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Estrela de David no Cruzeiro do Sul

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais. Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira. O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

Único livro que aborda a memória de judeus fardados no Brasil, desde Cabral até as Forças de Paz no Haiti, inclui os precursores cristãos-novos e descendentes, passando pelo Brasil Colônia, Bandeirantes, Império, Guarda Nacional, chegando aos dias atuais.

Um capítulo à parte é dedicado aos que deram a vida pelo Brasil e àqueles condecorados por bravura integrando a Marinha do Brasil, Marinha Mercante, Exército Brasileiro, FEB – Força Expedicionária Brasileira e FAB – Força Aérea Brasileira.

O lançamento nacional realizou-se no Museu Histórico do Exército e Forte Copacabana em 11 maio 2015.

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16 Israel Blajberg

das Índias – foi o primeiro explorador do Brasil. Como relata outro Gaspar, o

Correia, em Lendas da Índia:

“El-Rei entregou ao Capitão-mor Gaspar da Gama (Gaspar de Lemos), o judeu,

porque sabia falar muitas línguas, a que El-Rei deu alvará de livre e forro de sua

comédia em terra dez cruzados cada mês, muito lhe recomendando que o servisse

com Pedro Álvares Cabral, porque se bom serviço lhe fizesse, lhe faria muita

mercê; e porque sabia as coisas da Índia, sempre bem aconselhasse ao Capitãomor

o que fizesse, porque este judeu tinha dado a El-Rei muita informação das

coisas da Índia mormente de Goa”.

Gaspar de Lemos era judeu nascido na Polônia, de onde foi expulso ou teve

que fugir em 1450, quando criança, por não ter sua família acedido em converter-se

ao cristianismo. Após uma longa peregrinação através da Itália, Palestina, Egito e

outras terras, teria resolvido permanecer em Goa, na Índia, ali adquirindo prestígio

e vindo a ocupar a função de Capitão-mor de uma armada pertencente a um rico

mouro na ilha de Arquediva. Foi nessa ilha que Vasco da Gama, em 25 de setembro

de 1498, ao regressar de uma viagem à Índia, conheceu Gaspar de Lemos, que se lhe

apresentou a bordo como cristão e prisioneiro do poderoso Saboya, proprietário da

ilha. Não tendo conseguido burlar a perspicácia de Vasco da Gama, este depressa o

forçou a confessar que tinha sob suas ordens 40 navios com instruções de Saboya

para, na primeira oportunidade, atacar a frota lusitana. No entanto, o incidente acabou

gerando uma sólida amizade de Vasco da Gama com Gaspar de Lemos, a quem

levou consigo para Portugal, onde o apadrinhou no batismo, dando-lhe o seu nome

– que passou a ser Gaspar da Gama – e apresentou-o ao rei, D. Manoel, que o fez

persona grata na Corte, nomeando-o “cavalheiro de sua casa”. Vários historiadores

acham que foi apoiado na sua enorme experiência de viagens marítimas que Gaspar

intencionalmente induziu Pedro Álvares Cabral a afastar-se da África por acreditar

na existência de outras terras na direção oeste da vastidão do oceano. Gaspar da

Gama fez jus ao epíteto de “o primeiro explorador da terra”, que lhe deu Afrânio

Peixoto, e mesmo ao de “codescobridor do Brasil”, que lhe atribuiu Alexander von

Humboldt. Não podemos esquecer, também, a figura do também judeu Bartolomeu

Dias, o primeiro a atravessar o Cabo das Tormentas. Na prática, foi o homem que

possibilitou não apenas a viagem de Vasco da Gama às Índias, mas a própria expedição

de Cabral. Foi Bartolomeu quem concebeu uma manobra chamada de “volta

do mar”, o percurso original que, afastando-se da costa africana, permitiu às naus

portuguesas escaparem da calmaria nas proximidades daquele litoral.

As grandes navegações:mapas, tábuas e instrumentos

que ajudaram a descobrir o Brasil 2

“(...) a época legendária em que o infante D. Henrique cercou-se de alguns judeus

e moçarabes mais conceituados de então em náutica, cartografia e matemáticas,

até a Inquisição pôr tudo a perder.” 3

2

Baseado em BLAJBERG, Israel; FURMAN, Jorge Bastos. Breve relato da contribuição de judeus

e cristãos-novos à cartografia, astronomia e navegação. Furman é engenheiro cartógrafo (UERJ,

1975), membro do AHJB e SGJB e engenheiro da CISCEA (Comando da Aeronáutica).

3

CARVALHO, Cel. Luiz Paulo Macedo. Colóquio Militar Luso-Brasileiro, Lisboa, 2002.

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