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Obra Completa

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3 HESISTENC lA — Quinta-feira, 24 de Julho de 1902<br />

moral, e mais caf'rd do que o que se<br />

vê reunido em qualquer collegio.'<br />

Esta forma de educação pareceu-me<br />

sempre monstruosa. Os collegios sam<br />

penitenciarias. E' abominavel inflingi<br />

las a quem as não merece por qualquer<br />

indisciplina bem notável. Os paes,<br />

que escolhem para os filhos taes lugares<br />

de reclusão, de sequestração, de<br />

deformação, merecem por sua vez o<br />

epitbeto de desnaturados.<br />

Quero acreditar que as longas semanas<br />

sem sahida, os dormitoríos si m<br />

conforto, a alimentação sem suco, o<br />

deitar sem carinhos, o. levantar sem<br />

cuidados e sem hygiene foram substi<br />

tuidos por tratamento menos barbaro.<br />

Apezar disso, porem, a mudança dolorosa<br />

de terra, os contactos hostis, as<br />

coisas que se não comprehendem, as<br />

perseguições e outros tantos horrores<br />

subsistem sem modificação sensível,<br />

sem melhoramento possível. Ha pois<br />

ironia em interrogar um homém sobre<br />

a especie de desenvolvimento que poude<br />

valer lhe este systhema de compra<br />

cliicos. Notae que íallo sem fazer distíncção<br />

de estabelecimentos.<br />

0 que se pode responder, é que o<br />

espirito de contradição ou de reacção,<br />

só por si, pode occasionalmente, dar<br />

certos resultados; e que estas dificuldades<br />

ou torturas precoces podem produzir<br />

caracteres; mas á custa de que'<br />

soffrimentos e de que írreductiveis cicatrizes<br />

contrahidas na origem do sentimento,<br />

no começo do pensamento!<br />

O desenvolvimento das faculdades<br />

de cada um, o livre vôo das naturêsas,<br />

o nascimento expontâneo dos dons, deveriam<br />

ser a norma das educações, a<br />

verdadeira fórmula do ensino livre. O<br />

apóstolo deixou nos a receita: «cada<br />

um tem um dom particular, como ó<br />

recebe de Deus, uns dum modo, outros<br />

doutro.»<br />

As necessidades das carreiras que<br />

cada um tem de soffrer, o serviço militar<br />

obrigatório, restringem e comprimem<br />

essa liberdade e reduzem na a<br />

specimens mondados da humanidade,<br />

que fazem homens como buxos talhados<br />

em formas de padres ou de soldados,<br />

de diplomatas ou de juizes.<br />

Constantin Meunier — Frequentei a<br />

escola secular, em que recebi apenas<br />

uma educação rudimentar.<br />

Mais tarde enchi o cérebro pela<br />

leitura e peio espirito de observação<br />

—animada muito cedo pelo desejo de<br />

fazer arte a que me levava a visita frequente<br />

dos museus da cidade em que<br />

nasci.<br />

Na minha humilde opinião, penso<br />

que o ensino deveria ser, piimeiro que<br />

tudo, dirigido no sentido pi atiço, só os<br />

fortes em themas é que sám a chaga<br />

da nossa geração. — Porque é a pro<br />

fissão de artista uma profissão?<br />

E' possível ser-se artista, «sem o<br />

ínstincto a que coisa alguma pode fa<br />

zer perder a coragem ?»<br />

Partidário da liberdade individual<br />

a bsoluta, sou inimigo do nível tam caro<br />

aos professores.<br />

Depois duma consulta do Supremo<br />

Tribunal Administrativo, pelo ministério<br />

da fazenda foi levado á assignatura<br />

um decreto, dando provimento no<br />

recurso n. e n:568, em que é recorrente<br />

Francisco José Fernandes Costa,<br />

presidente da Sociedade Cooperativa<br />

dos Empregados Públicos do districto<br />

de Coimbia, e recorrido o concelho da<br />

direcção geral das contribuições directas.<br />

O recurso referia-se á collecta da<br />

contribuição industrial que foi lançada<br />

á cooperativa com relação ao anno de<br />

1900, collecta illegal, visto que as sociedades<br />

cooperativas só são sujeitas<br />

áquella contribuição quando tenham<br />

estabelecimentos onde vendam a outros<br />

que não sejam os seus associados.<br />

Pelas informações prestadas pelo<br />

delegado do thesouro em Coimbra conheceu-se<br />

que a referida cooperativa<br />

não vende ao publico, mas apenas fornece<br />

aos seus associados os generos que<br />

lhe são necessários.<br />

Nos dias 27 e 28 teremos na Mealhada<br />

as festas tam concorridas da Senhora<br />

Sant'Anna, com duas touradas,<br />

a primeira das quaes é promovida por<br />

os srs. Augusto Brandão, Manuel Carvalho<br />

e Paulo Bergamin, sendo a sua<br />

direcção confiada a Manuel Casimiro,<br />

e promettendo por isso ser explendida.<br />

De Coimbra ha comboios que dam<br />

toda a commodidade para ida e regresso<br />

aos que, em tam grande numero,<br />

costumam todos os annos concorrer á<br />

festa da Mealhada.<br />

Realiza-se por esta occasião a feira<br />

annual, sobretudo muito concorrida de<br />

gado bovino, e haverá na vespera vistoso<br />

fogo de ertificio.<br />

SCEMA OE<br />

Um assassino<br />

de 15 annos<br />

A febre dos assassinato* vae se estendendo<br />

por todo o p?us. Já' não é só<br />

na capital, que as scenas de sangue<br />

téem lugar; nas terras provincianas já<br />

sa usam as navalhas de ponta e mola<br />

e se praticam crimes com lias, em<br />

circunstancias bei" x-"-ordin--ri,>s.<br />

A Traça 8 de no. ou rii '.is tui<br />

garrrseiíte O Largo d< Sniisão, t i o<br />

theatro, na ti-rça f.-js .-.< á noite, ju.m hor<br />

roroso crime.<br />

Um creançola de i5 annos, aprendiz<br />

de barbeiro, de nome. Cassiano Augusto<br />

da Encarnação, cravou uma navalha<br />

no peite» do preto Julião da Costa,<br />

de 20 annos de edade, crendo do<br />

quintanista de dkeito sr. José Correia<br />

Nunes Júnior, da Ilha de. S. Thomé. de<br />

que resultou a morte do infeliz rap sz.<br />

Segundo as informações que colhe<br />

mos, o assassinato dt u-se nas seguintes<br />

condições:<br />

Indo o Encarnação na companhia<br />

de dois r p zes, menores, chim dos<br />

Salomão Pereira e S lvino de Moura<br />

Paus, : ncontrou na 'Praça 8 de SMaio<br />

o Julião, a quem troçou. Este, embir<br />

rando com a troça, respondeu-lhe torto,<br />

tentando dar-lhe uma p ncada, O<br />

Encarnação, que tinha aberto uma<br />

grande navalha que trazia, sem o preto<br />

dar por isso, cravou Ih i no peito e<br />

fugiu pela rua Martins de Carvalho<br />

acima.<br />

O 'Julião, vendo-se ferido, entrou<br />

na loja do sr. Jorge da Silvera Moraes,<br />

e seguiu em perseguição do aggressor<br />

durante bastante tempo, até<br />

que cahiu exhausto de força pela perda<br />

enorme de sangu- que soffria, OOO<br />

reis, 42 sacerdotes.<br />

Pois emquanto para tam rendosa<br />

freguezia ha pelo menos 42 padres que<br />

se sacrificam a pastorear o rebanho ca<br />

tholico existem por esse país fóra,<br />

muitas freguezias sem parochos, tendo<br />

de ser annexadas umas ás outras, dizendo<br />

os sacerdotes duas e tres missas<br />

por dia, afim de que tantos centos<br />

de fieis não fiquem sem as cerimónias<br />

do culto.<br />

Oh! o desinteresse religioso,..<br />

Liíieratiira k arte<br />

^ B ^ I s T D O N A D O<br />

Meu pobre coração abandonado<br />

— Ninho desfeito, sem calor, sem aves!<br />

E' o sombrio tumulo gelado<br />

Das minhas caras illusóes suaves,<br />

Meu pobre - oração abandonado.<br />

1<br />

II<br />

Sem crenças, sem amores, sem futuro,<br />

A minha vida é um martyrio lento;<br />

0 mundo é pa a mim cruel monturo,<br />

E eu -ou, meu Deus, a estatua do Tormento,<br />

Sem crenças, sem amores, sem futuro.<br />

III<br />

No abysmo da minha alma dolorida,<br />

Neste divino abysmo, não alvora<br />

Um sonho brando, uma visão querida,<br />

Um mytho, um ideal . nada se inflora<br />

No abysmo da minha alma dolorida.<br />

I V<br />

Eu não tenho um regaço onde me acoite,<br />

Um lábio que me beije, um riso, um canto<br />

De uma creança que me aífague, á noite...<br />

Ninguém me adora!—O bagas do meu pranto,<br />

Eu não tenho um regaço onde me acoite.<br />

Desgraça enorme!—Sou um Ashavero<br />

Sombra sem corpo, lyrio sem pureza,<br />

Noite sem dia.. . sou um simples zero<br />

Perdido entre os parceis da natureza;<br />

Desgraça enorme! —Sou um Ashavero<br />

V<br />

VI<br />

Oh! como eu era tão feliz outr'ora:<br />

Jovem—sonhava o mundo Eden inlindo;<br />

Poeta — tinha na alma a luz da aurora;<br />

Amante — amava um anjo casto, lindo...<br />

Oh! como eu era tão feliz outr'oral<br />

VII<br />

Lembro-me ainda dessas alegrias<br />

Da minha infância; lembro me dos beijos<br />

De minha máe, da escola, da- folias,<br />

Desse cardume de leaes gracejos,<br />

1 embro -me ainda dessas alegrias.<br />

VIII<br />

Meu pobre oração abandonado!<br />

— Musculo sem vigor! — hoje é comtudo<br />

O tumulo onde jaz o meu passado,<br />

Amores, glorias, risos, cantos, tudo...<br />

Meu pobre coração abandonado!<br />

MÁRIO MONTEIRO.<br />

Deve fazer-se hoje a entrega do<br />

activo do batalhão da guarda fiscal es<br />

racionado em Coimbra, ao commandaute<br />

d i circuoiscnpçáo do Norte com<br />

sede no Porto.<br />

Os ulHciaes do batalhão retirarám<br />

nos dias 1 e 2, bem como as praças,<br />

que iram, na sua maioria para Penamacor<br />

e Figueira da Foz.<br />

Os ofliciaes serám collocados: o co<br />

roncl na di-ponibiliJade em Lisboa, o<br />

tenente coronel em cavallma 9, e o<br />

tenente-fejudaote em Villar Formozo.<br />

G A R T A<br />

Temos, ha muito tempo, em nosso<br />

poder a carta que segue, que nos não<br />

tem sido poss vel publicar, por absoluta<br />

falta de espaço.<br />

Vae hoje; porque a ju'gamos sensata,<br />

e por ser a confirmação das queixas<br />

que aqui formulámos contra a pes *<br />

sima direcção, que este anno tiveram<br />

as tradicionaes festas de Coimbra, queixas<br />

que, ccrn prazer nosso, vimos applaudídas<br />

pela imprensa de Coimbra.<br />

• Sr. Redactor<br />

Visto que v. ex.* se tem referido<br />

ás festas da Rainha Santa, dizendo<br />

muitas verdades, pede lhe um seu assignante<br />

e constante leitor que aponte<br />

mais estas:<br />

Não ha duvida, que se fez politica<br />

com as musicas, preferindo a phtlar-<br />

.nónica Figueirense, por ser progressista,<br />

á 1 Boa União, de Coimbra, por<br />

ser regeneradora.<br />

O fogo d'artificio foi o que ha de<br />

mais ordinário, e o mesmo acconte<br />

ceu com a festa de egreja e ornamen<br />

tação da mesma.<br />

A procissão parecia um enterro por<br />

falta de musicas!<br />

Algumas ruas não foram ornamentadas<br />

porque a Mesa da Irmandade<br />

não pediu mas quiz impór se.<br />

A despi za com a música da Figueira<br />

foi de IOO$OÚO reis, quando<br />

uma música de Coimbra fazia muito<br />

melhor serviço por metade do preço.<br />

A' Mesa só conveio a banda regi<br />

mental e a fanfarra dos Orphãos por<br />

serem de graça, e para o serviço pago<br />

mandaram vir de fóra uma música por<br />

I preço excessivo.<br />

A darça do Rei David foi uma pa<br />

lhaçadá indecenie, imprópria dos 3fadados<br />

festejos da Rainha Santa!<br />

No arraial de terça feira no pateo<br />

do convento não havia musica talvez<br />

por não a haver progressista, mas<br />

Houve o tal mastro cocagne que devia<br />

ser prohibido para evitar desgraças.<br />

O facto da festa dêste anno ter<br />

sido prejudicada com a chuva deve se<br />

a quem se lembron de a fazer 8 dias<br />

antes do seu tempo proprio.<br />

De tudo se conciue que a Mesa<br />

está a precisar de novos elementos que<br />

olhem para isto com mais attenção e<br />

cuidado e bom critério.<br />

UM ASSIGNANTE.<br />

• ./—<br />

Succursal<br />

Os acreditados canalizadores d'agua<br />

e g 'z, desta cidade, srs. José Marques<br />

Ladeira & Filho, estabelecem, como de<br />

costume em annos anteriores, durante<br />

a época de banhos, na Figueira da Foz,<br />

uma succursal do seu depósito, na rua<br />

da Boa Recordação, no estabelecimento<br />

que o nosso prestimoso correligionário,<br />

sr. João Gomis Moreira, allí<br />

costuma ter desde o começo de agosto<br />

até fins de outubro.<br />

Na succursal, onde estará sempre<br />

pessoal habilitado para executar qualquer<br />

obra que lhe seja confiada,-encontrar<br />

se-ham bicos systema Auer, mangas<br />

para todos os bicos, a 3oo reis cada<br />

uma, lustres, lyras, lanternas, etc.<br />

No Cas 1 de Lãs. proximo ao bairro<br />

de Sant'Anna. manifestou se incêndio<br />

num barracão coberto de zinco, que o<br />

sr. Antonio José d:i Costa ali po.ssue<br />

dentro du ma propriedade murada.<br />

No barracão vivia um creado de<br />

aquelle senhor, suppondo se que o incêndio<br />

foi causado por um descuido<br />

delle.<br />

Os prejuízos foram pequenos, sendo<br />

o fogo extincto por varias pessoas que<br />

ali accorreram, quando foram soltados<br />

os primeiros brados de alarme.<br />

Compareceu material dos bombei<br />

ros voluntários e municipaes, trabalhando<br />

apenas uma bomba, algum tempo,<br />

no 1 escaldo.<br />

O incêndio teve logar pelas 10 horas<br />

da manhã, de terça feira, comparecendo<br />

uma força de policia e o vereador<br />

do pelouro de incêndios.<br />

A policia trouxe prezo i.m dos que<br />

mais trabalhou na extincçã3 do fogo,<br />

Cezar dos Santos, creado do sr. dr.<br />

B izilio, apenas por exraphar que o<br />

pozessem fora brutalmente do loca;,<br />

onde tinha prestado com tam boa vontade<br />

os seus serviços.<br />

E' certo o rifão: — Por bem fa\er,<br />

mal haver, — e o mal nêste caso proveio<br />

ihe do cabo 12.<br />

O Cezar já foi solto.<br />

Subscripção<br />

Continúa aberta a subscripção em<br />

beneficio do aiumno pobre, que nos foi<br />

recommendado pelo professor da escola<br />

da Sé Nova, sr. Octávio Neves<br />

Pereira de Moura.<br />

Transporte do n.° 716.. 3$ooo<br />

Somma 3í&ooo<br />

E' de grande conveniência obstar a<br />

que o carro da padaria militar, não<br />

pnde em grandes correrias por várias<br />

ruas da cidade baixa, com especialidade,<br />

afim de se evitarem desgraças pessoa<br />

es.<br />

As ruas sam estreitas, o carro é<br />

enorme, sendo o perigo grande, e o<br />

tomar providências é enquanto não ha<br />

sinistros-a lamentar.<br />

Que não succeda mais uma vez virem<br />

as providências só depois dos desastres.<br />

Já foram assignados os decretos<br />

nomeando para o logar de lente proprietário<br />

da cadeira de desenho annexa<br />

á faculdade de philosophia, o nosso<br />

disi meto correligionário sr. Antonio Augusto<br />

Gonçalvez e para o

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