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46ª Edição_Revista ATRAÇÃO

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Por Antônio Saracura

O Itabaianista

A despedida de

Zé Sapo

Itabaiana

SERGIPE

BRASIL

Do livro -

Os Curadores

de Cobra e

de Gente

Os Cabaús governavam

Com o doutor Itajaí

Mas os Pebas vingativos

Teimavam em resistir

E o chefe dele: Sebrão

Mesmo na oposição,

Mandava aqui e ali.

Romancista, Contista, Cronista e Poeta, Formado em Administração pela Universidade Federal de SE

Membro da Academia Itanbaianense de Letras e da Academia Sergipana de Letras

— Até nunca mais lhe ver

Pois chefe como você

Não merece essa função.

— Mas, Zé Sapo, dê-me

um tempo, pois tenho um

pressentimento de

que vou me complicar.

O clima não era bom...

Provocações lado a lado

De quando em quando, uma morte

Por pistoleiro alugado.

Havia tocaia armada

Em cada encruzilhada

Na igreja e no mercado...

Zé Sapo era dos Pebas

Mas muito mais de Sebrão

Por quem tinha lealdade

E cega veneração;

Antes de o chefe pensar

Zé Sapo, a se coçar,

Organizava a ação.

Vendo Sebrão ser xingado

Como a um satanás

Sentiu em si as ofensas

Doerem cada vez mais

Seu sanguíneo coração

Avançou sobre a razão

Deixando ela pra trás

E então, o escudeiro

Navegando em sentimento

Foi em busca do aval

Certo do consentimento

Pra executar a missão

Que seria a solução

De tanto padecimento

28 Atração_ outubro de 2021

Sebrão olhou pra Zé Sapo

Armado até os dentes

E não viu tanta vantagem

Na morte do concorrente

Ele seria o suspeito

Pois era de seu proveito

O assassinato iminente.

Mas como parar Zé Sapo

Doidinho para matar

E o olhava nos olhos

Esperando ele aprovar?

— Mas, Zé Sapo, dê-me um tempo,

Pois tenho um pressentimento

De que vou me complicar.

Isaias Marinho

Zé Sapo viu que o medo

Avassalava o patrão,

Pegou a arma e saiu

e nem lhe apertou a mão:

— Até nunca mais lhe ver

Pois chefe como você

Não merece essa função.

Foi embora e desde então

Ninguém soube de Zé Sapo

O que carregou de casa

Coube tudo em um saco...

Sebrãos e itajaís

Continuam por aí

O jogo de gato e rato.

(Aracaju 2014. Livre adaptação do conto Zé Sapo, do livro História

Breve de uma Paixão, de Antônio Oliveira)

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