Pessoas Professores Pandemia
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PESSOAS PROFESSORES PANDEMIA
PESSOAS PROFESSORES PANDEMIA
COMUNIDADE CONECTADA
Aline de Souza Nonato, Cristiane Gleise Costa Nóbrega de Araújo, Heloise De Almeida Domingues
A pouca experiência na educação nos fez crer que,
com o decorrer dos anos, as experiências da vida profissional
afetarão as nossas práticas pedagógicas, no
mundo intenso e grandioso da educação infantil.
A cada ano encontramos crianças, famílias, pessoas
diferentes que passam pela nossa carreira e nos constituem
profissionalmente. Agora tudo é desafiado pela
pandemia e pelo uso das tecnologias.
Tempos remotos e tão complexos, nada comparado
ao ano de 2019, a escola cheia de crianças querendo
aprender e explorar. Em meados de junho uma nova
criança começou a fazer parte da nossa escola, ela tem
uma cultura diferente, hábitos diferentes e havia dificuldade
na comunicação.
Não estávamos acostumados com essa situação, mas
aos poucos a mesma foi confiando nas pessoas e se
sentindo segura no espaço escolar. Sua família reconhecia
o nosso trabalho e participava da vida escolar,
pois acreditava em seu potencial e do que ele era capaz,
assim, como todos da escola. Trabalhamos numa
concepção que garante o acolhimento e a construção
de vínculos de afeto e respeito, e agora mesmo distante
das crianças acreditamos nos mesmos princípios
para nortear as nossas ações.
Entendemos que ao longo do tempo teremos muitos
desafios sim, e que nem sempre será fácil, mas com
parceria da comunidade escolar tudo é possível.
A educação infantil traz cotidianamente a simplicidade
das crianças e encantamento dos seus olhares
ao descobrirem coisas novas, além do aprendizado
constante entre os adultos e as crianças. E aí que está
a beleza da infância: trabalhamos com sentimentos,
reações, histórias e memórias diferentes.
Ao buscarmos no dicionário o significado da palavra
comunidade, lemos a seguinte definição “estado ou
qualidade das coisas materiais ou das noções abstratas
comuns a diversos indivíduos; comunhão, concordância,
concerto, harmonia”. Esse conceito é profundamente
abalado pelas mazelas trazidas pela pandemia,
problemas sociais, financeiros e emocionais.
Numa metáfora, podemos imaginar um aparelho de
televisão, que precisa ser conectado numa tomada
provida de energia elétrica, para ser ligada. E se precisar
podemos recorrer também a um “adaptador”. Nós,
professores, somos os conectores e adaptadores que
buscam de qualquer forma transmitir energia para as
famílias e adentrar os seus lares com ações positivas e
informativas.
Foto: Crianças no ateliê
A escola atual está se adaptando a nova forma de trabalho,
estamos nos reinventamos como profissionais
que somos, mas com um olhar sensível as crianças e
crentes na qualidade do trabalho produzido.
Os vídeos produzidos são interativos e publicados na
página Institucional da escola no Facebook e na plataforma
Google Sala de aula. São propostas que propiciam
conversas, histórias, músicas e brincadeiras para
as crianças e suas famílias.
Foram momentos intensos de registros e de estudos,
as trocas com a coordenadora e o grupo docente, as
devolutivas das famílias aconteceram de maneira valiosa
para esse processo que nos impôs estarmos conectados.
E mesmo que a realidade não seja a mesma
para todas as crianças, nem todos têm a oportunidade
ou condições de acesso à internet. A escola manteve
todas as formas possíveis de contato, disponibilizando
atendimento via contato telefônico e presencial quando
possível, sempre respeitando as regras do distanciamento
social.
O mais importante foi a conscientização e o reconhecimento
do currículo proposto, focado no brincar e
interagir. Afim de propiciar aprendizagens significativas
e não deixar a criança numa cadeira sentada com
folha e papel, sem movimento e ludicidade. E para nos
conectarmos com a comunidade, precisamos ouvir
mais as crianças, as famílias e assim buscar formas de
melhor atendê-las.
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Saber o que desejam o que esperam o que querem
aprender. E assim criar experiências divertidas mesmo
que de forma remota.
O corpo docente nesse período de pandemia investiu
em leituras para ampliar sua formação. E um dos
momentos marcantes, foi a leitura do texto “Educação
Antirracista EMEI Jardim Ideal”, pois refletimos sobre
as nossas ações e falas reproduzidas na escola que
muitas vezes são carregadas de preconceito e racismo.
Planejar, observar e ampliar o repertório cultural valorizando
a identidade e diversidade propiciaram às
crianças e aos professores tecer experiências e vivências
que ajudam na construção do sentimento de pertencimento.
A escola e nós como cidadãos, precisamos
pensar nos espaços da escola não apenas no viés
da segurança e da estrutura física, mas como espaço
de direitos.
Vivemos num mundo que o pensamento está acelerado,
a insatisfação, a impaciência são aspectos comuns.
Contraditoriamente, a pandemia e o distanciamento
nos trouxeram momentos de reflexão que possibilitaram
planejar, observar e sentir o outro, nos conectando
com os alunos e seus familiares. Neste sentido,
nossas publicações têm primado pela leveza, pela manutenção
do vínculo afetivo e acolhimento.
Referências
EMEI. JARDIM IDEAL. Para uma. Educação. Antirracista. Para
a educação das nossas crianças. 2020.
Foto: Crianças brincando de dança das cadeiras