Pessoas Professores Pandemia
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PESSOAS PROFESSORES PANDEMIA
PESSOAS PROFESSORES PANDEMIA
Narrativas e sentimentos das crianças na pandemia
Valéria Gasparoto Tomé
“As crianças, todas as crianças, transportam o peso da sociedade
que os adultos lhes legam, mas fazem-no com a leveza da renovação
e o sentido de que tudo é de novo possível”
SARMENTO
O Isaac gravou um vídeo recontando a história: “Pedro
e o barquinho de papel”. Fiquei encantada! Ele fez os bonecos:
o Pedro e o Isaac, fez o barco, foi muito criativo
em sua contação (na sua história, o Isaac era o amigo do
Pedro, que foi passear com ele em seu barquinho).
Nesse momento de isolamento social, provocado pela
Pandemia, tivemos que buscar novas formas de nos
comunicarmos e isso em muitos momentos gerou ansiedade,
medo e insegurança, mas ao mesmo tempo,
descobertas e aprendizados. Essa instabilidade acabou
repercutindo na saúde física e emocional de todos,
crianças e adultos, seja pelo momento presente por
meio do medo da doença, pelo falecimento de familiares
e amigos, pelo desemprego ou pela incerteza em
relação ao futuro, seja qual for o motivo, a criança está
vivenciando dentro dos seus lares, pela convivência.
Por meio da mídia essas informações de certa forma
causam impactos em sua vida.
A escola, espaço de múltiplas aprendizagens, tornou-
-se um espaço vazio e sem vida. E as crianças pensando
nos momentos vividos no ambiente escolar,
sentem-se ansiosas pelo retorno à rotina, à alegria, às
descobertas, às brincadeiras e à convivência social.
Sabemos que esse cenário está sendo vivido por todas
as pessoas, e pensamos em nossas crianças e suas famílias,
como será que estão? Como estão enfrentando
esses momentos? Quais as dificuldades pelas quais
estão passando? Oportunizar as atividades por meio
da plataforma Classroom e do Facebook da escola, de
certa forma é uma maneira de mantermos o vínculo
com as famílias.
As atividades planejadas e publicadas levaram em
consideração o resgate da nossa cultura, garantindo
as famílias sentimento de pertencimento, guardado o
devido respeito à todas elas, a diversidade e a ludicidade.
No entanto, o grande problema foi e continua
sendo a dificuldade para acessar a plataforma, seja por
dificuldades financeiras para ter acesso à internet, falta
de sinal ou mesmo por terem mais do que um familiar,
necessitando usar a internet, ou outros motivos.
A pandemia por outro lado, revelou as dificuldades
que já enfrentávamos na educação, e a utilização da
internet acabou se mostrando a forma mais eficaz
para a comunicação, porém com poucos resultados.
Durante muito tempo acreditamos numa educação
formal, viemos dessa escola tradicional e hoje estamos
vivendo muitas mudanças nesse sentido, principalmente
no que se refere à educação infantil, pois quando
pensamos na criança, a enxergamos como sujeito
de direitos, e quando planejamos nos norteamos no
eixo brincar e interagir e então torna- se impossível
imaginar a criança sentada numa cadeira, copiando
atividade da lousa.
Em vista disso, repensar os espaços é extremamente
importante, eles devem ser desafiadores e que possibilitem
a exploração com segurança, manipular objetos,
ter autonomia e ofereça materiais diversificados,
pensando em nossa diversidade cultural, valorizando
o protagonismo da criança, a curiosidade, oportunizando
experiências significativas, propondo formas
de recriar novos limites, novas maneiras de organizar
os espaços brincantes e, assim representar simbolicamente,
respeitando os seus tempos e ritmos no desenvolvimento
das crianças.
A forma como os espaços estão organizados, reflete
a concepção de criança e de educação que os educadores
e equipe gestora acreditam. E no retorno pós
pandemia, ou mesmo durante a mesma, precisaremos
rever esses espaços, entre outros temas de suma importância
como os cuidados e prevenção do contágio.
Sendo a criança protagonista, ela cria, ela sente, ela
produz, não é um adulto em miniatura como se pensava
antigamente, é acima de tudo um sujeito de direitos.
Sujeito que pensa, indaga, dialoga, questiona, explora
e expressa - se de diversas formas, daí a importância
das narrativas infantis no processo de construção de
suas aprendizagens mesmo que agora seja em seu lar.
O Isaac recontou a história: “ A árvore que não tinha
folhas”. Ele fez um vídeo utilizando dois vasos,
um com galhos e outro com flores artificiais. Fez
o som do vento com a boca, foi muito criativo na
contação.
A Emanuelli adorou as contações
de histórias e fez lindos
registros.
Algumas narrativas do Thiago Miguel: “A escravidão é muito ruim e
triste pois todas as pessoas, mesmo que de cores diferentes, são todas
iguais. E que a idéia de fazer a boneca foi das mães porque elas amam
muito seus filhos” (referente à atividade: História Abayomi). Thiago Miguel
realizou a atividade do nome e colou milho de pipoca. “Eu gostaria
que ele tivesse pintado um balanço com duas pessoas, porque fica lindo”
(referente à atividade: Fazendo Arte – Ivan Cruz)
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