Cactus_ Grossi, o Antigo_ (2013-19)_

– V –
EM ALTA VELOCIDADE
Voados, cigarros nos dedos fumaçando pela janela, relógios de prata,
praticavam brincadeiras adolescentes inconsequentes, como atirar
garrafas de cerveja para fora do carro e xingar pessoas que andavam pela
rua. Tudo normal para eles. Zoando, vendo outros caindo pelo
acostamento, cagados de medo no mato!
Mas, de repente ou não!... uma moto apareceu na frente do carro em
um daqueles cruzamentos; o cara da moto olha, encara rapidamente os
meninos pela fresta do visor. Eles imediatamente fogem pela esquerda,
pensando que seriam assaltados. O Rio é brabo! Ainda voando,
discutem entre si rapidão sobre qual caminho tomar para sair o mais
depressa daquela cena. O motorista do carro deles, um dos chegados de
Jonas, enquanto isso, não vê um quebra-molas, este da cor da pele, e
passa por cima do troço e a lata-velha vai para o acostamento, resvala
em um poste... e faíscas. Jonas é incrivelmente arremessado pelo parabrisa
e cai no asfalto molhado de água da chuva e sereno. Só viu um
clarão na frente, e era seco e espantoso e lhe ofuscou tudo. Por uns
segundos não sentira nada, depois veio o frio e o susto. Tinha lixo de
porco no chão, e sinos soavam naquele trininin... Caiu de lado batendo
o ombro e parte do rosto no chão. Quebrou a clavícula e dois dentes,
além de ter se ferido bastante, arranhado e coisa e tal; é claro que isso
foi pouco perante uma possível morte, mas capaz de fazer um estrago
emocional considerável. E foi aí que desandou a maionese...
psicologicamente.
Jonas na pista, solta uma lágrima e outro carro, mais um automóvel
passa por ele, acima dele, por sua base e lhe esmaga as pernas.
Nem adianta tentar comparar tudo o que passou com aquele velho
sentimento sentado em um ponto de ônibus vazio com ele mesmo! Sim,
a aula acabara. Felizes, amigos e amigas, indo para casa com seus deveres.