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A forma de pensar dita o sucesso
“O discurso de ódio não é argumento”
Roberto aguiar
O papel social
da Associação
Protectora dos
pobres mantém-se
atual e pertinente
€2,50 | N.º289
ANO XXIV mensal junho 2021
5 602930 003431
Crossfit por
ricardo brito
DESPORTO
Madeira inspira
estilista espanhol
Turismo
PUB
www.sabermadeira.pt
Revista Saber Madeira
saber.fiesta.madeira
sabermadeira@yahoo.com
291 911 300
TC
sumario
08
04 ENTREVISTA
Passados que são 132 anos da sua
fundação, a Associação Protectora
dos Pobres do Funchal continua
na linha da frente do apoio à
população mais vulnerável com
serviços e atividades que visam a
integração social desta população.
A APP pela voz do seu diretor
técnico, Roberto Aguiar.
28
08 Atualidade
Campanha “O discurso de ódio
não é argumento”
10
12
14
16
Lugares de Cá
Rabaçal-Risco-25 Fontes
Caprichos de Goes
A acusação de “loucura” como
instrumento de descredibilização
pública- Parte 2
Em Análise...
Geração do vazio
(Des)Conhecida Arte
Arte com pintura acrílica e papel
de seda
20 Desporto
O Crossfit por Ricardo Brito
22
23
Opinião Hélder Spínola
Cultura ambiental no ensino
superior
Cantinho da Poesia
Santos Populares
33
24 Saúde
A responsabilidade do Médico de
Família na prevenção do AVC
25 Nutrição
Batata ou batata-doce:
qual a melhor opção?
26
28
Câmara Municipal do Funchal
Funchal candidata-se à Rede das
Cidades Criativas da UNESCO
Viajar com Saber
Montesinho
30 Finanças
Dicas para ultrapassar casos de
sobreendividamento
31 Turismo
Madeira inspira coleção de estilista
espanhol
32 Comportamento
Mentalidade fixa ou de
crescimento?...
34
ImagE Consulting
Indecisão destrói sonhos
Dicas de Moda
Blue Resort
36 Makeover
Um dia com... Sandra Dantas
38 Motores
O novo Opel Manta GSE
ElektroMOD
40
42 Decoração
E que se faça luz...
44
Marcas Icónicas
Rowenta
45 Social
53
54
Fashion Advisor
Cores e texturas de verão
43 Inovação
O restaurante do futuro...
À mesa com... Fernando Olim
Estatuto Editorial
saber JUNHO 2021
3
ENTREVISTA
Dulcina Branco
arquivo APP & D.R. (direitos reservados)
Roberto aguiar
O diretor técnico da Associação Protectora dos Pobres do Funchal abriu-nos a porta da instituição que fica
na rua do Frigorífico, espaço que todos conhecem como a Sopa do Cardoso. Mas aqui se proporciona mais
do que refeições. Trata-se, sobretudo, de dar um rumo à vida de quem tudo perdeu, ou está em vias disso,
por causa do álcool, da droga, da prostituição, do abandono da família, da violência doméstica...
A integração social é o objetivo. 470 pessoas estão inscritas na Associação Protetora dos Pobres sendo que,
cerca de 20% destas estão em situação de sem-abrigo.
É um pouco deste mundo que o sociólogo Roberto Aguiar, responsável do Gabinete de Apoio ao Utente
da APP desde maio de 2002 e atual diretor técnico da instituição, explica nesta entrevista.
4 saber JUNHO 2021
A Associação Protectora
dos Pobres do Funchal é
uma Instituição Particular
de Solidariedade Social de
utilidade pública, sem fins
lucrativos, com uma marcante
vertente assistencialista
desde a sua génese, em
1889. Proporciona às pessoas
mais desfavorecidas
o acesso diário a refeições
equilibradas nutricionalmente,
durante todo ano,
bem como o salvaguardar
das necessidades básicas,
nomeadamente: refeições,
balneários, lavandaria,
rouparia e um espaço para
pernoita em espaço adequado
e seguro. A APP acompanha
e promove a mudança
de hábitos de vida através
de elaboração de projetos
individuais de integração
social que visa a plena inclusão
social. Seis técnicos
asseguram o funcionamento
dos serviços da técnica é
composta duas assistentes
sociais, um educador e um
animador responsáveis pelo
Atelier Ocupacional e uma
outra assistente social que
é responsável pelo projeto
‘A Minha Casinha’ (acompanhamento
às pessoas em
situação de sem-abrigo).
Passados que são 132 anos da fundação,
qual é o papel e a importância da Associação
Protectora dos Pobres do Funchal na
atualidade?
- O papel social da APP mantém-se atual e
pertinente e em tempos de crise, como estamos
a agora a viver, a nossa atuação ainda se
torna mais relevante, por ser uma resposta
presente e fiável. Tem reflexos/impacto positivos
na comunidade visto que, em primeira
medida, cumpre o papel de salvaguardar as
necessidades mais básicas de sobrevivência
humana, para muitos utentes/clientes que
não teriam outra forma de as satisfazer sem
ser na APP, tendo em conta o seu perfil sociológico
e história de vida associada a uma
pobreza e exclusão social persistente. Os
serviços disponibilizados funcionam como
atenuante da revolta/mau estar por parte
dos grupos mais desfavorecidos da nossa
sociedade, contendo, eventuais, manifestações
de desagrado e contribuindo para um
clima de segurança geral que toda a comunidade
acaba por beneficiar. A APP é parceiro
efetivo no Plano Regional de Integração de
Pessoas em Situação de Sem-Abrigo 2018 –
2022, com medidas concretas na sinalização,
acompanhamento e encaminhamento de
Pessoas em situação de Sem-Abrigo. Somos
uma instituição integradora que procura nas
suas ações o bem-estar comum da comunidade.
Para tal, atuamos em parceria com outras
instituições de referência, como sejam a
Casas de Saúde Mental, no encaminhamento
para tratamentos em internamento de desabituação
de álcool e de outras substâncias
psicoativas. Acompanhamos na pós-alta, na
pernoita e na posterior integração habitacional
e profissional bem como na área da
saúde, de utentes encaminhados por nós e
também no acolhimento de utentes encaminhados
pelas Casas de Saúde, nomeadamente
Casa de Saúde Câmara Pestana e Casa de
Saúde São João de Deus. A APP está estabelecida
no concelho do Funchal mas apoia todas
as pessoas que a procura.
Que serviços disponibiliza a APP e quais
são os seus apoios?
- Os serviços são essencialmente o refeitório/
cantina social, serviços de balneários, lavandaria,
rouparia, acolhimento noturno e atelier
ocupacional. A APP está organizada sobre
estas três grandes áreas de intervenção,
em que a primeira tem a ver com a cantina
social - inclui esta valência a higiene pessoal
(balneários, lavandaria e rouparia - temos
mais gente a procurar-nos nesta valência),
depois o Centro de Acolhimento Noturno
(pernoita temporário), e o Atelier Ocupacional,
espaço de tempo livre onde também são
transmitidas competências a nível individual
e social para ajudar as pessoas a se integrarem
ou reintegrarem, o que se consegue
através do teatro inclusivo, do coro, da conceção
de produtos manufaturados que são
vendidos nas feiras de cariz social. Todos os
serviços são de acesso gratuito para os utentes
e estão disponíveis durante todo o ano.
Em 2016 foi criada uma Equipa de Rua para
Pessoa em Situação de Sem-abrigo que intervém
junto das pessoas de forma a motivá-las
a aderir a projetos individuais de integração
social como forma de reabilitação psicossocial.
Esta equipa é atualmente composta por
dois assistentes sociais (deverá ser reforçada
com novos técnicos) e faz as intervenções de
rua com o intuito de ganhar confiança junto
das pessoas para que venham até à APP. Depois
de cá estarem, é mais fácil de trabalhar.
A APP recebe uma comparticipação mensal
do Instituto de Segurança Social da Madeira
previsto em Acordo Atípico, donativos diversos
em géneros e em numerário e também
fazemos regularmente candidaturas a programas
de apoio social com fontes de financiamento
alternativos. A maior parte do nosso
financiamento vem da Segurança Social
(comparticipação mensal) e temos as doações
de vária ordem, numerária e outra, a
solidariedade de algumas empresas, particulares...
Tivemos um grupo alemão que reside
na Madeira que angariou uma verba e veio
cá entregar, a Igreja Inglesa também ajuda...
Todas as doações que temos são utilizadas
cá ou são dadas aos utentes. Mas há muita
ajuda, de facto, ajuda esta que é transposta
de imediato para o utente.
Quem são os utentes da APP?
- São pessoas carenciadas, na verdadeira
acepção da palavra. Debatemo-nos com a
grande heterogeneidade de perfil da população
e diferenças de competências dos que
nos procuram e usufruem dos nossos serviços.
Em termos de perfil sociológico, constata-se
que a maioria são homens, (na ordem
dos 80%) entre os 30 e 55 anos, desempregados,
com fracas habilitações literárias (ao
nível do 1º ciclo básico), baixos ou nenhum
tipo de rendimento, ausência de apoio de
retaguarda familiar e forte prevalência de
problemas de adição e de perturbação psíquica.
As pessoas em situação de sem-abrigo
são cerca de 20% dos que cá chegam. Temos
inscritos, de forma regular, 470 pessoas,
número maior até à data, e há 250 pessoas
para inscrição social. Temos 190 utentes que
beneficiam diariamente dos nossos vários
serviços/valências. Todos os anos temos cerca
de 100 pessoas que pedem uma ajuda e
outras 100 pessoas que deixam de vir nesse
ano. Este ano, tivemos mais pessoas a pedir
ajuda, nomeadamente refeições e bens alimentares.
Temos mulheres em situação de
sem-abrigo, com problemas de adição (toxicodependência)
e prostituição. Antigamente,
vinha a família toda – pais e filhos. Hoje
são famílias disfuncionais, monoparentais e
numa situação muito degradada.
Como é que as pessoas chegam à Associação
e como são encaminhadas?
- As duas principais portas de entrada na APP
é por conhecimento próprio - vêm pedir ajuda
alimentar e banho, e encaminhados pela
linha de emergência, e outros chegam en-
saber JUNHO 2021
5
caminhados por outras instituições como a
Segurança Social, principalmente. Quando a
pessoa chega, é sujeita a uma entrevista para
sabermos das suas necessidades, expetativas
e competências, a fim de ser encaminhado
para os nossos serviços. Uma pessoa que
foi desalojada é encaminhada para o centro
de acolhimento, por exemplo. Alguém que
precisa de uma consulta de saúde, temos
uma enfermeira que colabora conosco 2x por
semana que consulta, temos ainda uma médica
voluntária que faz consultas sem custos
acrescidos e que é outra mais-valia. Depois da
pessoa entrar, passa por várias fases, ou seja,
não vai diretamente para o Centro Ocupacional,
por exemplo. Quando cá está, beneficia
dos serviços e atividades. A pessoa entra às
sete da tarde, os seus bens pessoais são guardados,
toma o seu banho, janta, vê televisão e
vai dormir. Os quartos são partilhados e há o
andar para os homens e o andar para as mulheres.
A pessoa pode não querer ficar, pode
sair depois do jantar mas fica responsável por
si. Por ter um espaço onde ficar e dormir não
quer dizer que queira estar nesse espaço e,
portanto, pode sair. Há um período de permanência
autorizado que é de 15 noites mas
sabemos que ninguém resolve a sua vida em
15 noites. Não colocamos ninguém fora que
ainda não tenha resolvido a sua vida. A razão
principal da saída do centro de acolhimento
tem a ver com a integração em quarto e
quando assim é, ajudamos com loiças, equipamentos,
mobília, roupa de cama...
Como caracteriza a população sem-abrigo
no concelho do Funchal?
- O fenómeno dos sem-abrigo, ou das pessoas
em situação de sem-abrigo, é um fenómeno
social característico das sociedades consideradas
mais desenvolvidas, onde há muitas
pessoas que não conseguem acompanhar as
exigências em termos de competências sociais,
pessoais e competências profissionais e
acabam relegadas, ou elas próprias afastam-
-se, para as margens da sociedade. Estas evidências
atuam como fatores de exclusão social
que, em última análise, podem conduzir
a uma situação de sem-abrigo. Note-se que,
a pessoa que está em situação de sem-abrigo
não é um sem-abrigo – posso estar a dormir
na rua mas não sou um sem-abrigo. A pessoa
que está em situação de sem abrigo está sem
teto ou sem casa. Sem casa é aquele que está
numa situação mais degradante – dorme em
espaço público, em casas devolutas, é o sem-
-abrigo puro, por assim dizer. Sem teto é o
que está a ser acompanhado no centro de
acolhimento, ou está internado no hospital,
ou está em casa alugada e paga a renda com
a ajuda da Segurança Social... No que concerne
ao acompanhamento das Pessoas em Situação
de Sem-Abrigo feito pela ERSA da APP
no concelho do Funchal, constata-se um ligeiro
aumento, mas o mais saliente é a visibilidade
que estas pessoas estiveram sujeitas,
pela sociedade em geral, devido em grande
parte ao confinamento que a maior parte da
população sofreu. É possível mudar, é um fenómeno
dinâmico que procuramos trabalhar
em termos de reintegração e de reabilitação.
E conseguem mudar?
- A maior parte não consegue. É muito difícil
trabalhar pessoas que consomem substâncias
psicoativas (álcool e drogas), estamos a
falar de pessoas que estão muito degradadas
mentalmente, com muita perturbação mental.
A maioria não consegue mudar mas há
muitas integrações, quer profissional, quer
familiar, habitacional, só que não são sustentadas,
são muito curtas. Há recaídas, saídas...
Para mudar, a pessoa tem de querer.
A pessoa tem de querer ser ajudada e o que
acontece nestas situações é que a pessoa
não tem consciência de que precisa de ajuda.
Elaboramos um projeto de vida que a pessoa
até aceitou num primeiro momento mas se
acontece uma situação que põe em causa
esse projeto, ela desiste. É um processo longo,
de ganhar confiança porque estamos a
falar de pessoas com baixa autoestima e capacidade
de resiliência muito baixa. Mas há,
de facto, integrações. Muitas destas pessoas
não têm documentos, não têm uma morada
- estão à margem da sociedade e uma coisa
que fazemos é dar a morada da associação
para que possam abrir o seu processo na Segurança
Social, por exemplo.
O Plano Regional de Integração de Pessoas
em Situação de Sem-Abrigo 2018 – 2022 é
importante porquê?
- Tem muitas vantagens. Já houve outros planos
e é importante que existam, nem que
seja para dar conhecimento das situações a
diferentes pessoas de diversas áreas. Tem
referenciadas situações que continuam a ser
válidas. Evoluímos mas os problemas mantém-se.
Já se falava da toxicodependência
- não tanto com a intensidade como agora,
já se falava do alcoolismo, do desemprego.
Estes problemas mantém-se na atualidade.
O plano atual tem dois grandes eixos que
são: divulgação da problemática e reforço
da integração das pessoas em situação de
sem-abrigo. Na minha ótica, deve haver estruturas
físicas diferenciadas, adaptação das
medidas à nossa realidade e trabalhar os
problemas na nascente. A realidade dos sem
abrigo em Lisboa não é a mesma da região.
A resposta principal ao sem-abrigo passa,
na minha opinião, por se criar um albergue,
o que não existe na Madeira. Antes de criar
um novo centro de acolhimento e casas de
transição, a criação de um albergue será um
projeto fundamental. O albergue é uma resposta
de pernoita muito simples, em que as
pessoas por uma questão de dignidade têm
um espaço onde dormir, ao invés de estarem
na rua, ao que depois se segue um trabalho
de intervenção por técnicos das várias áreas.
O albergue não resolve o problema dos sem
abrigo mas resolve o problema da dignidade
humana. Por outro lado, as situações devem
ser trabalhadas na génese, ou seja, o sem-
-abrigo está desempregado mas a prioridade,
se calhar, não é o emprego. Estamos a
falar de pessoas não estão preparadas para
assumir responsabilidades ou para residirem
num determinado local e isto implica haver
um trabalho técnico ‘à priori’. O toxicodependente
tem que ser tratado. O alcoólico tem
que ser tratado. Trabalhar em parceria – as
instituições entre si - é fundamental para o
sucesso das situações. Há muitas dificuldades
dado que as instituições têm objetivos,
missões e filosofias de intervenção diferentes
mas é possível conciliar e modelar atividades
comuns. Mas este trabalho não resulta, ou
muito dificilmente resultará em sucesso se a
pessoa não quiser ser ajudada, como já referi
anteriormente. Depende da pessoa e da von-
6 saber JUNHO 2021
tade que tem. É o querer. É o reconhecer que
tenho o problema para mudar. Depende da
capacidade individual de cada um mas tem
que existir respostas para que as pessoas
tenham essa oportunidade e a sociedade só
beneficia se ajudar estas pessoas.
A pandemia trouxe ‘novos pobres’?
- Não sei se são novos pobres mas este ano,
tivemos mais pessoas a pedir ajuda, tendo-se
verificado a procura acentuada pelas refeições.
Houve um aumento considerável nesta
área. São pessoas que normalmente não
recorreriam ao apoio prestado pela APP. Estamos
a falar de pessoas que ficaram desempregadas,
essencialmente. É um facto que, as
situações de crise desde sempre provocaram
uma maior procura pelos nossos serviços, foi
assim na crise económica de 2008. As pessoas
não procuram alojamento – são pessoas
que têm a sua casa - mas alimentação
e outros bens. O número de refeições subiu.
A nossa instituição tem uma garantia para a
sociedade em geral e que tem a ver com o
facto de estar disponível todo o ano. Nunca
estivemos fechados. Reformulou ao nível
das refeições mas nunca deixou de distribuir.
As refeições são confecionadas na nossa cozinha
pelas nossas cozinheiras e com produtos
da região. Temos uma média de 350
refeições diárias, 125 dos quais são sempre
certos. Sempre mais homens do que mulheres,
normalmente sozinhos, desempregados
e com idades entre os 45 e os 55 anos.
Como decorreu a adaptação dos serviços
à pandemia?
- Tivemos que reformular as respostas sociais
disponibilizadas, nunca fechámos mas
tivemos que adaptar. Em março de 2020 fomos
surpreendidos com a urgência de adotar
medidas para evitar a disseminação do
Covid-19. A extrema gravidade desta situação
levou-nos ao inevitável confinamento,
por determinações do Governo Regional da
Região Autónoma da Madeira, segundo as
recomendações das Autoridades de Saúde.
Foi preparado o Plano de Contingência por
razões sanitárias com o intuito de manter ativas
e funcionais as respostas e serviços considerados
fundamentais para a comunidade
local e a população mais carenciada que nos
procura, para atenuar as suas dificuldades.
Esta situação, completamente nova, foi muito
desafiante em termos organizativos. A
nossa instituição tem uma preocupação muito
grande que é a população mais carenciada,
e a população mais carenciada não podia
- nem pode - ser duplamente prejudicada.
Fizemos um esforço muito grande para ter
os serviços em funcionamento. Implementámos
medidas adicionais, nomeadamente
a suspensão da valência Ocupação Desenvolvimento
Competências Pessoais - Atelier
Ocupacional, bem como o encerramento da
sala de convívio, a 14 de março do corrente
ano, de forma a evitar a aglomeração de
pessoas em espaços fechados e reduzidos.
No refeitório e num primeiro momento, a 16
de março, foi efetuada a redução de lugares
disponíveis possibilitando um espaçamento/
distanciamento de segurança entre as pessoas.
A 20 de março, as refeições passaram
a ser distribuídas em termo (tipo take-away)
em embalagens próprias e descartáveis. O
almoço passou a ser distribuído das 12:00h
às 13:30h e o jantar das 19:00h às 16:30h, em
todos os dias da semana. A nossa preocupação
era que a cozinha não tivesse um surto, o
que nunca aconteceu, felizmente.
Tiveram aqui pessoas infetadas?
- Cinco pessoas infetadas, três dos quais
utentes.
A sociedade ficou mais solidária?
- Em março e abril houve uma retração mas
agora há uma maior sensibilidade, as pessoas
estão mais solidárias. Desde o temporal
de 2010 que as pessoas estão mais solidárias.
A população madeirense, no meu entendimento,
é bastante solidária.
Nestes 20 anos que tem de serviço na APP,
que situações o marcaram a si?
- Há várias situações, positivas e negativas.
Uma mais recente é um rapaz com um percurso
de consumo de drogas pesadas e álcool,
encaminhado do concelho de Santa
Cruz. Procurámos fazer a recuperação com
vários tratamentos, teve recaídas e saídas,
conseguiu encontrar um trabalho de jardineiro
mas a responsabilidade do trabalho foi tão
grande que não tem conseguido corresponder
pelo que, está atualmente na rua. É uma
situação recorrente o não conseguir integrar-
-se. Sempre que há uma tentativa de integração
falhada, a pessoa degrada-se mais. Mas
temos casos positivos como o de um rapaz
com problemas familiares, separação, desemprego,
muito obeso... Ficou conosco 14
meses, perdeu peso, recuperou a relação
que tinha com o filho, conseguiu encontrar
trabalho e agora está bem. Está integrado.
Há casos de sucesso no Atelier Ocupacional.
São pessoas que passaram pela situação de
rua e estão agora em quarto alugado. Não se
conseguem integrar no mercado de trabalho
porque estão muito degradados mas estão
cá connosco e isso é um sucesso. Tivemos
um senhor que era vítima de violência doméstica
e conseguiu recuperar a sua vida. No
Centro Ocupacional recebemos pessoas com
problemáticas diferentes e a todos procuramos
acomodar. Não estamos preparados
para certas situações mas acolhemos todas e
procuramos resolver. s
saber JUNHO 2021
7
ATUALIDADE
Madalena Nunes
& Sílvia Camacho
A Câmara Municipal do Funchal dinamizou em
parceria com a Rede Europeia Anti-Pobreza –
EAPN Madeira, a campanha “O discurso de ódio
não é argumento”, uma iniciativa nacional
integrada na Semana da Interculturalidade
que decorreu entre os dias 5 e 11 de abril. A
vereadora Madalena Nunes e a representante
da EAPN Madeira, Sílvia Camacho, explicam
em que consistiram as ações desta iniciativa
que teve como objetivo maior a luta contra a
discriminação e a promoção do respeito pela
diferença. Diversas figuras públicas vestiram
a camisola da campanha. Madalena Nunes fez
ainda o retrato da realidade que diz respeito à
pobreza no concelho do Funchal.
“O discurso de ódio não é argumento”
O que foi este projeto da Rede Europeia
Anti-Pobreza e como foi implementado
no Funchal?
Sílvia Camacho: Tratou-se de uma campanha
nacional, lançada no âmbito da Semana
da Interculturalidade, contra o discurso do
ódio e sob o lema “O Discurso de Ódio não
é Argumento. #Daravoltaao texto #EAPN”. A
EAPN- Portugal convidou o criativo Miguel
Januário para “pegar em algumas narrativas
e ideias estereotipadas, frases típicas de discurso
de ódio e tentar contra-argumentar
com algum sentido de humor”. O resultado
foi impresso em t-shirts. Esta ação de sensibilização
esteve direcionada apenas para as
redes sociais e pretendeu mobilizar algumas
figuras públicas que, literalmente, aceiteram
vestir a camisola e lançar a mensagem na
sua própria rede social para que chegasse
ao maior número de pessoas. O escritor Valter
Hugo Mãe, Rosa Monteiro, secretária de
Estado para a Cidadania e a Igualdade, os
artistas Carlão, Surma e Capicua e o apresentador
Jorge Gabriel foram algumas das
personalidades que vestiram (literalmente)
a camisola da campanha. Por cá, o Núcleo
da Região Autónoma da Madeira da EAPN-
Portugal lançou o desafio a algumas personalidades,
dos mais variados quadrantes da
sociedade madeirense. Assim, para além da
Vereadora Madalena Nunes, a campanha
também contou com o apoio do Bispo do
Funchal D. Nuno Brás, o Presidente da Assembleia
Legislativa da Região Autónoma da
Madeira Dr. José Manuel Rodrigues, a Secretária
Regional da Inclusão Social e Cidadania
Dra. Augusta Aguiar, os músicos Miguel Pires
e Vânia Fernandes, os jornalistas Paulo
Jardim e Gil Rosa, Guida Vieira, o Tenente
Coronel Rui Nunes- Presidente da Cruz Vermelha
Portuguesa, os humoristas 4Litro, entre
muitos outros.
O discurso de ódio em que se traduz e
como se reproduz?
S.C.: O discurso de ódio tem vindo a ganhar
cada vez mais espaço dentro da Europa e
em Portugal não é exceção. Este discurso
encontra-se reproduzido não só num “português
suave” em conversas e comentários
espontâneos, mas também de forma explícita
através das redes sociais, de caixas
de comentários de notícias, nas paredes
das cidades ou mesmo em ações de ruas.
A campanha visou assim alertar para tipos
distintos de discriminação (ex. classismo,
xenofobia, machismo, racismo, homofobia e
transfobia) - e quis, de forma simples e eficaz,
“defender um discurso humano, digno
e com algum humor, com o objetivo de desarmar
a futilidade com que muitas dessas
ofensas são proferidas, provocando uma reflexão
crítica sobre esses preconceitos.
A Câmara Municipal do Funchal aderiu a
esta campanha com que objetivos?
Madalena Nunes: Ao aderirmos a esta
campanha, estamos a fazer várias coisas.
Estamos a dar visibilidade a uma luta que é
da CMF desde 2013: sensibilizar as pessoas
para a necessidade de se construir uma cidade
mais justa, democrática e igualitária,
em que o respeito e o abraço à diversidade
são fatores de inclusão e de melhoria da
qualidade de vida. A diferença é um caminho
que conduz ao desenvolvimento, pois
utiliza o potencial de cada um ou uma de
nós nessa construção. Estamos a reforçar
a parceria com a EAPN (iniciada em julho
de 2018) e com os princípios que estabelecemos
com eles: conhecer melhor o nosso
território e a partir desse conhecimento potenciar
os recursos existentes no Funchal no
8 saber junho 2021
combate à pobreza e tentar encontrar medidas
adequadas ao combate à pobreza, à
exclusão social e ao respeito pela igualdade
dentro do território que é a Cidade do Funchal.
Estamos a dar visibilidade à luta pela
inclusão, sensibilizar a população para as
questões do respeito pela diferença e para
interiorizarem a ideia de que reconhecer a
diversidade, a diferença é um caminho que
conduz ao desenvolvimento, pois utiliza o
potencial de cada um ou uma de nós.
Enquanto vereadora com o pelouro da
Inclusão, qual é a realidade da pobreza
na cidade do Funchal e o que a preocupa
mais nesta problemática?
M.N: O fenómeno da pobreza é um atentado
aos direitos humanos. As pessoas perdem a
sua dignidade e a sociedade acaba por perder
valor humano, social e financeiro, com
consequências muito negativas no seu desenvolvimento
e progresso. Em Portugal são
precisas 5 gerações para uma família pobre
poder sair da pobreza. Isso equivale a cerca
de 125 anos. Na RAM, atualmente existe
a taxa de risco de pobreza mais elevada de
todo o país: 32,9%. No Funchal a pobreza
está associada ao desemprego e aos salários
muito baixos. Quem acaba por sofrer
mais são as pessoas mais vulneráveis: pessoas
idosas, crianças e mulheres. E é na tentativa
de colaborar na defesa desses grupos
de pessoas que a CMF tem investido em medidas
de ação imediata, que ajudam a viver
melhor no dia a dia, e em medidas que terão
efeito a médio e longo prazo. É assim que investimos
anualmente cerca de 2 milhões de
euros no Fundo de Investimento Social (FIS),
com medidas como o apoio à habitação, à
natalidade e família, ao emprego, por exemplo.
Em termos de investimento a médio e
longo prazo apostamos na educação, com
os manuais gratuitos do 1º ciclo até ao secundário,
bolsas para o ensino superior, tablets
para o 1º ciclo, apostando em melhorar
a literacia digital e o sucesso escolar. Temos
um projeto educativo municipal que ajuda
a olhar e usar a cidade como uma bolsa de
recursos educativa e educadora, que ajuda
todos e cada um ou uma de nós a desenvolver-se
e a progredir.
A pandemia agravou a pobreza no concelho?
M.N.: A pandemia trouxe uma maior taxa
de desemprego e carências financeiras, com
reflexos imediatos visíveis nas dificuldades
alimentares e na habitação. O Cabaz Vital
que a Câmara Municipal do Funchal implementou
em maio de 2020 para ajudar as
famílias afetadas pelo impacto da COVID19
tem visto disparar a sua procura. O mesmo
está a acontecer com as necessidades
de habitação, mostrando que o Funchal e,
consequentemente, a RAM vão atravessar
períodos muito difíceis no que diz respeito a
dificuldades sociais e económicas. s
Dulcina Branco
André Gonçalves (Câmara Municipal do Funchal)
saber junho 2021
9
LUGARES DE CÁ
Rabaçal/Risco/25 Fontes
I
gualmente locais de grande
beleza natural, os trilhos
Risco e 25 Fontes, situados
na zona do Rabaçal (Calheta)
são dos mais frequentados.
Acede-se aos mesmos pela
estrada regional E.R. 110, descendo
até à casa de abrigo do
Rabaçal. Os trilhos seguem por
duas levadas paralelas, localizadas
a diferentes cotas. As águas
destas levadas alimentam a
Central Hidroeléctrica da Calheta.
O trilho PR.6.1 acompanha a
Levada do Risco, a 1000 m de
altitude, levando o caminhante
a uma impressionante queda de
água que cai na vertical formando
um risco na rocha. Descendo
ao trilho PR 6, poderá visitar a
Lagoa das 25 Fontes, formada
pelas águas que descem do Paul
da Serra. O nome de 25 Fontes
advém do número de nascentes
que durante todo o ano alimentam
a bonita lagoa existente.
Antes de chegar ao Posto Florestal
encontra-se um trilho que
dá acesso à vereda da Lagoa do
Vento. Os percursos encontram-
-se bem sinalizados. A vegetação
predominante nestes percursos
é a Floresta Laurissilva, classificada
como Património Mundial
Natural pela UNESCO. s
Dulcina Branco
Cícero Castro
visitmadeira.pt , cmcalheta.pt
10 saber JUNHO 2021
saber JUNHO 2021
11
CAPRICHOS DE GOES
Diogo goes
Professor do Ensino Superior e Curador
A acusação
de “loucura”
como instrumento
de descredibilização
pública
– parte 2
(Texto adaptado a partir de artigo com o mesmo
título publicado no Jornal da Comunidade Científica
de Língua Portuguesa - A Pátria, 1-10-2020)
(cont.)
Ao longo da história moderna, os
detentores do poder político e económico
procuraram impor uma
ordem moral e estética que ordenasse
socialmente as massas populares,
para melhor controlá-las e explorá-las. A associação
do conceito de “feio” aos conceitos
de “mau”, “impuro” ou “criminoso” procurou
demonstrar e justificar as políticas de opressão
e controle sobre determinados grupos
sociais e étnicos (Eco, 2007). Loucos, tolos,
parvos, burros, são alguns dos exemplos da
adjetivação encontrada habitualmente na
gíria popular para classificar todos aqueles
que se diferenciam das normas instituídas
por uma elite. A nominação da “loucura” ou
da “burrice” visa identificar os adversários,
críticos de um sistema e ao descredibilizar
a sua opinião pública, excluí-los da sociedade
(Eco, 2007). Gonçalves (2010) considera
a partir de Foucault (2005) que, a caracterização
do “louco” desempenha a função de
definir a diferença e a exceção, por oposição
à própria normalidade, possibilitando que a
existência de uma conflitualidade entre “vertiginosos”
e “sãos”, constitua razão da própria
manutenção de uma hegemonia social
e moral, culturalmente aceite. Uma das formas
de descrição da loucura é a sua representação
em espaços de exclusão. O modo
dessa representação «possui implícito um
cunho moralizador» (Gonçalves, 2010), pois,
identifica os vícios e os pecados como consequências
«indesejáveis», que podem levar
ao limite à loucura. O processo de exclusão
funciona, portanto, como «regulador da
normalidade» (Gonçalves, 2010). A identificação
da loucura com diversos comportamentos
anómalos ou divergentes de uma
maioria, tem por objetivo garantir a persistência
dos resultados da ambiguidade dessa
acusação. Por um lado, a acusação de loucura,
serve para descredibilizar e excluir quem
é diferente ou diverge da maioria, porque
a aceitação da diferença, poderá colocar
em causa o sistema moral aceite e quem o
controla. Por outro lado, identificar o alvo da
exclusão, serve para proteger os alegados
saudáveis, incutindo-os a continuar a cumprir
as normas convencionalmente aceites
(Foucault, 2005; Furtado, 2013; Gonçalves,
2010; Roterdão, 2012). Do «parvo» em Gil
Vicente aos «Caprichos» de Goya
A personagem o «parvo» do «Auto da barca
do inferno» de Gil Vicente, se por um lado
caracteriza uma sociedade revestida de uma
ingenuidade, por outro lado demonstra que
12 saber junho 2021
a sabedoria dos alegados loucos (Gonçalves,
2010), excêntricos ou revolucionários,
torna-se perigosa para as elites que detêm o
poder. Portanto, a denominação de “parvo”
ou “louco”, visa tão somente, excluir todos
os indesejados à manutenção da hegemonia
vigente. Descredibilizar os críticos de um
sistema de dominação e ordenação social é
a resposta mais confortável para uma elite,
do que aceitar questionar uma qualquer
ordem moral e social aceite (Furtado, 2013;
Goes, 2020d; Gonçalves, 2010). A narrativa
da loucura – digo, da crítica – na “trilogia da
barca” em Gil Vicente, como na obra «Elogio
à Loucura» de Erasmo de Roterdão opera
um julgamento moral das personagens,
caracterizando culturalmente a sociedade
da época (Furtado, 2013; Goes, 2020d; Gonçalves,
2010; Roterdão, 2012). «A loucura,
como sabedoria, também se revela quando
apresenta um profundo conhecimento,
perceção e crítica da realidade» (Gonçalves,
2010). Também na série de gravuras «Los
Caprichos» de Francisco José de Goya, «a
misoginia, a apatia da nobreza, a ignorância
do povo e o abuso do poder do clero» (Nunes,
2013) são representadas satiricamente,
fazendo uso da representação de animais
de carga, os burros. Estes animais até à contemporaneidade
irão adquirir e personificar
toda a carga simbólica que a caracterização
caricatural e satírica da sociedade espanhola
do final do século XVIII lhes conferiu. Do
ponto de vista da psicologia, a consciência
individual e o desenvolvimento de complexos
são influenciados pelo contexto cultural,
no qual cada indivíduo se insere. O contexto
cultural e o conjunto de imagens simbólicas,
subjacentes a este, definem determinantemente
a identidade da (quase) totalidade de
indivíduos de uma sociedade, expostos aos
inúmeros estímulos visuais e comportamentos
culturais de uma sociedade. (cont. na
próxima edição). s
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saber JUNHO 2021
13
em análise...
Francisco Gomes
Analista político
Geração
do vazio
Sim, é urgente refundar esta
sociedade psicopatizante,
recheada de jovens mimados,
que não sabem o que é
altruísmo e que alimentam
competições néscias pela
imagem corporal e pela vida
imaginária.
Carolina rodrigues
Ao contrário da minha irmã, que
nasceu no ano da revolução, eu
não vivi o 25 de Abril, e, porque
nos anos que se seguiram àquele
evento eu era ainda demasiado novo para
perceber a palavra ‘Liberdade’, compreendi
a importância da Democracia pela voz
dos outros, nos relatos que me ajudaram
a perceber como a mesma abriu as portas
do ensino e as da igualdade de género,
possibilitou a remuneração das mulheres
pelo trabalho e lhes libertou o passaporte
da autorização do pai e do marido, permitiu
o planeamento familiar e o divórcio,
potenciou a Autonomia e aceitou no espaço
público e em igualdade o adversário
político que as nossos convicções pessoais
repudiam. As redes sociais e a ausência de
crivo que as define são também fruto desse
Abril, e, graças a elas, a clássica figura do
treinador de bancada ganhou expressão
magnânima, com os portugueses a revelarem
que, afinal, são tudo, desde escritores,
activistas sociais e especialistas de futebol
a virologistas sazonados, conselheiros matrimoniais
e até juristas, inquisidores e juízes.
São tudo o que não sabíamos que são.
São, também, tudo o que não podem - ou
não deveriam - pensar que são. E, seguindo
por essa linha megalómana de pensamento
todo-poderoso, agem conforme o
que oportunidade lhes proporciona, isto é,
um pouco como quem entra num bloco e
aproveita para ser cirurgião ou como quem
entra numa obra e aproveita para ser arquiteto.
Só porque sim! E o ‘só porque sim’
é sempre triste e desastroso. Mas, porventura,
são os jovens que mais consomem e
14 saber JUNHO 2021
internet
alimentam o narcisismo das redes e que,
graças a elas, transformaram estes tempos
na era da hiper-valoriozação e da hiper-exposição.
Nos seus perfis, sofrem do síndrome
do vedetismo, agindo como se fossem
estrelas da vida pública e se todos os outros
estivessem interessados no seu corpo,
na sua cara, no que fazem, no que comem,
no que vestem e no que lhes passa nos seus
‘estados de alma’. Assim, não querem saber
- e odeiam quem sabe - do futuro a longo
prazo e o único espírito de sacrifício que
conhecem é o da luta patética pelo corpo
perfeito que viram no ‘Insta’. Não têm a mínima
tolerância à frustração e a medida da
sua relevância é a obtenção de reforço positivo
rápido e na forma de ‘likes’. Os papás
míopes e as criancinhas contrariadas irão
dizer que sempre foi assim e que os jovens
de todas as gerações também procuraram
a afirmação. Certo. Mas, agora, é diferente,
pois estamos perante a geração do vazio
absoluto - o vazio mental e emocional, que
é pseudo-preenchido por aspirações tontas
ao vedetismo e pelo seguidismo patológico
de outras ‘celebridades’ das redes sociais,
que vivem da mentira e do faz-de-conta e
cujo contributo para o bem-estar social é
absolutamente nulo. Sem surpresa, temos
a proliferação das perturbações alimentares,
da ansiedade e das taxas de suicídio
assustadoras em jovens que estão insatisfeitos
com a vida, com o corpo e com a sua
identidade, pois pensam que a vida que
têm e que a pessoa que são não são dignas
de serem ‘consumidas’ nas redes na mesma
medida que as de ‘influencers’ idiotas
que, armados em adultos, são, na verdade,
criaturas frágeis e dependentes de critérios
externos de superioridade, como são as
reacções das redes sociais. Sim, é urgente
refundar esta sociedade psicopatizante,
recheada de jovens mimados, que não sabem
o que é altruísmo e que alimentam
competições néscias pela imagem corporal
e pela vida imaginária. Porque temos de ser
muito mais do que o consumo desenfreado
de mentiras, é chegada altura de cortar
com as destrutivas redes que, no final do
dia, nos tornam escravos das opiniões de
estranhos e banalizam a essência humana
que - verdadeiramente - nos dá brilho e nos
dá alma. s
saber JUNHO 2021
15
[DES]CONHECIDA ARTE
Vanessa Pinto
Advogada/Artesã
Pintura acrílica e papel de seda
Nasceu no Funchal há 42 anos,
formou-se em Direito pela Faculdade
de Direito de Lisboa, tendo exercido
a profissão de advogada até há
2 anos, iniciando-se então nos
trabalhos de artesanato «como
forma de evasão ao mundo do
Direito e ao dos Tribunais», explica.
Vanessa decora vasos de barro,
pedras e outros objetos com
pintura acrília e papel de seda e que
resultam em objetos decorativos de
grande beleza. Podemos encontrála
e às suas peças nas feiras de
artesanato e em sites de venda
online.
Dulcina Branco
Virgílio Baptista silva & tiago avelar machado
Como começou neste mundo do artesanato
e que peças cria?
- Comecei a realizar trabalhos de artesanato
como forma de evasão ao mundo
do Direito e ao dos Tribunais, há cerca de
dois anos. As minhas peças são variadas e
únicas, para decoração. Decoro vasos de
barro, pedras e outros objectos com pintura
acrílica e papel de seda. Mais recentemente
enveredei pelo desenho em pratos
de barro e porcelana. Ultimamente, também
tenho produzido objectos em terracota,
como pássaros, peixes, saboneteiras e
jarras, posteriormente adornados com os
meus desenhos.
Como decorre o seu processo criativo?
- A minha mente está constantemente a
conceber objectos e desenhos...Para realizá-
-los tenho um atelier em casa com vista para
o roseiral do meu pai. Uma vista que esti-
16 saber JUNHO 2021
mula constantemente a minha criatividade.
Onde podemos encontrar o seu trabalho?
- Normalmente divulgo as minhas peças no
Facebook e Instagram, bem como outros sites
de venda online. Uma outra forma que
encontrei para expôr é vender as minhas
peças foi na Mercarte, uma feira semanal
que se realiza no Jardim Municipal ou no
Jardim do teleférico, aos sábados. Também
tenho algumas peças na loja Número 56 da
Rua Nova de São Pedro, Funchal, um espaço
que pertence à minha família.
A pandemia afetou o seu trabalho?
- Sem qualquer dúvida. Por um lado, a pandemia
proporcionou-me mais momentos
de criatividade mas, por outro lado, o facto
de não haver turistas é de ter havido o cancelamento
das feiras onde vendia os meus
produtos acarretou-me grandes dificuldades.
À semelhança de todos os sectores de
actividade, artesãos e artistas foram grandemente
afectados por esta pandemia.
O trabalho dos artesãos tem sido devidamento
reconhecido/protegido?
- Na minha opinião, creio que as entidades
governamentais deveriam apoiar com mais
iniciativas o sector do artesanato. Na verdade
as criações artísticas e artesanais locais
são larga e amplamente procuradas pelos
turistas. Como sugestão deixo a ideia da divulgação
pela própria Secretaria Regional de
Turismo e Cultura de um desdobrável com o
descritivo das feiras existentes, respectivos
locais e horários de funcionamento. s
saber JUNHO 2021
17
desporto
O gosto pelo desporto e exigência levou-o à prática do Crossfit,
em que tem vindo a destacar-se ao nível da competição.
O Crossfit é uma modalidade desafiante e à qual Ricardo Brito
aderiu há já alguns anos. Natural e residente em Câmara de Lobos,
Ricardo Brito tem 40 anos, trabalha na empresa SAM e é bombeiro
na Associação Humanitária Bombeiros de Câmara de Lobos.
Frequenta um curso no ensino superior em Proteção Civil.
Ricardo Brito
atleta
gentilmente cedidas pelo entrevistado
Tive a sorte de
encontrar pessoas muito
competentes ao nível do
crossfit, muito capazes
de nos fazer crescer
como atletas e com
uma enorme capacidade
de nos motivar
O que é o Crossfit e como surgiu o seu
interesse pela prática desta modalidade
desportiva?
- Diria que, o Crossfit é uma modalidade
onde o último é mais aplaudido que o primeiro,
existe enorme competitividade mas
não há rivalidade. O Crossfit tem uma particularidade
que é o de criar uma comunidade
onde todos se ajudam, onde treinamos para
superar os desafios e em que ninguém fica
para trás: o primeiro motiva o último fazendo
com que este atinja o seu próprio objetivo.
Assim sendo, esta modalidade despertou-me
o interesse vendo outros treinando.
Desconhecia o nome da modalidade mas
muito rapidamente despertou-me a curiosidade
e o interesse pela prática da mesma
porque vi que era muito desafiante. Havia
sempre acompanhamento do treinador e
todos faziam o mesmo, por vezes em grupo.
Estávamos em setembro de 2015, um amigo
meu, o Gonçalo Jardim, levou-me a experimentar
a modalidade e nunca mais parei de
praticar.
O que tem de mais desafiante a modalidade?
- É muito desafiante e apresenta vários desafios.
Por exemplo: realizar um movimento
ou uma técnica pode tornar-se um desafio
muito exigente em termos de vontade e
dedicação, sendo certo que, os desafios no
Crossfit são sempre alcançáveis. Na Naval
Box (local onde treino), tive a sorte de encontrar
pessoas muito competentes ao nível
do crossfit, muito capazes de nos fazer
crescer como atletas e com uma enorme
capacidade de nos motivar, são exigentes e
disciplinados e todos esses fatores vão nos
preparando para níveis ou patamares cada
vez mais difíceis.
Qual é a realidade desta modalidade na
Madeira?
- Quando comecei a treinar havia apenas a
Naval Box – Insular Crossfi (Box é a designação
do espaço físico de treino do crossfit)
e que estava a dar os primeiros passos. Os
meus atuais treinadores, Igor, Tânia e André
já entravam em competições nacionais e
foram eles a fazer crescer esta modalidade
na região. Na atualidade, existe um número
considerável de atletas a praticar crossfit,
seja na Naval Box seja na Crossfit FNC - são
estas as duas boxes que atualmente desenvolvem
a modalidade na Madeira. A modalidade
cresceu com o número de praticantes
em espaços (ginásios) os quais introduziram
exercícios e técnicas em aulas. Para os praticantes
desta modalidade, existe o Training
Camp, que reúne atletas desta box ou outra
para aperfeiçoamento de várias técnicas
e que dá oportunidade a todos os que não
participam em competições de sentirem um
pouco esse ambiente comunitário e competitivo.
No caso do Madeira Cross Games,
estamos a falar de níveis de treinamento
elevados. Digamos que, é o culminar de um
ano de dedicação e que põe à prova as capacidades
dos atletas na modalidade. Trata-se
de, uma competição anual que reúne atletas
de vários países como França, Inglaterra,
Itália entre outros, acolhe também um grande
número de atletas nacionais e de várias
boxes, em que participam atletas internos.
No meu caso, tenho conseguido arrecadar
primeiros lugares nesta competição.
Em que é que a pandemia afetou a modalidade?
- Numa primeira fase, condicionou - e mui-
18 saber JUNHO 2021
to - a prática mas graças aos treinadores, de
forma online, permitiram que os atletas pudessem
treinar nas suas casas, o que é não
a mesma coisa. Faltava algo, já que o crossfit
é convivência, treinos em grupo e competitividade
saudável, e isso não existe em frente
ao computador. Em termos psicológicos,
tivemos de saber lidar com isso e confesso
que, cada vez que passava pela Box e a via
vazia, sem vida, fazia alguma impressão. Foi
complicado.
Enquanto praticante/monitor, o que gostaria
de vir a concretizar na modalidade
e que ainda não concretizou (um projeto,
um sonho...)?
- Acho que a Naval Box tem feito de tudo
para fazer crescer a modalidade. Para além
de trazer à Região atletas de outros países
- dando a conhecer o destino Madeira - também
o faz cá dentro, realizando o Madeira
O Crossfit é uma
modalidade onde o
último é mais aplaudido
que o primeiro,
existe enorme
competitividade mas
não há rivalidade
Cross Games e Training Camp em vários
concelhos como Funchal, Machico, Calheta
e Porto Moniz, e espero bem que próximo
seja Câmara de Lobos.
Para terminar, como é que as pessoas podem
aceder à modalidade?
- BOXs, são estes os espaços onde se pratica
crossfit, é assim que se chama, e qualquer
pessoa pode praticar. De resto, as pessoas
que mais me surpreenderam no crossfit
não foram os que ganharam os troféus (eles
são exequentes) mais sim as pessoas que
quando entraram tinha algum peso a mais
- muito honestamente essas pessoas merecem
a minha admiração e respeito, são
enormes, com grande crença e superação.
Aproveito para reconhecer e destacar o trabalho
desenvolvido pelos meus treinadores
na adoção de treinos específicos para pessoas
com menos mobilidade física. O Crossfit
é para todos e o mundo está cheio de
belos exemplos. s
saber JUNHO 2021
19
MADEIRA AVES
JOSÉ FRADE
Fotógrafo autoditata
José Frade nasceu há 53 anos no
concelho de Cascais. Trabalha
no sector automóvel mas foi
a sua paixão pela fotografia,
principalmente a fotografia de
natureza, que o fez aprofundar
os seus conhecimentos sobre
as aves e consequentemente
aderir ao grupo "Aves de Portugal
Continental", grupo esse criado
pelo Armando Caldas, mas, como
membro desde o primeiro dia,
foi convidado pelo fundador, em
conjunto com ele, administrar
o referido grupo, vendo aí uma
oportunidade para partilhar os
seus conhecimentos e incentivar as
pessoas à protecção da natureza.
Dulcina Branco
José Frade,
administrador do grupo “Aves de Portugal Continental”,
que gentilmente nos cede as fotos que ilustram
esta rubrica
Atlas das Aves do Arquipélago
da Madeira, um projeto
de conservação da Natureza
Uma das ferramentas que está ao
dispor de quem tem por missão fazer
a gestão dos recursos naturais
são os Atlas. Pela sua importância
ecológica e beleza, as Aves são espécies que
atraem a atenção do público, têm um papel
ecológico de extrema importância mas
subestimada importância social, cultural e
económica. Foi pelo conjunto destes fatores
que o Serviço do Parque Natural da Madeira,
em parceria com a Sociedade Portuguesa
para o Estudo das Aves, desenvolveu o
“Primeiro Atlas das Aves que Nidificam no
Arquipélago da Madeira”. Este projeto originou
uma base de dados que pode ser utilizado
de forma integrada nos mais variados
campos de atividade, desde a conservação
da natureza, passando pelos setores com
importância sócio-económica a exemplo do
setor do turismo de natureza. A observação
de aves e outros animais é uma vertente
turística em expansão contínua e que tem
sido explorada de forma consistente no arquipélago
da Madeira. s
Fonte: www.atlasdasaves.netmadeira.com
20 saber JUNHO 2021
Gaivota-d'asa-escura
(Larus fuscus)
Uma ave da família Laridae.
Nidifica em praticamente toda a costa
atlântica da Europa, inverna no sul.
Presença esporádica na Madeira.
Maçarico-galego
(Numenius phaeopus)
Ave da família Scolopacidae.
Nidifica no norte da Europa, inverna no sul.
Inverna em pequenos números
no arquipélago da Madeira.
saber JUNHO 2021
21
OPINIÃO
Hélder Spínola
Biólogo/Professor Universitário
Cultura
Ambiental
no Ensino
Superior
As Instituições de Ensino Superior
(IES) são das organizações com
maior poder de influência nas
transformações sociais, exigindose-lhes
que assumam as suas
responsabilidades de uma forma
mais efetiva no contributo que
podem dar para ultrapassarmos
a atual crise ecológica.
Com o desenvolvimento tecnológico
e o crescimento populacional, o consumo
de recursos e a produção de
poluição por parte da humanidade
excedeu largamente a capacidade do Planeta
Terra, causando uma grave crise ecológica.
Os desequilíbrios ambientais que corporizam
esta crise são inúmeros e afetam
globalmente o Planeta, destacando-se, entre
muitos outros, as alterações climáticas,
a perda de biodiversidade e a poluição dos
oceanos. Assiste-se, atualmente, a um despertar
da humanidade para a gravidade da
situação, mas a esperança continua, acima
de tudo, depositada em tecnologias mais
limpas e eficientes, sem que se vislumbre
uma abordagem que altere efetivamente a
verdadeira causa do problema: a cultura de
consumo. A crise ecológica que hoje atravessamos
exige uma mudança profunda na sociedade
e nas instituições que a compõem.
Exige uma transformação cultural, apenas
possível através da educação, sendo necessário
rever a relação entre a humanidade e
a natureza, revertendo o processo ao longo
do qual nos fomos excluindo dela, e questionar
os objetivos e a eficácia da própria
educação ambiental que temos seguido (ou
não) ao longo de décadas. As Instituições de
Ensino Superior (IES) são das organizações
com maior poder de influência nas transformações
sociais, exigindo-se-lhes que assumam
as suas responsabilidades de uma forma
mais efetiva no contributo que podem
dar para ultrapassarmos a atual crise ecológica.
Assim, como promotoras e incubadoras
de novos modelos de sociedade, propõe-se
que as IES adotem uma nova visão
e estratégia para a educação ambiental (e
para a sustentabilidade), integrando-se num
processo de transformação cultural capaz
de reestabelecer o equilíbrio entre a humanidade
e o Planeta. Para isso, sugere-se um
novo entendimento da educação ambiental,
focando-se num processo de transformação
cultural da sociedade, mais do que no plano
individual, e olhando não apenas para a promoção
da literacia ambiental (conhecimentos,
atitudes e comportamentos), mas, acima
de tudo, da cultura ambiental. Esta nova
abordagem, que não é mais do que assumir
e incentivar algo que já germina socialmente,
imprimindo-lhe outra dinâmica e eficácia,
significa mudar o modelo de funcionamento
e de educação em vigor nas IES, não se
deixando aprisionar pelas salas de aulas e
libertando-se para os espaços abertos do
Campus, para as cantinas, corredores, e todos
os locais onde a interação social se dê e
a dimensão cultural da comunidade se expresse.
É na dinâmica social, e na sua interação
com o espaço físico e funcional, que esta
transformação cultural poderá se expressar
e consolidar. Para isso, as IES terão de assumir
o desafio de promover a cultura ambiental,
entendida como um sistema complexo
de códigos, padrões e formas de organização
partilhadas pela sociedade, ou grupos
sociais, aprendidos através da educação e
socialização, e que contribuem para a manutenção
dos equilíbrios ambientais, manifestando-se
através de normas, crenças,
valores, atitudes, conceitos, conhecimentos,
hábitos, práticas, comportamentos, expetativas,
estilos de vida, instituições, e modelos
de organização social e económica que, no
seu conjunto, asseguram a sustentabilidade
ambiental de uma comunidade. Será ainda
necessário orientar os processos de educação
ambiental através de uma abordagem
mais abrangente e eficaz, compatível com
a dimensão, exigência e ambição dos seus
novos desafios, baseando-se em dinâmicas
socioeducativas e ancoradas em contextos
socioculturais reais. s
22 saber JUNHO 2021
Cantinho da poesia
Santos Populares
Rosa Mendonça
Escritora
facebook.com/rosa.6823mendonca/
[rosa mendonça autora]
Eventos de cariz popular envolvidos em embriagantes luares
Entre sardinhadas, manjericos, alhos-porros, martelos, balões, festa rija
As barracas enchem-se de alegria, sorrisos e diversão
As avenidas ganham outro colorido, outra magia.
Criam-se trajes temáticos com imperiosa dedicação e entusiasmo
Lá vem Santo António, o casamenteiro, pela mão dos bairros lisboetas.
Desfilam sobre a calçada portuguesa já há algumas décadas
Perante um auditório ilustre, exigente e irrequieto.
O júri não dá tréguas, ano após ano espera surpresas e muito glamour.
Fascinado, o público aguarda ansioso pela marcha do seu bairro.
Na igreja de Santo António, onde as limpezas deixaram tudo a luzir,
Chegam em charretes sofisticadamente decoradas os futuros noivos.
Elas adornadas com longos vestidos brancos, eles com fraques elegantes
Enamorados, trocam juras de amor, abençoados pelo santo padroeiro
De 23 para 24, lá vem a noite mais esperada do ano, a de são João
O Porto mergulha num arraial com loucura sem igual
As ruas iluminam-se para os milhares de devotos
Nas mãos alhos-porros ou martelos...reina a animação
Segue em romaria frenética, rumo à ribeira, um mar de gente
Rostos expectantes, de olhos postos no céu
Aguardam o ponto alto da noite: o fogo-de-artifício da ponte D. Luís
É uma noite tão comprida e o cansaço nunca aparece
O regresso a casa faz-se com o raiar do dia, para curar a folia e os excessos.
Nós, madeirenses, com singulares tradições: enfeitam os fontenários e
saltam à fogueira
Entre 27 a 28 festeja-se o São Pedro, o derradeiro santo padroeiro do mês
Com as tradicionais travessias noturnas dos barcos engalanados,
Transportam os romeiros de outros portos para os portos festivos
São eles quem preenchem as ruas e vielas, animadas por acordeões,
castanholas, pandeiros, sininhos e cantares ao despique.
Juntam-se em grupos dando vida às vivências seculares
Tanta folia abraça a noite, em dia de lua cheia
Todos lançam suas sortes: ora deitam um ovo num copo com água, ora com
a faca que apunhala a bananeira, ora em banhos no mar em água lampa*…
Ano após ano, aguardam-se os santos populares
Cresce o fervor a cada festa popular, que a devoção do povo é imensa.
E com rimas de amor e paixão nascem pérolas de poesia
São quadras de sabedoria popular que coroam os manjericos perfumados
É a planta dos namorados por excelência. Receber uma de presente é sinal
de promessa no coração.
s
D.R.
*…água lampa – regionalismo madeirense, que significa água abençoada pelo padroeiro.
saber JUNHO 2021
23
SAÚDE
Dr. Rui Cernadas
Rui Cernadas
Médico especialista em Medicina Geral e Familiar
Membro da Comissão Científica da Sociedade
Portuguesa do AVC
A Responsabilidade
do
Médico de
Família na
Prevenção
do AVC
OSNS sobre o qual todos falam,
bem ou mal, é um serviço público
aos cidadãos que dele esperam
capacidade de resposta e assistência
clínica de qualidade. O desejo de cada
cidadão ter o seu médico de família deve
encontrar da parte dos médicos de família
uma elevada responsabilidade profissional
com a sua comunidade de utentes. Os médicos
de família devem exercer a promoção da
saúde e a prevenção de doença, assumindo
de vez um papel decisivo na chamada “prevenção
primária”. Este período terrível de
combate à infeção pela COVID-19 deixou os
utentes longe dos seus médicos e os centros
de saúde entrincheiraram-se em “muros”
que, dificultam o acesso e a proximidade,
os princípios fundamentais dos Cuidados
Primários e da Medicina Geral e Familiar.
Não é possível cumprir o objectivo dos cuidados
antecipados à população, reduzindo
o risco de aparecimento de determinadas
patologias e atuar sobre os factores de risco
de modo atempado e precoce, se o acesso
aos médicos de família não for retomado
urgentemente!. Quando pensamos no acidente
vascular cerebral, o AVC, temos de
recordar que a idade é, também, como no
caso da COVID-19, o mais importante e mais
forte fator de risco. E não devemos esquecer
o peso da história familiar de AVC, como
possível preditor de eventos. Mas se estes
fatores, idade ou genética, são fatores de
risco que os médicos não podem modificar,
outras questões são tidas como modificáveis.
Por exemplo, os benefícios da atividade
física regular e continuada, bem como o seu
impacto no controlo da hipertensão arterial,
da diabetes e do peso. Ou a importância
de cumprir os tratamentos indicados pelos
médicos, tomando os medicamentos diariamente,
nos horários e doses prescritas. E é
preciso procurar, identificar e tratar o mais
precocemente possível as pessoas que têm
e desconhecem valores elevados de pressão
arterial, lembrando que, a hipertensão é o
fator de risco modificável mais importante
e com maior influência na tragédia do
AVC. Temos de insistir no combate ao uso
exagerado do sal, açúcar e gorduras na alimentação,
reforçando a ingestão de frutas
e de legumes. E o tabaco! O tabagismo é a
primeira causa evitável de doença, incapacidade
e morte, contribuindo qual vírus fumegante
para quase todas as dez principais
causas de morte a nível mundial!. A ação
do médico de família e a acessibilidade aos
seus doentes e o inverso, não se podem limitar
ou reduzir a contactos telefónicos ou
às tecnologias de comunicação à distância. A
“normalidade” da Pandemia não pode abrir
mais as portas a outras “pandemias” preveníveis
e igualmente dolorosas, trágicas e
dispendiosas, embora menos mediáticas. E
falo entre muitas outras, da doença hipertensiva,
da diabetes, da insuficiência cardíaca,
da doença pulmonar obstrutiva crónica,
das doenças neurodegenerativas, do AVC
obviamente. Fica em 2021 o meu apelo à
responsabilidade dos médicos de família no
seu Dia, o Dia Mundial do Médico de Família,
um sonho e um desejo renovado pela prevenção
primária e pelo combate de sempre
contra a doença e o AVC em particular. s
24 saber junho 2021
NUTRIÇÃO
Alison Karina
de Jesus
Alison Karina de Jesus
Nutricionista (2874N)
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Internet
Batata ou Batata-Doce: qual a melhor opção?
A
batata doce é considerada ótima
para a saúde e a outra é pintada
como a vilã da história e considerada
boa para nos dar uns quilos a
mais. Como tal, são cada vez mais as pessoas
que na hora de escolher optam pela batata
doce em relação à batata. Começando pela
batata doce, trata-se de um tubérculo, tal
como a batata, proveniente de uma planta
rasteira, cultivada pelos povos indígenas da
América do Sul e Central. Existem diversas
variedades de batata-doce, sendo que a cor
tanto da pele como da polpa pode variar entre
o branco, o amarelo, o laranja, o rosa e o
roxo. Tem como principal característica o seu
sabor adocicado e as suas cores vivas. Cada
100g de batata-doce fornece uma média de
118 calorias, 1 grama de proteína, 28 gramas
de hidratos de carbono e quantidades muito
reduzidas de gordura. A principal diferença
entre batata e batata-doce está no tipo de
hidratos de carbono. A batata é rica em hidratos
de carbono de absorção rápida, ou
seja, o açúcar é libertado para o sangue com
muito mais rapidez e os níveis de insulina aumentam.
Consequentemente, o organismo
deixa de queimar a gordura acumulada nas
reservas adiposas (massa gorda), para dar
prioridade àquela que está no sangue. Após
este pico de glicemia no sangue, o açúcar no
sangue “cai a pique”. Tal facto vai refletir-se
no apetite, na medida em que, após a queda
da glicemia, a pessoa fica com maior vontade
de comer. Com a batata-doce, acontece o
contrário: os seus hidratos de carbono, por
serem complexos, ou seja, de absorção lenta,
não elevam drasticamente os níveis de insulina
no sangue, o que consequentemente leva
a uma melhor gestão dos níveis de energia
no organismo. A batata doce acaba por ser
mais interessante do ponto de vista nutricional.
Não tem um impacto tão abrupto na produção
de insulina, ou seja, vai manter-nos saciados
durante mais tempo e os hidratos de
carbono não se vão transformar em gordura
tão facilmente. A batata-doce é um alimento
altamente versátil que pode ser utilizado em
purés, sopas, assados e cozidos, tornando
fácil a sua inclusão na dieta, como principal
fonte de hidratos de carbono. Posto isto, importa,
contudo, salientar que existe a ideia errada
de que a batata-doce é menos calórica
do que a comum. Mas na verdade, energeticamente
falando, as duas são muito semelhantes.
Por outro lado, a batata comum tem
mais potássio e vitaminas do complexo B,
mais proteína e menos sódio. Se formos falar
de preço sabemos que a batata-doce é mais
cara do que a tradicional batata. Concluindo:
o importante é variarmos a alimentação ao
máximo. Portanto, deverá haver espaço para
as duas na alimentação, visto que ambas são
boas fontes de hidratos de carbono e de nutrientes
e devem ser incluídas no contexto de
uma alimentação saudável e variada. s
saber junho 2021
25
PUBLIREPORTAGEM
Departamento Comunicação e Imagem da Câmara Municipal do Funchal
Funchal candidata-se
à Rede das Cidades Criativas da UNESCO
A
CMF vai candidatar, este ano, o Funchal
à Rede das Cidades Criativas
da UNESCO. A rede foi criada pela
Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura em
2004 e, segundo o Presidente Miguel Silva
Gouveia, “procura desenvolver a cooperação
internacional entre cidades que identificam
a criatividade como um fator estratégico
para o desenvolvimento sustentável, assumindo
o objetivo de promover e fortalecer
as indústrias culturais a nível local e a cooperação
ativa a nível internacional.” Esta abrange
sete áreas criativas, sendo que “pela sua
História, pelas tradições e pelo trabalho que
o Município tem vindo a desenvolver, julgamos
que o Funchal tem todas condições
de vir a integrar a Rede das Cidades Criativas
da UNESCO na categoria artesanato e
folclore.” A CMF vai, igualmente, começar a
desencadear contactos com múltiplas entidades
do concelho que se pretende venham
a estar envolvidas neste projeto. As cidades,
ao apresentarem a sua candidatura, têm de
escolher uma das áreas criativas estabelecidas,
nomeadamente: artesanato e folclórica;
design; cinema; gastronomia; literatura; artes
e multimédia; e música. Neste momento,
Portugal tem integradas nesta rede as seguintes
cidades: Idanha-a-Nova, Cidade Criativa
na categoria música (2015); Óbidos, na
categoria literatura (2015); Amarante, na categoria
música (2017); Barcelos, na categoria
artesanato e arte popular (2017); e Braga, na
categoria artes mediáticas (2017). O autarca
acrescenta que “através de uma série de práticas
inovadoras, a Rede de Cidades Criativas
da UNESCO representa uma contribuição
tangível para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável do Funchal e das
Nações Unidas para a próxima década, por
meio da formulação de políticas centradas
nas pessoas, com uma forte componente
de iniciativas locais. A rede enaltece, acima
de tudo, o papel central das cidades no desenvolvimento
sustentável, uma visão com
a qual nos identificamos plenamente e que
queremos promover, quer no contexto da
nossa Região, quer no contexto do país.”. Viveiro
de Lojas, Made in Funchal e Matadouro
são exemplos da aposta na criatividade Na
candidatura do Funchal sobressaem, desde
logo, as atividades em curso na cidade relacionadas
com o artesanato local e regional.
“A UNESCO dá uma grande importância ao
trabalho em rede e a cidade tem vindo a
mostrar, ao longo dos últimos anos, como o
26 saber JUNHO 2021
setor público, privado e empresarial podem
trabalhar em conjunto para manter vivas as
tradições, adaptá-las aos tempos modernos
e incentivar novas formas criativas de artesanato”,
reforça Miguel Silva Gouveia.Entre
os projetos dinamizados pelo Município,
emerge, desde logo, o recém-inaugurado
“Viveiro de Lojas” na Zona Velha da cidade,
uma iniciativa inovadora, que pretende ajudar
a densificar o tecido comercial local com
novos e diferenciados conceitos. Também o
site Made in Funchal, em https://www.madeinfunchal.cm-funchal.pt/,
foi criado pelo
Município em forma de catálogo, permitindo
a todos os interessados encontrar empreendedores
locais das mais diversas categorias,
tais como moda, decoração e artes, entre
outras. O Presidente destaca, justamente,
que “o Made in Funchal e o Viveiro de Lojas
são dois projetos que contribuem para
o alcance dos objetivos da Agenda 2030, no
que concerne a apoiar as atividades produtivas,
a criação de emprego, a criatividade e o
crescimento das micros, pequenas e médias
empresas. Com o Viveiro de Lojas, o Município
visa, especificamente, a elaboração e a
implementação de políticas para promover
o turismo sustentável, que gera empregos
e promove a cultura e os produtos locais.”.
A estas duas atividades, soma-se “o futuro
Hub Criativo que vai nascer no antigo
Matadouro do Funchal, naquele que será
o novo polo de criatividade, cultura e empreendorismo
da cidade. Pretendemos que
este histórico espaço industrial se assuma
como um ecossistema de grande vitalidade,
assente na partilha e na inovação, e funcionando
também como um polo de investigação
e desenvolvimento das artes e do artesanato
regional. Desta forma, será possível
preservar as tradições culturais e artísticas
do concelho e da Região, mas também dar
nova roupagem ao setor, reinventando-o e
dinamizando-o economicamente.”. Na candidatura
a submeter à UNESCO, o Município
destaca ainda: o Funchal Folk – Arraial do
Mundo, um festival internacional de folclore
promovido pelo Grupo de Folclore Monte
Verde, com o apoio da CMF; a Aldeia de Natal
baseada no artesanato, que foi o mote para
a edição do ano passado, num tributo aos
artesãos madeirenses e aos brinquedos tradicionais;
as feiras temáticas de artesanato
no Mercado dos Lavradores; e os workshops
dinamizados ao longo do ano nos museus
municipais, dirigidos aos alunos do ensino
básico e à população sénior. Projeto com
crescente visibilidade internacional Ao tornar-se
membro da rede, o Funchal poderá
aproveitar as oportunidades de intercâmbio
e colaboração, nacionais e internacionais,
com outras cidades-membro, capitalizando
os seus ativos criativos. A Rede das Cidades
Criativas, com a marca da UNESCO, é, de resto,
um projeto crescente e atraente no plano
internacional, e uma fonte de inovação em
cidades com políticas urbanas que envolvem
a cultura. Com esta adesão, o Município ganhará,
igualmente, visibilidade a nível internacional
para as atividades desenvolvidas
no Funchal, num momento em que decorre
a candidatura do Funchal a Capital Europeia
da Cultura em 2027. As cidades-membro reconhecem
a importância do desenvolvimento
urbano sustentável e inclusivo e, portanto,
comprometem-se a valorizar o papel da
cultura e da criatividade na implementação
da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável. Sendo esta uma rede de cidades,
o interesse, a inscrição e as atividades
futuras no âmbito dos membros devem ser
apoiados e coordenados pelo Município,
sempre em articulação com outras entidades
relevantes do concelho. s
CMF apoiA RETOMA DA
economia local
PUB
saber JUNHO 2021
27
viajar coM saber
ANTÓNIO CRUZ
AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt
Montesinho
1] São, arredondamente, vinte quilómetros desde Bragança. Por
estrada calma e por vezes sinuosa que me entrega uma sucessão
de paisagens sem mácula e que desafiam à evasão de todos os
meus sentidos. Para, finalmente, desaguar num casario de pequena
dimensão e muita beleza.
Montesinho. Encostado a Espanha ali mesmo acima
de Bragança, onde cessa território português para
dar início a território espanhol. Um Parque Natural
do mais bonito e fantástico que temos no nosso
país e que leva uma das mais belas aldeias de
Portugal com o mesmo nome.
António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia
1]
28 saber JUNHO 2021
2]
3]
3] Os substantivos não fogem à repetição do que tenho vindo
a contar acerca de todas as aldeias por onde tenho vindo a
passar ao longo desta viagem muito bem conseguida: silêncio,
paz, sossego, tranquilidade, beleza, autenticidade, isolamento. E
uma aprazível solidão.
2] Não fugindo à regra dos arruamentos empedrados,
às casas de granito recuperadas, aos largos que levam o
pelourinho e/ou a capela, Montesinho é mais um testemunho
de intervenção correcta e inteligente. Bem pensada e
excelentemente preservada.
5]
4]
5] São lugares - todas estas aldeias são lugares - de gatos. Luzidios,
bem tratados, acarinhados pelas mais simples das mãos,
alimentados a amor e ternura. Pois são companheiros fiéis e
leais. Porque são companhia de Invernos à lareira e de mantas
no colo. São, tantas vezes, companheiros de viuvez nos confins
da nossa percepção geográfica.
6]
4] Porque estas também são terras de mel. De um mel puro e bem
laborado pelas incansáveis abelhas que preservam o planeta. Assim
saiba o Homem preservá-lo e manter em dia a consideração e
respeito que ele nos merece.
6] As últimas moradas também podem ter vistas bonitas. E chilreios
de pássaros alegres. E cómodos que não precisam ser demasiado
grandes para serem confortáveis. R.I.P.
saber JUNHO 2021
29
FINANÇAS
Dicas para
ultrapassar
casos de
sobreendividamento
Dulcina Branco
doutorfinancas.pt • www.doutorfinancas.pt
"O último ano foi complicado para
muitas famílias. Dos negócios que fecharam,
aos lay-offs, muitas foram as
famílias que viram os seus rendimentos
afetados. Seja qual for a situação, o importante
é termos noção exata da saúde
das nossas finanças e agir o mais depressa
possível. E há muitas coisas que podemos
fazer”, salienta Rui Bairrada, CEO do Doutor
Finanças. A empresa especializada em
finanças pessoais e familiares partilha dicas
para as famílias que estejam numa situação
de fragilidade financeira. “Numa situação
em que antevemos problemas financeiros
é preciso fazer uma análise detalhada de
como gastamos o nosso dinheiro. E a partir
dessa análise podemos tomar decisões”,
acrescenta Rui Bairrada. Há uma série de
medidas que pode pôr em prática de forma
a resolver a situação financeira o mais depressa
possível, tais como: renegociar contratos,
avaliar quanto paga de eletricidade e
qual a tarifa que tem contratada, negociar
e renegociar os contratos de telecomunicações
no que concerne às plataformas
de streaming e benefícios da sua utilização
como a Netflix, Spotify, HBO, Amazon e Disney,
renegociar as condições com regularidade
dos contratos que tem com o banco,
renegociar os contratos de seguros, inclusivamente
os associados ao crédito habitação
e os associados ao cartão de crédito. Se
a situação é já de incumprimento, há que
resolver os problemas diretamente com as
instituições com quem tem créditos ou financiamentos,
não sendo possível recorrer
a outras instituições. Atualmente, há instrumentos
que protegem melhor as famílias, e
que obrigam os clientes e as instituições de
crédito a negociar. E, desde que os clientes
demonstrem capacidade de cumprir com os
seus compromissos financeiros, mediante
novas condições, as instituições estão obrigadas
a encontrar uma solução para cada
caso, evitando os tribunais. Se estiver numa
situação limite, há soluções para reduzir os
encargos de forma imediata mas antes de
avançar, deve ter em atenção duas questões:
estas soluções têm de ter a aprovação
da instituição financeira com quem tem o
contrato de crédito a decorrer, e qualquer
uma delas torna o custo final do crédito
mais elevado. Ainda assim, pode ser a solução
para evitar que entre em incumprimento
ou que, já tendo entrado, consiga regularizar
as dívidas. s
30 saber junho 2021
TURISMO
Madeira inspira coleção de estilista espanhol
A
hospitalidade dos seus habitantes,
as paisagens, a gastronomia e a
cultura local serviram de inspiração
ao estilista Juan Duyos para criar
as propostas para o outono. A coleção será
apresentada na próxima Semana da Moda
de Madrid. A coleção vai integrar todas as
características que o criador encontrou na
Madeira: a hospitalidade das suas gentes, a
natureza luxuriante de mar e floresta com
todas as suas cores, as tradições, o artesanato,
a cultura e a gastronomia. Para tal, está a
trabalhar de forma exaustiva e em constante
contato com os artesãos da ilha para uma
colaboração única para o outono, que vai
desfilar na Semana de Moda de Madrid. Os
dias que passou na ilha foram marcantes.
As paisagens deslumbrantes, o clima ameno,
a beleza selvagem do Atlântico, o calor
humano das pessoas, o artesanato e os seus
artesãos, a cultura tão marcada e orgulhosa.
A todos estes atrativos junta a segurança
que sentiu e que tem pautado o destaque
da Madeira na luta contra a pandemia. “A
Madeira é uma ilha aparentemente simples,
vibrante, divertida e com uma diversidade
incrível de relevos e paisagens. Sentimo-
-nos confortáveis. Sentimo-nos muito bem.
Ficámos surpreendidos com o seu povo
acolhedor e hospitaleiro, que desperta um
sentimento de pertença, como se fôssemos
locais, e estivéssemos entre amigos: uma
ilha tão tua, tão minha, tão nossa!. Cores
e cheiros. A gastronomia e o artesanato. É
algo que sinto no meu dia-a-dia e que, sempre,
me ligará à ilha bem como a admiração
que me faz ver como sua população se sente
tão enraizada e orgulhosa da sua história
e tradições. Até o seu tamanho é perfeito!.
A Madeira é acessível, com uma variedade
de paisagens diferentes e surpreendentes
e com vegetação inesgotável. A Madeira,
verdadeiramente, inspira-me infinitamente.
Desde que estivemos lá, há um sentimento
constante dentro de mim, e é de voltar. Foi
a primeira vez e tenho a certeza que serão
muitas mais” refere o criador. Nuno Vale, Diretor
Executivo da Associação de Promoção
da Madeira, destaca “estamos encantados
que o Juan Duyos se tenha deixado encantar
pela Madeira e a nossa natureza, as nossas
cores bem como as nossas gentes e o seu
artesanato sejam fonte de inspiração para a
sua próxima coleção.” s
DULCINA BRANCO
Ana Mestre (LifeStyle Account)
saber JUNHO 2021
31
SAÚDE
Sónia ferreira
info@arquiteturadoser.pt
Sónia Ferreira
Psicóloga Clínica e 'Coach'
Mentalidade
fixa ou de
crescimento?
– como a
forma de
pensar dita
sobre o nosso
sucesso
O
autor Napoleon Hill dizia: “O homem
é tão grande quanto a medida
de seu pensamento”. E assim
é. E para melhor definir o conceito
vamos usar um estrangeirismo mais em
voga: o ‘mindset’. Esta pequena palavra não
significa mais que o conjunto de crenças que
temos acerca da vida, das situações e sobre
nós. Ou seja, o ‘mindset’ funciona como uma
espécie de filtro, através do qual avaliamos
os acontecimentos e, dada a sua importância,
o tema tem sido muito estudado ao longo
dos anos. Uma das protagonistas destes
estudos foi a psicóloga Carol Dweck, que dividiu
o conceito em duas formas de expressão
com implicações muito diferentes na
nossa vida: mindset fixo e de crescimento.
Ora, um mindset fixo pressupõe-nos como
seres estáticos! Isto quer dizer que ficamos
parados em relação à forma como (não) fazemos
uso das nossas capacidades. Explicando
melhor: este tipo de mindset acontece
quando assumimos que a nossa forma
de ser, a nossa inteligência ou aptidões não
podem mudar de forma significativa. Dessa
perspetiva, o sucesso dependeria apenas de
capacidades inatas. Algo como “burro velho
não aprende línguas” é um bom exemplo de
um mindset fixo que acredita que a idade
é uma limitação a novas aprendizagens. No
entanto, não é apenas neste provérbio que
vemos este tipo de mindset. Sempre que
nos sentimos impotentes face a alguma situação
e baixamos os braços com algo no
pensamento como “não tenho jeito para
isto”, “coisas boas só acontecem aos outros”
ou “a vida é mesmo assim” ditamos a aceitação
da situação e todo um conformismo
que em nada nos beneficia. Por outro lado,
quem tem um “mindset de crescimento”
sabe que as habilidades podem ser aprendidas
e desenvolvidas, desde que exista
dedicação e empenho. Este tipo de mindset
encara os obstáculos e desafios como
oportunidades de aprendizagem e crescimento.
Esta é, não só, uma forma otimista
de olhar para as situações como implica
que cada pessoa tem o poder de assumir
a liderança para encontrar soluções e alternativas
quando as coisas não correm de
acordo com o esperado. Winston Churchill
dizia que “o sucesso é ir de fracasso em
fracasso sem perder o entusiasmo”, um excelente
exemplo de um mindset de crescimento
em que permitir-se falhar, aprender
e arriscar fazem parte do glossário de quem
quer atingir os resultados mais desejados.
Resumindo, o importante é percebermos
qual dos tipos de mindset é que estamos
a usar. Para isso, de uma forma resumida,
basta que avaliem as seguintes dicotomias:
são mais propensos a abraçar desafios ou
a evitá-los?; quando surgem obstáculos costumam
desistir ou persistir?; vêm o esforço
e empenho como inútil ou como parte do
caminho que leva ao sucesso?; fogem das
críticas ou assumem a escuta ativa dos comentários
construtivos?; encaram o sucesso
dos outros como uma ameaça ou como uma
inspiração?. Como já devem ter percebido
as primeiras opções são fixas e as segundas
de crescimento. Se calhar, enquanto leem
estas palavras sentem que têm um pouco
dos dois e isso é muito natural. Há contextos
em que estamos mais predispostos ao
crescimento e outros em que nos sentimos
mais presos a crenças que nos impedem o
movimento e está tudo certo, pois é exatamente
essa clareza que faz a diferença na
forma como encaramos as circunstâncias,
gerimos o comportamento e construímos a
felicidade. s
32 saber JUNHO 2021
IMAGE consulting
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D.R.
Marisa Faria
Consultora de Imagem
Indecisão
destrói
sonhos
Já parou para pensar que a vida corre
tão rápido que nem nos damos de
conta? Acordamos, começamos na
correria desenfreada e num ápice o
dia termina. E assim as semanas passam,
os meses e os anos... E quando damos de
conta, pensamos que tínhamos tantos planos
para concretizar, tantos sonhos para
viver, mas o comodismo instalou-se e tudo
isso parece estar cada vez mais distante.
Pois é, a verdade é que grande parte das
pessoas vive a sua vida em modo piloto
automático e termina a sua vida sem concretizar
os seus sonhos. Porque passou a
vida a adiar, à espera do momento certo
e à espera de sinais do universo para arriscar.
Habituam-se a viver uma vida de indecisão.
E nada acontece!. Quantas vezes
nos olhamos no espelho e ficamos desanimados
por não nos sentirmos felizes com
a nossa imagem?. Esse sentimento afeta
direta e profundamente o nosso Comportamento,
as nossas Atitudes e os nossos
Resultados. Porque quando nos sentimos
bem connosco, a nossa atitude perante as
coisas, perante a vida e perante os outros
é outra. Quando nos sentimos infelizes
com a nossa imagem, isso também reflete-
-se em tudo o que nos rodeia. Então, até
quando vai adiar a decisão de cuidar de si
e tornar-se a mulher que veste-se para os
seus sonhos, que expressa os seus desejos,
que veste-se para sentir-se feliz e que sai
da zona de conforto para aparecer para o
mundo como a mulher extraordinária que
é, na sua essência? s
saber junho 2021
33
DICAS DE MODA
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momentos de lazer. Um vestido confortável
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em azul e branco, as mangas são em estilo ‘kimono’
e a definir a cintura com elástico. Este
tipo de silhueta ajusta-se a qualquer tipo de
físico e tamanho. Deixo-vos esta sugestão para
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34 saber JUNHO 2021
saber JUNHO 2021
35
MAKEOVER
Mary Correia de Carfora
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Um novo brilho...
Mary de Carfora
D.R.
Sandra Dantas
Cabeleireiro Play Art (Cláudia)
Olá! Estou de regresso às mudanças
de visual com um trabalho
da Cláudia, do 'Play Art' , à nossa
princesa Sandra Dantas, protagonista
desta história com um final feliz.
A colaboração da Cláudia, do prestigiado
cabeleireiro 'Play Art' foi essencial nesta
mudança de visual. A Cláudia aplicou no
cabelo um novo tom que não só deu mais
brilho como destacou o belo rosto da Sandra,
o qual ganhou um novo brilho e claridade.
Complementei com uma maquilhagem
um pouco mais arrojada do que o habitual,
para um jantar especial. Sair da rotina
e conseguir um novo estilo, por vezes,
é necessário! E quando conseguimos que
encaixe perfeitamente com a personalidade
da pessoa, o resultado só pode ser encantador!
A Sandra ficou admirada e feliz! Recordou
novamente a pessoa linda que é! A
Sandra tem a sua história mas existem histórias
que já não precisam ser recordadas
nem contadas. O importante é que esteja
feliz. O meu muito obrigada ao cabeleireiro
'Play Art' pelo amor com que elabora os
seus trabalhos e pela disponibilidade incondicional.
s
36 saber JUNHO 2021
Um dia com...
Sandra Dantas
‹ Antes ‹ DEPOIS
saber JUNHO 2021
37
MOTORES
O Regresso
ao Futuro!
Opel
apresenta
novo Manta
GSe ElektroMOD
Nélio Olim
D.R. (direitos reservados)
Q
uem não se recorda do velhinho
Opel Manta, equipado com motores
a combustão e que muito rodou
pelas estradas deste mundo!.
Desta vez, sofreu um transplante e regressou
à estrada, em modo elétrico. Com este
regresso dum modelo emblemático, a Opel
quer deixar bem claro o seu manifesto pela
mobilidade elétrica com a conversão de um
Manta clássico num modelo vanguardista
com motor elétrico, não abdicando, contudo,
da sua configuração de tração traseira
e de caixa manual, dando assim origem ao
Manta GSe ElektroMOD. Nascido há mais de
50 anos com um motor a gasolina de quatro
cilindros, o Manta é o primeiro ‘mod’ elétrico
na história da marca alemã, com este
Manta GSe ElektroMOD a combinar o melhor
de dois mundos: as linhas clássicas de
um ícone do estilo com a tecnologia avançada
de uma mobilidade sustentável. “O Manta
GSe demonstra, de uma forma notável, o
entusiasmo com que construímos automóveis
na Opel. Combina a enorme tradição
Opel com o compromisso atual de uma mobilidade
livre de emissões, para um futuro
mais sustentável e entusiasmante. A Opel já
é, atualmente, elétrica graças a vários dos
seus modelos, aos quais se junta, agora, o
lendário Manta”, referiu Michael Lohscheller,
CEO da Opel. Debaixo do inconfundível
capô preto deste modelo desportivo Opel
da década de 1970, encontra-se agora um
motor elétrico com 108 kW (ou seja, 147
cavalos de potência). A bateria, de iões de
lítio de 31 kWh de capacidade do renascido
Opel Manta permite uma autonomia média
de cerca de 200 quilómetros, carrega em
quatro horas, e onde o “e” de GSe, representa
agora a eletrificação do modelo. Sendo
realistas, o lançamento do Opel Manta
GSe ElektroMOD acaba por refletir um certo
fascínio crescente de uma comunidade de
fãs que gostam de ver transformar modelos
clássicos em novos conceitos de mobilidade,
redesenhados e, como neste caso,
eletrificados. O novo GSe é o Manta A mais
potente alguma vez construído pela ex-
-equipa oficial da Opel. Em 1974 e 1975, o
Manta GT/E era a versão mais potente da
primeira geração graças a um motor de
105 cv. Tal como nos modelos de produção
Opel Corsa-e e Opel Mokka-e, o Manta GSe
consegue, também, recuperar energia nas
travagens e armazená-la na bateria. O recarregamento
da bateria é feito através do
carregador de bordo de 9,0 kW, monofásico
ou trifásico AC (corrente alternada). Isto
significa que é possível carregar totalmente
a bateria do Manta em menos de quatro
horas. A pintura em “amarelo néon” corresponde
à recém-atualizada identidade corporativa
da Opel e enquadra o capô preto
que acaba por lhe conferir um contraste significativo.
Já o interior integra a mais recente
tecnologia digital da Opel, fazendo com
que a instrumentação clássica analógica, de
formato redondo, passasse à História. No
seu lugar, o condutor tem agora à frente um
grande Opel Pure Panel, semelhante ao do
novo Mokka de produção, com dois ecrãs
integrados de 12 e 10 polegadas, orientado
para o condutor, a apresentar todas as informações
relevantes sobre o veículo, tais
como o estado do carregamento da bateria
e a autonomia. Os bancos desportivos apresentam
uma linha amarela decorativa, ao
centro, tendo sido outrora desenvolvidos
para o Opel ADAM S, oferecendo, agora, um
nível de conforto e de suporte lateral muito
superiores aos do Manta original, podendo
conduzir confortavelmente e usufruir do
som dos lendários amplificadores Marshall.
O volante, de três braços, é da marca Petri,
redesenhado pela Opel. O estilo dos anos
70 foi mantido e a marca amarela no topo
do volante, na posição “12 horas”, é mais
um elemento desportivo. Para os revivalistas
mas, simultaneamente, amigos da sustentabilidade
ambiental, esta é, seguramente,
uma opção a considerar. Agora só falta
saber os preços do ‘novo’ Manta, que a Opel
ainda não divulgou. s
38 saber junho 2021
saber junho 2021
39
FASHION ADVISOR
JORGE LUZ
www.facebook.com/jorgeluz83/
Cores e texturas de verão
Olá! Esta estação está mais colorida
e leve do que nunca. Use e abuse
das sedas - as sedas frescas
com estampas muito marcantes.
Destacam-se os tons neons e que são predominantes
nesta estação. Estampas florais
com cores muito fluorescentes. O estilo vindo
da India veio para ficar. Muitas rendas,
muitos bordados, muitas aplicações...Vestidos
e túnicas muito expressivos com muitos
detalhes. Peças que, com toda a certeza,
fazem brilhar a beleza de qualquer mulher.
São peças tão marcantes que os acessórios
não passam disso mesmo, acessórios. Os
acessórios querem se discretos. A beleza e
textura das diferentes peças de vestuário
falam por si. Jogue com as tendências e
divirta-se. s
Jorge Luz
Jorge Luz
40 saber JUNHO 2021
saber JUNHO 2021
41
DECORAÇÃO
E que se faça luz...
Aluz é um dos bens mais essenciais e importantes para o
nosso bem-estar, mas também para a nossa saúde. Quer
seja na sala, quarto, cozinha ou mesmo casa de banho, um
espaço bem iluminado é um dos principais requisitos para
uma casa confortável e acolhedora. Na La Redoute encontra um
mundo iluminado, cheio de texturas, tamanhos, cores e materiais
distintos, prontos para servir todas as suas necessidades. De pé, de
teto ou para aplicar na parede, a variedade é imensa e o difícil será
escolher. Para candeeiros mais tradicionais pode sempre optar por
linhas regulares, com pormenores clássicos e abajures em tons neutros.
Se a decoração do seu espaço prima pela subtileza, arrisque
com candeeiros coloridos, detalhes arrojados, padrões e tamanhos
contrastantes. Em linho, ráfia, vidro, cerâmica, metal, latão ou bambu,
a iluminação dos espaços nunca mais será aborrecida. Ah!. E não
se esqueça do exterior, dê um toque extra de personalidade com
lanternas para velas, por exemplo... s
Teresa Mesquita (teresamesquita365.pt), Dora Sousa (dorasousa@redoute.pt) newsredoute.com/fotos
newsredoute.com/fotos
42 saber JUNHO 2021
inovação
O restaurante do futuro:
não tem mesas mas chega a qualquer lado
Não tem mesas, nem balcão. Não é presencial, mas também
não é virtual. Foi neste contexto que nasceram o Las Gringas
e o Ameaça Vegetal, assentes na tecnologia e na criação
de novas experiências, sendo os primeiros conceitos
do coletivo Foodriders lançado durante a pandemia pelo casal Marta
Fea e Damian Irizarry juntamente com o chef Diogo Noronha. Os primeiros
são os antigos proprietários do Pistóla y Corazon e o segundo
o antigo chef do Pesca, e ambos “sentiram” na pele os efeitos da
Covid-19 com o encerramento dos respetivos restaurantes. Os três
jovens empreendedores, com provas dadas no setor da restauração
há vários anos, queriam fazer parte da redefinição do conceito de
restaurante do futuro e por isso criaram a Foodriders, uma startup
sediada em Lisboa, “mas com os olhos postos no mundo”. Após meses
de trabalho chegaram à conclusão que o restaurante do futuro
tem de assentar em quatro elementos essenciais: menor investimento,
baixo custo de operações, experiências únicas e uma plataforma
digital. “Passaram da teoria à prática e já têm em funcionamento o
primeiro restaurante do futuro em Portugal”, segundo o comunicado
enviado às redações. A primeira cozinha deste coletivo abriu em 18
de março, na Penha de França, Lisboa, e está de portas abertas todos
os dias das 12h às 23 horas. Não é um restaurante convencional porque
não tem mesas para os clientes, mas também não é virtual, uma
vez que, ao contrário de muitos não está escondido num armazém,
mas funciona num movimentado bairro de Lisboa, onde os clientes
podem entrar, ver onde são confecionadas as refeições e conhecer
todos os projetos deste coletivo. Na cozinha Foodriders são servidos
dois conceitos gastronómicos. E em vez de uma sala de jantar,
com limite de clientes, têm uma “cidade” de jantar. Literalmente.”,
referem. Isto porque esteja o cliente onde estiver, a Foodriders vai
servi-los. Graças a uma inovadora aplicação, desenvolvida dentro do
coletivo, e pensada pela primeira vez por profissionais do setor, tanto
é possível fazer um pedido de delivery para uma morada como
para um miradouro ou qualquer espaço público, basta um “drop a
pin” no GPS e, desde que uma bicicleta ou mota chegue lá, a entrega
está garantida. Flexibilidade e mobilidade são conceitos associados
ao restaurante do futuro, um restaurante capaz de transformar as
novas tecnologias em pontes para assegurar a proximidade com os
clientes. A Foodriders conta ainda com inúmeras iniciativas na área
do design e das artes apoiadas na sustentabilidade, uma das preocupações
do coletivo em todas as suas ações. s
Dulcina Branco www.facebook.com/Foodriders www.idealista.pt/news/
saber junho 2021
43
MARCAS ICÓNICAS
Desde a sua fundação, em 1909 que esta marca
alemã é reconhecida mundialmente. Em 1884,
Robert Weintraud, um industrial de Offenbach,
criou a empresa Weintraud & Co GmbH
que produzia então materiais de escritório,
acessórios para fumadores, candeeiros e relógios.
Adquirida pelo Groupe SEB em 1988, líder
mundial em pequenos eletrodomésticos, a marca
afirmou-se no seu segmento (ferros de engomar,
aspiradores e secadores de cabelo) com produtos
de alta qualidade. A Rowenta oferece uma vasta
gama de produtos que combinam performance
tecnológica, design elegante e nível elevado de
facilidade de utilização. Pioneira, a Rowenta
apoiou-se no desenvolvimento de produtos ecointeligentes
ao celebrar uma parceria com a WWF
para colocar o design ecológico na vanguarda
do seu processo de inovação. Associada à Elite
Model Look, a Rowenta lançou uma balança
electrónica de quarto ou casa de banho com
enorme sucesso. Com uma história de mais de
cem anos, a Rowenta está presente em mais de
120 países e emprega mais de 20 mil pessoas
em meia centena de países. A filial em Portugal
foi aberta em 1992. No final do ano de 2001, a
integração da Moulinex e Krups permitiu ao
Groupe SEB reforçar a sua posição de liderança
e adequar a oferta de produtos às necessidades
dos consumidores. O grupo facturou 3,2 milhões
de euros em vendas em 2009 e detém a liderança
mundial em frigideiras antiaderentes, ferros a
vapor e geradores de vapor, jarros eléctricos,
fritadeiras, preparação alimentar, torradeiras,
máquinas de café expresso e filtro e refeições
informais. Cerca de 30 por cento das vendas
anuais reportam a novos produtos.
Dulcina Branco
Internet e Rowentaportugal.pt
44 saber JUNHO 2021
LUGARES DE CÁ
SOCIAL
›
›
Presidente da República
em visita à Madeira
› Museu de Imprensa – Madeira expôs “A nova vida da velhinha máquina de escrever”
› Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos reforçam meios de intervenção e salvamento
› Ilha de Porto Santo dinamizou campanha de limpeza nas suas praias
› Funchal recebeu o Campeonato Europeu de Natação Adaptada
› Presidente Marcelo esteve no Funchal em maio para preparar 10 de Junho
› Ministra da Cultura esteve em Porto Santo onde presidiu a conferência internacional
saber JUNHO 2021
45
social
“A Nova Vida da Velhinha
Máquina de Escrever”
O Museu de Imprensa da Madeira, situado em Câmara de Lobos,
teve em exposição, entre os meses de abril e junho deste
ano, a exposição temporária “A nova vida da velhinha máquina
de escrever” e que consistiu na apresentação de 35 máquinas fabricadas
na Europa e nos Estados Unidos da América de diversas
marcas e anos. Foi uma oportunidade única para ficar a conhecer
uma máquina que marcou o séc XX em termos de evolução tecnológica
do tratamento de texto e a nível de evolução do design.
Estas belas máquinas são atualmente peças de museu e apreciadas
por colecionadores de todo o mundo. s
DB
D.R. (direitos reservados)
46 saber JUNHO 2021
Bombeiros Voluntários
de Câmara de Lobos
com nova viatura
O presidente do Governo Regional presidiu à cerimónia de entrega
da viatura de salvamento e resgate em montanha junto à
Câmara Municipal de Câmara de Lobos, aos Bombeiros Voluntários
do concelho. A corporação passa a ficar melhor dotada nos
meios de salvamento e socorro com a nova viatura que está preparada
para fazer resgate e salvamento em zonas de orografia
acidentada. Miguel Albuquerque dirigiu-se ao comandante dos
Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos para sublinhar que
«para além de ter um dos quartéis mais bonitos da Madeira, com
a obra do Rigo, tem um quartel dotado dos meios necessários
para o cumprimento da sua missão». s
DB
D.R.
saber JUNHO 2021
47
social
“Porto Santo Sem Lixo Marinho”
“Porto Santo Sem Lixo Marinho” intitulou a campanha de limpeza
das praias da ilha e que juntou o Governo Regional da Madeira
e a Câmara Municipal de Porto Santo com o apoio da Força Aérea
Portuguesa, a ONG francesa ‘Wings of the Ocean’ e a Comissão
de Proteção de Crianças e Jovens do Porto Santo. Destaque
para a presença em Porto Santo do imponente veleiro Kraken, da
ONG ‘Wings of the Ocean’, que desenvolve ações mundiais para a
proteção dos ecossistemas costeiros. Esta campanha de limpeza
abrangeu ribeiras e outros espaços tendo resultado em mais de
650kg de lixo recolhido. s
DB
gentilmente cedidas por Fábio Brito
(Câmara Municipal de Porto Santo)
48 saber JUNHO 2021
Campeonato Europeu
de Natação Adaptada no Funchal
O Complexo de Piscinas Olímpicas do Funchal recebeu entre os
dias 16 a 22 de maio, o `WPS European Open Swimming Championships’,
evento de natação adaptada internacional que apura
os atletas para os Jogos Paralímpicos de Tóquio. O Campeonato
Europeu de Natação Adaptada trouxe à capital madeirense cerca
de 750 participantes, distribuídos por 48 seleções nacionais.
O evento juntou o Governo Regional, a Câmara Municipal do
Funchal, a Federação Portuguesa de Natação e a Associação de
Natação da Madeira numa grande organização que foi de enorme
importância, desde logo por ser a última competição a possibilitar
o acesso aos Jogos Paralímpicos de Tóquio e um teste à
organização do Mundial de Natação Adaptada que se realiza no
próximo ano no Funchal. s
DB
Pedro Vasconcelos
saber JUNHO 2021
49
social
Madeira na agenda
do Presidente da República
O Presidente da República deslocou-se à Região em maio onde
apresentou cumprimentos às autoridades regionais. Foi a primeira
visita de Marcelo Rebelo de Sousa no segundo mandato
como Chefe do Estado. Marcelo Rebelo de Sousa reuniu com o
Representante da República, Ireneu Barreto, com o Presidente
do Governo Regional, Miguel Albuquerque, com o Presidente da
Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, e com
os líderes parlamentares. Esta visita serviu ainda para preparar
as celebrações do 10 de Junho que este ano se centraram na Madeira
e tiveram a presença do Chefe do Estado Português. s
DB
Amílcar Figueira (Assembleia Legislativa Regional)
50 saber JUNHO 2021
Ministra da Cultura
em Porto Santo
O Centro de Congressos de Porto Santo recebeu a conferência
“Da Democratização à Democracia Cultural: Repensar instituições
e práticas”, uma iniciativa com o alto patrocínio da Presidência
Portuguesa do Conselho da União Europeia e em que
marcou presença a Ministra Graça Fonseca. A Ministra da Cultura
presidiu ao evento que ficou marcado pelo lançamento do
documento estratégico “Carta de Porto Santo”. Nesta visita a Ministra
pode visitar alguns locais da ilha e até saborear as famosas
lambecas. s
DB
gentilmente cedidas por Fábio Brito (Município de Porto Santo)
PUB
saber JUNHO 2021
51
À MESA COM...
As sugestões de
FERNANDO OLIM
Queijos, legumes frescos e as frutas da época dão um
colorido diferente à mesa de verão ao mesmo tempo
que economiza na carteira e aufere de refeições
saudáveis. Nestes dias de calor, as refeições querem-
-se leves e confecionadas com produtos frescos da época, como
frutas e legumes que facilmente se encontram no mercado e
nas lojas de bairro. Cerejas e morangos nas saladas, o polvo com
pimento e outros sabores que tão bem sabem nestes dias que
ainda são de cuidados face à atual pandemia. s
PRODUÇÃO FERNANDO OLIM
Agradecimentos Catering Sun City
DULCINA BRANCO
FERNANDO OLIM
Aline Ponce for Pixabay
52 saber JUNHO 2021
entrada
‘Vassoura’
de queijos
Uma forma diferente e divertida de apresentar uma
entrada com base em queijo. Fatie o queijo e finalize
conforme mostra a imagem.
prato
principal
Salada de polvo
com pimento
O polvo é preparado e depois de cozido com
uma cebola, corte e disponha numa travessa e
complemente com pimento verde, cebola roxa e
pimento vermelho a gosto. Finalize com gotas de
azeite e vinagre de maçã.
sobremesa
Bandeja ‘Santo Queijo’ com
frutos vermelhos e exóticos
Disponha numa bandeja o queijo fresco da fábrica
madeirense ‘Santo Queijo’ e complemente com frutos
vermelhos e exóticos.
saber JUNHO 2021
53
ESTATUTO EDITORIAL
A Revista Saber Madeira é uma revista mensal de
informação geral que dá, através do texto e da
imagem, uma ampla cobertura dos mais importantes
e significativos acontecimentos regionais,
em todos os domínios de interesse, não esquecendo
temáticas que, embora saindo do âmbito
regional, sejam de interesse geral, nomeadamente
para os conterrâneos espalhados pelo
mundo.
É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente
aos quadros médios e de topo, gestores,
empresários, professores, estudantes, técnicos
superiores, profissionais liberais, comerciantes,
industriais, recursos humanos e marketing.
Identifica-se com os valores da autonomia, da
democracia pluralista e solidária, defendendo
o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder
assumir as suas próprias posições.
Comunicações, Limitada
Parque Emp. Zona Oeste, lote 7 | 9304-006 Câmara de Lobos 291 911 300 comercial@oliberal.pt
Estatuto Editorial
Mais do que a mera descrição dos factos, tenta
descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,
antecipando tendências, oportunidades
informativas.
Pauta-se pelo princípio de que os factos e as opiniões
devem ser claramente separadas: os primeiros
são intocáveis e as segundas são livres.
Como iniciativa privada, tem como objetivo o
lucro, pois só assim assegura a sua independência
editorial e económico-financeira face aos grupos
de pressão.
Através dos seus acionistas, direção, jornalistas
e fotógrafos, rege-se, no exercício da sua atividade,
pelo cumprimento rigoroso das normas éticas
e deontológicas do jornalismo.
A Revista Saber Madeira respeita os princípios
deontológicos da imprensa e a ética profissional,
de modo a não poder prosseguir apenas
fins comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,
encobrindo ou deturpando a informação.
O LIBERAL, uma empresa gráfica regional,
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Estamos presentes no mercado há mais de 25 anos.
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54 saber JUNHO 2021
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