ANO 10 Nº 55 - Junho/Julho de 2019
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
22<br />
Extraconsultório.<br />
A arte <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>screver<br />
as relações<br />
humanas<br />
É<br />
na infância que se <strong>de</strong>scobre as<br />
primeiras paixões. Ler, escrever,<br />
compor, tocar um instrumento.<br />
O cooperado Eberth Franco<br />
Vêncio escolheu várias <strong>de</strong>las ainda<br />
criança e as carrega consigo até hoje.<br />
Com vários livros lançados e uma<br />
coluna semanal na Revista Bula, o<br />
médico mantém suas paixões vivas<br />
e ativas.<br />
"Eu escrevia, naqueles tempos,<br />
historietas, misturadas com brinca<strong>de</strong>iras<br />
e todo o toque <strong>de</strong> criança.<br />
Era uma coisa meio instintiva. Hoje,<br />
escrever é para mim uma forma <strong>de</strong><br />
protestar contra as iniquida<strong>de</strong>s do<br />
mundo, uma espécie <strong>de</strong> terapia para<br />
não entrar em parafuso. É minha<br />
forma <strong>de</strong> espairecer. Falo que é minha<br />
‘pinga’, on<strong>de</strong> afogo as mágoas<br />
e esqueço os problemas", analisa o<br />
ginecologista.<br />
Há mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, ele se <strong>de</strong>dica<br />
a escrever crônicas para o referido<br />
periódico, um dos mais respeitados<br />
e lidos sites <strong>de</strong> literatura do<br />
país, sob a tutela do editor e jornalista<br />
Carlos Willian. Ele escreve sobre<br />
temas variados e é daqueles que se<br />
interessam por tudo, tornando esse<br />
empenho em matéria-prima para<br />
seus textos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a conversa na sala<br />
<strong>de</strong> espera <strong>de</strong> seu consultório até as<br />
análises <strong>de</strong> especialistas sobre <strong>de</strong>terminados<br />
casos da medicina.<br />
“Na adolescência, influenciado<br />
pelas companhias, <strong>de</strong>scobri a arte.<br />
Escrevi poesias, músicas. Aprendi a<br />
tocar violão, me apresentei em festivais,<br />
todos <strong>de</strong> música, <strong>de</strong> literatura,<br />
<strong>de</strong> poesia falada. Sempre fui apaixonado<br />
por arte”, conta.<br />
Além <strong>de</strong> ter sido incluído várias<br />
vezes em livros <strong>de</strong> antologia junto a<br />
outros colegas escritores, ele publicou<br />
seu único livro <strong>de</strong> poesias em<br />
1999, “Faz <strong>de</strong> conta que somos felizes”,<br />
cuja edição está esgotada. Há<br />
18 meses, o cooperado publicou seu<br />
primeiro livro <strong>de</strong> crônicas, intitulado<br />
“Bipolar”. Com curadoria do amigo<br />
Carlos Willian, da Revista Bula, foram<br />
selecionados os melhores textos<br />
publicados pelo médico nos últimos<br />
anos. “Foi um <strong>de</strong>safio incrível e muito<br />
gratificante. Foi muito bem recebido<br />
na cida<strong>de</strong>, elogiado, e está disponível<br />
para venda na internet”, diz.<br />
Com um olhar pessimista e <strong>de</strong>siludido<br />
sobre os acontecimentos do<br />
mundo, mas com uma narrativa visceral<br />
e irônica ao ponto <strong>de</strong> provocar<br />
o riso, Eberth <strong>de</strong>monstra na obra que<br />
a tristeza e a ausência <strong>de</strong> esperança<br />
po<strong>de</strong>m virar humor. “Utilizo bastante<br />
ironia, sarcasmo, <strong>de</strong>boche das situações<br />
e até humor negro em relação às<br />
coisas pessimistas que escrevo”.<br />
Para o cooperado, a socieda<strong>de</strong><br />
está cada dia mais vazia do ponto<br />
<strong>de</strong> vista existencial, e expor isso<br />
em forma <strong>de</strong> texto já é um meio <strong>de</strong><br />
se atentar para isso e abrir os olhos<br />
dos outros. “As pessoas estão vivendo<br />
mais, a expectativa <strong>de</strong> vida aumentou,<br />
mas elas vivem infelizes e<br />
Coletiva | junho • julho / <strong>2019</strong>