Crônicas de corrida

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fantasia 1 “Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isso explica o resto”. Manoel de Barros 12
Soprando meu dente-de-leão o que sabia eu sobre corridas quando decidi treinar? Tinha uma fantasia. E a que não tinha, encomendei. Descobri meu tipo de pisada – neutra. Namorei vários modelos de tênis até encontrar meu eleito. Namoro virtual. Coisa moderna. Depois que o escolhi, em três semanas ele chegou. Eu, Cinderela. Calcei meu tênis de cristal e meus pés me levaram para o melhor treino que já havia feito até então. Mágico! Passamos a viver juntos e fomos felizes para sempre. Pelo menos até minha primeira lesão no joelho. Mas eu ainda não sabia sobre as lesões lá naqueles idos do romance. Imagine-se correndo em direção a uma medalha. Ou corra para os braços de um amor que te espera na linha de chegada. Ou se embrenhe numa floresta encantada. Imagine-se correndo em direção a uma terceira idade saudável. Note o sorriso largo no seu rosto. As passadas leves, fáceis, vitoriosas. Os raios de um sol levemente dourado sobre seu cabelo e a brisa suave. É piegas, eu sei. Escrito fica brega. Mas era essa a minha fantasia. Ainda é. Cada dia de treino e cada domingo de prova é uma festa e me camuflo corredora: visto os tênis da vez, a camiseta dry fit, preparo o relógio, os fones de ouvido, o rabo de cavalo e a viseira... Quando é para valer, tem também o número de peito, que vai normalmente à altura da barriga (coisas que ninguém explica). Esta é a indumentária. A fantasia é muito mais. 13
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os últimos 97,5 metros e a linha d
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Soprando meu dente-de-leão apresen
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Este livro foi composto com as fam
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