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MADEIRA FLORES: DOURADINHA
OPINIÃO: OUÇAM MÚSICA!
ANO XXII › €2,50
N.º274 mensal MARÇO 2020
A MADEIRA E O MUNDO
EM QUARENTENA
vai
ficar
tudo
bem!
SABER
madeira
A Revista da Madeira
www.sabermadeira.pt
Revista Saber Madeira
sabermadeira@yahoo.com
291 911 300
sumario
04 ENTREVISTA
As casas do povo surgiram como
um elemento primário da organização
corporativa do trabalho rural
durante o Estado Novo. Nos últimos
anos, estas instituições ganharam
responsabilidades acrescidas
na dinamização das comunidades
onde se inserem, como é o caso
da Casa do Povo de Serra de Água
que põe em marcha um plano
anual de iniciativas relevantes, a
exemplo da Mostra da Poncha e
do Mel. A entrevista ao presidente
da direção da Casa do Povo de
Serra de Água, Sérgio Aguiar.
07
Lugares de Cá
Vale da Serra de Água
12 Atualidade
Levante-se e ande, pela sua saúde
20
04
13 música
Ouçam a Música!
14
Opinião Hélder Spínola
Laurissilva: Dez mais Dez
15 ambiente
Água, esse bem precioso!
16 madeira
Viseiras de proteção em 3D
17 madeira
“Vai ficar tudo bem” da Associação
Humanitária Bombeiros
Voluntários Câmara de Lobos
18
Opinião Isabel Fagundes
Relembranças
19 bem-estar
Olíbano e Mirra: óleos essenciais
sagrados da Bíblia
20 internacional
Covid-19: o Mundo em imagens
24
26
28
Viajar com Saber
Cidade do Quebeque, Canadá
Opinião Vanessa Pinto
Tempos de Covid 19, dias de fel
29 Desporto
Desporto em casa
30
32
Câmara Municipal do Funchal
CMF entrega gratuitamente 50 mil
livros à população
Madeira Flores
Douradinha
Caprichos de Goes
Nós somos os outros
34
Dicas de Moda
Bridal Fashion Show
36 Makeover
Noivas 2020
38
40 Educação
ANDO Madeira
41 social
48
50
Fashion Advisor
Super Boho Chic
À mesa com...
Fernando Olim
Estatuto Editorial
saber MARÇO 2020
3
ENTREVISTA
Sérgio
Aguiar
As casas do povo surgiram
como um elemento primário
da organização corporativa
do trabalho rural durante o
Estado Novo. Nos últimos anos,
estas instituições ganharam
responsabilidades acrescidas na
dinamização das comunidades
onde se inserem. É o caso da
Casa do Povo de Serra de Água
que põe em marcha um plano
anual com iniciativas relevantes,
a exemplo da Mostra da Poncha
e do Mel. As casas do povo
têm uma carga de trabalho
administrativo muito grande que,
segundo o presidente da Casa
do Povo de Serra de Água, Sérgio
Aguiar (professor com um MBA
em Gestão Escolar e Mestrado
em Administração Pública) não é
visível para a comunidade.
Dulcina Branco
gentilmente cedidas por Sérgio Aguiar
4 saber MARÇO 2020
O que tem de mais desafiante o seu cargo
(presidente da direção da Casa do
Povo de Serra de Água)?
- Completei seis anos no cargo de presidente
da direção da Casa do Povo de Serra
de Água. É um cargo que acarreta responsabilidade
e disponibilidade de tempo. Há
uma carga de trabalho administrativo muito
grande que não é visível para a comunidade.
Para além de todas as atividades
culturais, de formação e desportivas, mobilizando
a população em torno das mesmas,
organizamos eventos de promoção
e divulgação da nossa cultura e tradições
associadas à agricultura e à ruralidade. Pode-se
sempre melhorar mas fazendo uma
correlação com o número de habitantes,
somos uma freguesia com uma oferta de
atividades grande e diversificada. Para uma
freguesia com pouco mais de 1000 habitantes,
para além de termos alguns eventos
sobre a nossa alçada, onde se destacam a
Mostra da Poncha e do Mel, a Festa do Espírito
Santo na Encumeada, a Étapa Regional
de Carros de Pau na Encumeada, proporcionamos
aulas de ensino recorrente, aulas
de bandolim, viola, acordeão, técnicas de
teclado, ensaios do coro paroquial, dança
São poucos os que
querem despender
do seu tempo livre
para fazer este
trabalho em prol da
comunidade local e
de forma voluntária
não remunerada
para crianças, zumba fitness, temos uma
equipa de futsal, uma equipa de carros de
pau e um grupo de tocares e cantares, etc..
Tudo isto não seria possível sem o contributo
das instituições locais e regionais, o
Governo Regional. Destaque para as parcerias
com a paróquia, nomeadamente com
o Excelentíssimo Senhor Padre Isildo e que
contribuíram em muito para o sucesso das
nossas atividades. De resto, o problema é
sempre a disponibilidade de tempo para
tudo isto, atendendo a que não temos funcionários
nesta instituição e prestamos um
serviço de voluntariado. Por vezes, com as
exigências que nos fazem até parecemos
profissionais da área!. Surgem comentários
menos abonatórios sobre as Casas do
Povo mas são poucos os que querem despender
do seu tempo livre para fazer este
trabalho em prol da comunidade local e de
forma voluntária não remunerada. A nossa
documentação obrigatória é vistoriada por
diversos serviços. Os apoios anuais implicam
sempre e aquando da candidatura que
a situação contributiva esteja regularizada
junto das Finanças e da Segurança Social.
Para além de trabalhar gratuitamente para
a instituição, são inúmeras as vezes que utilizo
o meu veículo sem ser ressarcido das
despesas inerentes ao seu funcionamento
mas o mais importante é sentir que, quando
deixar o cargo, levo comigo a amizade
das pessoas desta freguesia, gente simples,
lutadora e trabalhadora que adora a
sua freguesia. Embora não seja natural da
Serra de Água (sou natural do Funchal) em
todos estes anos tentei sempre dar o meu
melhor.
A fim de conhecer um pouco melhor a
freguesia de Serra de Água, como é que
descreve esta localidade?
- A freguesia de Serra de Água foi criada
a 28 de dezembro de 1676, tem cerca de
saber MARÇO 2020
5
ENTREVISTA
Há uma carga
de trabalho
administrativo
muito grande que
não é visível para a
comunidade
1000 habitantes e situa-se ao longo de um
dos vales considerado como um dos mais
bonitos da Europa, estendendo-se desde a
meia-légua até à Encumeada, entre enormes
montanhas e uma paisagem sublime.
O sector secundário tem muito peso na
atividade económica da freguesia, sendo o
sector hoteleiro (Hotel Encumeada e Pousada
dos Vinháticos), a restauração, os bares
e a construção civil os sectores que mais geram
empregos na localidade. Tem locais de
interesse histórico e turístico, como a Igreja
matriz, as Arcadas do Moinho Velho, a Central
Hidroelétrica na Achada dos Aparícios,
o Caminho Real da Encumeada e a Levada
do Norte. O miradouro da Encumeada, embora
necessite de obras, e outras veredas
na freguesia são de uma beleza ímpar. É de
realçar dois geosítios: a Fajã dos Vinháticos
e o Lombo do Mouro.
Fale-nos da Mostra da Poncha e do Mel,
que neste ano de 2020 completou seis
edições. Que impacto tem este evento
na comunidade local?
- A Mostra da Poncha, denominação à qual
se acrescentou recentemente “e do mel”,
teve o seu início em 2007. O primeiro evento
denominou-se “Prova de Poncha Regional”,
uma vez que a Serra de Água já era
uma freguesia conhecida por esta bebida.
No ano de 2008, a direção da Casa do Povo
da Serra de Água decidiu alargar o âmbito
da festa, aproveitando para divulgar também,
o artesanato e outras tradições da
freguesia, alterando o nome para “Mostra
de Artesanato e Tradições locais”. Em 2015,
sob a minha direção, decidimos inovar com
o mel e trazer de volta a denominação da
“poncha”. Como o mel é um dos componentes
da poncha regional, e que nesta
freguesia tem uma produção a rondar as 4
toneladas por ano, arriscamos nesta “nova”
denominação. Desta forma, evitámos que a
festa acabasse por perder projeção e qualidade,
o que esteve prestes a acontecer
em 2014, fruto dos fracos recursos da instituição
e de apenas um contrato programa
existente que cedia à Casa do Povo cerca
de 4800 euros para fazer face a todos os
encargos anuais da instituição. De resto, o
cartaz artístico diversificado e de qualidade
da Mostra da Poncha e do Mel tem vindo a
revelar-ser ano após ano, uma mais-valia. É
um certame que é preparado com alguma
antecedência. No início, resultou do trabalho
de voluntariado mas com o decorrer
dos anos, tem tido a colaboração de inúmeras
entidades: empresas locais e regionais,
o Governo Regional através da Secretaria
Regional de Agricultura e Pescas, a Câmara
Municipal da Ribeira Brava...Atendendo
aos meios envolvidos, podemos falar de
uma festa realizada a custos controlados e
abaixo do custo normal para este tipo de
eventos. As duas unidades hoteleiras da
freguesia registam grande procura no fim
de semana em que se realiza a Mostra da
Poncha e do Mel, muitas vezes, com reservas
efetuadas durante o evento. Há dois
anos, tivemos um grupo oriundo de Braga
que se deslocou propositadamente à Madeira
para participar na festa e fazer um
roteiro das ponchas pela ilha.
Tudo por causa da poncha, que é um ex-
-libris da freguesia de Serra de Água...
- Sim, mas acho que devemos ver a poncha
como uma bebida tradicional da Madeira.
Com a Mostra da Poncha e do Mel queremos
dar projeção à poncha regional da
Serra de Água, esta sim, a tradicional desta
freguesia e com uma história de mais de 60
anos e que está bem representada pelos
bares mais antigos da freguesia, como a
“Taberna da Poncha” e o “Riquinho”.
O facto de se utilizarem novos elementos
na composição da poncha tradicional
não é prejudicial para a imagem da
mesma?
- Somos a favor das verdadeiras tradições
sem adulterações, foi por isso que adotamos
para o nosso evento o selo regional
“Poncha Aqui é com Rum da Madeira”. Só
com muita fiscalização é que se poderá evitar
que se adultere a composição da poncha
regional. Em relação às novas variedades
de poncha, considero uma evolução
do conceito. Dando a mão à palmatória,
tanto a de maracujá como a de tangerina
são muito solicitadas. O “rum” da Madeira,
vulgarmente conhecido por aguardente-
-de-cana, é um produto tão antigo quanto
a própria presença humana nesta ilha.
Através do recente enquadramento legal,
entrou numa era mais moderna, a do Rum
Agrícola da Madeira. Com uma indicação
geográfica protegida e obtido exclusivamente
a partir de cana-de-açúcar produzida
na Madeira, principalmente da Calheta,
Porto da Cruz, Ponta do Sol e Ribeira Brava,
o investimento que se faz na sua utilização
beneficiará os produtores madeirenses,
mantendo assim a qualidade e essência regional
da poncha da Madeira.s
6 saber MARÇO 2020
LUGARES DE CÁ
Vale da Serra de Água
Dulcina Branco
Wikipédia
Éum ex-libris em termos
de paisagens naturais da
Madeira este vale de denso
arvoredo. Cercado por
altos montes, como os picos da
Cruz, do Cedro e o Pico Grande,
o vale de Serra de Água tem a
percorrê-lo, em toda a sua extensão,
uma ribeira com cerca
de 20 kms de curso que nasce
no Sítio do Curral Jangão e desagua
na frente-mar da vila de
Ribeira Brava. O vale é irrigado
por ribeiras que juntas formam
a ribeira da Ribeira Brava. O
percurso pedestre do Lombo
do Mouro é considerado como
um dos mais belos percursos
em natureza na Madeira. O topónimo
Serra de Água deriva
da construção de um primitivo
engenho destinado à serração
das madeiras e que terá sido conhecido
por ‘serra de água’. No
centro do vale fica a localidade
de Serra de Água, com cerca de
1000 habitantes. A freguesia de
Serra de Água foi criada por alvará
régio de 28 de Dezembro
de 1676. Para efeitos administrativos
e por decreto de 18 de
Outubro de 1881, a freguesia
foi anexada à de Ribeira Brava
mas noutros tempos pertenceu
ao concelho de Ponta do Sol. A
agricultura é o setor económico
que predomina nesta freguesia
onde, em 1953, surgiu a primeira
Central Hidroelétrica da Madeira.
s
saber março 2020
7
ATUALIDADE
viriões de SARS-Co V-2, obtida por microscópio eletrónico de varrimento,
em que se observa partículas virais a emergir de uma célula
Os dias
da pandemia
A pandemia provocada pelo
coronavírus SARS-CoV-2 deixou
o mundo ligado às máquinas: a
contagiar a população e também
a economia. O vírus espalhou-se
pelos continentes, com fábricas,
comércio e serviços fechados,
empresas com trabalhadores em
quarentena e em teletrabalho,
e os Governos a terem de tomar
rápidas e musculadas medidas
para fazer frente ao surto.
O Mundo enfrenta a crise mais
desafiadora desde a Segunda
Guerra Mundial.
Dulcina Branco
www.sns24.gov.pt e Wikipédia
Cicero Castro
Estamos enfrentando uma crise
de saúde global diferente de
qualquer outra nos 75 anos de
história das Nações Unidas – uma
crise que está matando pessoas,
espalhando o sofrimento
humano e acabando com a vida
das pessoas
Disse António Guterres, presidente
da ONU sobre a pandemia do
novo coronavírus. O surto inicial
deu origem à pandemia global
que à data de 5 de abril de 2020 tinha resultado
em 1 288 372 casos confirmados e
70 482 mortes em todo o mundo. Mas é o
que este inimigo invisível que veio mudar a
vida de todos nós? O COVID-19 (do inglês
Coronavirus Disease 2019) é a doença infeciosoa
causada pelo coronavírus da síndrome
respiratória aguda grave 2 (SARS-Co
V-2). Os coronavírus são uma família de
vírus que causam doenças respiratórias,
desde doenças ligeiras como a constipação
até doenças mais graves como a síndrome
respiratória aguda grave (SARS). Entre outras
epidemias causadas por coronavírus
estão a epidemia de SARS em 2002-2003
e a epidemia de síndrome respiratória do
Média Oriente, em 2012. Deste grupo de
vírus emerge o SARS-CoV-2, identificado
pela primeira vez por autoridades da cida-
8 saber MARÇO 2020
de de Wuhan, capital da província de Hubei,
na China, em doentes que tinham desenvolvido
pneumonia sem causa identificável. O
surto inicial deu origem à pandemia global.
Pensa-se que o SARS-CoV-2 tenha origem
zoonótica, já que, a primeira transmissão
para seres humanos ocorreu em Wuhan,
em novembro ou dezembro de 2019. No
início de janeiro de 2020, a principal fonte
de infeção era já a transmissão entre seres
humanos. Os sintomas da doença mais comuns
são febre, tosse e dificuldade em respirar.
Cerca de 80% dos casos confirmados
são ligeiros ou assintomáticos e a maioria
recupera sem sequelas. No entanto, 15%
são infeções graves que necessitam de
oxigénio e 5% são infeções muito graves
que necessitam de ventilação assistida em
ambiente hospitalar. Os casos mais graves
podem evoluir para pneumonia grave com
insuficiência respiratória grave, falência
de orgãos e morte. A doença transmite-se
através de gotículas produzidas nas vias
respiratórias das pessoas infetadas. Estas
gotículas podem também depositar-se em
objetos e superfícies próximos que podem
infetar quem nelas toque e leve a mão aos
olhos, nariz ou boca, embora esta forma de
transmissão seja menos comum. O intervalo
de tempo entre a exposição ao vírus e o
início dos sintomas é de 2 a 14 dias, sendo
em média 5 dias. Entre os fatores de risco
estão a idade avançada e doenças crónicas
graves. Entre as medidas de prevenção
da doença estão a lavagem frequente das
mãos, evitar o contacto próximo com outras
pessoas e evitar tocar com as mãos na cara.
A utilização de máscaras cirúrgicas começou
por ser recomendada apenas para pessoas
suspeitas de estar infetadas ou para
os cuidadores de pessoas infetadas mas
depois a OMS inverteu a recomendação e
indicou a sua utilização para o público em
geral. Até à data (abril de 2020), não se conseguiu
ainda descobrir vacina, no entanto,
vários tratamentos antivirais foram já anunciados.
De resto, o tratamento consiste no
alívio dos sintomas e cuidados de apoio. As
pessoas com casos ligeiros conseguem recuperar
em casa, sendo que, os antibióticos
não têm efeito contra vírus. É falsa a informação
de que apenas as pessoas idosas
contraem o vírus. Embora idosos e pessoas
com outras doenças crónicas como hipertensão,
diabetes ou doenças cardiovasculares
sejam mais susceptíveis à infeção, o vírus
pode infetar pessoas de qualquer idade.
É igualmente falsa a informação de que o
vírus não se transmite em climas quentes. O
vírus pode ser transmitido em qualquer região
do mundo, incluindo regiões com clima
quente e húmido. Uma equipa constituida
por biólogos e virologistas de vários países
concluiu que o vírus é fruto da seleção natural
e não da bioengenharia, conforme sugeriram
teorias da conspiração ativas neste
período de crise. A investigação de potenciais
tratamentos teve início em janeiro de
2020, embora o desenvolvimento de novas
saber MARÇO 2020
9
ATUALIDADE
terapêuticas deva estar concluído em 2021.
À data de março de 2020 estava a ser investigada
enquanto método de imunização
a transferência de sangue doado com anticorpos
produzidos pelo sistema imunitário
de pessoas que recuperaram de Covid-19.
Certo é que, as restrições de viagens permitem
diminuir o número básico de reprodução
de 2,35 para 1,05, o que permite
controlar a epidemia. Ora, foi com base
neste pressuposto que os países fecharam
fronteiras. A deslocação movimenta o vírus,
logo, medidas como a quarentena obrigatória
e o confinamento social atenuam a
10 saber MARÇO 2020
linha epidemológica, a par de outras naturalmente
fundamentais, como a lavagem
das mãos, desinfeção de objetos e uso de
máscara. A Região Autónoma da Madeira
adotou desde logo, medidas de proteção
social que foram acatadas pela população
madeirense. Conter a propagação do vírus
foi a palavra de ordem, com a salvaguarda
da saúde pública na base das medidas
adotadas. Primeiro as pessoas, depois a
economia. Certo é que, os danos colaterais
do confinamento social têm profundo
reflexo na economia. O presidente do Governo
Regional dizia que, no dia 6 de abril
de 2020 no balanço diário, o PIB da região
perdia mensalmente cerca de 430 milhões
de euros com a paragem dos setores económicos
fundamentais: turismo e hotelaria
e construção civil. 523 empresas, afetando
sete mil trabalhadores, haviam recorrido
ao “layoff” (redução temporária dos períodos
normais de trabalho ou suspensão dos
contratos de trabalho efetuada por iniciativa
das empresas, durante um determinado
tempo, desde que tais medidas se mostrem
indispensáveis para assegurar a viabilidade
económica da empresa e a manutenção
dos postos de trabalho.” s
Kit de diagnóstico de COVID-19
por reação em cadeia de
polimerase via transcriptase
reversa em tempo real
saber MARÇO 2020
11
SAÚDE
Rui
Osório Valente
Rui Osório Valente
Núcleo de Estudos de Prevenção
e Risco Vascular da Sociedade Portuguesa
de Medicina Interna
folhavitoria.com
Levante-se e ande, pela sua saúde
Adoença cardiovascular, como enfartes
agudos do miocárdio ou acidentes
vasculares cerebrais continua
a ser a maior causa de morte em
Portugal e no mundo, estando à frente de
doenças como o cancro e correspondendo
a quase 50% de todas as causas de morte.
As pessoas com diabetes, colesterol elevado,
excesso de peso / obesidade ou hipertensão
arterial apresentam um risco elevado de desenvolver
doença cardiovascular. O número
de pessoas com pelo menos um destes
factores de risco tem vindo a aumentar de
forma dramática, em Portugal e no mundo.
Actualmente quase um terço dos portugueses
são hipertensos ou apresentam excesso
de peso e 15% dos doentes são diabéticos.
Estes factores de risco são, muitas vezes, silenciosos,
e é importante estarmos atentos
e controlarmos o peso, a tensão arterial e o
açúcar no sangue regularmente. O acumular
de factores de risco vai levar ao desenvolvimento
de aterosclerose, ou seja, as nossas
artérias ‘envelhecem’ precocemente, tornando-nos
mais susceptíveis de sofrer um enfarte
ou um AVC. Uma pessoa com mais de
60 anos, que fume e apresente hipertensão
arterial ou colesterol elevado apresenta um
risco superior a 10% de ter um enfarte em
10 anos. Como podemos melhorar a nossa
saúde vascular? A actividade física é um dos
elementos que mais contribui para a redução
de risco vascular, principalmente nas
pessoas que apresentam outras doenças. A
ideia de que para o exercício físico ser eficaz
as pessoas têm que treinar como atletas
de alta competição deve ser posta de parte,
assim como a ideia do ‘para fazer só isto,
mais vale não fazer nada’. Qualquer exercício
é mais eficaz do que nenhum exercício.
Actividades tão simples como levantar-se da
cadeira de trinta em trinta minutos podem
ter um impacto significativa na nossa saúde
cardiovascular. A actividade física deve ser
adaptada a cada pessoa, e deve ser iniciada
de forma gradual, para que seja bem tolerada
e não um instrumento de tortura. Não
vale a pena pedir a uma pessoa que nunca
fez exercício para ir correr a maratona, mas
talvez uma caminhada de 30 minutos três vezes
por semana não pareça assim tão complicado.
Está documentado também, que a
actividade física regular, reduz eficazmente
a pressão arterial e a sensibilidade à insulina
(que é o primeiro passo para controlar a
diabetes). Qual é a quantidade de exercício
ideal para reduzir o risco? O mais recomendado
pelas sociedades europeias e internacionais
que se dedicam ao estudo da doença
cardiovascular é a realização de 150 minutos
de actividade física moderada por semana.
O que pode corresponder a uma caminhada
diária, acompanhada ou não de treino
de musculação (força) ou outras actividades
como natação, ioga ou desportos colectivos.
Qual o tipo de exercício mais eficaz? Todos os
tipos de exercício são eficazes para reduzir o
risco cardiovascular, mas o ideal parece ser
a conjugação de exercício aeróbico (corrida,
caminhada) com exercício de força (musculação).
Não perder peso significa que não estou
a ser eficaz? Não. Está comprovado que
mesmo não havendo perda de peso, o exercício
reduz a percentagem de massa gorda
e aumenta a percentagem de massa magra
(músculo), pelo que o peso de pode manter,
apesar de nos tornarmos metabolicamente
mais saudáveis. Que outras medidas podem
ser tomadas? O exercício só por si já
apresenta uma elevada eficácia na redução
de risco, no entanto, a conjugação com uma
dieta equilibrada, preferencialmente acompanhada
por um nutricionista, traz benefício
adicional. Não esquecer que a prevenção é
o caminho a seguir, para não correr atrás do
prejuízo quando a doença já está instalada.
Se formos eficazes na prevenção evitamos
ou atrasamos a necessidade de intervenções
médicas, sejam elas na forma de comprimidos
ou cirurgias. Nesta fase de contingência
o que posso fazer? Com as limitações impostas
pelo isolamento social temos que ser
mais criativos no que toca ao exercício físico.
Numa era de redes sociais, em que estar em
casa não significa estar isolado, existem inúmeros
programas de exercício online que podemos
seguir. Exercício simples como saltar
à corda, agachamentos, abdominais, pranchas,
burpees, ioga ou alongamentos podem
facilmente ser feitos em casa e em família. É
importante dizer também, que quando estamos
doentes, com sintomas de COVID-19 ou
outros, o importante é descansar e manter a
hidratação adequada, não sendo o momento
adequado para iniciar um programa de
exercício. O importante é não estar parado
à frente da televisão e do computador. O sedentarismo
é o que nos faz perder mais anos
de vida, existem alternativas simples para
tornar a nossa vida menos sedentária, por
isso levante-se e ande, pela sua saúde. s
12 saber março 2020
música
Ouçam a Música!
Duarte Santos
[trabalha no Instituto de Segurança Social da Madeira
e nas horas vagas é músico
[vocalista da banda madeirense Outerskin]
Ede repente o mundo mudou! Mudou
o fluxo das nossas realidades, liberdades,
prioridades, valores e rotinas!
A interação e contacto com o próximo
deixou de ser presencial, confinou-se e restringiu-se
a núcleos mais pequenos e em alguns
aspetos num cenário quase que virtual
de caracter tecnológico. Mudou o mundo,
não mudou a música, não mudaram as artes,
não mudou a essência daquilo que nos caracteriza
como humanos, a nossa necessidade
de expressão, o nosso sentido de humor, e
acima de tudo os nossos sentimentos mais
básicos e genuínos. O nosso cerne continua
intacto na sua criatividade, sabedoria, espiritualidade,
empatia, e fisicalidade (mesmo
que ameaçada por uma pandemia sem precedentes).
O Músico que outrora animava
pequenas e grandes multidões, deixando o
som lhe percorrer os sentidos, aqueles músicos
que nunca se conseguiram imaginar a
fazer outra coisa na vida a não ser seguir sua
vocação, talento, o “trabalho” não confinado
a uma secretária mas a uma paixão incontrolável,
em que só assim a vida faz sentido! O
músico não é alheio a riscos, a constrições,
a aventuras, a estar exposto e a se adaptar
ao mundo! O problema é quando o mundo é
outro, é quando não tem com quem partilhar
a sua arte, nem como ter seu ganha-pão. Sim
há esses músicos… que trabalham intensamente,
que se dedicam a horas infindáveis
de estudo e preparação, ensaios, que muito
sacrificaram sua vida pessoal para poder levar
ao “mundo” seu talento e engenho. Força
“operária” tão válida quanto outras, alma e
voz de uma nação, mas acima de tudo de uma
Cultura! Eu não sou um desses músicos, nunca
tive essa ousadia, essa coragem, não segui
esse chamamento de entrega total a minha
arte sem me preocupar com a minha sustentabilidade.
Ironicamente fui um dos que ainda
tiveram sorte, que ainda tinha forma dita
convencional de sustento. Vejo muitos amigos
e colegas meus que heroicamente abraçaram
seu chamamento musical cair de repente
num mundo confinado ao isolamento,
um planeta quase que estático e restringido,
ameaçado por um vírus em que a arma mais
eficaz arma é ficar em casa. Definitivamente é
esse o dever de todos nós, mesmo que custe,
roubando um dos direitos humanos mais básicos
como é o caso da “proximidade”. Esses
músicos têm famílias para sustentar, contas e
impostos para pagar. O seu papel na sociedade
é tão válido quanto um político ou médico.
“Sim, os apoios são válidos!” A música é a arte
que une culturas, raças, credos e ideologias,
mesmo antes da era da globalização! Não
admira que neste momento é consolo, voz,
escape, choro, “vida”, e antidote para a “demência”
ruidosa deste tempo que vivemos.
Temos saudades do público, do contacto,
dos aplausos, das produções, das parcerias,
dos espetáculos, da cumplicidade, do toque,
e de poder olhar o outro nos olhos! Mas em
nada, absolutamente nada, fica comprometido
esse “chamamento” criativo, sustento de
nosso cerne, sangue e oxigenação de nossa
alma! Todas as artes assim o são, válidas, merecedoras
de sustento, ADN de uma raça que
vai persistir neste planeta mãe que nos abriga
independentemente da ameaça. É sobretudo
tempo de pensar, em nós e nos outros,
é tempo de união, e não só proferida como
mera palavra banal, mas sobretudo sentida.
É desafiante, é preocupante, é uma novidade
que compromete nossas liberdades mundanas
e modernas, acarreta responsabilidades,
discernimento, equilíbrio, e autodisciplina. O
isolamento é mandatário em prol do bem de
um coletivo. Lembro-me perfeitamente nos
primeiros dias de isolamento social fazer telefonemas
e mandar mensagens aos meus
colegas e amigos músicos perguntar como
estavam. Tenho o feito de forma mais ou
menos periódica, não por cortesia mas por
realmente ter tido o privilégio e orgulho de
em todo o meu percurso artístico trabalhado
com gente excecional, talentosa, única, criativa,
de diferentes nacionalidades, aos quais
palavras nunca conseguirão expressar a minha
gratidão por todas estas memórias construídas
que farão sempre parte de mim! Vejo
os grandes músicos desta terra a mostrar seu
talento, a cumprir seu chamamento, obedecendo
a uma força maior que os ultrapassa,
trazendo alento através de canções nos circuitos
da era digital chegando a todos nós!
Mais uma vez, que orgulho! Mantenham-se
seguros, mantenham-se criativos e ouçam a
Música! s
saber março 2020
13
OPINIÃO
Hélder Spínola
Biólogo/Professor Universitário
Laurissilva:
Dez mais Dez
R
ecentemente, assinalámos o vigésimo
aniversário da Laurissilva da Madeira
como Património Natural Mundial,
reconhecido pela UNESCO, e antes de
escrever este artigo fui ver o que já havia escrito
sobre o assunto. Encontrei um artigo que
publiquei no semanário Tribuna da Madeira,
há dez anos, em maio de 2009, e achei que poderia
ser interessante a sua releitura acompanhada
de comentários de atualização. Cá vai:
quando os madeirenses, há uma década atrás
(entretanto passaram outros dez anos), viram
a floresta Laurissilva da Madeira reconhecida
pela UNESCO como Património Mundial encheram-se
naturalmente de orgulho e ficaram
à espera de uma melhor gestão e protecção
deste bem natural. A Laurissilva é uma floresta
relíquia que se extinguiu no sul da Europa
devido às glaciações mas que sobreviveu até
aos nossos dias nas ilhas atlânticas (macaronésia)
devido ao efeito amenizador que o mar
exerce sobre o clima. Esta floresta exuberante
que cobre a superfície escultural de parte da
ilha da Madeira chegou até nós como a maior
e mais bem preservada mancha de Laurissilva,
em grande medida graças ao relevo acidentado
que caracteriza a costa norte da ilha da
Madeira. Apesar do seu estatuto como Património
Natural Mundial, para além de ser Reserva
Biogenética do Conselho da Europa, Sítio
da Rede Natura 2000 e estar integrada dentro
do Parque Natural da Madeira, a maior parte
dos problemas que afectavam a Laurissilva no
fim do século passado continuam hoje, dez
anos depois (agora 20 anos), a fazer-se sentir.
Problemas como os incêndios, o abandono de
lixo, a construção de estradas (na altura era a
do Fanal, agora a das Ginjas) e a invasão de
espécies exóticas, não alcançaram melhorias
significativas apesar do estatuto de Património
Mundial. Enquanto várias espécies exóticas introduzidas
na ilha continuam a avançar sobre
a Laurissilva, sem que sejam disponibilizados
recursos humanos, técnicos e financeiros para
o seu combate, este Património Mundial é
agora também ameaçado e desvirtuado pela
construção de um teleférico no Rabaçal (felizmente,
pela contestação da sociedade e das
Associações de Defesa do Ambiente, inclusive
com petições e processos em Tribunal, o governo
acabou por desistir da construção deste
teleférico). Depois da artificialização do litoral
madeirense tudo indica que a próxima vítima
possa ser agora a própria Laurissilva (continua
a ser verdade, tendo em conta a intensão de
asfaltar a estrada das Ginjas e a ideia de regresso
do gado às serras defendida por alguns
partidos políticos). Ao longo deste início de
século (nesta segunda década a situação até
piorou), os incêndios têm atingido por diversas
vezes a Laurissilva, em particular nas zonas
mais frágeis onde dominam ambientes menos
húmidos. Os exemplos são abundantes, as
Rabaças, na cabeceira da ribeira da Ponta do
Sol onde ocorre uma das mais importantes e
raras manchas de Laurissilva na encosta sul
da ilha, as serras entre a Boaventura e o vale
de São Vicente, as Queimadas em Santana, e
muitos outros locais, principalmente onde a
Laurissilva faz fronteira com algumas povoações
ou floresta exótica (nos últimos dez anos,
zonas de Laurissilva como o Ribeiro Frio, ou
projetos para a sua recuperação, como o Parque
Ecológico do Funchal, foram gravemente
afetados). Como estes locais são fortemente
acidentados, os bombeiros não conseguem
debelar as chamas, limitando-se a proteger as
casas e garantir algum combate junto às estradas.
Para além de medidas mais apertadas de
prevenção e vigilância, seria importante a Madeira
poder contar com um meio aéreo. Esse
meio aéreo, um helicóptero, não teria necessariamente
de estar afecto apenas ao combate
a incêndios. Seria um recurso que poderia
inclusive ser utilizado ao nível do socorro e
salvamento, vigilância marítima e terrestre ou
mesmo, porque não, passeios turísticos. Teria
simplesmente de ter disponível um kit de combate
a incêndios que lhe permitisse o transporte
de água. Em locais com relevo acidentado
como o nosso, nomeadamente no Parque Nacional
da Peneda Gerês no norte de Portugal,
este tipo de meios são utilizados com sucesso.
Porque não preparar o helicóptero da força
área estacionado na Região para este tipo de
missões? (Quando este texto foi escrito, eramos
apelidados de ignorantes mas, entretanto,
em 2019, dez anos depois, foi utilizado com
grande sucesso um helicóptero para combate
aos incêndios, em particular nas fases iniciais, e
a situação só se descontrolou, lembram-se dos
recentes incêndios na Ponta do Pargo?, quando
o aparelho foi embora). Em dez anos (agora
20 anos) de Património Mundial, a medida que
mais se destaca na protecção e expansão da
Laurissilva é sem dúvida a retirada do gado
em regime de pastoreio livre nas serras (pairam
ameaças de regressão a este nível). Uma
medida que resultou de grande insistência das
organizações e personalidades ligadas à defesa
do ambiente e que hoje permite a expansão
e enriquecimento deste património natural. s
14 saber março 2020
AMBIENTE
FÁTIMA
PINTO
Fátima Pinto
Médica de Medicina Interna
do Hospital da Horta
Internet
Dia Mundial da Água - 22 março:
Água, esse bem precioso!
A
água faz parte de nós, e está presente
em tudo o que é importante
e que nos rodeia. Cerca de 70%
do nosso planeta é água, e é seguramente
para muitos de nós, um prazer
para os nossos sentidos vê-la nos mares,
nos rios e nos glaciares, ou senti-la na pele
nos banhos de Verão, deliciando muitos
dos utilizadores das nossas praias ou dos
nossos rios. Mesmo quando vemos e ouvimos
a chuva a cair, sabendo que nos pode
impedir de concretizar os planos para uma
qualquer atividade ao ar livre programada,
sabemos que muito de bom essa água trará…
Aquela cascata que nos permite tirar
fotos fantásticas, faz-nos esquecer a desilusão
do dia em que acabámos por não sair
de casa. Sabemos também que cerca de
70% do nosso corpo é composto por água,
e mesmo sabendo que esta percentagem
pode mudar ao longo da nossa vida, é sempre
um constituinte fundamental do corpo
humano. Na quantidade certa, a água é
indispensável para um bom equilíbrio do
nosso corpo, e é fundamental para a nossa
sobrevivência. De um modo geral, todos os
tecidos ou órgãos do corpo humano precisam
de água. Desde o aspeto cosmético de
uma pele fresca e macia, ao funcionamento
saudável dos nossos rins, a água que é
ingerida regularmente por todos nós, contribui
para que o nosso organismo seja e
permaneça saudável, levando assim a uma
vida longa e sem preocupações de saúde.
Um desequilíbrio na quantidade corporal
de água, no sentido da escassez, pode ser
a causa de um quadro de desidratação, que
nos extremos da vida, ou seja, nas crianças
e nos idosos, pode levar ao aparecimento
de complicações graves na saúde, e assim
conduzir a hospitalizações delicadas e exigentes.
E qual é a quantidade de água que
devemos beber diariamente? Esta quantidade
não é igual para todas as pessoas, já
que depende de muitos fatores. O calor e o
frio, a doença e a saúde, obrigam a definir
a quantidade ideal. Assim, e por exemplo,
um dia de calor obriga a uma maior ingestão
de água, tal como um estado febril ou
um episódio de diarreia. Nas pessoas saudáveis,
as restrições da ingesta são mínimas,
dentro de alguns limites, sugerindo-
-se habitualmente entre 20 a 30 centilitros
por Kilo de peso, por dia. No entanto, em
doentes com uma sobrecarga hídrica, poderá
haver restrições na quantidade diária.
À medida que a idade avança, aquilo
que nos faz beber água, a sede, pode desaparecer.
Por isso, não devemos esperar
para estarmos sedentos, para bebermos
a água que nos devemos obrigar a beber
diariamente. Há que criar o hábito saudável
de ir bebendo ao longo do dia, aquela
quantidade que admitimos ser a certa para
o nosso peso, altura e condição de saúde.
A água pode ser introduzida na nossa alimentação,
não só na forma livre que todos
conhecemos, mas também misturada ou
“escondida” em alguns alimentos. Há que
saber qual a melhor forma de a fazer ingerir,
sobretudo quando por motivos de saúde
a facilidade em ingeri-la está dificultada.
Mas como bem precioso que é, há que preservar
a água, e mantê-la presente e bem
limpa no nosso ecossistema terrestre. Por
isso, e para isso, há que cuidar da Natureza
e evitar todas as agressões que diariamente
fazemos em grandes ou pequenos
gestos do quotidiano, e assim evitar tudo o
que de algum modo poderá contribuir para
que os nossos belos e fantásticos leitos dos
rios, atualmente e ainda, cheios de água,
se transformem em ressequidos pedaços
de terra, a deixar saudades dos tempos em
que os nossos sentidos se consolavam a
apreciá-los. Vai um copo de água? s
saber marÇO 2020
15
madeira
Viseiras
de protecção
em 3D “made
in Madeira”
A criatividade aguça o engenho e
metendo mãos à obra, um jovem
natural de Câmara de Lobos
aplicou os seus conhecimentos
para a produção solidária de
equipamentos de proteção
individual que doou à Câmara
Municipal de Câmara de Lobos.
Dulcina Branco
LEONEL SILVA / MAGNO BETTENCOURT
[CÂMARA MUNICIPAL DE CÂMARA DE LOBOS]
16 saber MARÇO 2020
ACâmara Municipal de Câmara de
Lobos divulgou na sua página na
internet a doação das máscaras
que podem ser utilizadas pelos
“operacionais camarários” no terreno. “Em
tempos de incerteza, face ao inimigo que
enfrentamos, são atitudes como esta, de
um jovem que não desanimou e aplicou os
seus conhecimentos e as suas ferramentas
para a produção solidária de equipamentos
de proteção individual”, disse o presidente
do município, Pedro Coelho, em comunicado
de imprensa sobre as 100 máscaras de
proteção facial que foram produzidas por
Hugo Abreu. Natural da freguesia Estreito
de Câmara de Lobos, Hugo Abreu, de 25
anos, fez o curso de Técnico Especialista em
Desenvolvimento de Produtos Multimédia e
exerce a sua atividade numa unidade hoteleira
no Funchal. “A ideia da produção das
viseiras de protecção em 3D surgiu após a
chegada do COVID-19 a Portugal e dada a
escassez de equipamentos de protecção
individual para os profissionais que estão
na linha da frente neste combate ao vírus”,
diz à Saber Madeira. “Naturalmente todos
nós ficamos preocupados e começámos a
procura de uma solução. Faço parte da comunidade
Movimento Maker - Portugal que
reúne cerca de 9000 pessoas que partilham
ideias e conhecimento em diversas áreas
da tecnologia. O fundador, Bruno Horta,
começou a desenvolver uma viseira de protecção
em conjunto com outros elementos,
chegando a um modelo de viseira eficaz e
aprovado pelos profissionais de saúde. Com
isto apenas precisamos de uma Impressora
3D, de filamento PLA (que é biodegradável),
um elástico e uma folha de acetato. Cada
viseira demoro cerca de 30 minutos a imprimir”.
Até ao momento, “já doei cerca de 400
unidades em 7 dias de produção, tendo gasto
8kg de PLA. Tenho imensos pedidos para
satisfazer de profissionais e instituições mas
será difícil de ajudar, pois a matéria-prima
neste caso o filamento está acabando e o
que ainda existe no mercado está um valor
elevado para as minhas capacidades financeiras”,
explica. As máscaras destinam-se
aos funcionários que efetuam operações de
desinfeção e higienização dos espaços públicos,
no âmbito do plano de contingência da
pandemia de covid-19 em Câmara de Lobos.
“Hugo Abreu já tinha produzido e oferecido
um lote de viseiras à corporação de Bombeiros
Voluntários de Câmara de Lobos, estendendo
agora a sua oferta ao município de
Câmara de Lobos”, esclareceu o presidente
da autarquia. À data deste trabalho, 7 de
abril de 2020, o novo coronavírus responsável
pela pandemia da covid-19, infetou mais
de 791 mil pessoas em todo o mundo, das
quais morreram mais de 38 mil. A pandemia
tem afetado o mercado de trabalho e
Hugo Abreu não passa ao lado desta realidade.
“Fui directamente afetado pelo layoff,
dado as restrições do turismo na região e a
unidade hoteleira onde trabalho optou por
suspender o funcionamento, mas acredito
que, no futuro, a área do 3D seja mais valorizada,
bem como a impressão de peças
em 3D. O importante agora é que estejamos
todos juntos lutar contra este vírus, de uma
forma ou de outra. Se formos responsáveis,
juntos iremos vencer e voltar a normalidade
rapidamente”, conclui. s
madeira
“Vai Ficar Tudo Bem”
Dulcina Branco
gentilmente cedidas pela Associação Humanitária Bombeiros
Voluntários Câmara de Lobos
Nunca como agora a imagem do
arco-íris dá o mote a iniciativas que
têm como objetivo passar a mensagem
de esperança. De que tudo ficará
bem depois da pandemia passar. Neste
sentido, “Vai Ficar Tudo Bem” foi o que disseram
os bombeiros da Associação Humanitária
dos Bombeiros Voluntários de Câmara de
Lobos num mensagem transmitida aos madeirenses
de uma forma original. Perante a
fase complicada que o Mundo atravessa face
à pandemia do novo coronavírus, os bombeiros
– eles que estão sempre na linha da
frente do socorro – quiseram transmitir confiança
no futuro. Desta feita, os Bombeiros
Voluntários de Câmara de Lobos voltaram a
utilizar diversos materiais e equipamentos
de trabalho. Arco – Íris significa a força, coragem,
harmonia, energia, esperança, eternidade,
transparência, infinidade, disciplina e espiritualidade,
sendo os elementos de ligação
de todos os seres vivos que vivem na terra.
Devemos deixar de lado as nossas diferenças
e unir-nos em direção a um objetivo comum,
que é superar esta situação grave que percorre
o mundo, temos de faze-lo juntos, com
serenidade, confiança, determinação, esforço,
solidariedade e energia, nomeadamente
a todas as forças e profissionais da linha da
frente. Estamos todos a trabalhar todos com
o mesmo objetivo, venceremos esta guerra,
e nos tornaremos mais fortes, numa sociedade,
solidária e mais unida. Nem sempre nos
sentimos capazes de enfrentar e ultrapassar
certos e determinados obstáculos na nossa
vida, mas queremos passar para todo o universo
é que possível. Cada dia na nossa vida
é uma oportunidade incrível para transpor
obstáculos ou para fazer melhor do que ontem.
Quando a gente se deixa desenvolver e
criar as nossas próprias possibilidades, tudo
acontece de uma forma onde cada momento
que pareceria simples torna-se uma conquista
a considerar e contabilizar também. Por
isso, encaremos com confiança, com mais
energias positivas e felicidades, tudo será
uma passagem. s
#VAI FICAR TUDO BEM#
#BVCL #1949
#JUNTOSSOMOSMAISFORTES
#CAMINHAMOS JUNTOS
#SEMPRECONVOSCOSEMPREDOVOSSOLADO
#ESTAMOSNOBOMCAMINHO
#BVCL #1949
#1960D’AÇO
saber MARÇO 2020
17
OPINIÃO
Isabel Fagundes
Exerce funções numa escola do Funchal
Relembranças
Mas, em todas as escolhas
tiramos aprendizagens que nos
tornam melhores ou piores. Eu
olho o horizonte e relembro o
caminho que escolhi. Queria que
tivesse sido outro. Mas outro
caminho poderia não ser o certo
para eu ser o que sou hoje.
Atarde desceu lentamente,
enquanto o sol sonolento caía para
trás do horizonte, deixando que os
seus raios evolassem na noite que
se antevia cálida. Os tons laranja mesclados
de amarelo desvaneciam diante meus
olhos marejados de chuva fina de verão.
Perdida em pensamentos trepidantes, que
ambulavam de um lado a outro do meu
cérebro, como se competissem entre eles,
deixava que se dissipassem os restos de
esperança de um sonho feito nada, que
se havia derramado pelo chão da vida.
Eram as inconsistências de uma existência
que teimava em tumultuar um coração
novamente vazio, expropriado do Amor
apetecido que, feito poeira, espalhava-se
como grãos de areia numa praia deserta de
um lugar qualquer. As emoções galgavam a
razão, trucidavam a alma e atormentavam
a existência, como uma guerra que se trava
por dentro, sem vencedores nem vencidos.
E as trevas cercavam-me, punham-me
com frio na noite quente de um tempo de
verão, quando o mundo entorpecia a meus
pés e eu caía no abismo de sentir. Depois,
esqueci-me de como sonhar e desejar
sorrisos e estrelas. Deslembrei-me do amor
que por vezes se tem, do carinho que de
outra alma vem, da Lua de prata e dos anjos
com asas, das ondas sussurrantes e do céu
azul. Deixei de saber sentir. Entretanto,
nesse fim da tarde que caía, deparei-me
com alguém sentado num banco do cais
da cidade. Mirava o horizonte num olhar
distante e, como se estivesse largado da
vida, deixava cair a líquida solução pela face
madura e enrugada. Aproximei-me e senteime
no mesmo banco: - A vida é escrita com
linhas em branco onde vamos escrevendo
a nossa história. Dependendo das nossas
escolhas vamos construindo histórias mais
emotivas ou menos emotivas, mais felizes
ou menos felizes, mais dolorosas ou menos
dolorosas, e ao fim dos anos questionamos
se escolhemos o melhor para nós, ou o
pior. Mas, em todas as escolhas tiramos
aprendizagens que nos tornam melhores
ou piores. Eu olho o horizonte e relembro
o caminho que escolhi. Queria que tivesse
sido outro. Mas outro caminho poderia não
ser o certo para eu ser o que sou hoje. Vivo
entre a inquietação do percurso que escolhi
e a tranquilidade do que hoje conquistei,
mas por vezes mergulho em horas de
vazio, interrogando-me sobre o que que
será amanhã. – confidenciou-me o alguém
sentado no banco do cais da cidade. s
18 saber março 2020
BEM-ESTAR
Sara
de Freitas
Sara de Freitas
Terapeuta Holística
sdf.terapeuta@gmail.com
INTERNET
Olíbano e Mirra:
óleos essenciais sagrados da Bíblia
Os óleos essenciais são obtidos
a partir de diferentes partes da
planta e a sua extração é feita
através de diferentes processos,
podendo ser pelos métodos mais utilizados
como a destilação e a pressão a frio. Estes
óleos essenciais são óleos 100% puros, extremamente
concentrados. São a identidade,
ou melhor, a “alma” da planta, substâncias
estas que servem para harmonizar e curar
os aspetos físicos, emocionais e espirituais
do ser. O uso dos óleos essenciais remonta
às civilizações antigas, como a egípcia, a grega
e a romana. Recuando no tempo de Cristo,
os presentes que os três Reis Magos trazem
ao menino Jesus são o ouro, o Olíbano
e a Mirra. O Olíbano e a Mirra são dos mais
antigos ingredientes dos incensos utilizados
nas igrejas. Estes óleos essenciais sagrados,
citados na Bíblia, têm benefícios terapêuticos.
O Olíbano/Frankincense é o mais precioso
dos óleos antigos. Promove uma sensação
de tranquilidade e paz, permitindo equilibrar
o sistema nervoso e acalmar as emoções. As
suas principais propriedades são anti-infecioso,
antitumoral, expetorante (ajuda no tratamento
da tosse, asma, bronquite), estimulante
do sistema imunitário, antidepressivo,
anticanceroso e regenerador (ajuda na cicatrização
de feridas, previne o aparecimento
de rugas). Já a Mirra promove conforto
nos momentos de sofrimento e tem como
propriedades principais: antisséptico (ajuda
a combater a infeção, como no tratamento
de feridas), anti-inflamatório, (reduz edemas
e dores), expetorante (ajuda na tosse
com expetoração, bronquite crónica), antitumoral,
estimulante e revigorante. Fortalece
ainda o aparelho digestivo. Todos os óleos
essenciais requerem cuidados na sua utilização,
quer seja nas crianças, em grávidas e
perante a existência de determinadas patologias,
como doenças crónicas. Não deve ser
ingerido nem deve ser aplicado diretamente
sobre a pele, uma vez que deve ser diluído
num óleo base - respeitando as quantidades
e a escolha certa do óleo vegetal, atendendo
a situação especifica a tratar para o seu
benefício. Recomenda-se que, uma pessoa
que tenha algum tipo de doença, mesmo não
sendo complexa, tem de ter atenção no uso
dos Óleos Essenciais. s
saber março 2020
19
especial
covid-19
O MUNDO
EM IMAGENS
internacional
A Organização Mundial da
Saúde declarou no dia 11 de
março de 2020 a pandemia do
novo coronavírus que provoca a
doença Covid-19, considerando
que, através do seu diretor-geral,
Tedros Adhanom Ghebreyesus,
“pandemia não é uma palavra
para ser usada à toa ou sem
cuidado. É uma palavra que se
usada incorretamente, pode
causar um medo irracional
ou uma noção injustificada
de que a luta terminou, o que
leva a sofrimento e mortes
desnecessários”. Declarar uma
pandemia significa dizer que os
esforços para conter a expansão
mundial do vírus falharam e que
a epidemia está fora de controle.
Um facto é que esta pandemia
afetou a população de muitos
países, como o demonstram as
imagens que a seguir mostramos
de jornais e revistas nacionais e
internacionais.
Dulcina Branco
www.bbc.com
NationalGeographic
20
20 saber MARÇO 2020
saber MARÇO 2020
21
especial
covid-19
internacional
22 saber MARÇO 2020
saber MARÇO 2020 23
PUBLIREPORTAGEM
Departamento Comunicação e Imagem da Câmara Municipal do Funchal
CMF entrega gratuitamente
50 mil livros à população
A
Câmara Municipal do Funchal está
a entregar, de forma gratuita, à população
cerca de 50 mil livros que
fazem parte do stock municipal.
O Presidente Miguel Silva Gouveia entende
que este é o momento de proceder a esta
entrega à comunidade, “afirmando a cultura
como um bem essencial, mesmo nesta crise
de saúde pública que estamos a atravessar.”
O programa “Livros Pedidos” arrancou no dia
23 de março e já registou cerca de 2 mil encomendas.
“Queremos que as pessoas cumpram
rigorosamente todas as recomendações
da Autoridade de Saúde, e em especial,
que reduzam ao máximo possível qualquer
saída de casa, pelo que a entrega gratuita
de livros é a nossa forma de encorajar essas
boas práticas, incentivando a que as pessoas
permaneçam nos seus lares, mas agora com
mais uma razão para se manterem ocupadas
e interessadas. Nada melhor para isso
do que fazer uso das atuais circunstâncias
24 saber MARÇO 2020
para promover ativamente o consumo de
literatura.”. Todas as pessoas interessadas
deverão, assim, recorrer ao Funchal Alerta,
através do endereço https://funchalalerta.
cm-funchal.pt/, e fazer o respetivo pedido
na Categoria: “Livros Pedidos”, podendo escolher
então entre os seguintes géneros:
Literatura, Livros Infantis, Desporto, Gastronomia
e Arte. O processo será, a partir daí,
geridos pelas Divisões Municipais de Cultura
e de Juventude e Desporto, às quais caberá
selecionar, embrulhar e mandar entregar os
volumes a casa das pessoas, um serviço que
será assegurado pelos serviços camarários
sem quaisquer custos, e de acordo com todas
as determinações em vigor de higiene e
segurança, nomeadamente, o uso de luvas
e máscara em todas as etapas do processo
e a desinfeção de veículos. Autarquia investiu
cerca de 70 mil euros na edição de obras
originais desde 2018. O atual Executivo da
Câmara Municipal do Funchal tem vindo,
ao longo da sua governação, a demonstrar
dedicação para com a literatura regional e a
apoiar os autores madeirenses. Nos últimos
dois anos, a Autarquia funchalense investiu,
assim, cerca de 70 mil euros, nomeadamente
na edição de obras originais, mas também
na aquisição de livros, que posteriormente
são distribuídos gratuitamente por escolas,
bibliotecas, instituições e polos culturais do
Município. O Presidente sublinha que “a Câmara
Municipal do Funchal reconhece o potencial
dos nossos escritores e acredita na
importância e na qualidade do trabalho que
estes fazem. Nos próximos tempos difíceis
que se avizinham, todos os agentes culturais
da cidade devem saber, por isso, que podem
contar com a edilidade para ultrapassarmos
juntos os desafios que se avizinham, apoiando
financeiramente a edição de novas obras
e mantendo as portas abertas para ajudar e
para dar visibilidade aos seus trabalhos. Esta
é uma política na qual acreditamos e à qual
daremos continuidade, mantendo o Funchal
como uma capital de excelência cultural.” s
PUB
saber MARÇO 2020
25
viajar coM saber
ANTÓNIO CRUZ
AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt
Quebeque
1] Foi logo no primeiro passeio pela cidade, no final da tarde de chegada,
que a percepção de que estaríamos numa confluências de culturas
tomou conta de mim. A começar pelos bairros sossegados, discretos,
repletos de boas ideias arquitectónicas. Com imensa pinta.
A étapa seguinte por terras do Canadá viria a ser a
cidade do Quebeque.
Sabia de antemão que me aguardava uma cidade
diferente, a mais francesa das cidades canadenses,
implícita de charme, de bom gosto, de detalhes
europeus que a aculturação francesa deixou e que
tão bem é preservada até aos nossos dias.
António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia
1]
26 saber MARÇO 2020
2]
3]
2] O mais grandioso dos edifícios da cidade é precisamente
o do Parlamento do Quebeque. Construído nos finais
do século XIX pelo arquitecto Eugène-Étienne Taché, que
também foi ilustrador , topógrafo e engenheiro civil.
3] Outra das obras mais emblemáticas da cidade é o Castelo de Frontenac,
que hoje alberga o melhor hotel da cidade. Com vista privilegiada sobre o Rio
Lourenço e muitos dos seus arredores, comporta 650 quartos e data também
dos finais de século XIX com assinatura do arquitecto Bruce Price. Único no
seu género é um dos pontos altos de uma visita à cidade do Quebeque.
4]
5] Sendo a cidade do Quebeque considerada a capital dos espectáculos
de rua – não nos esqueçamos que foi aqui que o
Cirque du Solei teve origem, as manifestações, sobretudo circenses,
estão por quase toda a parte, com palco privilegiado e
assistência garantida.
4] E porque associar a gastronomia de alto nível a uma viagem faz parte
do meu conceito requintado de viajar, fui na demanda de um dos
mais icónicos restaurantes da cidade, o Lapin Sauté. Especialista em
servir coelho de forma criativa, é um espaço intimista, amoroso, romântico
e proporcionador de mais um momento inesquecível.
6] A Rue du Petit-Champlain é daqueles momentos imperdíveis.
Pouco extensa, repleta de gente curiosa, bares, restaurantes, lojas
com muita classe e com sugestões giríssimas em termos de roupa
ou acessórios, fica na zona baixa da cidade, ali mesmo encostada
ao rio que passa manso e indiferente a tanta agitação.
5]
7] De todos os lugares por onde, durante duas semanas, tive
oportunidade de passar, a cidade do Quebeque foi, seguramente,
a mais bonita, a mais surpreendente, a mais harmonizada, a
mais impactante e que deixou mais saudades.
7]
6]
saber MARÇO 2020
27
OPINIÃO
Sempre dei por mim a mudar de canal
televisivo, quando o filme que passava
era do género de “O Contágio”! O
sentimento de terror e ansiedade
que brotava de dentro de mim era aflitivo
e insuportável. Costumava pensar, então:
por que razão és tão tola, isto é ficção!. Hoje,
porém, aquilo que era ficção hollywoodesca
entrou pelas nossas vidas dentro. Como
um meteorito, caiu-nos inesperadamente
no colo, deixando um rasto de destruição e
sofrimento inimagináveis. Foram necessários
vários dias para conseguir dominar a mistura
de sentimentos que rodopiavam no meu
espírito. O medo, o terror e a angústia de ver o
sofrimento do próximo e de nada poder fazer
eram simplesmente imbatíveis. De repente,
todas as certezas se tinham transformado em
incertezas absolutas. O certo tinha tomado a
forma mais incerta de que alguma vez tinha
tido experiência. Quando era criança, andava às
cavalitas do meu avô materno. Era nas tardes de
sábado que ele me passeava pela sua fazenda,
fazendo-me a tão deliciosa visita guiada pelos
currais e galinheiros. Adorava acariciar as
cabrinhas, as ovelhinhas, os pintainhos, tirar os
ovos dos galinheiros e metê-los nos bolsos dos
vestidos, subindo os imensos degraus da longa
escadaria de pedra, a passos de lã, para que
todos chegassem intactos à cozinha. Tempos de
ouro. Considero-me feliz. Contudo, nos tempos
que correm, são já muito poucas as crianças que
têm a oportunidade de estabelecer este tipo de
ligação à natureza e aos seus animais. Lembrome,
como se fosse hoje, das sábias palavras
do meu avô: “Há-de chegar o dia em que o
Homem terá de regressar à terra, e plantar
para comer”. Compreendo tão bem o legado
que ele me quis deixar, o da ligação integral e
incondicional à Terra. Nestas últimas décadas,
houve um crescente abandono de terras de
cultivo e da criação de animais. Abandonou-se
os terrenos. Deixou de se criar saudavelmente
os animais. Os homens queriam viver na
cidade, ambicionavam uma vida melhor. Alguns
ficaram “na terra” e continuaram a cultivá-la e a
plantá-la, violando, contudo, todas as regras de
boas práticas agrícolas. Herbicidas, fertilizantes
químicos, inseticidas, fungicidas era tudo
depositado na terra. Começou a “matança”
do solo. Iniciou-se a nossa “matança”! Somos,
indubitavelmente, o que comemos. Teve,
assim, início aquilo que eu designo de completa
desconexão do Homem com a terra e todos
os seus animais, criados, a partir de então,
em “fábricas” hediondas de produção, o que
acarreta um enorme desequilíbrio na Terra. A
Vanessa
Martins Pinto
Advogada
Tempos
de Covid 19,
dias de fel
Lembro-me, como se fosse hoje,
das sábias palavras do meu avô:
“Há-de chegar o dia em que o
Homem terá de regressar à terra,
e plantar para comer”.
nossa saúde, a nossa mente, os nossos corpos
foram ficando fragilizados, os nossos sistemas
imunitários debilitados. A nossa alimentação
tornou-se desregrada, carregada de químicos
provocando o aparecimento desmesurado de
doenças do foro oncológico. Assim, todos os
ecossistemas foram contaminados gerandose
um enorme desequilíbrio natural. No
final da última década, ficámos a saber que
éramos os responsáveis pela “sexta extinção
em massa da Terra” segundo o National
Geographic. Exterminámos várias espécies
e colocámos em risco de extinção muitas
outras. Mesmo reconhecendo os meus parcos
conhecimentos científicos, creio que a nossa
conduta facilitou o aparecimento de vírus, não
descartando, todavia, a hipótese de o Covid
19 ter “nascido” em laboratório. Chegámos,
então, àquele momento em que temos de
questionar: Podemos continuar a viver desta
forma? Temos, ou não, agora, de abraçar já
uma profunda mudança na nossa conduta?
A resposta é, inequivocamente, apenas uma.
SIM. Já está ficando um pouco tarde, mas
“mais vale tarde, que nunca”. Cada um de nós
tem de abraçar uma missão: a de transformar
integralmente os nossos hábitos de vida, e
deveremos refletir e ponderar sobre o tamanho
da sua pegada ecológica no Planeta Terra. Com
efeito, chegámos àquele tempo em que todos
os Seres Humanos têm de compreender que
terão de se voltar a conectar à Mãe Natureza,
à Pachamama. A delapidação dos recursos
naturais, do mundo animal, das florestas, a
destruição dos nossos solos, a contaminação
dos nossos cursos de água, dos nossos mares e
oceanos, configuram a nossa própria extinção
a curto prazo. O Ser Humano aniquilar-se-á a
não haver uma total inversão da conduta. É
tempo de união, de agirmos todos, sob pena
de, cada vez mais, se assistir, na história da
Humanidade, a este tipo de pandemia com
todas as restrições e privações que acarreta.
O Estado de Emergência, declarado pelo
nosso Presidente da República, veio limitar
algo que nós tanto prezamos, uma liberdade
fundamental, a nossa liberdade de circulação.
A imposição de confinamento domiciliário,
de quarentena obrigatória é dolorosa. Nós
todos, individual ou coletivamente, fomos
forçados a cessar toda a nossa movimentação.
Esta medida implicou danos e consequências
irreversíveis nas nossas vidas. Muitos
trabalhadores estão a ser confrontados
com a extinção dos seus postos de trabalho.
As empresas estão a enfrentar perdas
incalculáveis de capital e lucro. Esta paragem,
importantíssima e indispensável para o
impedimento da proliferação do Covid 19, terá
consequências bastante nefastas em todas as
nações do planeta Terra e nós não quereremos
que a história se repita e que tenhamos de
sofrer as limitações decorrentes da aplicação
de um estado de emergência. Considero que
o barómetro do equilíbrio de uma sociedade
assenta em dois vetores essenciais: a forma
como tratamos o próximo, e o modo como se
tratam os animais e a natureza. No entanto,
julgo que as sociedades atuais não se têm
“comportado” bem e a consequência não é
nada “doce”. Aliás, tem um sabor amargo, à
semelhança do fel derramado das entranhas
de um peixe. Se não mudarmos já, esse fel
deixará sequelas demasiado dolorosas para
todos nós e para a nossa Terra. Estes são
tempos de desafio e de consciencialização para
toda a Humanidade pois, tal como preconizou
Martin Luther King quando afirmou “Temos
de aprender a viver todos como irmãos ou
morreremos todos como loucos”. s
28 saber março 2020
desporto
Desporto em casa
Como sabemos a prática
de atividade física é
fundamental para melhoria
da qualidade de
vida. A combinação entre uma
dieta equilibrada e uma rotina
de exercícios físicos, resultam
num organismo saudável e são
pilares fundamentais na prevenção
de doenças. Com a entrada
desta pandemia do novo coronavírus,
Covid-19, o nosso dia a
dia sofreu uma drástica mudança.
Reduzir substancialmente a
atividade física e/ou aumentar
o comportamento sedentário
pode ser prejudicial para a
saúde, bem-estar e qualidade
de vida. A própria Organização
Mundial da Saúde recomenda
que todos os adultos saudáveis
realizem 30 minutos diários de
atividade física, de intensidade
moderada, actividades essas
que promovam a melhoria da
aptidão cardiovascular e do reforço
muscular. As atividades
físicas em casa podem ser uma
forma de cuidar da saúde e ocupar
a mente, durante o período
de isolamento social. Existem
algumas atividades que podem
ser feitas em família, permitindo
o desenvolvimento das capacidades
físico-motoras, em especial
das crianças, nomeadamente
através de jogos tradicionais,
dança, vídeojogos ativos ou outras
formas lúdicas.
No caso da natação,
o desafio é ainda
maior, porque temos
a falta do nosso meio
físico: a água
Mesmo assim, temos de manter
os nossos atletas em boa forma
para quando reabrirem as
piscinas e voltarmos às competições,
a sua forma física seja a
melhor possível. Trabalhamos
diariamente sob o lema de que
estar em quarentena não é estar
de férias. Posto isto, a equipa
técnica do Clube Naval do Funchal,
decidiu criar um grupo de
WhatsApp com todos os atletas,
desde os escalões de infantis
aos seniores. Todos estes atletas
com competições regionais,
nacionais e internacionais necessitam
manter exercício físico
regular, de forma estruturada,
para que as perdas com esta
paragem sejam as menores
possíveis. Estas tarefas, sempre
realizadas em casa, privilegiam
exercícios de mobilidade,
flexibilidade, reforço muscular
e trabalho cardiorrespiratório.
Neste grupo são colocados os
treinos, de segunda a sexta,
com vídeos demonstrativos dos
exercícios que os atletas têm de
realizar. Para todos nós, treinadores
e atletas, tem sido uma
nova experiência muito positiva,
com feedbacks muito bons
dos atletas, demonstrando que
estão motivados e que pretendem
manter a sua forma física
nos melhores níveis possíveis,
cumprindo à risca as tarefas
apresentadas. Diariamente são
colocados desafios, sendo que
todos se empenham por atingir
um bom resultado, o que estimula
o espírito competitivo dentro
do grupo, sempre de forma
saudável. Aos sábados promovemos
um treino em conjunto,
com objectivo de criar o convívio
entre eles, através de uma
vídeo chamada. Agarrando no
nosso lema, juntos somos mais
fortes, queremos acreditar que
em conjunto venceremos o Covid-19.
Fiquem em casa.
NADAR NO NAVAL,
A MELHOR OPÇÃO! s
Filipe fraga
[treinador natação]
saber março 2020
29
FLORES DA MADEIRA
Francisco de Gouveia Gomes
Fotógrafo autoditata
Douradinha
Francisco de Gouveia Gomes é
natural da freguesia de Santa
Maria Maior, concelho do
Funchal, onde nasceu a 21 de
Maio de 1952. Fez o curso de
Mestrança de Construção Civil e
o curso de Design (inconclusivo)
da Universidade da Madeira. A
fotografia é um passatempo que,
desde muito novo, complementa
este fotógrafo autodidata que
tem na Natureza, “pela sua
exuberância e deslumbramento,
sempre diferente e inconstante
e que vai ao encontro da minha
maneira de ser e estar na vida”, a
sua grande fonte de inspiração.
R
anunculus cortusifolius Wild é uma
espécie de plantas com flor pertencente
ao género Ranunculus da
família Ranunculaceae. A espécie
é um endemismo da Macaronésia, onde
ocorre na Madeira, Canárias e Açores, sendo
conhecida pelos nomes comuns de bafo
de boi e douradinha. A espécie é comercializada
no mercado internacional de plantas
ornamentais sob os nomes de Azores Buttercup
ou Canary Buttercup, estando naturalizada
em algumas regiões mais húmidas
da Califórnia. s
Wikipédia (enciclopédia livre)
Francisco Gomes
30 saber março 2020
saber março 2020
31
CAPRICHOS DE GOES
Diogo goes
Professor do Ensino Superior e Curador
Nós somos
os outros
“Promover mais Educação, mais
Cultura e mais Arte, realizando
uma verdadeira democratização
cultural, poderá ser o melhor
instrumento de combate
ao racismo e xenofobia que
tem vindo a se disseminar na
sociedade ou que talvez nunca
tenha deixado de existir.”
Nós não somos apenas o olhar
que olha o outro. Não descobrimos
ainda, a profundidade do
olhar, de quem também nos olha
e nos quer conhecer, tal como somos,
como eles, revestidos de uma pele que envolve
todos os corações humanos, que
querem conhecer o Amor. O escritor Valter
Hugo Mãe, denunciava numa recente
crónica no Jornal de Notícias, a propósito
da defesa dos princípios constitucionais,
que "todas as ditaduras começam na paulatina
agressão aos valores constitucionais."
Sobre este aspeto diria que, perigosamente
não nos damos de conta nem
nos apercebemos, que ao questionarmos
a inviolabilidade da vida humana, a par de
permitirmos o desenvolvimento de fenómenos
de violência, de racismo e xenofobia,
provavelmente aproximamo-nos de
uma forma de ditadura, a mediática, aquela
que não se rege pelos princípios de um
estado de direito democrático, mas que se
mascara nos populismos mediáticos, daqueles
que melhor conseguem argumentar
e veicular a sua mensagem, tantas vezes
entronizada em púlpitos do comentário
futebolístico. Ora, o Constitucionalismo,
como também a afirmação de estados-
-nação soberanos, cuja soberania é exercida
por poderes democraticamente eleitos,
é uma construção cultural da Modernidade
e sendo um processo contínuo, não
acabado, terá de ser necessariamente
continuado. O mesmo autor destaca que,
"a criação de uma progressiva permissividade
em que o império da lei superior é
menorizado por pulsões preconceituosas
é método para diminuir a esplendorosa
conquista de direitos fundamentais que
séculos de História nos garantiram depois
de muito sangue e muita morte.". Por isso
mesmo, o exercício da consciência política
- no sentido comum da polis ou da res pública,
estará intimamente relacionado com
o nosso desenvolvimento cultural, de todos,
juntos enquanto sociedade. É essencial
por isso, defender um livre acesso à
Cultura, defendendo o princípio da gratuitidade
dos bens culturais, para que, nunca
nos esqueçamos da História e para que
através da partilha de Arte, sejamos mais
tolerantes, inclusivos e solidários. Parafraseando
Valter Hugo Mãe, "A democracia
serve como imposição de um trato de dignidade
onde os propósitos de ódio não
podem ter lugar." Por isso, urge continuarmos
a defender o livre acesso à Cultura,
princípio este, consagrado constitucionalmente.
A investigadora Tatiana Bina, num
recente artigo de opinião publicado na revista
Património, destacava que "os estudos
têm mostrado que a gratuitidade efetivamente
funciona para atrair mais
32 saber MARÇO 2020
visitantes - aos museus - mas não para
democratizar a cultura, já que os frequentadores,
nessas oportunidades, costumam
ser aqueles que já têm essas práticas culturais
como hábito.". A mesma autora destaca
ainda que, "considerando que a gratuitidade
é um fator de atratividade,
parece importante associá-la a outras propostas
para ser uma efetiva ferramenta de
"democratização cultural". Deste modo a
"interpretação patrimonial", com recurso
a meios digitais e interativos, articulando-
-os com visitas presenciais, poderá ser
uma das soluções apontadas, possibilitando
que os "novos" espectadores possam
fruir de uma experiência única e personalizada,
adequada à sua faixa etária. A este
propósito, um dos exemplos, que pode
ser tido em consideração é o sucesso da
iniciativa "Cultura para todos!" iniciada em
2017, decorrente do Orçamento Participativo
desse ano, que será continuada a partir
de Abril deste ano, conforme o despacho
n.º 2880/2020 (publicado no Diário da
República n.º 45/2020, Série II de 2020-03-
04). Este despacho vêm possibilitar que
"doravante, todos os cidadãos residentes
em território nacional, no ano civil em que
perfazem 18 anos, podem visitar gratuitamente
museus, palácios e teatros nacionais,
bem como os demais equipamentos
ou atividades asseguradas pelos serviços
e organismos sob direção, superintendência
e tutela da Ministra da Cultura". Se a
Constituição da República Portuguesa
consagra no seu artigo 9º alíneas d) e e),
como tarefa fundamental do Estado: promover
a efetivação "dos direitos culturais"
e "proteger e valorizar o património cultural",
respetivamente, também consagra
nos artigos 42º e 43º, o princípio da liberdade
de criação cultural e de ensinar e
aprender. A nossa Constituição também
defende no seu artigo 13º, o Princípio da
Igualdade, condenando deste modo, o racismo
e a xenofobia na seio da nossa sociedade.
Quero notar, sobre o quão relacionados
estão estes artigos, uma vez que,
promover mais Educação, mais Cultura e
mais Arte, realizando uma verdadeira democratização
cultural, poderá ser o melhor
instrumento de combate ao racismo e
xenofobia que tem vindo a se disseminar
na sociedade ou que talvez nunca tenha
deixado de existir. Três exposições atualmente
patentes, em tempos de "fogueiras
em São Domingos", merecem para mim,
um especial relevo, porque vêm atualizar
o discurso estético contemporâneo, conferindo-lhe
propostas de alteridade: "Arthur
Jafa", com curadoria de Amira Gad e
Hans Ulrich Obrist, apresentada na Fundação
Serralves, Museu de Arte Contemporânea,
na cidade do Porto; o ciclo de exposições
"Caos e Ritmo", com a exposição do
"Homem Bicho" de Agostinho Santos, no
CIAJG - Centro Internacional das Artes José
de Guimarães, com curadoria do grande
Nuno Faria e a exposição "Momentos" do
fotojornalista português de Fernando Ricardo,
com texto de António Sánchez-Barriga,
apresentada na Galeria Marca de
Água, no Funchal e que teve estreia em
2016, no Museu Municipal de Tavira. Arthur
Jafa, referiu em entrevista para a revista
Ípsilon, do Público (28-02-2020), que
"(a negritude, o ser negro) não é uma condição
biológica, mas cultural. As pessoas
negras têm uma relação privilegiada com
essa condição, mas não são donos dela". E
ao dizê-lo denuncia a persistência de uma
narrativa historiográfica que perpetua a
hegemonia da superioridade branca, enquanto
condição cultural. Esta excelente
exposição vem demonstrar a necessidade
da arte contemporânea cumprir o papel
de denúncia e de autoquestionamento do
sistema da arte e alertar para partirmos
ao encontro do outro, reconhecendo nele
a diversidade cultural, que não se materializa
num bloco homogéneo. O artista alerta
para "uma tendência de "interditar certas
representações do que é ser negro"
fazendo com que as (outras) pessoas
"acreditem que a arte negra é primária".
Não é. Em "Momentos", o registo fotográfico
da objetiva sobrepõe ao registo fotodocumental
histórico, permitindo resplandecer
sentimentos e emoções dos
fotografados – como também talvez do
fotógrafo – demonstrando um forte compromisso
social e político de vontade de
transformação das sociedades de outros
como nós, (re) questionando também a
educação do nosso olhar e modo como vemos
o outro. A investigadora Marta Araújo,
do Centro de Estudos Sociais (CES) da
Universidade de Coimbra, numa recente
entrevista para BBC News, revelava que o
ensino de História em Portugal "perpetua
o mito do bom colonizador e banaliza escravidão"
declarando que "Persiste até
hoje a visão romântica de que cumprimos
uma missão civilizadora, ou seja, de que
fomos bons colonizadores, mais benevolentes
do que outros povos europeus". Importa
por isso, tomarmos consciência que
esta narrativa não se trata apenas de um
"equívoco historiográfico", mas um mecanismo
de legitimação discursiva, da proliferação
da discriminação na sociedade em
que vivemos, mascarando o real problema
da fenomenologia do racismo, levando a
que, não queiramos admitir sequer a existência
de desse problema. É nossa responsabilidade,
querermos culturabilizarmo-
-nos e com isso, melhor conseguirmos
realizar um discurso crítico sobre a qualidade
das narrativas históricas, tidas por
adquiridas. Perigosamente hoje, ainda
persistimos em procurar a diferença em
vez da igualdade e talvez por essa razão,
perigosamente procuramos validar os
nossos preconceitos, fundamentando-os
com uma condição moral superior e vontade
civilizadora, que mais não fez do que,
globalizar culturalmente o orbe, à "maneira"
e estilo de vida ocidental. A globalização
cultural, é aquela que mais contribui
para o "Choque de Civilizações" de que
fala Samuel P. Huntington (2007) e para o
desenvolvimento de um neocolonialismo,
que desta vez, não é político, mas cultural.
Quando aqueles que historicamente sempre
foram vistos como "os outros" deixam
de se identificar do ponto vista cultural
com o território que habitam, por razão
distópica, de receber a vociferante cultura
euro-americana e dela não beneficiarem,
no seu modo de vida. Provavelmente, deveremos
refletir se interessa ou não ao
Ocidente – digo à manutenção da atual hegemonia
económica - manter essa ilusão,
de fazer dos "outros" como nós, sem na
realidade pretender fazê-lo e permitir o
desenvolvimento dos povos e comunidades
que habitam em "territórios das periferias
da existência", parafraseando o
Papa Francisco. Persiste a esperança de
mudarmos as mentalidades, mudarmos o
nosso coração e com isso construirmos
juntos um mundo melhor. Para que,
quando novamente olharmos a face do
outro – aparentemente diferente de "nós"
– estejamos de facto a olhar para o nosso
próprio reflexo, sem espelho, igual a nós
mesmos e por isso partilhemos juntos:
nós somos o outro. s
saber MARÇO 2020
33
DICAS DE MODA
Lúcia Sousa
Fashion Designer Estilista › 914110291
www.luciasousa.com
Facebook › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista
Bridal Fashion Show
Aconvite do evento Funchal Noivos,
apresentei uma das minhas criacões
no desfile coletivo dos Criadores.
O vestido de noiva que apresento
destina-se à noiva contemporânea e
atualizada, aquela noiva que pretende fugir
ao tradicional volumoso vestido de noiva.
Este vestido foi desenhado com o intuito de
transparecer uma imagem elegante e leve;
no design, um equilibrio entre discreto e
sensual onde sobressai a beleza da noiva. A
parte superior é em renda e todo ele é mate
sem brilhos. O tecido da saia é fluido – o corte
requer uma grande perícia de execução
por ser em viés com franzido e ter mais de
8 metros de tecido. Para quem aprecia originalidade
e a arte do feito à medida, comtemple
este vestido apresentado no evento Funchal
Noivos pela lindíssima manequim Ana
Gurgel num belo registo de Igor Gurgel. s
Igor Gurgel
Manequim › Ana Gurgel
Agradecimento › Evento FUNCHAL NOIVOS
34 saber MARÇO 2020
saber MARÇO 2020
35
MAKEOVER
Mary Correia de Carfora
Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup
Aconvite da Noir Noivas, participei
no evento Funchal Noivos 2020
como modelo e como maquilhadora.
Foram dois dias de pura
emoção e magia abrilhantados pela diversidade
nos vestidos, penteados e maquilhagens.
Desde os tules aos cetins, passando
pelos brilhos e sem esquecer as rendas, cada
vestido revelou uma história, um momento.
Cada uma de nós foi escolhida pelo facto de
sermos mulheres reais com corpos normais,
e para mostrar também a realidade do dia
do casamento pela nossa naturalidade, e até
nervosismo!. O trabalho de maquilhagem foi
partilhado com a excelente maquihadora,
Nádia Ferreira. Apesar de sermos profissionais
da mesma área, somos distintas no nosso
trabalho, cada uma tem a sua característica
profissional mas é nesta diversidade que
aprendemos e crescemos uns com os outros.
As maquilhagens foram feitas em tons suaves
e com peles iluminadas, isto porque as
noivas não devem, no seu dia de casamento,
perder a sua essência. A maquilhagem deve
ser feita a cada noiva com o cuidado de apenas
realçar a beleza natural da mulher e nunca
descaracterizando-a, principalmente no
seu grande dia. Para nós, foi uma experiência
maravilhosa e que nos permitiu realçar a
beleza da mulher num dia tão especial!. Corpos,
rostos e estilos diferentes misturaram-
-se num evento cheio de glamour e bom gosto!
Deixo-vos com um registo de alguns desses
momentos, em que eu e modelos desfilamos
para as nossas maravilhosas futuras
noivas e, desta forma, poderem idealizar o
seu dia de sonho. Obrigada a todos!. s
Texto/Produção: Mary de Carfora
Filipe frango
36 saber MARÇO 2020
Um dia com...
Noivas 2020
Patrocinado por: Vestuário Loja Noir Noivas - Maquillagem Mary Carfora e Nadia Ferreira - Cabelos Hair and Beauty Funchal
FOTOGRAFIA Filipe Frango - EVENTO Funchal Noivos (ACIF) - Publicação Revista Saber Madeira
saber MARÇO 2020
37
FASHION ADVISOR
JORGE LUZ
www.facebook.com/jorgeluz83/
Super Boho Chic
Oboho chic veio para ficar. Disto não
tenham dúvidas, minhas queridas
leitoras. Muitas de vós perguntam:
o que é o Boho Chic? Passo
então a explicar. O boho chic é um estilo
relativamente recente e com o qual muitas
senhoras se identificam. Como tal, é tão visto
nas ruas. É um estilo muito próprio, inspirado
nos anos 60 que surge na atualidade
de uma forma naturalmente moderna e que
mistura vários estilos. Apresenta-se numa
mistura do estilo da comunidade cigana
com o estilo roqueiro, em que no mesmo
coordenado se usa, por exemplo, um maxi
dress bem largo com muito tecido e rodado,
embelezado com estampados florais grandes
e pequenos e que pode conjugar com
casaco de pele de pêssego camel e franjas
e botins de camurça. Conjugue com acessórios
muito expressivos, por exemplo: colares
com missangas ou penas ou brincos muito
compridos com muitas aplicações. No registo
fotográfico, a Alzira Ribeiro exibe vestidos
maxi dress mesmo! - Super Boho Chic. Se
gosta desta tendência, há muito por onde
escolher, como uns jeans estilo “boy friend”
acompanhado de uma blusa estampada de
flores pequeninas, nos pés as botas tipo
militar e casaco de camurça, por exemplo.
Em suma, minhas amigas: dêem uso à vossa
imaginação e criem o vosso look personalizado
estando na tendência que enche as
nossas ruas nesta estação s
Jorge Luz d.r.
modelos › Alzira Ribeiro
38 saber MARÇO 2020
saber MARÇO 2020
39
EDUCAÇÃO
Raquel Lombardi
Coordenadora Erasmus+
ANDO Madeira
A raridade das doenças
e o desconhecimento da
sociedade e dos profissionais
de saúde relativamente às
displasias ósseas, bem como,
a inexistência de um registo
nacional unificador, dedicado às
doenças raras e displasias ósseas,
continuam a contribuir para a
incompreensão e exclusão social
das pessoas que apresentam
estas condições genéticas.
AANDO Portugal – Associação Nacional
de Displasias Ósseas, é uma organização
não-governamental de
pessoas com Deficiência (ONGPG)
sem fins lucrativos, criada em 2015. Com
sede em Évora, aprovou em Assembleia Geral
no último trimestre de 2019, a criação de
uma extensão à Região Autónoma da Madeira.
As Displasias ósseas são condições
raras de origem genética e englobam um
grupo heterogéneo de condições ou doenças
nas quais existe alteração da forma, tamanho
e constituição dos ossos, cartilagens
ou dentina. Existem mais de 461 displasias
ósseas, reconhecidas pela baixa estatura a
que dão origem, podendo ser proporcional
ou desproporcional. Todas as displasias ósseas
são condições crónicas, irreversíveis
e produzem variáveis níveis de alteração
motora, reconhecida como incapacidade
motora. A ANDO dá apoio às pessoas com
displasias ósseas e às suas famílias num
ambiente de amizade e partilha. Tem como
base de ação divulgar informação, auxiliar
pessoas com displasias ósseas e famílias ao
nível socioeconómico, educativo, jurídico e
das dinâmicas do seguimento clínico e terapêutico
como da saúde pública e colaborar
com investigação médica, social e científica.
A nível Regional, a ANDO está a tentar dar
os primeiros passos. No ano transato participou
no VIII Colóquio “Olhares sobre o Envelhecimento”,
organizado pela UMA, onde
se debruçou sobre a temática do Envelhecer
com uma Displasia Óssea - a Acondroplasia;
e no II Encontro dos TSDT-RAM com um poster
sobre o Papel da Fisioterapia nas Displasias
Ósseas, naquelas que foram as atividades
que marcaram o inicio da sensibilização
de profissionais de saúde e educação sobre
esta temática, por vezes, ainda mantida no
anonimato do quotidiano da sua raridade.
Para o ano de 2020, pretende-se intensificar
o contacto e sensibilização para unir
esforços com unidades de saúde, sociais,
educacionais, associativas e outras. Com
este trabalho, a ANDO quer progressivamente
travar a invisibilidade das pessoas
com displasias ósseas na ilha, e aumentar
a capacitação e literacia para a saúde dos
indivíduos perante as potencialidades em
aumentar a sua qualidade de vida. A raridade
das doenças e o desconhecimento
da sociedade e dos profissionais de saúde
relativamente às displasias ósseas, bem
como, a inexistência de um registo nacional
unificador, dedicado às doenças raras e displasias
ósseas, continuam a contribuir para
a incompreensão e exclusão social das pessoas
que apresentam estas condições genéticas.
Esse é um dos pilares que a ANDO
pretende combater quer a nível nacional, assim
como a nível regional devido às nossas
próprias condicionantes geográficas promoverem
ainda mais o isolamento. Outro
aspeto a considerar é o empenho da ANDO
neste aumento do debate e visibilidade para
as pessoas com displasia óssea. Subsequentemente,
atualizou-se os compromissos assumidos
e realizou-se parcerias com outras
Associações/agentes na área da saúde e
inclusão, para que a partir de dinâmicas de
natureza interdisciplinar, e de um exercício
participativo se possa englobar e chegar ao
maior número de pessoas. s
ANDO Portugal
40 saber março 2020
LUGARES DE CÁ
SOCIAL
›
›
“Think Marketing” ISAL
› Sandra&Ricardo assinalaram 25 anos da carreira musical da dupla
› Governo Regional e MDS estabeleceram parceria na área dos seguros
› Grupo Savoy Signature apresentou nova direção do hotel Saccharum
› Conferência ‘Os riscos, oportunidades e desafios na vida de um criador de conteúdos digitais’
› Exposição “Momentos” na Galeria Marca de Água
› Docentes da EB1/PE do Covão e Vargem no Reino Unido no âmbito do projeto Erasmus+
saber MARÇO 2020
41
social
Sandra&Ricardo 25 anos
A dupla de irmãos Sandra&Ricardo assinalou os 25 anos da parceria
musical no último mês de dezembro com um espetáculo
para o público em geral na vila de Ribeira Brava e que contou
com a colaboração de artistas e grupos como a Banda Municipal
de Ribeira Brava, o Coro Infantojuvenil, o Coro da Universidade
Sénior, o Grupo Alegria de Viver, o Grupo Bons Amigos, o Grupo
de Folclore, Cultural e Recreativo da Casa do Povo de São Martinho,
entre outros. A dupla esteve antes em turné no norte de
Portugal onde se apresentaram em diversos eventos e locais. s
DB
Aly Freitas
42 saber MARÇO 2020
Parceria Governo Regional e MDS
Com o objetivo de proporcionar aos seus colaboradores o acesso
a seguros em condições vantajosas, a Região Autónoma da Madeira
e a MDS, multinacional portuguesa líder na consultoria de
riscos e seguros, estabeleceram no final do mês de janeiro uma
parceria na área dos seguros. Com esta iniciativa, são beneficiados
os 20 mil colaboradores da Administração Pública Regional
da Madeira e suas famílias. A oferta de seguros disponibilizada
pela MDS no âmbito do protocolo inclui Automóvel, Saúde, Vida,
Crédito ou Multirriscos Habitação, entre outras soluções. O protocolo
foi formalizado em sessão solene no salão nobre do Governo
Regional da Madeira com a presença do vice-presidente
do Governo Regional, Pedro Calado, do diretor regional adjunto
das Finanças, Rogério Gouveia e do diretor regional da Administração
Pública, Marcos Teixeira. A MDS é um grupo multinacional
que atua na área da corretagem de seguro e resseguro e consultoria
de riscos, presente em mais de 100 países. s
DB
Governo Regional da Madeira
Saccharum com nova liderança
A Direção do hotel Saccharum apresentou em fevereiro deste
ano de 2020 os rostos da nova direção. Bruno Teles é a aposta da
Savoy Signature para a Direção do resort de 5 estrelas localizado
na Calheta. Já o antigo diretor, Ricardo Nascimento, foi promovido
a assessor da administração do grupo. Bruno Teles deixou o
H10 Duque de Loulé, em Lisboa, para regressar à Madeira, onde
iniciou o seu percurso profissional. Bruno Teles conta com mais
de 10 anos de experiência na área da hotelaria e vem continuar
o trabalho desenvolvido por Ricardo Nascimento, nomeado assessor
da administração da Savoy Signature. O reforço dos altos
quadros da Savoy Signature passa ainda por Nuno Antunes, na
Assessoria da Administração do grupo. O departamento de Marketing
que, até novembro 2019 era também tutela de Nuno Antunes,
passa a ser liderado por Sílvia Dias, uma experiência consolidada
na área de Marketing e Desenvolvimento Estratégico. s
DB
Grupo Savoy Signature
saber MARÇO 2020
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social
“Think Marketing” ISAL
Decorreu no ISAL a primeira edição do evento “Think Marketing”.
Este evento de marketing empresarial foi organizado pelos alunos
da licenciatura de Gestão de Empresas, inserido na unidade
curricular lecionada por Luís Sardinha, e teve como júri Carlos
Soares Lopes (Startup Madeira), Eduardo Leite (UMa) e Diogo
Goes (ISAL). No Grand Café Penha d’Águia, sito à Avenida do Mar
e das Comunidades Madeirenses, decorreu o jantar de encerramento
desta iniciativa. s
DB
gentilmente enviadas por Diogo Goes
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‘Os riscos, oportunidades
e desafios na vida de um criador
de conteúdos digitais’
A equipa responsável pelo ‘Madeira 7 Talks’ organizou, em março
último, a conferência subordinada ao tema ‘Os riscos, oportunidades
e desafios na vida de um criador de conteúdos digitais’. O
evento teve lugar na escola da APEL e contou com a participação
de madeirenses de referência no mundo digital, como Cláudia
Moniz, Cláudia Tavares, Sofia Laura Castro, André Moniz Vieira e
Liam Campos. Com a mediação do jornalista Ricardo Oliveira, a
iniciativa reuniu a presença de mais de duas centenas de jovens
com idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos. s
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gentilmente enviadas por Francisco Gomes
saber MARÇO 2020
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social
Exposição “Momentos”
A Galeria Marca de Água inaugurou no início deste ano a exposição
“Momentos”, do artista e fotojornalista Fernando Ricardo, exposição
esta que se mantém no catálogo da galeria funchalense a
fim de poder ser visitada pelo público em geral quando terminar o
período de confinamento social devido à Covid-19. Esta exposição
fez a estreia nacional na Madeira e apresenta trabalhos realizados
pelo conceituado artista e fotógrafo português entre 1970 até à
atualidade. São imagens representativas dos mais de cinquenta
anos da carreira do fotojornalista e que o público pode visitar no
site da galeria Marca de Água. Esta exposição inaugurou também a
parceria estabelecida entre a galeria Marca de Água e o fotógrafo,
que passa a assumir a curadoria para a área da fotografia da galeria
no Funchal. Na abertura da exposição estiveram o Secretário
Regional do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, e o Presidente da
Câmara Municipal do Funchal, Miguel Silva Gouveia, que enalteceram
Fernando Ricardo e também o papel dinamizador da galeria
na vida cultural madeirense. s
DB
gentilmente cedidas por Galeria Marca de Água
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“Time To Make the Move”
Ao longo de uma semana, um grupo de quatro professoras da
EB1/PE do Covão e Vargem visitou uma escola situada em Worcester
– Dines Green Community Academy, uma iniciativa inserido
no projeto Erasmus+. Uma semana intensiva de atividades
foram preparadas de modo que os países parceiros deste projeto
conhecessem o sistema de educação inglês. As docentes
madeirenses tiveram a oportunidade de participar nas tarefas
organizadas no âmbito do tema do projeto de Erasmus+ - “Time
to Make the Move”. Promoveu-se hábitos saudáveis com base
na prática desportiva a fim de combater o sedentarismo. Fez-se,
de igual modo, uma abordagem sucinta à alimentação saudável,
de acordo com a cultura e os costumes ingleses. Houve troca de
experiências e conhecimentos entre os vários países parceiros
(Espanha, França, Hungria, Turquia, Portugal e Inglaterra). s
DB
gentilmente cedidas por Raquel Lombardi (docente coordenadora Erasmus+)
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saber MARÇO 2020
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À MESA COM...
As sugestões de
FERNANDO OLIM
Alavagem das mãos, as medidas de etiqueta respiratória e de distanciamento
social serão sempre as medidas mais importantes para prevenir a propagação
da doença por novo coronavírus. Contudo, um estado nutricional e de hidratação
adequados contribuem, de um modo geral, para um sistema imunitário
otimizado e para uma melhor recuperação dos indivíduos em situação de doença. Por
isso, alimente-se bem, optando pelas refeições à base de vegetais, carne e peixe, rematas
pela fruta ou sumos naturais. Fonte: Serviço Nacional de saúde. s
Fernando Olim
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entrada
Bouquet exótico de frios
Composto por queijos diversos enrolados, presunto,
tomate cherry. Decore com alho francês laminado.
prato
principal
Confit de pato
Ao pato assado no forno, adicione molho de frutos
vermelhos e vegetais grelhados. Sobreponha numa
base de batata branca. Remate com azeite de oliva.
sobremesa
Doce de Maracujá
Prepare o doce de maracujá ao qual cobre com polpa de
maracujá, natas, açúcar em pó e gelatina incolor.
saber MARÇO 2020
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ESTATUTO EDITORIAL
A Revista Saber Madeira é uma revista mensal de
informação geral que dá, através do texto e da
imagem, uma ampla cobertura dos mais importantes
e significativos acontecimentos regionais,
em todos os domínios de interesse, não esquecendo
temáticas que, embora saindo do âmbito
regional, sejam de interesse geral, nomeadamente
para os conterrâneos espalhados pelo
mundo.
É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente
aos quadros médios e de topo, gestores,
empresários, professores, estudantes, técnicos
superiores, profissionais liberais, comerciantes,
industriais, recursos humanos e marketing.
Identifica-se com os valores da autonomia, da
democracia pluralista e solidária, defendendo
o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder
assumir as suas próprias posições.
Estatuto Editorial
Mais do que a mera descrição dos factos, tenta
descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,
antecipando tendências, oportunidades
informativas.
Pauta-se pelo princípio de que os factos e as opiniões
devem ser claramente separadas: os primeiros
são intocáveis e as segundas são livres.
Como iniciativa privada, tem como objetivo o
lucro, pois só assim assegura a sua independência
editorial e económico-financeira face aos grupos
de pressão.
Através dos seus acionistas, direção, jornalistas
e fotógrafos, rege-se, no exercício da sua atividade,
pelo cumprimento rigoroso das normas éticas
e deontológicas do jornalismo.
A Revista Saber Madeira respeita os princípios
deontológicos da imprensa e a ética profissional,
de modo a não poder prosseguir apenas
fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,
encobrindo ou deturpando a informação.
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Redação
Dulcina Branco Miguens
Secretária de Redação
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que seguramos
com as mãos”(Neil Gaiman)
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50 saber março 2020
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