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REVISTA TERENA 2a EDIÇÃO

Vukápanavo tem o objetivo de reunir e de dar visibilidade às pesquisas realizadas por pesquisadores indígenas e não-indígenas e que se refiram ao povo Terena, disponibilizando assim um conjunto de trabalhos produzidos em diversas áreas do conhecimento.

Vukápanavo tem o objetivo de reunir e de dar visibilidade às pesquisas realizadas por pesquisadores indígenas e não-indígenas e que se refiram ao povo Terena, disponibilizando assim um conjunto de trabalhos produzidos em diversas áreas do conhecimento.

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O emprego de indígenas (não só Terena) na produção sucroalcooleira também foi

significativo. Salvador (2012), aborda esse tema em sua dissertação intitulada Os índios Terena

e a agroindústria no Mato Grosso do Sul: a relação capital-trabalho e a questão indígena

atual. O autor menciona a Usina Santo Antônio, a primeira no município de Miranda:

Em meados do século XX, por volta de 1940/50, a mão de obra Terena do município

de Miranda teve seu primeiro contato com a usina e a cana de açúcar – dois

importantes elementos da economia brasileira e principal empregador da mão de obra

indígena durante mais de meio século no Mato Grosso do Sul. Nessa época, a Usina

Santo Antonio, do município de Miranda, de propriedade de um fazendeiro local,

Guilherme Maidana, empregou a mão de obra indígena no corte de cana e trato da

lavoura e adquiriu cana plantada no território das Reservas (SALVADOR, 2012, p.

58).

Salvador (2012), pontua que o período de atividade da usina situou-se

provavelmente entre as décadas de 1940/1950 e 1970. Os Terena trabalhavam nos canaviais

nas atividades de corte de cana, plantio e limpeza da terra. “O contato com a Usina Santo

Antônio se dava através de empreiteiros, e com estes, ou pelas relações de trabalho construídas

ao longo do tempo nas fazendas, ou através das relações cotidianas com indígenas de outras

aldeias (relações de amizade e parentesco)” (SALVADOR, 2012, p. 60).

A respeito dos locais de onde provinham os trabalhadores terena, Salvador (2012,

p. 59) aponta “que o trabalho na referida usina não se restringia aos indígenas de Passarinho,

como descreveu Cardoso de Oliveira (1968). Em Lalima encontramos velhos indígenas que

trabalharam nesta usina de Miranda e obtivemos nomes de outros já falecidos”.

Na documentação do SPI há diversas referências ao engajamento terena na Usina

Santo Antônio. Esses documentos estão reunidos na pasta do Posto Indígena Cachoeirinha, o

que não significa que a origem dos trabalhadores se restringia àquela área, mas possivelmente

era o Posto com mais condições (talvez pela proximidade ou disposição do Chefe) de prestar

assistência aos indígenas contratados pela empresa.

Foram encontrados sete documentos do ano de 1953 sobre o trabalho dos Terena

na Usina Açucareira Santo Antônio. Um deles é um ofício do comandante da 9ª Região Militar

ao Chefe da 5ª Inspetoria Regional do SPI, solicitando explicações pelo comportamento do

chefe do Posto Indígena, que estaria incitando os índios funcionários da usina a não

trabalharem, fazendo motim com cerca de 30/40 indígenas (BRAGA, Ofício do comandante da

9ª Região Militar ao Chefe da I. R. 5, 24 de agosto de 1953).

Em resposta, o Chefe da Inspetoria explicou que só recentemente tinha tomado

conhecimento de que os índios estavam trabalhando na usina, pediu mais informações sobre a

suposta greve e afirmou também que ia verificar se os índios estavam registrados na referida

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