Revista Penha | setembro 2021
O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda curiosidades sobre a Penha de França. Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.
O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda curiosidades sobre a Penha de França.
Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.
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artistas a ensaiarem, a treinarem, havia muita
vida, muita vida.
Muita vida na rua? Sim, muita vida na rua. Dia e
noite não havia problema nenhum. Havia muitas
diferenças em termos sociais, mas não era assunto,
antes pelo contrário. Toda a gente brincava, toda a
gente estava junta, toda a gente se dava. Foi muito
libertador, aprendemos muito.
Lembra-se de alguma ocasião especial?
Tínhamos um dia no ano em que limpávamos
as ruas. Lembro-me bem de andar a esfregar
paredes, de vassoura na mão a tirar cartazes, havia
muitos cartazes nessa época. Andava tudo na rua
a limpar. Outra coisa importante era o comércio
local, era tudo muito familiar e uma zona de grande
comércio.
‘Tínhamos um dia no ano
em que limpávamos as
ruas’
Que lojas havia ali na Rua da Penha de França?
Sei que havia uma oficina de motas que a marcou.
Era no caminho para a Praça António Sardinha:
havia uma oficina de um campeão de motas,
Manuel de Almeida, e eles andavam por ali às
voltas. Nós ficávamos a assistir e acho que isso
também contribuiu para o meu interesse pelas
motas - acabei por tirar a carta há pouco tempo,
mas sempre gostei de andar de mota. Também
havia uma farmácia, um talho, uma retrosaria, uma
grande papelaria que tinha de tudo, um estofador
onde fazíamos os estofos para os carros de esferas.
Eram carrinhos de luxo… (risos) De luxo, à séria.
Tínhamos um mercado aberto, onde agora é o
Mercado de Sapadores. Tínhamos os chocolates da
Favorita. Era maravilhoso.
procura do meu pai, que escrevia muito e estava no
Café Império a escrever.
E o Sporting Clube da Penha? Teve importância
na sua formação? Foi lá que eu pela primeira vez
fiz teatro, tinha 11 anos. Dançávamos, porque havia
sempre música ao fim de semana, ia com os meus
irmãos, íamos muito para ali.
‘Foi no Sporting da
Penha que eu pela
primeira vez fiz teatro’
Tinham outras atividades? Tinham muitas
atividades, na altura o diretor era o Sr. Santos,
pai do Fernando Santos. Tinham atletismo, por
exemplo, ainda lá ganhei uma medalhinha. Adorava
correr, aliás nós passávamos a vida a correr!
Ainda mantém ligação ao Clube, através das
Marchas, foi madrinha duas vezes. Sim, o Paulo
Lemos convidou-me e como faz parte da minha
vida achei que fazia sentido. Tive todo o gosto em
participar, gostei imenso.
Que outros locais a marcaram? A piscina e a
biblioteca. Apesar de ter um pai que parecia um
google e de termos uma biblioteca em casa,
íamos muitas vezes buscar livros à biblioteca.
Também as escolas, andei na primária na Voz do
Operário, na Graça, e depois na Nuno Gonçalves
e na Luísa de Gusmão.
Quando era pequena tinha algum lugar secreto,
favorito? Tínhamos a árvore da Praça António
Sardinha. Aquela árvore é única, muito muito larga,
nós brincávamos muito naquela árvore. Trepávamos
e dava para esconder dois ou três miúdos lá em
cima (risos). Aquela árvore é incrível. Tive uma
infância muito feliz.
Tinha algum lugar especial para brincar? Eu fazia
uma coisa engraçada, impensável nestes dias.
Metia-me sozinha no autocarro ou elétrico, com
7/ 8 anos, fingia que estava a dormir para não
pagar, e ia dar voltas à cidade. Achava que era a
maior aventura.
E era. Conseguia voltar para casa? Sim, era
sempre o mesmo autocarro, já me conheciam. Ia à
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