de sumos, prefira os concentrados<br />

embalados em garrafas de vidro, que<br />

depois, em casa, irá diluindo com água e fazendo<br />

render imenso. s<br />

18 saber JUNHO 2019


NUTRIÇÃO<br />

Alison Karina<br />

de Jesus<br />

Alison Karina de Jesus<br />

Nutricionista (2874N)<br />

facebook.com/nutricionalmentebem<br />

instagram.com/nutricionalmentebem<br />

alisonkjesusnutricionista@gmail.com<br />

Linked Gourmet<br />

O que é ser vegetariano?<br />

A<br />

alimentação vegetariana é um tipo<br />

de alimentação em que não se inclui<br />

a carne nem pescado nem os produtos<br />

que os contenham. São vários os<br />

motivos que podem levar à prática deste tipo<br />

de alimentação desde a preocupação pela saúde,<br />

proteção ambiental ou mesmo por questões<br />

económicas. Podemos distinguir 3 tipos diferentes<br />

de vegetarianismo: Vegan, em que não inclui<br />

os lacticínios, ovos nem produtos que os contenham<br />

para além da carne e do peixe; Lacto<br />

vegetariano que ingere lacticínios e o Ovo-lacto<br />

vegetariano em que os ovos e o grupo dos lacticínios<br />

são ingeridos. A prática de uma alimentação<br />

vegetariana está relacionada com a redução<br />

do risco da incidência de doenças cardiovasculares,<br />

uma vez que há um melhor perfil lipídico<br />

(menor aporte de gordura saturada e de<br />

colesterol) e maior consumo de hortofrutícolas<br />

e, consequentemente, de fibra e de compostos<br />

com ação antioxidante. Contudo, alguns estudos<br />

mostram que os vegetarianos, principalmente<br />

os vegans, revelam níveis plasmáticos<br />

aumentados de homocisteína (devido ao défice<br />

em vitamina B12, presente nos alimentos de<br />

origem animal) que está diretamente relacionada<br />

com o aumento do risco de doenças cardiovasculares.<br />

No entanto, é importante ressalvar<br />

algumas considerações nutricionais importantes<br />

para os vegetarianos:<br />

• As dietas que não incluem peixe, ovos ou<br />

quantidades consideráveis de algas provocam<br />

níveis reduzidos de ácidos gordos ómega 3, daí<br />

ser necessário reforçar o consumo de óleo de<br />

linhaça ou de cânola, nozes e soja e, em alguns<br />

casos, poderá ser necessário recorrer a suplementos;<br />

• Outro problema está relacionado com o aporte<br />

de ferro em que as recomendações são 2<br />

vezes superiores em relação aos não vegetarianos<br />

(18 mg/dia para 36 mg/dia) o que será mais<br />

preocupante nas grávidas, daí a necessidade de<br />

recorrer aos suplementos de ferro;<br />

• Também não há um aporte adequado de<br />

cálcio e de vitamina D, principalmente para os<br />

vegan, o que pode promover a incidência de<br />

osteoporose;<br />

• Para contornar o défice em iodo será essencial<br />

reforçar o consumo de vegetais marinhos<br />

ou recorrer ao uso de sal iodado.<br />

Muitas vezes a alimentação macrobiótica é frequentemente<br />

identificada como sendo vegetariana<br />

uma vez que se baseia grandemente no<br />

consumo de cereais, hortícolas e leguminosas<br />

contudo, os frutos e as sementes são menos<br />

usados e alguns dos seus seguidores ingerem<br />

peixe, pelo que não serão verdadeiramente<br />

vegetarianos. E porque cada vez mais aumenta<br />

a consciência de que temos que cuidar do nosso<br />

Planeta, sabemos que uma alimentação vegetariana<br />

tem um menor impacto ambiental. Com<br />

isto, não pretendo dizer que devemos ser todos<br />

os vegetarianos mas simplesmente reforçar a<br />

ideia de que a nossa alimentação não necessita<br />

de ser totalmente à custa dos produtos de<br />

origem animal. Portanto, a alimentação vegetariana<br />

revela ter benefícios para a saúde porém<br />

precisa de ser bem planeada e de um acompanhamento<br />

pelo nutricionista de forma a resolver<br />

as carências dos nutrimentos essenciais. s<br />

saber JUNHO 2019<br />

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Fotografia Subaquática<br />

Madeira<br />

Artur Silva<br />

Fotógrafo › Mergulhador<br />

Observatório Oceânico da Madeira:<br />

no mapa do MoveBank<br />

Uma equipa de biólogos marinhos do<br />

Observatório Oceânico da Madeira<br />

conseguiu recentemente colocar a<br />

Madeira no mapa do MoveBank,<br />

uma plataforma internacional para a partilha<br />

da monitorização de animais selvagens. Através<br />

da marcação de uma baleia-piloto-tropical,<br />

a partir de agora o público em geral pode<br />

seguir o tracking deste animal, marcado com<br />

um transmissor de satélite. Este trabalho foi<br />

desenvolvido por investigadores do Centro<br />

de Ciências do Mar e do Ambiente (Madeira)<br />

e do CIIMAR-Madeira, no âmbito dos Projetos<br />

OOM, Proyecto Marcet e MarInfo. Estes<br />

foram os primeiros dados da ilha da Madeira<br />

no MoveBank e foram designados por ‘Whale<br />

Telemetry - Oceanic Observatory of Madeira’.<br />

Nesta plataforma, foram também introduzidos<br />

os dados recolhidos de duas baleias-piloto<br />

já marcadas anteriormente. Tudo isto tem<br />

na base o trabalho desenvolvido pelo Observatório<br />

Oceânico da Madeira. Este organismo<br />

foi criado em janeiro de 2014 com o objetivo<br />

de consolidar dados históricos, observações e<br />

previsões numa plataforma comum, permitindo<br />

à Região Autónoma da Madeira responder<br />

de forma mais eficaz às exigências de avaliação<br />

e gestão dos recursos marinhos, capacitando<br />

a RAM dos meios adequados para promover<br />

o desenvolvimento sustentável. Está<br />

alicerçado em quatro pilares temáticos: Biodiversidade,<br />

Pescas e Maricultura, Detecção<br />

e Seguimento Remoto, e Modelação e Previsão<br />

meteo-oceanográfica. Tem como principal<br />

objetivo aumentar a qualidade e consequentemente<br />

visibilidade internacional da ciência<br />

produzida na Região na área do mar. Constitui-se<br />

como um pólo de excelência dedicado<br />

à investigação e monitorização permanente<br />

do oceano e agrega uma comunidade científica<br />

multidisciplinar no sentido de promover<br />

a cooperação e rentabilização de recursos. s<br />

Dulcina Branco<br />

oom.arditi.pt (OOM Website).<br />

Artur Silva<br />

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saber JUNHO 2019<br />

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Fotografia Subaquática<br />

Madeira<br />

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TÉCNICOS SUPERIORES DE<br />

DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA<br />

Radioterapia<br />

Andreia Dionísio E Vera Scott<br />

Radioterapeuta-Clínica de Radioncologia<br />

da Madeira<br />

Andreia Dionísio<br />

E Vera Scott<br />

A<br />

Radioterapia (RT) assume um papel<br />

importante no tratamento oncológico,<br />

intervindo atualmente em cerca<br />

de 50 a 60% dos doentes oncológicos.<br />

É uma especialidade multidisciplinar<br />

com recurso a equipamentos e procedimentos<br />

complexos, quer no planeamento quer<br />

na sua execução. Esta modalidade de tratamento<br />

utiliza radiação ionizante e pode ser<br />

administrada com intuito curativo ou paliativo.<br />

A RT curativa recorre a fracionamentos<br />

standard de forma a minimizar a probabilidade<br />

de ocorrência de efeitos secundários,<br />

agudos e tardios. A radioterapia paliativa<br />

é normalmente administrada num tempo<br />

total de tratamento reduzido com fracionamentos<br />

mais elevados. Esta opção terapêutica<br />

tem como objetivo primordial o controlo<br />

sintomático em doentes com doença localmente<br />

avançada, assim como a melhoria da<br />

qualidade de vida. O percurso do doente na<br />

RT inicia-se com o médico Radioncologista e<br />

posteriormente é realizado uma Tomografia<br />

Computorizada (TC) pelo radioterapeuta<br />

(RTT). Nesta TC de planeamento são escolhidos<br />

os meios de imobilização, assim como<br />

o posicionamento do tratamento de acordo<br />

com a localização a tratar, tendo em conta<br />

o conforto do doente e adequação da técnica<br />

de tratamento. O médico radioncologista<br />

é responsável pela delimitação dos volumes<br />

de tratamento assim como dos órgãos de<br />

risco. O dosimetrista / físico realiza a distribuição<br />

dosimétrica personalizada de acordo<br />

com a prescrição médica. O plano tem de ser<br />

aprovado antes do início do tratamento. No<br />

primeiro dia de radioterapia os RTT realizam<br />

uma sessão de esclarecimento fornecendo<br />

ao doente todas as informações inerentes<br />

ao tratamento, nomeadamente cuidados a<br />

ter, número de sessões, etc. Os tratamentos<br />

são indolores, realizados normalmente em<br />

regime ambulatório e os doentes não ficam<br />

radioativos. Após o término da radioterapia,<br />

os doentes são seguidos pelo médico oncologista<br />

na consulta de follow-up. s<br />

24 saber JUNHO 2019


SAÚDE<br />

António<br />

Carneiro<br />

António Carneiro<br />

Internista e Coordenador do NEBio – Núcleo de Estudos<br />

de Bioética.<br />

Clínica Médica<br />

O que é a Saúde de hoje?<br />

Hoje é preciso refletir sobre os desafios<br />

relacionados com a saúde nos<br />

dias de hoje. O mundo mudou e<br />

essa mudança trouxe novos deveres<br />

e direitos para os cidadãos e para a sociedade.<br />

A melhoria das condições de vida e os<br />

avanços do conhecimento médico duplicaram<br />

a esperança de vida nos países desenvolvidos<br />

em menos de um século. Em 1920, a<br />

esperança média de vida dos portugueses era<br />

de cerca de 35,7 e 40 anos para as homens e<br />

mulheres, respetivamente, mas hoje é de 77,7<br />

e 82,3. Há um século, as sociedades europeias<br />

tinham um grande número de crianças, mas<br />

só uma parte delas chegava à velhice. Hoje<br />

caminhamos para uma sociedade composta<br />

maioritariamente por idosos, com a natalidade<br />

a decrescer. Esta inversão fez aumentar as<br />

doenças do envelhecimento (artroses, aterosclerose<br />

e demência, por exemplo) bem como<br />

o número de doenças em pessoas com mais<br />

de 65 anos (multimorbilidade). Muitas destas<br />

doenças são preveníveis ou minimizáveis<br />

com a correção dos hábitos de vida. A prioridade<br />

agora não é de aumentar o número de<br />

anos vividos, mas sim de melhorar a qualidade<br />

de vida dos anos que vivemos. A segunda<br />

grande alteração na sociedade atual é a facilidade<br />

do acesso à informação. As notícias de<br />

qualquer lado do mundo chegam pela televisão,<br />

telemóvel e redes sociais, com informação<br />

que nem sempre é confirmada. Esta realidade<br />

expõe-nos a factos, valores, culturas, civilizações<br />

e organizações de todo o mundo, muitas<br />

radicalmente diferentes das que conhecemos.<br />

Essa diferença é uma oportunidade de<br />

conhecimento e melhoria, se for confirmada e<br />

contraditada, mas pode também ser uma fonte<br />

de infortúnio se for perversa. É importante<br />

que a informação encontrada seja confirmada<br />

e discutida com os técnicos de saúde. O terceiro<br />

grande desafio para a nossa sociedade é<br />

a artificialização da vida, decorrente dos progressos<br />

científicos. A medicina e a tecnologia<br />

conseguem construir máquinas que suportam<br />

e substituem funções essenciais para a vida<br />

ou que são importantes para a qualidade de<br />

vida. Esta relação consegue também corrigir<br />

o ADN de pessoas vivas para reparar defeitos<br />

genéticos. Consegue fertilizar, artificialmente,<br />

ovos de mamíferos e fazê-los crescer fora do<br />

organismo materno até ao nascimento. Consegue<br />

tratar e curar doenças que há pouco<br />

tempo eram inevitavelmente fatais. Consegue<br />

implantar sensores/estimuladores cerebrais<br />

para modificar o movimento e o comportamento.<br />

Esses sucessos, inimagináveis há<br />

poucos anos, levantam novas questões éticas,<br />

uma vez que têm um preço cada vez maior e<br />

impossível de ser pago pelos dinheiros públicos.<br />

Certo é que, o acesso à melhor saúde para<br />

todos exige o melhor empenho de todos. s<br />

saber JUNHO 2019<br />

25


PUBLIREPORTAGEM<br />

Funchal quer liderar combate<br />

ao plástico na Região<br />

Câmara Municipal do Funchal.<br />

A<br />

Câmara Municipal do Funchal fez do<br />

combate ao plástico o seu tema em<br />

destaque na Semana do Ambiente<br />

do Funchal 2019, que decorreu entre<br />

os dias 3 e 7 de junho, dando palco à sua nova<br />

Estratégia Municipal no domínio dos impactes<br />

ambientais, neste caso especificamente orientada<br />

para o combate à poluição provocada pelo<br />

plástico e que foi apresentada internamente<br />

no passado mês de março. A Vice-Presidente<br />

da Câmara Municipal do Funchal, Idalina Perestrelo,<br />

afirma que “a Câmara Municipal do Funchal<br />

quer ser um exemplo para a comunidade,<br />

para a Região e para o país no que diz respeito<br />

à diminuição do uso do plástico e este é um<br />

passo estrutural que já está a ter repercussões<br />

na nossa gestão interna no imediato, e depois<br />

de uma forma crescente ao longo dos próximos<br />

anos.” Para a Autarquia, estão bem definidas as<br />

10 grandes medidas que vão orientar a Estratégia<br />

e que se apresentam de seguida. A Estratégia<br />

Municipal de Combate à Poluição provocada<br />

pelo Plástico foi desenvolvida pelo Departamento<br />

Municipal de Ambiente, o qual já está,<br />

neste momento, a procurar ativamente linhas<br />

de financiamento para fins ambientais e a preparar<br />

candidaturas a cofinanciamentos comunitários,<br />

que permitam concretizar algumas das<br />

medidas propostas. Idalina Perestrelo, que tem<br />

o pelouro do Ambiente no Funchal, explica que<br />

“os próximos passos serão medidas mais imediatas,<br />

tais como colocar ecopontos em todos<br />

os gabinetes do Município, e banir dos serviços<br />

da CMF as palhinhas, as palhetas de mexer o<br />

café ou os copos de plástico.”. “O outro objetivo<br />

firme é continuar a restringir a utilização de artigos<br />

de plástico descartável em eventos municipais,<br />

coisa que de resto já começámos a fazer<br />

em 2015, com a introdução do copo reciclável<br />

na Noite do Mercado, que depois se estendeu<br />

aos nossos festivais de Verão. Relativamente<br />

a isto, o primeiro grande resultado da estratégia<br />

foi a aprovação de uma candidatura ao Programa<br />

«Sê-lo Verde 2019», que garantiu financiamento<br />

para a edição deste ano do Summer<br />

Opening, que permitirá, por exemplo, distribuir<br />

1.200 garrafas de alumínio para a substituição<br />

das garrafas de plástico no evento, além de<br />

26 saber JUNHO 2019


palhinhas de massa e cinzeiros de cana, com<br />

rolha de cortiça, para tentar eliminar as beatas<br />

no chão, e que se vão somar à utilização dos<br />

habituais copos reutilizáveis, que já foi regra<br />

nos últimos anos. Também já foi instalada, no<br />

mês passado uma máquina para reenchimento<br />

de garrafas de água reutilizáveis no edifício dos<br />

Paços do Concelho, o que queremos reforçar,<br />

quer na própria Câmara, quer com soluções<br />

adequadas aos espaços exteriores”. A Vereadora<br />

acrescenta que, numa primeira fase, “é preciso<br />

reforçar as campanhas de sensibilização,<br />

qualificação e capacitação, com vista à promoção<br />

de escolhas sustentáveis, que nos levem às<br />

escolas, aos centros comerciais, aos supermercados<br />

e ao setor da restauração, entre outros,<br />

mas queremos ir mais longe, envolvendo a<br />

população em estratégias comuns, que permitam<br />

ao Funchal ser o motor da Região neste<br />

processo de retoma da nossa sustentabilidade,<br />

que é inevitável e para o qual as pessoas estão<br />

cada vez mais sensibilizadas. Outras medidas<br />

importantes poderão passar por “alterações ao<br />

Regulamento de Resíduos da CMF, pela inclusão<br />

de critérios ambientais nas adjudicações,<br />

bonificando as boas práticas, e pela distinção<br />

do comércio local com sinalética para lojas<br />

com boas práticas, reconhecidas, validadas e<br />

auditadas, na linha do trabalho de proximidade<br />

que o atual Executivo tem conseguido fazer<br />

com o Programa de Revitalização do Comércio<br />

do Funchal.”, acrescenta Idalina Perestrelo. s<br />

As 10 Medidas da Estratégia Municipal<br />

1 Sensibilizar para os impactes decorrentes da produção,<br />

utilização excessiva e gestão incorreta dos plásticos,<br />

e incentivar a redução da utilização e o aumento da reutilização,<br />

da reciclagem ou de outras formas de valorização.<br />

2 Restrição da venda/utilização de determinados artigos<br />

de plástico em eventos públicos com lugar no Município<br />

do Funchal.<br />

3 Incentivar as boas práticas ambientais e penalizar o seu<br />

incumprimento.<br />

4 Adotar o modelo de Compras Públicas Ecológicas.<br />

5 Pressionar as grandes superfícies comerciais a oferecer<br />

alternativas aos artigos de plásticos descartáveis, como a<br />

instalação de equipamentos para enchimento de garrafas<br />

de água reutilizáveis.<br />

6 Promover a instalação progressiva de equipamentos<br />

que viabilizem a redução (direta ou indireta) da utilização<br />

de artigos de plástico descartáveis.<br />

7 Otimizar a gestão de resíduos no Município.<br />

8 Recuperação da qualidade ambiental de espaços degradados<br />

pela existência de resíduos de plástico, através da<br />

realização de campanhas gerais de limpeza por todo o concelho,<br />

na linha do a CMF já faz anualmente nas campanhas<br />

Clean Up the World, em leitos de ribeiras, áreas exteriores<br />

e logradouros de conjuntos habitacionais, praias e escolas,<br />

entre outros.<br />

9 Reforçar a cooperação entre entidades no intuito de<br />

aumentar a escala das ações desenvolvidas ao nível<br />

municipal.<br />

10 Sinalética para lojas com boas práticas (reconhecida,<br />

validada e auditada).<br />

PUB<br />

saber JUNHO 2019<br />

27


viajar coM saber<br />

ANTÓNIO CRUZ<br />

AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt<br />

Battambang<br />

1] Nas imediações de Battambang existe uma das mais curiosas particularidades<br />

do país: o comboio de bamboo. Um sistema ferroviário do mais<br />

rudimentar e ruidoso que se possa imaginar, que numa extensão de 7 quilómetros<br />

(que demoram cerca de 15 minutos a percorrer) nos levam entre<br />

povoações locais. Uma experiência incontornável e inapagável.<br />

De todas as cidades cambojanas a que mais tinha interesse<br />

em conhecer era Battambang. Pela sua herança cultural,<br />

por se encontrar algo fora dos habituais circuitos das hordas<br />

de turistas que estragam por onde passam, por saber da<br />

existência de uma carga arquitectónica francesa bastante<br />

importante. Daí para lá ter partido na senda de outras<br />

perspectivas sobre este delicioso país repleto de charme.<br />

António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia.<br />

1]<br />

28 saber JUNHO 2019


2]<br />

3]<br />

2] É também nas imediações de Battambang que existe<br />

uma das fábricas de seda de maior qualidade em todo o<br />

país e que produzem artesanalmente artigos de superior<br />

qualidade, todos em seda, obviamente. Trata-se da Artisans<br />

de Angkor. Imperdível!<br />

3] E porque andarilhar por países onde o budismo é a religião central, faz parte<br />

da minha curiosidade e evolução enquanto pessoa informada, visitar alguns<br />

templos locais, como foi o caso do Pagode de Viwat Tamini, um belo exemplo<br />

de toda uma fé ancestral e marcadamente espiritual.<br />

4]<br />

5] É em Battambang que se localiza a escola de formação de<br />

artistas que dá pelo nome de Phare, hoje em dia universalmente<br />

reconhecida pelo projecto de acolhimento de crianças órfãs,<br />

e de outras provenientes de famílias carenciadas, que são educadas,<br />

ensinadas e preparadas em diversas vertentes artísticas<br />

com especial incidência para as artes circenses que correm<br />

mundo, tendo inclusive alguns alunos a trabalhar no Cirque<br />

du Soleil. Um projecto que, acima de tudo, é uma missão social<br />

incontornável que abriga e prepara hoje em dia mais de 1200<br />

jovens para um futuro mais risonho e esperançoso. Por aqui<br />

têm espectáculo de circo executado pelos alunos, enquanto<br />

que em Siem Reap vamos encontrar esses antigos alunos exercendo<br />

a sua arte já como profissionais. Impossível não assistir.<br />

Impossível não ficar apaixonado pelo projecto e pelas pessoas!<br />

4] Marcas arquitectónicas marcadamente francesas que vêm dos tempos<br />

em que a Indochina era uma realidade geoestratégica por via da ocupação<br />

do Vietname, do Laos e do Camboja. Símbolos que resistem em perfeitas<br />

condições até aos dias de hoje.<br />

6] É ainda em Battambang que ficaram alojados Angelina Jolie e Brad Pitt<br />

aquando das filmagens do “First they killed my father”. Ficaram no fantástico<br />

hotel boutique Maisons Wat Kor. E foi precisamente no seu quarto que<br />

tive o privilégio de dormir um dos melhores son(h)os da minha vida.<br />

6]<br />

7] Battambang, por via da influência francesa que se continua a<br />

fazer sentir, é uma cidade repleta de galerias de arte, como tive<br />

oportunidade de constatar e visitar, neste caso a Bric-a-Brac, onde<br />

podemos encontrar peças originais e exclusivas, não só de criativos<br />

cambojanos, designers, estilistas e artesãos que trabalham com alto<br />

nível de precisão, beleza, e estética.<br />

7]<br />

5]<br />

saber JUNHO 2019<br />

29


CINEMA<br />

Título Original<br />

Toy Story 4<br />

Realizador<br />

Josh Cooley<br />

Actores<br />

Tom Hanks, Tim Allen, Annie Potts<br />

Género<br />

Animação<br />

Classificação<br />

M/6<br />

País<br />

EUA<br />

Data de estreia<br />

27/06/2019<br />

Distribuidora em Portugal<br />

NOS Audiovisuais<br />

Duração (minutos)<br />

100<br />

Versão<br />

Legendado<br />

Toy Story 4<br />

Woody sempre se sentiu confiante<br />

em relação ao seu lugar no<br />

mundo e que a sua prioridade<br />

era tomar conta da sua criança,<br />

quer fosse Andy ou Bonnie. Mas, quando<br />

Garfy, o novo boneco favorito criado por Bonnie<br />

se declara como lixo e não um brinquedo,<br />

Woody assume a responsabilidade de mostrar<br />

a Garfy porque se deve considerar um<br />

brinquedo. Quando Bonnie leva o grupo para<br />

a viagem com a sua família, Woody acaba<br />

num inesperado desvio, que inclui um encontro<br />

com a sua amiga há muito tempo desaparecida,<br />

Bo Peep. Depois de anos por sua conta,<br />

o espírito aventureiro de Bo e a vida na<br />

estrada contrastam com o seu delicado exterior<br />

de porcelana... s<br />

Dulcina Branco<br />

cinemas.nos.pt<br />

30 saber JUNHO 2019


TECNOLOGIA<br />

WWDC 2019:<br />

Muitas novidades para os produtos da Apple<br />

O<br />

WWDC 2019 é o evento organizado<br />

pela Apple anualmente para programadores<br />

onde anuncia as novidades<br />

de software dos seus produtos. Este<br />

ano não foi diferente e a fabricante norte-americana<br />

anunciou o iOS13, o macOS Catalina, a<br />

“morte do iTunes, o novo iPadOS, o watchOS 6,<br />

novidades na tvOS e na Siri. Em termos de produtos<br />

também fomos surpreendidos pelo novo<br />

design do Mac Pro. Começando pelo novo Mac<br />

Pro, tem um design renovado e certamente<br />

que já viu referências na Internet a compará-lo<br />

com um ralador de vegetais, onde o preço deste<br />

poderoso equipamento começa nos 5,999$.<br />

Mas uma das que mais supreendeu é “morte”<br />

do iTunes, que, a partir de agora, cujas funcionalidades<br />

são integradas em várias aplicações:<br />

o Apple Music, Apple Podcasts e Apple TV. Uma<br />

das surpresas é um novo sistema operativo<br />

para o tablet, o iPadOS., estacando-o mais dos<br />

equipamentos móveis e aproximando-o dos<br />

computadores, tal como tem feito nos últimos<br />

tempos com o lançamento do iPad Pro. Desta<br />

forma, a nova versão do sistema operativo<br />

é otimizado para um melhor desempenho e<br />

utilização. Conta com um ambiente de trabalho<br />

melhorado, com um “slide-over” para alterar<br />

entre diversas aplicações no iPad e um “split<br />

View” melhorado, que permite abrir duas aplicações<br />

lado a lado, para um melhor desempenho.<br />

O Safari também terá uma versão própria,<br />

que irá abrir os sites em versão para PC, com o<br />

objetivo bem delineado: aproximar o iPad do<br />

segmento dos computadores. Inclusive, já há<br />

a possibilidade de utilizar um rato como acessório.<br />

Para o Mac, também há um novo sistema<br />

operativo, o macOS Catalina, que irá permitir<br />

integrar com o iPad como um segundo<br />

ecrã para o seu Mac (intitulado SideCar), além<br />

de ser possível utilizar a Apple Pencil nas aplicações<br />

para Mac, o que será interessante para os<br />

profissionais. Para os programadores, há o Project<br />

Catalyst, que permitirá a criação de aplicações<br />

mais fácil para o Mac, iPad e iPhone. Para<br />

o iPhone é iPod há o novo iOS 13 mais rápido<br />

e mais eficiente, com melhoramentos significativos<br />

na performance. As aplicações serão<br />

duas vezes mais rápidas, sendo que ocupam<br />

metade do espaço dos equipamentos. Também<br />

o FaceID, desbloqueio por reconhecimento<br />

facial, será 30% mais rápido. Outra das novidades<br />

é a primeira versão Dark do iOS. Em termos<br />

de aplicações próprias, haverá novidades<br />

no Notes, Mail, entre outras, com destaque<br />

para uma nova e melhorada aplicação Mapas,<br />

que será conhecida no final de 2019. Os emojis<br />

também vão ser mais pessoais, com os novos<br />

Apple Memoji, que passarão a ter maquilagem,<br />

joalharia, entre outros acessórios. Estes novos<br />

Emojis também poderão ser usadas em outras<br />

aplicações. Em termos de segurança a Apple<br />

irá permitir que as aplicações peçam o login da<br />

Apple, sendo que a fabricante irá permitir criar<br />

um email aleatório para estas situações, para<br />

que não tenha de partilhar o seu email real.<br />

Por último, também foi anunciado o watchOS6,<br />

que passará a ter uma loja de aplicações para<br />

o relógio integrado, tornando-o cada vez mais<br />

independente do iPhone. Haverá novas interfaces<br />

para o relógio e em termos de saúde haverá<br />

funcionalidades melhoradas, bem como em<br />

termos de monitorização de exercício físico. A<br />

partir desta versão, o relógio conta com a monitorização<br />

do ciclo menstrual. O sistema operativo<br />

para a Apple TV também tem novidades,<br />

sendo que a próxima versão irá permitir a integração<br />

com os comandos da Xbox One e da<br />

Playstation 4. Por seu lado, o HomeKit também<br />

irá trazer maior segurança na área das câmaras,<br />

com dois novos produtos: Apple HomeKit<br />

Secure Video e HomeKit para Routers. A Siri<br />

também é melhorada, pois terá um melhoramento<br />

neural que irá soar mais como um<br />

humano a responder. O assistente de voz também<br />

terá melhor integração com o CarPlay,<br />

AirPods e o HomePod, bem como este último<br />

poderá ser utilizado por múltiplos utilizadores,<br />

que serão distinguidos pela Siri através do reconhecimento<br />

de voz. No CarPlay, a Siri irá dar-<br />

-lhe sugestões de aplicações no ecrã enquanto<br />

conduz, sendo que nos AirPods poderá ouvr<br />

a mensagem que recebeu e responder diretamente<br />

pelos auriculares. Grande parte destas<br />

novidades entraram em fase Beta, sendo que<br />

a chegada ao utilizador comum como produto<br />

final só deverá acontecer em Setembro. s<br />

maistecnologia.pt<br />

saber JUNHO 2019<br />

31


[DES]CONHECIDA ARTE<br />

Nádia Ferreira<br />

Maquilhadora e criadora de conteúdos<br />

@nadiabfmakeup<br />

As maquilhagens de Nádia Ferreira<br />

Terminou o ensino secundário<br />

ambicionando trabalhar na área da<br />

Contabilidade ou na Gestão de uma<br />

grande empresa mas acabaria por se<br />

tornar maquilhadora profissional e<br />

uma influente “blogger” nesta área.<br />

Nádia Ferreira É requisitada para<br />

palestras onde a arte de maquilhar<br />

dita regras.<br />

Dulcina Branco<br />

gentilmente cedidas por Nádia Ferreira.<br />

32 saber JUNHO 2019


Como começou na atividade de maquilhadora<br />

e o que tem feito nesta atividade?<br />

- O meu percurso de vida e escolar ajudou-me<br />

muito no sentido de estar a fazer o que faço<br />

atualmente. Em 2017, estava numa fase da<br />

minha vida em que a minha ambição a nível de<br />

crescimento pessoal estava em alta. Pesquisei<br />

sobre cursos de formação na área da maquilhagem<br />

e encontrei uma formação de nível básico.<br />

Inscrevi-me e enquanto fazia essa formação, surgiu<br />

a oportunidade de fazer um curso profissional<br />

de uma empresa conceituada. No espaço de<br />

quatro meses, fiz uma formação em Makeup TV,<br />

Makeup Fotografia e Cabelos TV.<br />

Tem feito sucesso também na blogosfera.<br />

Fale-nos disto.<br />

- Verifiquei que, as redes sociais e a blogosfera<br />

seriam uma boa forma de mostrar e de divulgar<br />

o meu trabalho, então, com a ajuda de uma amiga,<br />

que é designer, criei o meu logotipo e as páginas<br />

no Facebook e no Instagram. Em outubro de<br />

2017, no meu dia de anos, lancei oficialmente<br />

o meu “blogue” e tem corrido muito bem. Tem<br />

sido uma experiência enriquecedora pela interação<br />

que gera com os seguidores através da partilha<br />

de fotos, dicas e vídeos de maquilhagem. A<br />

interação é incrivelmente boa e dou por mim a<br />

lidar com pessoas de variadíssimas idades. Sou<br />

uma sortuda neste aspeto porque os seguidores<br />

respeitam o meu trabalho, acarinham-me e<br />

incentivam-me todos os dias a dar mais e melhor<br />

de mim. Sou maquilhadora e criadora de conteúdo,<br />

sem dúvida alguma.<br />

O que gosta mais do trabalho de maquilhadora?<br />

- Seria mais fácil perguntar o que não gosto!<br />

Gosto do processo todo, desde o primeiro contacto<br />

com a cliente à conversa de alguns segundos<br />

para perceber o que pretende, às pequenas<br />

reações durante o processo de maquilhagem,<br />

tudo isto fascina-me e é super engraçado. Mas,<br />

quando a cliente se vê ao espelho depois do trabalho<br />

concluído, o ‘muito obrigada Nádia, está<br />

exatamente como queria’ é a cereja no topo do<br />

bolo. Criar maquilhagens e deixar a mente fluir<br />

entre as sombras e os pincéis é realmente fascinante.<br />

Não podia ter trabalho mais satisfatório<br />

do que este.<br />

Maquilhagem é...<br />

- A maquilhagem é uma arte, e é uma arte em<br />

crescimento. Cada vez mais estamos com um<br />

grande ramo de maquilhadoras, e das boas! A<br />

maquilhagem é um “boost” de confiança para<br />

cada uma de nós. O poder de alteração interior<br />

no fim de cada trabalho é incrível. Sou apologista<br />

do não alterar rostos nem feições mas sim no<br />

enaltecer a beleza de cada mulher e do tirar partido<br />

do melhor de cada uma.<br />

Quais são os trabalhos de maquilhagem que<br />

lhe pedem mais para fazer?<br />

- Muitas clientes deixam-me à vontade para criar<br />

mas, de uma forma geral, o meu trabalho passa<br />

muito pelo trabalhado ao nível dos olhos esfumados.<br />

No entanto, não consigo fazer um ‘grande<br />

olho’ e deixar a pele ou os lábios com menos<br />

impacto. Um complementa o outro.<br />

As madeirenses gostam de se maquilhar?<br />

- As mulheres procuram cada vez mais a ajuda<br />

profissional, seja para um grande evento social<br />

seja para um momento informal. Noto também<br />

que há um gosto mais apurado e requintado,<br />

quer dizer, pedem a maquilhagem a combinar<br />

com o vestido ou o sapato.<br />

Qual é a famosa que gostaria de vir a maquilhar?<br />

- A Kim Kardashian. Ela é maquilhada por um dos<br />

melhores na área, portanto, tentar manter esse<br />

nível seria muito desafiante e uma experiência<br />

única, mas, na verdade, ela não é de todo um rosto<br />

difícil de maquilhar. Um grande sonho/desafio<br />

seria maquilhar mulheres que já tenham sofrido<br />

queimaduras graves no rosto, famosas ou não.<br />

E como é que vai ser a maquilhagem deste<br />

verão de 2019 e onde é que podemos ver os<br />

seus trabalhos?<br />

- Cores ousadas nos olhos em peles bem iluminadas,<br />

looks monocromáticos... No entanto, sou<br />

apologista do “sejam vocês próprios”, principalmente<br />

na maquilhagem. Para quem precisa de<br />

inspiração, pode visitar as minhas redes sociais:<br />

Instagram @nadiabfmakeup, Facebook Nádia<br />

Ferreira Makeup Artist, ou então, visitem-me na<br />

minha loja que fica na Praça Amarela (Rua da<br />

Alfândega, 78-2B) onde também dou formação<br />

e/ou workshops de maquilhagem. s<br />

saber JUNHO 2019<br />

33


DICAS DE MODA<br />

Lúcia Sousa<br />

Fashion Designer Estilista › 914110291<br />

www.luciasousa.com<br />

Facebook › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista<br />

Tropical Island Colors<br />

Nesta rubrica, apresento coordenados<br />

que desenhei para o evento<br />

“Madeira Flower Collection”. O<br />

tema proposto foram as flores.<br />

A inspiração foram as flores endémicas da<br />

nossa ilha e as suas originais cores, dando<br />

destaque ao Bordado Madeira com pormenores<br />

em vime, artes únicas da nossa ilha<br />

que se distinguem pela qualidade. Os desenhos<br />

dos bordados foram criados de raíz<br />

por mim. Numa silhueta elegante de tecidos<br />

leves, a paleta de cores escolhidas foram o<br />

verde menta, o esmeralda, o amarelo e os<br />

rosas pastéis, apresentados em desfile pelas<br />

manequins Rossana Lopes, Carlota Sousa e<br />

Beatriz Rodrigues. O desfile de moda “Madeira<br />

Flower Collection foi uma organização da<br />

AJEM em parceria com a Secretaria Regional<br />

do Turismo e Cultura e integrou o programa<br />

da Festa da Flor 2019. s<br />

Manequim: Rossana Lopes<br />

Barco de Papel (Ruben Jesus e Carlota Camacho)<br />

34 saber JUNHO 2019


saber JUNHO 2019<br />

35


MAKEOVER<br />

Mary Correia de Carfora<br />

Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup<br />

Todas temos as nossas histórias, as<br />

nossas lutas, um rosto lindo. Uma<br />

mulher jovem merece ser premiada.<br />

Uma mulher que entrega amor<br />

e paciência todos os dias a quem mais precisa.<br />

Muito fica por contar mas como sempre<br />

digo, não é preciso escrever tudo. O que<br />

é preciso é valorizar tudo, o que se conta e o<br />

que se guarda. Apresento-vos, assim, a guerreira<br />

deste mês. “Pensei muito antes de vos a<br />

minha “história” mas a verdade é que tendo<br />

atingido o meu limite, decidi arriscar e ganhar<br />

um dia, finalmente, para mim. Não sou diferente<br />

de muitas outras mulheres. Sou filha,<br />

esposa, irmã, mãe... Sou Professora de Educação<br />

Especial e Vogal de uma Junta de Freguesia,<br />

onde sou responsável pelo Pelouro Social<br />

e pela Comunicação e Imagem. Como muitas<br />

outras mulheres, faço trinta por uma linha<br />

para ser a melhor possível em todas estas<br />

categorias mas há alturas na nossa vida em<br />

que nada do que se faz parece ser suficiente,<br />

ou certo... E aí surgem as dúvidas... Estou<br />

a conseguir fazer, e bem, o meu trabalho? Se<br />

não, estou a falhar onde? Ser mãe foi sempre<br />

o meu sonho e quis Deus que engravidasse<br />

logo. Uma gravidez maravilhosa que decorreu<br />

bem, até aos 6 meses de gravidez, quando<br />

tive uma paralisia facial periférica (Paralisia<br />

de Bell) e todo o lado esquerdo da minha<br />

cara paralisado... Não era capaz de falar corretamente,<br />

ou sorrir, ou assobiar ou soprar um<br />

simples balão! Como iria ensinar o meu filho<br />

a falar corretamente? Como lhe sopraria os<br />

balões do seu aniversário? Começam as sessões<br />

diárias de fisioterapia, sem poder fazer<br />

medicação e a recuperação, ainda que lenta,<br />

acabou por acontecer antes do nascimento<br />

do bebé. Pude beijá-lo e mimá-lo e sorrir-<br />

-lhe com uma face quase 100% recuperada.<br />

Incentivada pelas dificuldades físicas e pela<br />

fragilidade emocional que senti nessa altura,<br />

que devia ter sido a mais feliz da minha vida -<br />

a gravidez, resolvi especializar-me em Educação<br />

Especial e poder ajudar famílias e crianças<br />

que precisassem de “algo mais”. Começou<br />

assim a minha aventura na Educação Especial<br />

e o contacto com crianças e famílias maravilhosas<br />

que me fizeram valorizar tudo o que<br />

tenho. Nos momentos mais difíceis da vida,<br />

é a isso que me agarro: a fé em Deus. Vários<br />

acontecimentos na minha vida pessoal desencadearam<br />

crises de ansiedade e com elas uma<br />

nova adaptação e um novo ritmo de vida. Tive<br />

de aprender a fazer as coisas com mais calma,<br />

a ser menos exigente comigo mesma e a viver<br />

no “dia-a-dia”. Tive de aprender a não questionar<br />

tudo o que faço, a estabelecer prioridades<br />

e essas são os meus filhos. Até porque tudo o<br />

que mais quero no mundo é ser a melhor mãe<br />

para eles! Mas desta vez, decidi ser “egoísta”<br />

e fazer algo por mim. Todos os dias trabalho<br />

para ajudar os outros, para ser o seu amparo,<br />

o seu apoio. Então, decidi concorrer e tentar<br />

a sorte de ganhar um prémio para mim! Venci<br />

não uma mas duas paralisias faciais (a última<br />

há 2 anos), voltei às sessões de fisioterapia<br />

intensiva, lutei e não baixei os braços! Foi<br />

esgotante, mas continuo e estou aqui! Continuo<br />

a ajudar os que estão à minha volta, quer<br />

a nível profissional, quer a nível pessoal e agora<br />

acho que chegou a minha vez. Gostava de<br />

ser a próxima mulher deste “Um dia com a<br />

Mary Carfora” e sentir que, de alguma forma,<br />

há sempre retorno ao bem que fazemos!”. s<br />

Patrocinado por:<br />

Saudade Madeira - Almoço e Lanche<br />

Perfumes&Companhia - Tratamento de Rosto<br />

Tony Santos Photography - Fotografia<br />

Golden Looks - Cabelos<br />

Loja Noir - Vestuário<br />

Dona Hortênsia - Acessórios<br />

HS Andreia - Pedicura/Manicura/Massagem<br />

A Tulipa - Flores<br />

Texto/Produção: Mary de Carfora.<br />

Tony Santos Photography.<br />

36 saber junhO 2019


Um dia com...<br />

Mariusky Spinola<br />

‹ Antes Depois ›<br />

saber junhO 2019<br />

37


FASHION ADVISOR<br />

JORGE LUZ<br />

www.facebook.com/jorgeluz83/<br />

Vestir em dias especiais: a roupa de cerimónia<br />

Nesta edição, deixo-vos com sugestões<br />

para estar bem vestida e confortável<br />

naquele evento de cerimónia<br />

e que, por isso mesmo,<br />

requer algum cuidado e bom gosto. Temos<br />

verificado que os brilhos cada vez mais deixam<br />

de estar presentes no guarda roupa de<br />

cerimónia. Algo que pareceria impensável<br />

aconteceu!. Os brilhos são cada vez menos<br />

e mais discretos, deixando espaço para os<br />

acessórios. Aí sim, continua a não haver limites<br />

para a sua imaginação. No guarda-roupa<br />

para uma cerimónia, predominam os cortes,<br />

sejam assimétricos ou não. Os drapeados<br />

e os plissados continuam em alta, seja na<br />

roupa do dia-a-dia como nas situações mais<br />

especiais. No que diz respeito às cores, não<br />

há uma cor a salientar-se como tendência da<br />

estação. No que diz respeito a padrões, os florais<br />

continuam bem presentes e predominam<br />

os estampados a marcar uma tendência forte<br />

desta estação, presentes em vestidos ou<br />

macacões de cerimónia, geralmente em tecidos<br />

esvoaçantes e muito volumosos. E é tudo,<br />

minhas amigas, pois em relação ao vestiário<br />

de cerimónia não há muito a dizer mas sim<br />

muito a admirar. Divirtam-se. Beijinhos. s<br />

Jorge Luz Pedro Ferraz<br />

› modelo › Vera Freitas<br />

38 saber JUNHO 2019


saber JUNHO 2019<br />

39


MOTORES<br />

Mercedes renova aposta no Novo Classe B:<br />

Sem nada para justificar!<br />

Os SUV têm conquistado uma significativa<br />

quota de mercado aos<br />

monovolumes, levando até algumas<br />

marcas a abandonar a aposta<br />

que tinham feito nos monovolumes. Mas a<br />

Mercedes renova essa aposta e apresenta um<br />

Novo Classe B voltado para o futuro, carregado<br />

de opções e de tecnologia. Esteticamente,<br />

o novo Classe B foi construído tendo por<br />

base a mesma plataforma que deu origem ao<br />

Classe A, modernizando a imagem apesar de<br />

manter semelhante volume de carroçaria. No<br />

interior, muitos aspetos aparecem já no novo<br />

Classe A, onde tecnologia, conforto e espaço<br />

são definitivamente as palavras de ordem. E<br />

já que falamos em tecnologia, o destaque vai<br />

para um ecrã táctil que substitui os convencionais<br />

painéis de instrumentos e que controla<br />

todo o veiculo, desde as informações básicas<br />

dum computador de bordo, ao sistema de<br />

navegação ou do telemóvel, não esquecendo<br />

também todos os equipamentos auxiliares<br />

de condução, como a leitura de sinalização,<br />

meteorologia, alerta de mudança de faixa de<br />

rodagem, entre muitos outros que são ainda<br />

capazes de recolher informações e hábitos de<br />

condução do condutor através da “inteligência<br />

artificial” do veiculo. A bagageira é também<br />

espaçosa, com a possibilidade dos seus 445<br />

litros se converterem nuns fantásticos 1530<br />

litros de capacidade de volume de carga. No<br />

capitulo da segurança, a Mercedes não se descuida.<br />

O novo Classe B está equipado com sistemas<br />

de assistência ao condutor que o aliviam<br />

de forma eficaz enquanto está ao volante.<br />

É exemplo o DISTRONIC, o assistente ativo<br />

de regulação da distância, que permite manter<br />

a distância desejada automaticamente ,<br />

ou até mesmo o Assistente Ativo de Travagem<br />

que trava automaticamente em caso de emergência.<br />

E, numa altura em que se fala tanto<br />

na abolição da produção de carros a diesel, a<br />

Mercedes aposta forte no gasóleo e apresenta<br />

logo três motorizações com este combustível:<br />

o 180d com 116 cavalos, já bem conhecido<br />

de todos, o 200d com 150 cavalos e o 220d<br />

com 190 cavalos, sendo estes últimos motores<br />

a diesel inovadores por já cumprirem<br />

todas as regras de emissão de gases que irão<br />

vigorar a partir de 2020. A oferta a gasolina,<br />

para Portugal, resume-se ao B200, com 163<br />

cavalos. Quanto aos preços, esses começam<br />

quase nos 39000,00, aumentando proporcionalmente<br />

à cavalagem ou aos opcionais com<br />

que quiser equipar o seu futuro Mercedes,<br />

que pode ser descoberto no Stand C Santos<br />

VP, ao Caminho do Poço Barral. s<br />

Teste: Nélio Olim.<br />

40 saber JUNHO 2019


saber JUNHO 2019<br />

41


AGENDA CULTURAL<br />

dança / Música<br />

dance / Music<br />

assOciaçÃO nOTas E sinFOnias<br />

aTLÂnTicas / ORQUEsTRa<br />

cLÁssica da MadEiRa<br />

aTLanTic nOTes and sYMPHOnies<br />

assOciaTiOn / cLassic ORcHesTRa<br />

OF MadeiRa PResenTs:<br />

JUnhO | JUnE 1, 5, 8, 15, 19 & 22<br />

sÁBadO 1 JUnhO | 18h00<br />

TeaTro Municipal BalTazar Dias<br />

cOncERTO cOMEMORaTivO dO dia da<br />

cRiança<br />

ORQUEsTRa cLÁssica da MadEiRa<br />

Maestro convidado: Jan Wierzba<br />

solista: Veronika Taraban<br />

programa:<br />

piotr ilitch Tchaikovsky [1840 - 1893] - concerto<br />

para Violino e orquestra, em ré maior, op. 35<br />

[1878]<br />

antónio pereira da costa - concerto Grosso nº7 [*]<br />

antónio pereira da costa - concerto Grosso nº10 [*]<br />

piotr ilitch Tchaikovsky [1840 - 1893] - poema<br />

sinfónico - romeu e Julieta [1880]<br />

[*]em parceria com a Dre/DseaM<br />

SATURDAY, JUNE 1| 6:00 pm<br />

Baltazar Dias Municipal theater<br />

cHiLdRen’s daY cOMMeMORaTive cOnceRT<br />

cLassicaL ORcHesTRa OF MadeiRa<br />

Guest conductor: Jan Wierzba<br />

soloist: Veronika taraban<br />

program: piotr ilitch tchaikovsky [1840 - 1893] - concerto<br />

for Violin and Orchestra, in D major, Op. 35 [1878]<br />

antónio pereira da costa - concerto Grosso nº7 [*]<br />

antónio pereira da costa - concerto Grosso nº10 [*]<br />

piotr ilitch tchaikovsky [1840 - 1893] - symphonic poem<br />

- romeo and Juliet [1880] [*] in partnership with Dre /<br />

DseaM<br />

QUaRTa 5 JUnhO<br />

local e hora a anunciar<br />

iMpROvisO / MUsicaL happEning<br />

percussão & contrabaixo<br />

Gábor Bolba<br />

rui rodrigues<br />

Jorge Garcia<br />

WEDNESDAY, JUNE 5 | 6:00 pm<br />

place and time to announce<br />

iMPROvisaTiOn / MusicaL HaPPening<br />

percussion & Double Bass<br />

Gábor Bolba<br />

rui rodrigues<br />

Jorge Garcia<br />

sÁBadO 8 JUnhO | 18h00<br />

asseMBleia leGislaTiVa Da MaDeira<br />

ORQUEsTRa dE cORdas - EnsEMBLE XXi<br />

Wolfgang amadeus Mozart [1756-1791] - eine<br />

kleine nachtmusik, KV 525 [1787]<br />

piotr Tchaikovsky (1840-1893) - elegia “a Grateful<br />

Greeting” [1884]<br />

edvard Grieg (1843 - 1907) - Holberg suite, op. 40<br />

[1884]<br />

SATURDAY, JUNE 8| 6:00 pm<br />

leGislatiVe asseMBly Of MaDeira<br />

sTRing ORcHesTRa - enseMbLe XXi<br />

Wolfgang amadeus Mozart [1756-1791] - eine kleine<br />

nachtmusik, KV 525 [1787]<br />

piotr tchaikovsky (1840-1893) - elegy “a Grateful<br />

Greeting” [1884]<br />

edvard Grieg (1843 - 1907) - holberg suite, Op. 40 [1884]<br />

2<br />

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REVISTA SABER madeira<br />

A REVISTA DA MADEIRA<br />

42 saber JANEIro 2019<br />

www.sabermadeira.pt Revista Saber Madeira<br />

sabermadeira@yahoo.com 291 911 300


SUGESTÕES DA<br />

AGENDA CULTURAL<br />

DA MADEIRA<br />

a diREçÃO dE sERviçOs dE EdUcaçÃO<br />

aRTÍsTica E MULTiMÉdia (dsEaM)<br />

apREsEnTa:<br />

THe diRecTOR OF aRTisTic and MuLTiMedia<br />

educaTiOn seRvices (dseaM) PResenTs:<br />

sÁBadO 15 JUnhO | 18h00<br />

asseMBleia leGislaTiVa Da MaDeira<br />

ORQUEsTRa cLÁssica da MadEiRa<br />

Maestro convidado: cesário costa<br />

solista: pedro Meireles<br />

programa:<br />

Manuel ribeiro [1884-1949] rapsódia nº1 op.27<br />

cantos populares da ilha da Madeira<br />

Manuel ribeiro [1884-1949] - concerto para violino<br />

e orquestra, op.13<br />

antónio pereira da costa concerto Grosso nº 8 [*]<br />

antónio pereira da costa concerto Grosso nº 12 [*]<br />

[*]em parceria com a Dre/DseaM<br />

SATURDAY, JUNE 15 | 6:00 pm<br />

leGislatiVe asseMBly Of MaDeira<br />

cLassicaL ORcHesTRa OF MadeiRa<br />

Guest conductor: cesário costa<br />

soloist: pedro Meireles program: Manuel ribeiro [1884-<br />

1949] rapsódia nº1 Op.27 popular songs of Madeira<br />

island Manuel ribeiro [1884-1949] - concerto for violin<br />

and orchestra, Op.13<br />

antónio pereira da costa concerto Grosso nº 8 [*]<br />

antónio pereira da costa concerto Grosso nº 12 [*]<br />

[*] in partnership with Dre / DseaM<br />

QUaRTa 19 JUnhO | 21h30<br />

HoTel BelMonD reiD’s palace<br />

MUsica dE cÂMaRa<br />

ORQUEsTRa dE cORdas – MadEiRa<br />

caMERaTa<br />

arcangelo corelli [1653 - 1713] - concerto Grosso<br />

em ré maior op.6 no.4<br />

Johann sebastian Bach [1685 – 1750] - Ária da suite<br />

em ré<br />

Georg Friedrich Händel [1685 - 1759] / s.<br />

aslamasian- passacaglia<br />

antónio Vivaldi [1678 - 1741] - concerto alla<br />

rustica em sol maior rV.151<br />

WEDNESDAY, JUNE 19 | 9:30 pm<br />

hOtel BelMOnD reiD’s palace<br />

cHaMbeR Music<br />

ORcHesTRa OF sTRings - MadeiRa caMeRaTa<br />

arcangelo corelli [1653 - 1713] - concerto Grosso in D<br />

major Op.6 no.4<br />

Johann sebastian Bach [1685 - 1750] - aria of the suite<br />

in D<br />

Georg friedrich händel [1685 - 1759] / s.<br />

aslamasian- passacaglia<br />

antónio Vivaldi [1678 - 1741] - concerto alla rustica in G<br />

major rV.151<br />

sÁBadO 22 JUnhO | 19h00<br />

auDiTório Do cenTro De conGressos Do casino Da MaDeira<br />

ORQUEsTRa cLÁssica da MadEiRa<br />

SATURDAY, JUNE 22 | 7:00 pm<br />

auDitOriuM Of the cOnGress center Of MaDeira casinO<br />

cLassicaL ORcHesTRa OF MadeiRa<br />

sÁBadO 1 JUnhO | 18h30<br />

cORO inFanTiL<br />

iGreJa Do caniço, sanTa cruz<br />

SATURDAY, JUNE 1 | 6:30 pm<br />

cHiLdRen’s cHOiR<br />

caniçO church, santa cruz<br />

sÁBadO 22 JUnhO | 21h00<br />

dOLcEMEnTE<br />

capela De são seBasTião, ponTa Do sol<br />

SATURDAY, JUNE 22 | 9:00 pm<br />

dOLceMenTe<br />

sãO seBastiãO chapel, pOnta DO sOl<br />

“vOLa, O sEREnaTa”<br />

dOMingO 16 JUnhO | 18h00<br />

TeaTro Municipal BalTazar Dias<br />

alberto sousa, tenor<br />

robert andres, piano<br />

Frequentemente ofuscada pela ópera, a canção<br />

italiana nunca conseguiu o estatuto ou reconhecimento<br />

internacional que o lieder alemão ou a<br />

chanson francesa atingiram. neste recital, o tenor<br />

alberto sousa e o pianista robert andres dão-nos a<br />

conhecer algumas pérolas deste repertório pouco<br />

explorado, tanto escritas por compositores mais<br />

conhecidos pela sua produção operática, como<br />

Donizetti, rossini ou pucccini, como por outros,<br />

como Tosti e Donaudy, que fizeram da canção para<br />

voz e piano o seu principal género.<br />

“vOLa, THe seRenaTa”<br />

SUNDAY, JUNE 16 | 6:00 pm<br />

Baltazar Dias Municipal theater<br />

alberto sousa, tenor<br />

robert andres, piano<br />

Often overshadowed by opera, the italian song never<br />

achieved the status or international recognition that<br />

the German lieder or the french chanson achieved.<br />

in this recital, the tenor alberto sousa and the pianist<br />

robert andres give us some pearls of this little explored<br />

repertoire, written both by composers better known for<br />

their operatic production, such as Donizetti, rossini or<br />

pucccini, as well as by others such as tosti and Donaudy,<br />

who made the song for voice and piano their main genre.<br />

a ORQUEsTRa dE BandOLins da<br />

MadEiRa apREsEnTa:<br />

dias 12, 17 & 26 JUnhO | 21h00<br />

auDiTório Do cenTro De conGressos Do casino Da MaDeira<br />

dia 17 JUnhO<br />

cOncERTO EM MEMóRia dO MaEsTRO<br />

EURicO MaRTins<br />

Direção: Maestro andré Martins<br />

THe ORcHesTRa OF bandOLins da MadeiRa<br />

PResenTs:<br />

JUNE 12, 17 AND 26 | 9:00 pm<br />

auDitOriuM Of the cOnGress center Of MaDeira casinO<br />

JUNE 17<br />

cOnceRT in MeMORY OF MaesTRO euRicO<br />

MaRTins<br />

Direction: Maestro andré Martins<br />

3<br />

4<br />

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REVISTA FIESTA!<br />

ACTUALIDADE SOCIAL MADEIRENSE<br />

www.REVISTAFIESTA.pt Revista fiesta<br />

sabermadeira@yahoo.com 291 911 300<br />

saber Setembro 2019<br />

43


AGENDA CULTURAL<br />

TEaTRO<br />

THeaTRe<br />

Note: the following plays are held in portuguese language.<br />

MaRiachi MÉXicO<br />

Banda d’ÁLEM<br />

ROnda dOs 4 caMinhOs<br />

MaRia FURa<br />

QUinTa 13 JUnhO<br />

Banda d’ÁLEM (MadEiRa) | 21h00<br />

ROnda dOs 4 caMinhOs (pORTUgaL<br />

cOnTinEnTaL) | 22h30<br />

sEXTa 14 JUnhO<br />

MaRiachi MÉXicO (MadEiRa) | 21h00<br />

TiTO paRis (caBO vERdE) | 22h30<br />

sÁBadO 15 JUnhO<br />

MaRia FURa (pORTUgaL cOnTinEnTaL)<br />

| 21h00<br />

MaRT’nÁLia (BRasiL) | 23h00<br />

5<br />

TiTO paRis<br />

MaRT’nÁLia<br />

THURSDAY, JUNE 13<br />

banda d’ÁLeM (MadeiRa) | 9:00 PM<br />

ROnda dOs 4 caMinHOs (cOnTinenTaL<br />

PORTugaL) | 10:30 PM<br />

FRIDAY, JUNE 14<br />

MaRiacHi MeXicO (MadeiRa) | 9:00 PM<br />

TiTO PaRis (caPe veRde) | 10:30 PM<br />

SATURDAY, JUNE 15<br />

MaRia FuRa (cOnTinenTaL PORTugaL) | 9:00 PM<br />

MaRT’nÁLia (bRaZiL) | 11:00 PM<br />

“UM hOMEM só”<br />

sÁBadO 1 JUnhO | 18h30<br />

cenTro culTural JoHn Dos passos – ponTa Do sol<br />

aTeF associação Teatro experimental do Funchal<br />

a partir do texto de João França “uma Tragédia<br />

portuguesa”.<br />

Dramaturgia e encenação: eduardo luíz<br />

Duração | 75 minutos<br />

M/ 12<br />

o espetáculo foi concebido a partir do último<br />

romance de João França “uma Tragédia<br />

portuguesa”, cumprindo uma das mais emblemáticas<br />

vertentes da aTeF - a itinerância cultural, ativa<br />

desde os anos 80, com o propósito de levar o Teatro<br />

às populações privadas de acesso à cultura, em<br />

muitos dos concelhos da Madeira.<br />

sinopse: “um Homem só” conta a história de um<br />

emigrante durante a ditadura do antigo regime<br />

e no pós-revolução dos cravos. este homem -<br />

pedro dos anjos, como tantos outros homens no<br />

seu tempo, partiu na clandestinidade, em busca<br />

de uma vida mais próspera e desafogada para<br />

si e para a sua família, tornando-se refratário e<br />

desertor da guerra do ultramar. em França, subitamente,<br />

recebe uma carta vinda de portugal que<br />

o faz regressar, impelido por um sentimento de<br />

“honra”. e é nesse momento que o seu caminho se<br />

enreda de outras conturbadas histórias.<br />

www.atef.pt<br />

“JusT One Man”<br />

SATURDAY, JUNE 1| 6:30 pm<br />

JOhn DOs passOs cultural center - pOnta DO sOl<br />

atef associação experimental do funchal<br />

from the text of João frança “a portuguese tragedy”.<br />

Dramaturgy and staging: eduardo luíz<br />

Duration | 75 minutes<br />

r / 12<br />

the show was conceived from João frança’s last novel “a<br />

portuguese tragedy”, fulfilling one of the most emblematic<br />

aspects of atef - the cultural itinerance, active since<br />

the 80s, with the purpose of bringing the theater to the<br />

private populations of access to the culture in many of<br />

the counties of Madeira.<br />

synopsis: Just One Man tells the story of an emigrant<br />

during the dictatorship of the Old regime and after the<br />

carnation revolution. this man - pedro dos anjos, like<br />

many other men in his time, went underground, seeking<br />

a more prosperous and unhurried life for himself<br />

and his family, becoming a refractory and deserter of<br />

the “ultramar” war. in france, suddenly, he receives a<br />

letter from portugal that brings him back, impelled by a<br />

feeling of “honor”. and it is at this moment that his path<br />

becomes entangled with other troubled stories.<br />

www.atef.pt<br />

6<br />

Jornalismo com independência<br />

– todas as 6ª feira nas bancas –<br />

www.tribunadamadeira.pt<br />

www.facebook.com/semanariotribunamadeira<br />

44 saber JANEIro 2019<br />

CONTACTO<br />

LUÍSA AGRELA<br />

PEZO - Socorridos - Lote 7 - 9304-006 Câmara de Lobos<br />

291 911 300<br />

assinaturas@tribunadamadeira.pt


SOCIAL<br />

LUGARES DE CÁ<br />

›<br />

›<br />

XIV Mostra Canina Cidade<br />

do Funchal<br />

› Inauguração do Hotel Pestana Churchill Bay em Câmara de Lobos<br />

› Dia da Criança no Parque Temático da Madeira<br />

› 97º aniversário da morte do Imperador Carlos de Áustria na Igreja do Monte<br />

› Arraial das Casas do Povo na Praça do Povo<br />

› Mostra Canina Cidade do Funchal nos Jardins do Lido<br />

› 38.º Festival da Canção Infantil da Madeira no Centro de Congressos da Madeira<br />

› Governo Regional e Casa da Madeira promoveram arraial madeirense em Lisboa<br />

saber JUNHO 2019<br />

45


social<br />

Pestana Churchill<br />

Bay inaugurado<br />

Na presença de familiares do político britânico - a bisneta do estadista,<br />

Jennie Churchill e a sua mãe, Minnie Churchill - foi inaugurado<br />

pelo Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque,<br />

o Pestana Churchill Bay, em Câmara de Lobos. Trata-se<br />

de, a primeira Pousada do Pestana Hotel Group na ilha da Madeira,<br />

que homenageia Winston Churchill. Localizada junto à recepção, a<br />

escultura, do artista plástico madeirense Martim Velosa, reproduz<br />

o momento histórico, em 1950, em que Winston Churchill, sentado<br />

numa cadeira de vime, pinta a baía de Câmara de Lobos. Diversas<br />

individualidades regionais participaram neste evento. s<br />

DB Miguel Moniz (Gab.Imagem Presidência Governo Regional) e Duarte S.<br />

(Grupo Pestana)<br />

46 saber JUNHO 2019


“Dia da Criança” no Parque<br />

Temático da Madeira<br />

O Parque Temático da Madeira em parceria com a Junta de Freguesia<br />

de Santana, prestou um tributo às crianças com um programa<br />

de animação. A iniciativa aconteceu no âmbito das comemorações<br />

do “Dia da Criança” que habitualmente se comemora<br />

no primeiro dia de cada mês de junho. Para além das atracções<br />

que o Parque reserva para esse dia, teve insufláveis, um espectáculo<br />

de magia com o “Palhaço Axé” e, associando-se ao Ultra<br />

Skyrunning Madeira, o Kids Santana SkyRace. s<br />

DB<br />

gentilmente enviadas por Sónia Pedro (Parque Temático da Madeira)<br />

Missa do 97º Aniversário da<br />

morte do Imperador<br />

D.Nuno Brás Martins, Bispo do Funchal, presidiu na Igreja do Monte<br />

à homilía que assinalou o 97º aniversário da morte do Imperador<br />

Carlos de Áustria, cujos restos mortais repousam nesta igreja.<br />

No evento, marcaram presença familiares do Beato Carlos de Áustria,<br />

tendo se realizado ainda no âmbito da comemoração, o Cortejo<br />

Quinta Jardins do Imperador. s<br />

DB<br />

Ana Maria Andrade<br />

saber JUNHO 2019<br />

47


social<br />

Arraial das Casas<br />

do Povo da RAM<br />

O evento decorreu na Praça do Povo tendo sido inaugurado pelo<br />

Presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, que disse<br />

na ocasião que “as casas do povo são instituições fundamentais no<br />

desenvolvimento social da Região Autónoma da Madeira”. Organizado<br />

pela Acaporama-Adrama, neste evento foram homenageados<br />

antigos governantes como Rui Fontes, Bazenga Marques, Perry<br />

Vidal, Manuel António Correia e Rubina Leal; por seu turno, os<br />

representantes das casas do povo homenagearam a atual secretária<br />

regional da Inclusão e Assuntos Sociais, Rita Andrade, bem<br />

como o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque. s<br />

DB<br />

Presidência do Governo Regional da Madeira (Miguel Moniz)<br />

48 saber JUNHO 2019


38.º Festival da Canção<br />

Infantil da Madeira<br />

PUB<br />

“Olhar de Criança” foi a canção que venceu a 38.ª edição<br />

do Festival da Canção Infantil da Madeira. Com<br />

letra de Noémi Reis, a canção foi interpretada por Ana<br />

Santos, de oito anos, tendo-se destacado entre as doze<br />

canções apresentadas no palco do evento, no Centro<br />

de Congressos da Madeira. O Festival da Canção Infantil<br />

da Madeira é organizado desde 1982 pelo Governo<br />

Regional através da Secretaria Regional de Educação/<br />

Direção Regional de Educação, sendo o festival infantil<br />

português com mais edições anuais consecutivas. Trata-se<br />

de, um evento com caráter competitivo, composto<br />

por doze canções inéditas, no âmbito do imaginário<br />

infantil, destinado a crianças entre os 4 e os 10 anos.. s<br />

DB<br />

gentilmente cedidas pela Secretaria Regional de Educação<br />

saber JUNHO 2019<br />

49


social<br />

XIV Mostra Canina Cidade<br />

do Funchal<br />

O Jardim do Lido recebeu em beleza mais uma edição da Mostra<br />

Canina Cidade do Funchal, um evento que tem por trás a experiência<br />

e um apaixonado por cães, José Carlos Gomes. O juíz do concurso<br />

foi o Prof. Francisco Salvador Janeiro. A XIV Mostra Canina Cidade<br />

do Funchal contou com a presença de belos exemplares de várias<br />

raças, tamanhos e feitios os quais, de uma forma geral, agradaram<br />

ao público que assistiu às apresentações. Todos foram vencedores<br />

mas havia que premiar os melhores, pelo que, o prémio “Best In<br />

Show” foi para o Lakeland Terrier, o segundo prémio para o Cocker<br />

Spaniel Inglês e o terceiro prémio para o Caniche Grande Branco. s<br />

DB<br />

gentilmente enviadas por José Carlos Gomes (Organização Mostra Canina<br />

“Cidade do Funchal”).<br />

50 saber JUNHO 2019


Arraial madeirense em Lisboa<br />

O Governo Regional em colaboração com a Casa da Madeira promoveu<br />

em Lisboa, um arraial madeirense. O Presidente do Governo<br />

Regional da Madeira marcou presença nesta festa em que estiveram<br />

estudantes universitários que estudam na capital. Não faltou<br />

o toque da gastronomia madeirense, com destaque para as<br />

tradicionais espetadas, e outras iguarias que, pelo sabor, aproximaram<br />

quem vive ou estuda longe da ilha de onde são naturais. s<br />

DB<br />

gentilmente cedidas por Artur Bazenga Marques<br />

PUB<br />

saber JUNHO 2019<br />

51


À MESA COM...<br />

As sugestões de<br />

FERNANDO OLIM<br />

A<br />

sangria é um cocktail fácil de preparar.<br />

Com ou sem álcool, é colorida,<br />

refrescante e pode ser bebida<br />

durante todo o ano. Deve ser<br />

bebida bem fresca, se necessário, recorrendo<br />

ao gelo. É feita com base numa mistura<br />

de vinho tinto ou vinho branco, sumo<br />

de fruta, pedaços de frutos e açúcar. Pode<br />

levar outras bebidas, como aguardente.<br />

Adicionam-se à sangria ervas aromáticas<br />

frescas, como o hortelã. Desfrute da sangria<br />

e tenha um bom verão. s<br />

Fernando Olim<br />

52 saber JUNHO 2019


entrada<br />

Tábua de Queijos<br />

Disponha numa tábua, diversas qualidades de queijos<br />

a que poderá adicionar frutas tropicais diversas,<br />

como maracujá, uva e morango, a gosto.<br />

prato<br />

principal<br />

Posta de Cherne com<br />

Risoto de Espargos<br />

Prepare a posta de peixe com sal e pimenta.<br />

Frita ou grelhada na brasa, sirva com o risoto de<br />

espargos em tinta de choco. Decore com amorperfeito<br />

e cebolinha caramelizada.<br />

sobremesa<br />

Exótic Dessert<br />

Esta sobremesa exótica é composta por queijo fresco<br />

da SantoQueijo o qual assenta num creme de frutos<br />

vermelhos. Acompanhe com frutos vermelhos da<br />

época como fisális, framboesa, uvas, morango e<br />

mirtilhos.<br />

saber MAIO 2019<br />

53


EDITORIAL<br />

A Revista Saber Madeira é uma revista mensal de<br />

informação geral que dá, através do texto e da<br />

imagem, uma ampla cobertura dos mais importantes<br />

e significativos acontecimentos regionais,<br />

em todos os domínios de interesse, não esquecendo<br />

temáticas que, embora saindo do âmbito<br />

regional, sejam de interesse geral, nomeadamente<br />

para os conterrâneos espalhados pelo mundo.<br />

É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente<br />

aos quadros médios e de topo, gestores, empresários,<br />

professores, estudantes, técnicos superiores,<br />

profissionais liberais, comerciantes, industriais,<br />

recursos humanos e marketing.<br />

Identifica-se com os valores da autonomia, da<br />

democracia pluralista e solidária, defendendo<br />

o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder<br />

assumir as suas próprias posições.<br />

Estatuto Editorial<br />

Mais do que a mera descrição dos factos, tenta<br />

descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,<br />

antecipando tendências, oportunidades<br />

informativas.<br />

Pauta-se pelo princípio de que os factos e as opiniões<br />

devem ser claramente separadas: os primeiros<br />

são intocáveis e as segundas são livres.<br />

Como iniciativa privada, tem como objetivo o<br />

lucro, pois só assim assegura a sua independência<br />

editorial e económico-financeira face aos grupos<br />

de pressão.<br />

Através dos seus acionistas, direção, jornalistas e<br />

fotógrafos, rege-se, no exercício da sua atividade,<br />

pelo cumprimento rigoroso das normas éticas e<br />

deontológicas do jornalismo.<br />

A Revista Saber Madeira respeita os princípios<br />

deontológicos da imprensa e a ética profissional,<br />

de modo a não poder prosseguir apenas fins<br />

comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,<br />

encobrindo ou deturpando a informação.<br />

E-mail:<br />

www.sabermadeira.pt<br />

Facebook: Revista Saber Madeira<br />

sabermadeira@yahoo.com<br />

Telf. 291 911 300<br />

Propriedade:<br />

O.L.C., Lda<br />

Audiovisuais, TV, Multimédia,<br />

Jornais e Revistas, Lda<br />

Sociedade por Quotas; Capital Social:<br />

€100.000,00 Contribuinte: 509865720<br />

Matriculado na Conservatória Registo<br />

Comercial de Lisboa<br />

Sede: Centro Comercial Sol Mar, Sala 303,<br />

Av. Infante D. Henrique, nº71<br />

9500 - 769 Ponta Delgada Açores<br />

Sócio-Gerente com mais de 10% do Capital:<br />

Edgar R. de Aguiar<br />

Sede do Editor<br />

Edgar R. de Aguiar<br />

Clara Vieira<br />

Parque Empresarial Zona Oeste - PEZO,<br />

Lote 7, 9304-006 Câmara de Lobos<br />

Madeira, Portugal<br />

Director<br />

Edgar Rodrigues de Aguiar<br />

Redação<br />

Dulcina Branco Miguens<br />

Secretária de Redação<br />

Maria Camacho<br />

Colunistas<br />

António Cruz, Hélder Spínola, Alison Jesus,<br />

Sara de Freitas, Nélio Olim, Isabel Fagundes,<br />

Mary de Carfora, Francisco Gomes<br />

Depart. Imagem<br />

O.L.C.<br />

22º<br />

ANIVERSÁRIO<br />

2019<br />

Nome<br />

Empresa<br />

Morada<br />

Código Postal<br />

Concelho<br />

Data de nascimento<br />

Telem.<br />

Telefone<br />

E-mail<br />

Nova Assinatura<br />

CUPÃO DE ASSINATURA<br />

Renovação Assinatura<br />

Localidade<br />

Contribuinte Nº<br />

Assinatura Data / /<br />

Fax<br />

SIM, quero assinar e escolho as seguintes modalidades:<br />

Cheque<br />

à ordem de ‘’O Liberal Comunicações, Lda’’<br />

Pago por transferência Bancária/Multibanco<br />

MPG NIB nº 0036.0130.99100037568.29<br />

“O Liberal”, Parque Empresarial da Zona Oeste, Lote 7, Socorridos,<br />

9304-006 Câmara de Lobos • Madeira / Portugal<br />

Telefones: 291 911 300<br />

Fax: 291 911 309<br />

email: sabermadeira@yahoo.com<br />

ASSINATURA<br />

expresso<br />

Ligue já o Telefone: 291 911 300<br />

ou pelo Fax: 291 911 309<br />

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TABELA DE ASSINATURA - 1 ANO<br />

MADEIRA € 24,00<br />

EUROPA € 48,00<br />

RESTO DO MUNDO € 111,00<br />

* desconto sobre os valores da capa.<br />

Os valores indicados incluem os portes do correio e I.V.A. à taxa de 4%<br />

Design Gráfico<br />

O.L.C.<br />

Departamento Comercial<br />

O.L.C.<br />

Serviço de Assinaturas<br />

Luisa Agrela<br />

Administração, Redação,<br />

Secretariado, Publicidade,<br />

Composição e Impressão<br />

Ed. “O Liberal”, Parque Empresarial da<br />

Zona Oeste, Lote 7, Socorridos,<br />

9304-006 Câmara de Lobos<br />

Madeira / Portugal<br />

Telefones: 291 911 300<br />

Fax: 291 911 309<br />

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Depósito Legal nº 109138/97<br />

Registo de Marca Nacional nº 376915<br />

ISSN 0873-7290<br />

Registado no Instituto da Comunicação<br />

Social com o nº 120732<br />

Membro da Associação da Imprensa<br />

Não Diária - Sócio P-881<br />

Tiragem<br />

6.000 exemplares<br />

54 saber JUNHO 2019<br />

[Escrita de acordo com<br />

Novo Acordo Ortográfico]


VOCÊ SONHA , NÓS FAZEMOS ACONTECER<br />

SERVIÇO EMPRATADO / BUFFET . DECORAÇÃO . CARROS CLÁSSICOS . ANIMAÇÃO MUSICAL<br />

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Marcação de visitas e Reservas<br />

(+351) 291 215 581 . (+351) 93 49 868 98<br />

comercial@forte.restaurant

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