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ATUAÇÃO 147

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Ano XVI | Edição 147 | Nova Friburgo, Mai/Jun de 2020 | Distribuição Dirigida

fortes

contra a

COVID-19


PALAVRA DO PRESIDENTE

A mão dos banqueiros

está na desigualdade

"Nos últimos anos, a gente vem

reduzindo num ritmo de mais ou

menos 400 agências por ano. E acho

que essa tendência pode até se

acelerar neste momento”, Roberto

Setúbal, Presidente do Conselho de

Administração do Itaú-Unibanco. [1]

"Muita bobagem é feita e dita,

inclusive por economistas, por

julgarem que a vida tem valor

infinito. O vírus tem que ser balanceado

com a atividade econômica",

Rubens Novaes, Presidente do

Banco do Brasil em 25.04.2020 [2]

"Vamos vender logo a porra do

Banco do Brasil.", Paulo Guedes,

Ministro da Economia e banqueiro

em 22.04.2020, divulgado em

15.05.2020 [3]

"O pico da doença já passou

quando a gente analisa a classe

m é d i a , c l a s s e m é d i a a l t a . ”

Guilherme Benchimol, presidente e

fundador da XP Investimentos em

05.05.2020 [4]

Mesmo com doações milionárias

ou bilionárias, no caso do Itaú [5],

para combater a COVID-19, essas

declarações reafirmam a verdadeira

face dos banqueiros, legítimos

representantes da elite em seu

estado puro. O dinheiro está acima

da vida.

Os bancos alardeiam suas

doações em propagandas. No

entanto, omitem o pacote do

(des)governo Bolsonaro de R$1,2

trilhão [6] liberado pelo Banco

Central para injetarem com juros na

economia neste momento de

pandemia.

Tudo que aconteceu recentemente

refere à perda de direitos e

do empobrecimento das pessoas,

têm a mão do sistema financeiro.

Desde o golpe político e avalizado

pelo judiciário e até as retiradas de

direitos aprovadas no Congresso.

Começou com a PEC do Teto dos

gastos que congelou investimentos na

saúde e educação por 20 anos e que em

nenhum momento parou de pagar

juros aos bancos.

Em seguida vieram a Terceirização

irrestrita e a Reforma Trabalhista que

acabou com a CLT para supostamente

gerar emprego, mas que na prática

livrou inúmeros patrões de pagarem as

devidas indenizações correspondentes

aos direitos dos trabalhadores e ainda

liberou a precarização das relações

trabalhistas e formalizou o emprego

como bico e o bico em escravidão.

Tudo legitimado, assim como a

Reforma da Previdência Social que

aumentou o tempo de contribuição e

idade para aposentadoria e que não

atrai as pessoas para contribuírem. Os

que estão no sistema quando podem

migram para a Previdência Privada,

porém os milhões de pessoas que estão

à margem do sistema e que diariamente

enfrentam a fome, a miséria, a

violência e a falta de perspectiva são os

mesmo que não cabem no orçamento

da União. E a opção não é se aposentar,

mas garantir o dia de hoje, porque o

amanhã nunca se sabe.

Essas pessoas são as mesmas sem

acesso a saúde e que mais sofrem e

sofrerão as consequências sociais e

econômicas da nova corona vírus. E o

combate à desigualdade se inicia com

quem tem mais, paga mais.

Lutamos continuamente por um

mundo menos desigual. Porque para

nós, a vida sempre valerá muito mais

que o lucro.

Max José Neves Bezerra

Presidente SEEB-Nova Friburgo e Região

Fontes

[1] NeoFeed | [2] Sindicato dos Bancários de São Paulo

[3] Metrópoles | [4] Folha | [5] Poder 360 | [6] Correio Braziliense

+5522992049017

de 2ª a 6ª, de 9h às 18h

@maxxbezerra

O capitalismo

é tão nocivo

e agressivo,

que faz a pessoa

ter mais medo

de perder

o emprego,

do que a

própria vida!

Autor desconhecido

EXPEDIENTE

Informativo Mensal do

Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo

CNPJ: 30.557.946/0001-14

Tel: (22) 2522-7264 | Fax: (22) 2522-5869

E-mail: seeb.nova.friburgo@gmail.com

http://seeb-nf.blogspot.com

Facebook: SEEB Nova Friburgo e Região

Presidente: Max Bezerra

Secretário Geral: Luiz Gabriel Velloso

Finanças: Dalberto Louback

Jurídico: Mariza Teixeira

Imprensa: Eduardo Marchetti

Fotos: SEEB-NF

Diagramação: Natasha Angelo

natashaartes@gmail.com

Em função da pandemia, essa edição

terá publicação apenas eletrônica.

2 ATUAÇÃO Nova Friburgo, Mai/Jun de 2020 - Ed. 147


Projeto de Lei propõe

suspensão das privatizações

Se aprovado, projeto pode evitar a dilapidação do patrimônio público e os ataques à soberania nacional

O Projeto de Lei (PL) 2715/2020,

apresentado sexta-feira (15/06) na

Câmara pelo deputado Enio Verri

(PT/PR) e pelas deputadas Fernanda

M e l c h i o n n a ( P s o l / R S ) , J o ê n i a

Wapichana (Rede/RR) e Perpétua

Almeida (PCdoB/AC), busca paralisar os

processos de desestatização e desinvestimentos

realizados pela administração

pública federal direta e indireta

durante a pandemia causada pelo novo

coronavírus.

“O projeto é muito bem vindo.

Apesar de o governo não querer

mostrar, vazaram declarações que

comprovam a intenção de venda do

Banco do Brasil”, afirmou a presidenta

da Confederação Nacional dos

Trabalhadores do Ramo Financeiro

(Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “E, ao

contrário do palavrão que o ministro

(Paulo Guedes) disse, o Banco do Brasil

é rentável, contribui com dividendos

para o Tesouro Nacional e pode

cumprir um papel fundamental para o

crescimento econômico do país,

principalmente para o fomento ao

setor agropecuário”, completou.

“Claro, que isso somente é possível com

um governo que tenha o interesse de

fazer o país crescer”, concluiu.

Segundo o PL, serão suspensos

todos os processos de desestatização e

desinvestimentos regulados pelas leis

9.491, de 1997, 13.334, de 2016, e pelos

decretos 9.188, de 2017, e 9.355, de

2018.

Caso seja aprovado, o PL também

atingirá as alienações de ações que

repercutem em perda do controle

acionário e estejam em curso, bem

como impede a administração pública

de realizar, por um período de até doze

meses após o fim do estado de calamidade

pública, os processos instituídos

pelo Decreto Legislativo Nº 6, de 2020.

Na justificativa do projeto, os

deputados lembram que “a história

nos ensina que períodos de crise

são um excelente momento para

quem compra e um péssimo para

quem vende! Não precisamos ir

muito longe para entender que,

após uma crise desta dimensão os

preços dos ativos caem, criando

assim, um ambiente de ofertas

hostis, ou melhor, uma grande

liquidação de empresas de qualidade.”

Os deputados apresentam,

ainda, exemplos de países, entre

eles a Alemanha, a Espanha e Itália,

que estão tomando medidas para

proteger investidas do capital

estrangeiro sobre empresas dos

países citados.

“A resposta dos governos

europeus foi rápida e contundente –

não se pode vender empresas

estratégicas, públicas ou mesmo

JUSTIFICATIVA

privadas, quando seu valor de face é

muito menor que seu valor real”, diz

o Projeto de Lei.

“Infelizmente, nosso governo

caminha na direção oposta e põe em

risco nossa soberania, ao querer

colocar à venda empresas estratégicas.

O patrimônio nacional corre o

risco de ser vendido ao preço de

bananas. Não podemos permitir

que isso aconteça e, por isso, vamos

lutar pela aprovação deste projeto”,

disse Juvandia, ao lembrar que o

governo está vendendo as subsidiárias

mais rentáveis do Banco do

Brasil e de Caixa Econômica Federal,

assim como da Petrobras, do

Correios, da Eletrobras e de uma

vasta lista de empresas públicas.

“Vamos nos organizar para que este

projeto seja aprovado e a gente não

veja nosso patrimônio sendo

dilapidado”, afirmou a presidenta

da Contraf-CUT.

Fonte:Contraf-CUT

Nova Friburgo, Mai/Jun de 2020 - Ed. 147 ATUAÇÃO 3


Mesmo com queda, lucro dos

três maiores bancos privados

chega a R$ 11,5 bi no trimestre

O Departamento Intersindical de

Estatística e Estudos Socioeconômicos

(Dieese) realizou levantamento que

aponta que os três maiores bancos

privados do país (Itaú, Bradesco e Santander)

lucraram R$ 11,5 bilhões no 1º

trimestre de 2020. Isso porque houve

queda do lucro de 30,6%, na comparação

com os três primeiros meses do

ano passado.

“A maior baixa no resultado foi

do banco Itaú (-43,3% em doze

meses). Mas, mesmo assim foi o que

mais lucrou (R$ 3,9 bilhões). No Bradesco,

a redução foi de 39,8% no

período, e o banco lucrou R$ 3,75

bilhões. Dos, três, o único que não

apresentou queda do lucro foi o Santander,

que teve crescimento do

lucro de 10,6%, ultrapassando o

Bradesco e encostando no Itaú, com

R$ 3,85 bilhões”, disse a economista

Vivian Machado, da subseção do

Dieese na Confederação Nacional

dos Trabalhadores do Ramo Financeiro

(Contraf-CUT).

A rentabilidade dos dois primeiros

ultrapassa os 10%. A do Bradesco foi

de 11,7% e a do Itaú de 12,8%. A do

Santander chegou aos 22,3%. O Banco

espanhol obtém no Brasil 29% de todo

seu lucro global.

Juntas estas três instituições possuem

ativos de R$ 4,4 trilhões, com alta

média de 17,2% em relação a março de

2019.

“Grande parte desse crescimento se

deve às carteiras de crédito, que somam

R$ 1,9 trilhão, com alta de 18,4% no

período”, aponta a economista.

Tarifas e serviços X emprego

Os bancos seguem ganhando com a prestação de

serviços e a cobrança de tarifas. Nestes três meses de

2020 estes bancos arrecadaram R$ 21,5 bilhões nesse

item. “Essa é receita secundária dos bancos. Representa

um valor muito pequeno frente ao que eles arrecadam

com outras transações. Mas, com essa receita

secundária, eles pagam com folga todas as

despesas que têm com seus funcionários,

incluindo nessa conta a PLR”, disse Vivian.

A cobertura das despesas de pessoal

por essa receita secundária dos bancos variou entre 133,4%, no Bradesco;

179%, no Itaú Unibanco e 190,5%, no Santander, ou seja, cobrindo quase

duas folhas de pagamento.

Com relação ao emprego, os três bancos juntos fecharam 7.059 postos

de trabalho, em doze meses. Foram 4.097 postos fechados no Itaú em

doze meses, parte disso em função do PDV implementado pelo banco no

segundo trimestre de 2019, que contou com 3,5 mil adesões. No

Santander, foram fechados 1.040 postos de trabalho no período,

enquanto no Bradesco, o saldo foi negativo, em 1.922 postos.

4 ATUAÇÃO Nova Friburgo, Mai/Jun de 2020 - Ed. 147


Fechamento de agências

Quanto à rede de atendimento, o

Santander fechou 27 agências em doze

meses. No Itaú, foram fechadas 371

agências físicas no mesmo período e

aberta apenas uma agência digital, as

quais já somam 196 unidades. O

Bradesco, por sua vez, fechou 194

unidades, em um ano.

“Os três juntos fecharam 592

agências no país e a perspectiva diante

da situação atual é que muitas não

reabram quando as atividades forem

restabelecidas após a pandemia”, disse

a economista.

Vivian avalia que as apostas e os

investimentos dos bancos seguem no

sentido da priorização pelo atendimento

digital, especialmente nesse

momento em que grande parte de seus

quadros estão trabalhando em regime

de home-office, devido à necessidade

de isolamento social no país.

No Bradesco, segundo o relatório,

90% do pessoal da matriz e dos

escritórios e 50% do pessoal das

agências estão trabalhando nesse

regime desde a metade de março e

96% das operações foram realizadas

por meio do autosserviço. No

Santander, estão em home-office 80%

de seu quadro e 82% das operações se

deram por canais digitais. No banco

Itaú, 95% do pessoal da administração

central, das centrais de atendimento e

das agências digitais estão trabalhando

de suas casas.

Créditos tributários

Cabe destacar que, nesse trimestre

o uso de créditos tributários pelos

bancos (aqueles relativos a impostos

pagos pelas instituições sobre operações

que posteriormente foram a

prejuízo), foi, significativamente,

responsável pelos resultados positivos

desses. Isto porque ambos tiveram

resultado negativo antes dos impostos,

por fatores distintos como, por exemplo,

o crescimento das despesas de

captação no mercado e com empréstimos

e repasses, esses últimos, fortemente

impactos pelo câmbio elevado

nos últimos meses.

Todavia, com a determinação de

isolamento social para combater a

disseminação da pandemia, as perspectivas

dos bancos para os próximos

meses mudou consideravelmente. E

isso se refletiu em especial nos provisionamentos

dos bancos. O crescimento

das carteiras de crédito já apontava

para um crescimento do provisionamento,

mas o cenário propiciou

elevações mais significativas. As

despesas com provisões para devedores

duvidosos (as chamadas PDD)

cresceram 17% no Bradesco, totalizando

R$ 7,3 bilhões; 19% no Santander,

que chegou a R$ 3,6 bilhões; e, expressivos,

161,5% no Banco Itaú, passando

de R$ 4,2 bilhões para R$ 10,9 bilhões.

Por sua vez, as taxas de inadimplência

atuais, para atrasos superiores a 90

dias, ainda estão relativamente baixas.

No 1º trimestre, ficaram em 3,0% no

Santander, 3,1% no Itaú Unibanco e

3,7% no Bradesco (todas em queda em

relação a março de 2019).

Fonte: Contraf-CUT

Banco do Brasil lucrou R$ 3,39 bi no primeiro trimestre

Em 12 meses, banco fechou 3.810 postos de trabalho, 348 agências e 27 postos de atendimento

O Banco do Brasil obteve lucro

líquido ajustado de R$ 3,39 bilhões

no primeiro trimestre de 2020,

queda de 20,1% em relação ao

primeiro trimestre de 2019. A

rentabilidade (retorno sobre o

patrimônio líquido – RPSL) do

banco em 12 meses ficou em 10,5%.

Segundo o banco, se destacam

no resultado o aumento de 32,9%

das provisões para devedores

duvidosos (PDD), especialmente no

setor de crédito para pessoa física, e

o crescimento da margem financeira

bruta (+9,90% nos últimos 12

meses).

As receitas com prestação de

serviços e tarifas bancárias cresceram

4% em um ano, alcançando R$

7,06 bilhões, enquanto, as despesas

com pessoal, incluindo o pagamento

da PLR, caíram 1,46% no mesmo

período, totalizando R$ 5,67

bilhões. Assim, a cobertura dessas

despesas pelas receitas secundárias do

banco foi de 124,48% nos três primeiros

meses de 2020, um crescimento de

5,55 pontos percentuais com relação

ao 1º trimestre de 2019.

Tarifas X qualidade de atendimento

Ao final de março, o BB contava com

92.757 funcionários, com fechamento

de 3.810 postos de trabalho em 12

meses. Desde o 1º trimestre de 2019

foram fechadas 348 agências e 27

postos de atendimento bancário.

“Ao aumentar suas arrecadações

com tarifas e prestação de serviços o

banco age como um banco privado e

prejudica seus clientes. Além disso, não

dá a devida contrapartida, pois reduz o

número de funcionários e de agências,

afetando a qualidade do atendimento”,

observou o coordenador da Comissão

de Empresa dos Funcionários do Banco

do Brasil (CEBB), João

Fukunaga. “Mais do que

arrecadar, um banco

público deveria estar

preocupado em atender bem o

público, aumentar a bancarização

da população e permitir que todos

tenham acesso aos serviços bancários”,

completou Fukunaga.

U m l e v a n t a m e n t o d o

Departamento Intersindical de

Estatística e Estudos Socioeconômicos

(Dieese), com base em

dados do Banco Central, aponta que

42% dos municípios do país não

p o s s u e m n e n h u m a a g ê n c i a

bancária. Em alguns estados a

situação é extremamente crítica,

como em Roraima, onde dos 15

municípios, apenas quatro conta

com agências bancárias, disse

indignado o coordenador da CEBB.

Fonte: Contraf-CUT

Até o fechamento desta edição, a Caixa não havia apresentado seu relatório de lucros do trimestre.

Nova Friburgo, Mai/Jun de 2020 - Ed. 147

ATUAÇÃO 5


Berzoini faz duras críticas a Paulo Guedes

O site Brasil247 publicou, nesta

segunda-feira (18), um artigo do exministro

Ricardo Berzoini sobre a

declaração do atual ministro da

Economia, Paulo Guedes, durante

reunião ministerial do governo

Bolsonaro, já repercutida aqui em

nosso site. Guedes teria dito que é

preciso “vender logo a porra do BB”.

Em seu artigo, Berzoini diz que “em

um governo de boquirrotos e falastrões,

o vazamento da bravata do

ministro Paulo Guedes não surpreende.

Em uma reunião de ministros milicianos

em estado de pânico e um presidente

da República sustado, com medo das

investigações que atingem a ele e seus

tresloucados filhos, o titular da economia

saiu com essa: “vamos vender logo a

“porra” do Banco do Brasil”.

As críticas feitas por Berzoini a Paulo

Guedes são bastante duras. Para ele,

“quem conhece Paulo Guedes sabe de

suas limitações e da incapacidade de

pensar qualquer estratégia para

enfrentar o porte da crise que vivemos.”

“vamos vender logo a

‘porra’ do Banco do Brasil”.

Leia abaixo a íntegra do artigo de Berzoini, publicado pelo Brasil247

Guedes: o BB é do Brasil e essa “porra” de milícia não vai

privatizar

Ex-ministro Ricardo Berzoini critica em artigo a intenção da

equipe econômica do governo, comandada por Paulo Guedes, em

privatizar o Banco do Brasil, “uma dessas empresas que tem

competência, capilaridade e potência para atuar na crise”. “Guedes

é um mau economista e não tem nenhum compromisso com o

Brasil”, diz ele

Em um governo de boquirrotos e falastrões, o vazamento da

bravata do ministro Paulo Guedes não surpreende. Em uma

reunião de ministros milicianos em estado de pânico e um

presidente da República sustado, com medo das investigações

que atingem a ele e seus tresloucados filhos, o titular da economia

saiu com essa: “vamos vender logo a “porra” do Banco do Brasil”.

Quem conhece Paulo Guedes sabe de suas limitações e da

incapacidade de pensar qualquer estratégia para enfrentar o porte

da crise que vivemos. E sabemos que, pela vontade dele, privatizaria

o BB e todas as empresas públicas, pois acredita que a

radicalização do liberalismo traz investimentos que premiam os

que fazem a “lição de casa”.

Em tempos normais, isso é falso. Em crises agudas, é desastroso.

O mundo e o Brasil nele terão que fazer um enorme esforço

para recuperar-se da depressão causada pela pandemia da

COVID-19. Vários países estão estimando desembolsos de 20 a

25% do PIB, o que representaria, no Brasil, cerca de 1,5 a 1,8

trilhões de reais, para os gastos com a pandemia, com o auxílio a

pessoas físicas e jurídicas, e com investimentos para reativar a

economia, de forma selecionar criteriosamente, para evitar

distorções e privilégios.

O governo do qual Guedes é ministro demonstra claramente

não ter capacidade para estruturar uma estratégia para liderar a

recuperação econômica. Além de ainda estar focado no equilíbrio

fiscal, tema fora da pauta nos países que levam a sério o papel do

Estado na economia, não aproveita as empresas públicas que aí

estão e que são formidáveis ferramentas, se usadas com responsabilidade

e critério.

O BB é uma dessas empresas que tem competência, capilaridade

e potência para atuar na crise. Mas precisa de comando político,

respeitando o fato de ser uma empresa que tem investidores

privados. Ou seja, boa parte do crédito necessário para as micro e

pequenas empresas passa pelo BB, CEF, BNB, Basa e BNDES. Esses

bancos têm capacidade de atender a demanda, desde que haja

uma mitigação de riscos, por garantias do Tesouro, lastreadas nas

reservas internacionais. Todos geram lucro para o Tesouro Nacional

e pagam muitos bilhões de impostos para a União, estados e

municípios.

Mas privatizar o BB e outros bancos públicos é um desejo

ancestral dos bancos privados, pois o banco é competitivo e

incomoda os que querem concentrar ainda mais o mercado

financeiro brasileiro. Sou funcionário do banco desde 1978 e já

enfrentamos diversos ministros e presidentes, mais qualificados

até, mas sem compromisso com o interesse nacional.

Guedes é um mau economista e não tem nenhum compromisso

com o Brasil. Por ele, é “o mercado acima de tudo e a especulação

financeira acima de todos”.

Fonte: Brasil 247

6 ATUAÇÃO Nova Friburgo, Mai/Jun de 2020 - Ed. 147

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