Crônicas de corrida

Soprando meu dente-de-leão
sobre a Liberdade tanto se filosofa! Não tenho certeza de que
ela exista, mas adoro quando a sinto! O mundo é percepção,
afinal, não é? Se a liberdade não existe, sua sósia, aquela que se
apresenta quando num estalo começamos a correr sozinhos, em
qualquer direção, é bastante convincente.
Não é raro encontrar um praticante que advoga a corrida
como o esporte da liberdade. Chega a ser um clichê. Mas ok,
quanto mais tempo passa, mais afeita estou ao ordinário. Curioso
que este também é um tipo de libertação. Tirar o especial dos
ombros e da mira. O feijão com arroz bem feito é uma delícia
e tem seu valor.
Pois bem, estou aqui fazendo coro: a corrida é o esporte da liberdade.
Quer correr? Vá! É só isso. Escolha a direção e seja feliz.
Agora, o que vou bradar a seguir já não é tão senso comum
assim. A corrida de rua, esta que virou moda, que se tornou um
grande negócio, esta dos kits e chips e afins, não é o esporte da
liberdade, mas é o esporte da preguiça.
Explico.
Quer praticar um esporte, mas não quer ter muito trabalho?
Quer suar a camisa, mas ter alguém te esperando depois da
curva, ou a cada vinte minutos, com um copo de água na mão?
Quer ganhar o mundo e cuidar da saúde com bastante comodidade?
Bem-vindo ao clube! Eu quero! Confesso!
Sou uma preguiçosa que adora a sensação de liberdade, às
vezes.
E que adora, também, a água gelada, as frutas da estação e
uma boa massagem ao final de uma corrida paga de domingo.
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