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Por Antônio Saracura
O Itabaianista
A despedida de
Zé Sapo
Itabaiana
SERGIPE
BRASIL
Do livro -
Os Curadores
de Cobra e
de Gente
Os Cabaús governavam
Com o doutor Itajaí
Mas os Pebas vingativos
Teimavam em resistir
E o chefe dele: Sebrão
Mesmo na oposição,
Mandava aqui e ali.
Romancista, Contista, Cronista e Poeta, Formado em Administração pela Universidade Federal de SE
Membro da Academia Itanbaianense de Letras e da Academia Sergipana de Letras
— Até nunca mais lhe ver
Pois chefe como você
Não merece essa função.
— Mas, Zé Sapo, dê-me
um tempo, pois tenho um
pressentimento de
que vou me complicar.
O clima não era bom...
Provocações lado a lado
De quando em quando, uma morte
Por pistoleiro alugado.
Havia tocaia armada
Em cada encruzilhada
Na igreja e no mercado...
Zé Sapo era dos Pebas
Mas muito mais de Sebrão
Por quem tinha lealdade
E cega veneração;
Antes de o chefe pensar
Zé Sapo, a se coçar,
Organizava a ação.
Vendo Sebrão ser xingado
Como a um satanás
Sentiu em si as ofensas
Doerem cada vez mais
Seu sanguíneo coração
Avançou sobre a razão
Deixando ela pra trás
E então, o escudeiro
Navegando em sentimento
Foi em busca do aval
Certo do consentimento
Pra executar a missão
Que seria a solução
De tanto padecimento
28 Atração_ outubro de 2021
Sebrão olhou pra Zé Sapo
Armado até os dentes
E não viu tanta vantagem
Na morte do concorrente
Ele seria o suspeito
Pois era de seu proveito
O assassinato iminente.
Mas como parar Zé Sapo
Doidinho para matar
E o olhava nos olhos
Esperando ele aprovar?
— Mas, Zé Sapo, dê-me um tempo,
Pois tenho um pressentimento
De que vou me complicar.
Isaias Marinho
Zé Sapo viu que o medo
Avassalava o patrão,
Pegou a arma e saiu
e nem lhe apertou a mão:
— Até nunca mais lhe ver
Pois chefe como você
Não merece essa função.
Foi embora e desde então
Ninguém soube de Zé Sapo
O que carregou de casa
Coube tudo em um saco...
Sebrãos e itajaís
Continuam por aí
O jogo de gato e rato.
(Aracaju 2014. Livre adaptação do conto Zé Sapo, do livro História
Breve de uma Paixão, de Antônio Oliveira)