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Cactus_ Grossi, o Antigo_ (2013-19)_

Dizem existir tão rudes entre nós, e sem essas impressões de decepções que nos contornam pela desconfiança; reclamando e sendo só uma chatice estendida, falam também que ser ilusória a tentação, inequivocamente.. mas não esqueça que esta é uma obra de ficção, esteja sem travas ao ler.

Dizem existir tão rudes entre nós, e sem essas impressões de decepções que nos contornam pela desconfiança; reclamando e sendo só uma chatice estendida, falam também que ser ilusória a tentação, inequivocamente.. mas não esqueça que esta é uma obra de ficção, esteja sem travas ao ler.

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– XIV –<br />

A CLAVÍCULA<br />

Já estava se recuperando e os outros ferimentos do corpo haviam<br />

cicatrizado ao findar de certos meses. Já iam tarde!... Mas ele continuava<br />

em casa, só saindo esporadicamente, nisso de timidez, e apenas para ir<br />

ao canhão, como já apelidava a doutora Lemes. Nem às aulas do curso<br />

frequentava mais. Limitou-se a ser um recluso no próprio quarto,<br />

comungando com o ego. E isso não é nada legal... alguém pode ser ver<br />

com um mundo restrito e só. Começou até a ler mais, dizia agora que<br />

na tevê as pessoas eram bonitas, e nos livros imaginar amansava. “É uma<br />

palhaçada, e eu não quero tomar partido”, falava dos normais, sobre<br />

padrões de beleza e tal.<br />

A proximidade das provas do vestibular traria um quase pânico, como<br />

faria os exames se nem ao menos ele sentia ânimo ou coragem para falar<br />

direito? Como ia encarar a pessoas, seus amigos, pedir informação, pedir<br />

licença... passar, poxa?<br />

Seu agravamento se fez refletir sobre comportamentos reprimidos e<br />

ainda mais despercebidos, ele perdia cada vez mais qualquer vontade de<br />

se comunicar por desenvolver algo parecido com uma paranoia com o<br />

abrir de boca ou sorrir abertamente, sempre se preocupando com<br />

interpretações. Uma burrada mais. Todos notam. E se fazia disfarçar<br />

vivendo neutro e calado, um não-fede-nem-cheira. “Olha, vou te dizer;<br />

não adianta, porque geral sabe, se liga no que está aí.”<br />

Quem sabia de todo o caso, também não ajudava muito. O ser humano<br />

tem essa mania de seguir os defeitos alheios com os olhos, as pessoas<br />

têm pensamentos punitivos, chega a ser involuntário. Jonas de tudo isso<br />

já havia se inteirado “Ele, ou ela, depende, deve tá rindo que ainda tô<br />

nessa” ou “Percebo o olhar de isolamento pra mim. Porcaria! Deve me<br />

achar um filho da mãe pobre coitado, olha isso.”

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