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Ecos de Belem 00

Todos os assuntos do eixo Belém­-Ajuda nos importam, como moradores destes bairros, porque representam uma única entidade histórica, patrimonial e social, bem como nos interessa toda a actualidade contemporânea e global, como percursores que fomos do mundo “enfim redondo e uno”. Esta revista será a sua voz impressa e este, o número zero, o da apresentação.

Todos os assuntos do eixo Belém­-Ajuda nos importam, como moradores destes bairros, porque representam uma única entidade histórica, patrimonial e social, bem como nos interessa toda a actualidade contemporânea e global, como percursores que fomos do mundo “enfim redondo e uno”.
Esta revista será a sua voz impressa e este, o número zero, o da apresentação.

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O Padrão do

Chão Salgado

Na sequência de uma suposta

tentativa falhada de assassinato

do Rei D. José, decorreu

o Processo dos Távoras.

A tentativa de regicídio deu-se

quando el-rei regressava à Real

Barraca da Ajuda, de uma real escapadela

noturna.

Governava, ao tempo, o Marquês

de Pombal, defensor e praticante

do absolutismo iluminado,

que não deixava escapar uma

oportunidade para reforçar o seu

poder e o do Rei.

Dois homens foram presos na

sequência da tentativa do atentado

e acusados do acto. Sob tortura terão

indicado a família Távora como

responsável de conspirar para pôr

o Duque de Aveiro, D. José de Mas

carenhas, no trono de Portugal.

Presos os supostos conspiradores,

alguns deles foram executados,

em Belém, no dia 13 de janeiro de

1759, de uma forma extremamente

cruel e brutal. Entre os executados

encontrava-se o até então mais

Brasão de Armas dos Távoras

poderoso dos Duques, o de Aveiro.

Os títulos de Marquês de Távora

e de Duque de Aveiro foram extintos

e o palácio arrasado.

O terreno onde outrora se erguera

foi salgado para que ali nada nascesse

ou crescesse. No local foi construída

uma coluna cilíndrica, com cinco

anéis que representam os cinco

membros da família dos Duques de

Aveiro, supostamente envolvidos na

conspiração.

Na sua base ainda se pode ler,

atualizando a linguagem: Aqui foram

as casas arrasadas e salgadas de

José Mascarenhas exautorado das

honras de Duque de Aveiro e outras

e condenado por sentença proferida

na Suprema Junta de Inconfidência

em 12 de Janeiro de 1759 justiçado

“Neste terreno

Infame se não

poderá edificar

em tempo

algum.”

como um dos chefes do bárbaro e

execrando desacato que na noite de

3 de Setembro de 1758 se havia cometia

contra a Real e Sagrada pessoa

de El Rei Nosso Senhor D. José.

“Neste terreno Infame se não poderá

edificar em tempo algum.”

No Beco do Chão Salgado o padrão

lá continua mas, como que

envergonhado da intolerância que

simboliza, escondido entre as várias

construções que entretanto o

rodearam, e que com o passar do

senhor tempo fizeram vãs as palavras

do mando.

MONUMENTAL

INVERNO 2016 Ecos de Belém

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