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COMUNICAÇÕES 250 - ARLINDO OLIVEIRA, PRESIDENTE DO 33º DIGITAL BUSINESS CONGRESS DA CONSCIÊNCIA HUMANA À ARTIFICIAL: UM POTENCIAL GIGANTE

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<strong>CONGRESS</strong>O <strong>DA</strong> APDC<br />

TEMAS & PROTAGONISTAS<br />

O PAPEL <strong>DA</strong> ESNA<br />

NO EMPREENDE<strong>DO</strong>RISMO EUROPEU<br />

NTT <strong>DA</strong>TA PORTUGAL<br />

ESTRATÉGIA VENCE<strong>DO</strong>RA<br />

N.º <strong>250</strong> • JUNHO 2024 | ANO 37 • PORTUGAL • 3,25€<br />

<strong>ARLIN<strong>DO</strong></strong> <strong>OLIVEIRA</strong>, <strong>PRESIDENTE</strong><br />

<strong>DO</strong> 33° <strong>DIGITAL</strong> <strong>BUSINESS</strong> <strong>CONGRESS</strong><br />

<strong>DA</strong> <strong>CONSCIÊNCIA</strong> <strong>H<strong>UM</strong>ANA</strong> <strong>À</strong> <strong>ARTIFICIAL</strong>:<br />

<strong>UM</strong> <strong>POTENCIAL</strong> <strong>GIGANTE</strong>


TELECOM<br />

+<br />

ENERGIA<br />

É de<br />

sinergia<br />

que o teu<br />

mundo<br />

precisa<br />

humaniza-te<br />

meo.pt<br />

meoenergia.pt


edit orial<br />

Sandra Fazenda Almeida sandra.almeida@apdc.pt<br />

Ambição de chegar<br />

mais além<br />

O<br />

2º relatório sobre o Estado da Década<br />

Digital, divulgado recentemente, não<br />

deixa dúvidas: os esforços da UE27 para<br />

alcançar as metas para 2030 estão muito<br />

aquém do que se ambiciona e, se não forem<br />

tomadas medidas, corre-se o risco de não serem<br />

alcançadas. É preciso mais investimento em<br />

áreas como as competências digitais, a conectividade<br />

de elevada qualidade, a IA e a análise de<br />

dados nas empresas, nos semicondutores e nos<br />

ecossistemas em fase de arranque. Pede-se, por<br />

isso, maior ambição e uma ação reforçada.<br />

Embora esteja entre os melhores em termos<br />

de 5G e tenha feito “progressos notáveis” na saúde<br />

online, Portugal não é exceção a este diagnóstico.<br />

Com dois grandes pontos fracos: competências<br />

digitais básicas e especialistas em TIC. Por<br />

isso, também o nosso país terá de melhorar o seu<br />

desempenho, pois só assim poderá “fomentar a<br />

competitividade, a resiliência, a soberania e promover<br />

os valores europeus e a ação climática”,<br />

como se avança no relatório.<br />

Exatamente para contribuir para a aceleração<br />

da transformação nacional, a APDC apresentou<br />

no <strong>33º</strong> Digital Business Congress uma proposta<br />

de prioridades para o país, com medidas concretas<br />

para o desenvolvimento nacional. Enquanto<br />

associação do ecossistema digital nacional,<br />

queremos tornar Portugal um dos líderes da<br />

economia e da sociedade digital da Europa nos<br />

próximos oito anos e estamos disponíveis para<br />

dialogar e colaborar com todos os stakeholders.<br />

No balanço que fazemos nesta edição sobre o<br />

congresso, é por demais evidente a importância<br />

desses investimentos e esforços. E fica comprovado<br />

o papel fundamental da IA e das tecnologias<br />

digitais no futuro de Portugal e da Europa, num<br />

encontro que contou com mais de 870 participantes<br />

presenciais e mais de 10,6 mil interações<br />

online e onde assinalámos também os 40 anos da<br />

APDC<br />

Contamos nesta edição com as perspetivas de<br />

Arlindo Oliveira, presidente do congresso, sobre<br />

o potencial transformador da IA, os seus desafios<br />

e oportunidades. Luís Santana, CEO da Medialivre,<br />

dá a sua visão sobre o novo projeto dos<br />

media, apoiado por investidores como Cristiano<br />

Ronaldo. E o líder da NTT Data Portugal, Tiago<br />

Barroso, fala sobre a dinâmica de crescimento e<br />

a aposta em hubs de I&D, o último dos quais centrado<br />

na IA. Já Paulo Filipe, da Accenture, aborda<br />

a sua relação com a tecnologia.<br />

Destaque ainda para os efeitos positivos da<br />

European Startup Nations Alliance (ESNA) no<br />

ecossistema de empreendedorismo europeu,<br />

uma iniciativa proposta por portugueses que já<br />

mostra resultados significativos, com a adesão<br />

de 19 países. E para o sucesso do 114 DXC Code<br />

Challenge, concurso de programação que envolve<br />

crianças e jovens entre os sete e os 15 anos,<br />

promovendo o interesse pelas STEM e pela programação,<br />

de forma lúdica e educativa.<br />

Boas leituras!•<br />

3


sumario<br />

FICHA TÉCNICA<br />

<strong>COMUNICAÇÕES</strong> <strong>250</strong><br />

A ABRIR 6<br />

5 PERGUNTAS 12<br />

Luís Santana, CEO da Medialivre<br />

<strong>À</strong> CONVERSA 14<br />

Arlindo Oliveira, presidente do <strong>33º</strong> Digital<br />

Business Congress fala do que podemos<br />

esperar da IA<br />

NEGÓCIOS 30<br />

NTT Data Portugal em dinâmica de<br />

crescimento<br />

I TECH 34<br />

Paulo Filipe, da Accenture<br />

EM DESTAQUE 38<br />

Tudo sobre o <strong>33º</strong> Digital Business<br />

Congress<br />

PORTUGAL <strong>DIGITAL</strong> 106<br />

A ESNA já está a produzir efeitos no<br />

ecossistema do empreendedorismo<br />

europeu<br />

CI<strong>DA</strong><strong>DA</strong>NIA <strong>DIGITAL</strong> 112<br />

DXC Code Challenge, o concurso que está<br />

a seduzir os miúdos para a programação<br />

ÚLTIMAS 114<br />

14<br />

30<br />

38<br />

106<br />

Propriedade e Edição<br />

APDC – Associação Portuguesa<br />

para o Desenvolvimento das<br />

Comunicações<br />

Diretora executiva<br />

Sandra Fazenda Almeida<br />

sandra.almeida@apdc.pt<br />

Av. João XXI, 78<br />

1000-304 Lisboa<br />

Tel.: 213 129 670<br />

Fax: 213 129 688<br />

Email: geral@apdc.pt<br />

NIPC: 501 607 749<br />

Chefe de redação<br />

Isabel Travessa<br />

isabel.travessa@apdc.pt<br />

Secretária de redação<br />

Laura Silva<br />

laura.silva@apdc.pt<br />

Publicidade<br />

Isabel Viana<br />

isabel.viana@apdc.pt<br />

Conselho editorial<br />

Abel Costa; Alexandre Silveira; Bernardo<br />

Correia; Carlos Leite; Diogo Madeira;<br />

Fernando Braz; Fernando Marta; Filipa<br />

Carvalho; Francisco Maria Balsemão;<br />

Helena Féria; José Manuel Paraíso; Manuel<br />

Maria Correia; Marina Ramos; Miguel<br />

Almeida; Olivia Mira; Paolo Favaro; Paulo<br />

Filipe; Pedro Faustino; Pedro Gonçalves;<br />

Pedro Tavares; Rodrigo Cordeiro; Rogério<br />

Carapuça; Sérgio Catalão; Tiago Barroso;<br />

Vasco Almeida.<br />

Edição<br />

Have a Nice Day – Conteúdos Editoriais, Lda<br />

Av. 5 de Outubro, 72, 4.º D<br />

1050-052 Lisboa<br />

Coordenação editorial<br />

Ana Rita Ramos<br />

anarr@haveaniceday.pt<br />

Edição<br />

Teresa Ribeiro<br />

teresaribeiro@haveaniceday.pt<br />

Design<br />

Mário C. Pedro<br />

marioeditorial.com<br />

Fotografia<br />

Vítor Gordo/Syncview<br />

Periodicidade<br />

Trimestral<br />

Tiragem<br />

3.000 exemplares<br />

Preço de capa<br />

3,25 €<br />

Depósito legal<br />

2028/83<br />

Registo internacional<br />

ISSN 0870-4449<br />

ICS N.º 110 928<br />

4


a abrir<br />

LÍDERES QUEREM<br />

GANHOS IMEDIATOS<br />

COM IA…<br />

… METADE <strong>DO</strong>S<br />

TRABALHA<strong>DO</strong>RES QUER MU<strong>DA</strong>R<br />

DE EMPREGO…<br />

OS LÍDERES empresariais estão a<br />

apostar na inteligência artificial (IA)<br />

para obter ganhos imediatos – como<br />

melhoria da eficiência, produtividade<br />

ou redução de<br />

custos – ao invés<br />

de optarem por<br />

estratégias de longo<br />

prazo, privilegiando<br />

crescimento e<br />

inovação. Ainda<br />

assim, esperam<br />

que a IA generativa<br />

promova uma<br />

transformação<br />

substancial das<br />

suas organizações<br />

em menos de três<br />

anos. A conclusão<br />

é do mais recente<br />

estudo da Deloitte,<br />

‘State of Generative<br />

AI in the Enterprise’,<br />

que mostra também que<br />

a maioria das organizações<br />

ainda depende de soluções de Gen<br />

AI off-the-shelf (já existentes e prontas<br />

a usar). Assim, 56% dos líderes<br />

foca-se na melhoria da eficiência e da<br />

produtividade e 35% na redução de<br />

custos, em detrimento do crescimento<br />

e inovação (29%). A melhoria de<br />

produtos e de serviços existentes<br />

é também destacada (29%), assim<br />

como o aumento do valor das tarefas<br />

dos atuais trabalhadores (26%).<br />

Subsiste ainda um sentimento de<br />

incerteza sobre como gerir talentos.•<br />

De entre os líderes<br />

inquiridos, 35%<br />

focam-se na<br />

redução de custos,<br />

em detrimento<br />

do crescimento e<br />

inovação<br />

QUASE METADE (46%) das pessoas em todo o mundo estão<br />

a considerar demitir-se já no próximo ano, percentagem<br />

recorde desde a grande demissão de 2021. Isto porque<br />

querem aproveitar oportunidades de emprego que estão<br />

a ser criadas pela IA. O conhecimento em IA<br />

é cada vez mais valorizado pelos empregadores:<br />

dois terços afirmam não<br />

contratar alguém sem competências<br />

nesta tecnologia e 55% preocupam-se<br />

com a falta de talento, sendo as áreas<br />

de cibersegurança, engenharia e design<br />

criativo as mais carenciadas. Os dados<br />

são do Work Trend Index, da Microsoft,<br />

com o LinkedIn. O trabalho demonstra<br />

ainda que só 39% dos colaboradores<br />

recebem formação em IA da sua empresa,<br />

estando, por isso, a apostar na<br />

aquisição de competências por conta<br />

própria. No final de 2023, aumentou<br />

142 vezes o número de utilizadores do<br />

LinkedIn a adicionar competências<br />

de IA – como Copilot e ChatGPT<br />

– aos seus perfis, assim e cresceram<br />

em 160% os profissionais não<br />

técnicos a usar cursos do LinkedIn<br />

Learning para melhorar a sua aptidão em IA.•<br />

CURIOSI<strong>DA</strong>DE<br />

IA RECONHECE SENTIMENTOS E EMOÇÕES…<br />

Que as ferramentas de IA têm uma capacidade inimaginável, já todos<br />

sabíamos. E esse potencial está a ser utilizado pelas big tech. Que o diga<br />

a Microsoft que, beneficiando da sua forte aposta na OpenAI, tem já<br />

um modelo que consegue analisar sentimentos, emoções e reconhecer<br />

intenções dos utilizadores no WhatsApp. A nova ferramenta de IA,<br />

a Azure OpenAI Service, dará às empresas que pagarem para usar o<br />

servidor a capacidade de traduzir comunicações ou extrair frases-chave<br />

de conversas na<br />

plataforma WhatsApp.<br />

O que lhes permitirá<br />

obter informações<br />

valiosas, melhorando<br />

a sua comunicação<br />

com os seus clientes e<br />

segmentos-alvo.•<br />

ILUSTRAÇÃO RAWPIXEL.COM/FREEPIK<br />

ILUSTRAÇÃO VECTORJUICE/FREEPIK


CURIOSI<strong>DA</strong>DE<br />

… E JÁ COMEÇA A MEXER COM O ADN…<br />

A norte-americana de design de proteínas Profluent já anunciou o<br />

lançamento de uma proteína desenvolvida com IA, denominada<br />

OpenCRISPR-1. Destina-se a funcionar no sistema de edição de genes<br />

CRISPR, um processo em que uma proteína corta um pedaço de ADN<br />

e repara ou substitui um gene. Além<br />

de ser uma ferramenta biomédica que<br />

pode fazer tudo, desde restaurar a visão<br />

ao combate a doenças raras, também<br />

tem competências como ferramenta<br />

agrícola, melhorando o teor de vitamina<br />

D dos tomates ou reduzindo o tempo<br />

de floração das árvores de décadas para<br />

meses…•<br />

… E EMPRESAS OPTAM POR<br />

INOVAÇÃO EM DETRIMENTO <strong>DA</strong><br />

SEGURANÇA<br />

MENOS DE <strong>UM</strong> QUARTO (24%) dos projetos de IA generativa estão<br />

protegidos, apesar da generalidade das empresas (82%) admitirem<br />

que uma IA de confiança e segura é essencial para o sucesso<br />

dos negócios. A conclusão é de um relatório do IBM Institute for<br />

Business Value, que confirma que 70% das empresas escolhe a<br />

inovação em detrimento da segurança em projetos de IA generativa.<br />

Apesar disso, os inquiridos destacam um conjunto de preocupações<br />

relacionadas com a implementação<br />

de ferramentas de IA generativa nas<br />

suas organizações: mais de metade<br />

(51%) menciona riscos imprevisíveis<br />

e novas vulnerabilidades<br />

de segurança e 47% salienta<br />

os novos ataques direcionados<br />

aos modelos, dados e<br />

serviços de IA existentes. A<br />

maioria reconhece que a<br />

IA generativa requer um<br />

novo modelo de segurança,<br />

para mitigar os riscos<br />

apresentados por estas<br />

tecnologias.•<br />

Empresas reconhecem<br />

que há riscos<br />

imprevisíveis e<br />

novos ataques que<br />

surgem associados<br />

a os serviços de IA<br />

que adotaram<br />

ILUSTRAÇÃO FREEPIK<br />

ILUSTRAÇÃO STORYSET/FREEPIK<br />

EMPRESAS<br />

NACIONAIS: 53,7%<br />

JÁ USA GEN AI<br />

MAIS <strong>DA</strong> METADE das organizações<br />

portuguesas já adotaram ferramentas<br />

de IA generativa (Gen AI). Sendo<br />

que os setores de Defesa & Inteligência,<br />

de Tecnologia e de Retalho estão<br />

na vanguarda da utilização, enquanto<br />

os setores da AP e da Saúde demonstram<br />

uma adoção reduzida desta tecnologia.<br />

A conclusão é do Empower<br />

Business with GenAI, um estudo da<br />

Devoteam sobre a utilização da IA<br />

no mercado empresarial. Cerca de<br />

53,7% das organizações portuguesas<br />

possuem pelo menos uma aplicação<br />

de Gen AI em funcionamento, o que<br />

demonstra que a tecnologia está a<br />

ganhar destaque. Este estudo, que<br />

abrangeu 358 inquiridos de diversos<br />

setores, revela que 83,2% das empresas<br />

diz ter experiência com a tecnologia.<br />

Sendo que mais de 95% dos<br />

inquiridos pretende ter contacto com<br />

a tecnologia ainda este ano e 44,3%<br />

já a utilizam para descobrir conteúdos<br />

e respostas. A criação de código<br />

(40,6%), feedback de conteúdos<br />

(31,2%) e criação de conteúdos de<br />

marketing (28,5%) são as aplicações<br />

mais populares. O trabalho conclui<br />

que a adoção da Gen AI ainda está<br />

em fase inicial, mas que o panorama<br />

é promissor. A implementação de<br />

frameworks e a criação de estratégias<br />

específicas para GenAI representam<br />

passos importantes para que as<br />

empresas aproveitem ao máximo<br />

o potencial da tecnologia. Entre os<br />

desafios na sua implementação,<br />

destacam-se a falta de competências<br />

especializadas, as questões de ética e<br />

a necessidade de investir em infraestrutura<br />

e segurança.•<br />

7


a abrir<br />

8<br />

SOUND BITES :-b<br />

“É preciso agarrar o momento.<br />

Para um bloco já atolado em regulação,<br />

ser pioneiro não é propriamente<br />

um bom cartão de visita<br />

para o investimento. É uma<br />

visão errada achar que se pode<br />

compensar o atraso na inovação<br />

e no desenvolvimento do negócio<br />

neste domínio com uma<br />

vanguarda regulatória. (…) A UE<br />

tende a ir longe demais na complexidade<br />

das regras, sufocando<br />

a inovação e o investimento”<br />

André Veríssimo, ECO,<br />

25/05/2024<br />

“Se guerra é a continuação da<br />

política por outros meios, como<br />

escreveu Clausewitz, a guerra comercial<br />

é a continuação da política<br />

com velhos meios. Acontece<br />

quando a geoestratégia ocupa o<br />

lugar da geoeconomia. Com esta<br />

guerra, o mundo fica ainda mais<br />

dividido, fragilizado e perigoso”<br />

Luís Marques, Expresso,<br />

24/05/2024<br />

“Se não formos capazes de atrair<br />

mais investimento para este setor,<br />

a Europa não vai conseguir<br />

cumprir as metas da Década Digital.<br />

(…) É necessário racionalizar<br />

e harmonizar ainda mais a<br />

regulação das telecomunicações<br />

em todos os Estados-membros e<br />

apoiar, e não dificultar, as consolidações”<br />

Ana Figueiredo, Jornal<br />

Económico, 24/05/2024<br />

“A era da IA vai continuar a desenvolver-se,<br />

e é por isso fundamental<br />

que tanto os humanos<br />

quanto a tecnologia evoluam ao<br />

mesmo passo. A revolução da<br />

IA não é apenas sobre inovação<br />

tecnológica — também se trata<br />

de capacitar os humanos para se<br />

sentarem com sucesso ao leme<br />

da IA, e usá-la de maneiras confiáveis<br />

e eficazes”<br />

Fernando Braz, ECO,<br />

17/05/2024<br />

ORGANIZAÇÕES PREOCUPA<strong>DA</strong>S<br />

COM ATAQUES VIA IA<br />

O RISCO de ataques maliciosos alimentados por IA são a<br />

principal preocupação dos líderes das empresas. A<br />

relativa facilidade de utilização e a qualidade<br />

das ferramentas de IA, como a criação de<br />

voz e imagem, aumenta a capacidade<br />

de realizar ataques maliciosos com<br />

elevadas consequências para as organizações.<br />

A conclusão é de um estudo<br />

realizado pela Gartner para o 1º trimestre<br />

de 2024, destinado a analisar<br />

os 20 riscos emergentes, de forma a<br />

oferecer uma visão das causas e potenciais<br />

consequências. Os ataques<br />

maliciosos baseados em IA são o<br />

risco emergente mais preocupante,<br />

seguindo-se a desinformação. A escalada<br />

da polarização política desceu<br />

da 2ª para 3ª preocupação. Gestores e<br />

empresários consideram também que a<br />

IA pode facilitar a criação de código malicioso,<br />

assim como a divulgação de engenharia<br />

social e phishing, aumentando o receio<br />

de intrusão. A IA aumenta a credibilidade desses conteúdos,<br />

originando ataques com mais danos. E o impacto destes<br />

ataques baseados em IA, como a desinformação, podem ter<br />

repercussões de reputação, produtividade e capacidade das<br />

organizações.•<br />

E INVESTIMENTO SUPERA<br />

100 MILHÕES EM PORTUGAL<br />

A APLICAÇÃO de IA nas empresas tem um vasto potencial<br />

para aumentar a competitividade dos negócios. Tudo graças<br />

à capacidade da IA agilizar processos, reduzir a burocracia e,<br />

consequentemente, diminuir os custos. Por isso, os investimentos,<br />

este ano, no mercado nacional deverão ultrapassar<br />

os 100 milhões de euros, sendo que o crescimento anual,<br />

estimado entre 2023 e 2027, é de 25%. As estimativas são<br />

da IDC, que destaca que, à medida que os investimentos em<br />

IA e automação crescem, o foco nos resultados, governança<br />

e gestão de riscos é fundamental para garantir o sucesso e<br />

a segurança dessas iniciativas por parte das organizações.<br />

Trata-se de uma revolução tecnológica que não se limita<br />

apenas a melhorias incrementais, estando na base de uma<br />

reestruturação dos negócios e da forma como as experiências<br />

dos clientes são moldadas.•<br />

O foco nos resultados,<br />

governança<br />

e gestão de riscos<br />

é fundamental<br />

para garantir o<br />

sucesso do<br />

investimento<br />

em IA


CORRI<strong>DA</strong> AOS CHIPS<br />

AVANÇA<strong>DO</strong>S DE IA<br />

A PROCURA de chips avançados para a IA está a disparar e a capacidade<br />

de resposta é ainda pouca, o que permite antever uma rápida evolução<br />

deste ecossistema, com a entrada de novos intervenientes. A conclusão<br />

é de um estudo da BCG, tendo em conta as tendências de mercado. É<br />

que as gigantes tecnológicas mundiais estão, cada vez mais, a entrar<br />

nesta área, criando os seus próprios chips. Casos como o da Meta e da<br />

Google, assim como a Intel e a Nvídia, que está a registar uma ascensão<br />

meteórica, mostram que a estratégia é ganhar controlo sobre a cadeia<br />

de valor e introduzir maior inovação, para garantir a diferenciação das<br />

ofertas. Além de eliminar a dependência dos fornecedores e de uma<br />

eventual exposição ao preço e à oferta. Trata-se de um novo ciclo de<br />

inovação em torno dos chips que está apenas a começar, já que estes<br />

serão essenciais num novo mundo em que os processos de negócio se<br />

estão a capacitar através da IA. Num mercado ávido por opções viáveis<br />

e competitivas para fornecer chips de IA, ainda não se sabe com que rapidez<br />

as fontes alternativas de fornecimento serão capazes de oferecer<br />

o preço, a sofisticação e a escala desejados. Pelo que, para já, e apesar<br />

dos investimentos que estão a ser anunciados, todos tentam garantir<br />

fornecimentos, para não correrem o risco de ficar para trás.•<br />

O novo ciclo de<br />

inovação em<br />

torno dos chips<br />

está apenas a<br />

começar, já que<br />

estes vão ser<br />

essenciais na era<br />

da IA<br />

ILUSTRAÇÃO MACROVECTOR/FREEPIK


a abrir<br />

N<strong>UM</strong>EROS<br />

43 MIL MILHÕES<br />

É o valor, em euros, do novo fundo<br />

de investimento criado pelo governo<br />

chinês para financiar a indústria de<br />

semicondutores. A meta é garantir<br />

autossuficiência na tecnologia, pelo que<br />

este já é o terceiro fundo, e o maior. Este<br />

é o caminho encontrado por Pequim para<br />

contornar as sanções impostas pelos EUA,<br />

que temem o uso dos chips avançados<br />

em armamento militar. O novo fundo vai<br />

beneficiar sobretudo as duas maiores<br />

fábricas de chips da China, a Semiconductor<br />

Manufacturing International (SMIC) e a<br />

Hua Hong Semiconductor. A fabricante<br />

de memórias flash Yangtze Memory<br />

Technologies também receberá parte deste<br />

financiamento.<br />

15,7 MIL MILHÕES<br />

É quanto a Amazon Web Services vai<br />

investir, em euros, em Espanha, com a<br />

criação de 17,5 mil empregos. A aposta é<br />

na expansão da sua infraestrutura de cloud,<br />

no âmbito do seu crescimento na Europa<br />

até 2033. A subsidiária da gigante Amazon<br />

antevê que o projeto contribua com 21,6<br />

mil milhões de euros para o PIB do país até<br />

2033.<br />

9 MIL MILHÕES<br />

O montante anual, em euros que o SoftBank<br />

antecipa investir por ano em IA para se<br />

manter relevante na corrida à tecnologia.<br />

Convicto de que o futuro passará pela<br />

computação inteligente, o gigante japonês<br />

admite ainda margem para oportunidades<br />

que possam surgir. Já detém a fabricante<br />

britânica de chips Arm, considerada a sua<br />

‘jóia da coroa’. Em maio último, o SoftBank<br />

liderou ainda um investimento de mais de<br />

mil milhões de dólares na startup britânica<br />

de carros autónomos Wayve, no maior<br />

acordo de IA da Europa até ao momento.<br />

EMPRESAS ATINGI<strong>DA</strong>S POR<br />

RANSOMWARE PEDEM AJU<strong>DA</strong><br />

A QUASE totalidade das organizações (97%) que no ano<br />

passado foram atingidas por ransomware recorreram às<br />

autoridades para obterem ajuda com o ataque. Mais de<br />

metade (59%) considerou o processo fácil ou relativamente<br />

fácil. Só 10% afirmou que foi muito difícil. A conclusão<br />

é do mais recente estudo da Sophos, denominado “State<br />

of Ransomware 2024”, que mostra ainda que 61% das<br />

empresas diz ter recebido conselhos sobre como lidar<br />

com o ransomware, enquanto 60% recebeu ajuda para<br />

investigar o ataque. Já 58% das organizações cujos dados<br />

foram encriptados recebeu ajuda das autoridades policiais<br />

para recuperar os seus dados. O ransomware tem sido<br />

uma ameaça contínua às empresas, particularmente às<br />

PME. No ano passado, foi o tipo de ataque mais frequentemente<br />

encontrado pelo 4º ano consecutivo. Muitas<br />

organizações ainda não estão a implementar medidas de<br />

segurança que possam reduzir o seu perfil de risco global<br />

de forma comprovada. Tal inclui a aplicação atempada de<br />

patches nos seus dispositivos e a ativação da autenticação<br />

multifator. O atual cenário de ameaças está em constante<br />

evolução, e é mais grave e mais complexo do que nunca.•<br />

OPTIMIZAÇÃO DE OPERAÇÕES<br />

<strong>DO</strong>MINA APOSTA NA IA<br />

Em Portugal, 90% das empresas identifica a otimização<br />

das operações como a principal motivação para a adoção<br />

da IA, mostra o Ascendant Digital 2024. Com o tema “IA:<br />

Uma revolução em curso”, este relatório da Minsait, tem<br />

dados de mais de 130 empresas nacionais, recolhidos em<br />

parceria com a AESE Business School. O estudo envolveu<br />

mais de 900 organizações do sul da Europa e da América<br />

Latina, de 15 setores de atividade. Revela que, embora as<br />

empresas tenham baixo nível de adoção da IA, estão conscientes<br />

do desafio que implica promover e captar todo o<br />

seu valor. Muitas estão já a lançar-se na implementação<br />

concreta, especialmente de IA generativa. Se só 10% das<br />

empresas, a nível global, tem um plano de IA totalmente<br />

integrado nas suas estratégias, 36% destas já começou a<br />

desenvolvê-lo e três em cada quatro planeia tê-lo a médio<br />

prazo, o que demonstra a importância estratégica que a<br />

IA terá nos negócios. No mercado nacional, das organizações<br />

que já iniciaram este caminho, 90% fizeram-no com a<br />

motivação de incorporar a IA na otimização de operações<br />

e redução de custos, 37% para aumentar as vendas e 32%<br />

para uma evolução da experiência dos seus clientes.•<br />

O ransomware<br />

tem sido uma<br />

ameaça contínua<br />

às empresas, sobretudo<br />

às PME.<br />

O ano passado foi<br />

o tipo de ataque<br />

mais frequente


O Melhor de Portugal na Transformação Digital<br />

Os Portugal Digital Awards ® são uma iniciativa organizada pela Axians e IDC Portugal.<br />

Visam distinguir organizações, projetos, equipas e personalidades que utilizem<br />

tecnologias de informação e comunicação na transformação do seu negócio.<br />

Esta iniciativa pretende dar visibilidade e reconhecimento às ideias que saíram do papel,<br />

para se transformarem em projetos que se assumem como motores de inovação,<br />

eficiência e crescimento nas organizações e na sociedade.<br />

A fase de candidaturas está a decorrer. Candidate o seu projecto até dia 11 de Outubro.<br />

Não deixe escapar a oportunidade de ver o seu projeto premiado e reconhecido!<br />

Saiba mais informações em:<br />

www.portugaldigitalawards.pt


5 perguntas<br />

12<br />

LUÍS SANTANA:<br />

Liderar é o objetivo<br />

estratégico<br />

A Medialivre é o mais recente grupo de media nacional, depois<br />

do MBO sobre a Cofina Media. Com independência e inovação,<br />

quer criar “projetos com vocação de liderança”. Os investidores<br />

partilham esta visão. Cristiano Ronaldo é um deles.<br />

Texto de Isabel Travessa| Fotos Cedidas<br />

Liderou o MBO e é agora o CEO do<br />

grupo. Que balanço faz do processo?<br />

Foi um processo desafiante, num<br />

setor que tem vindo a ser objeto<br />

de muita pressão em termos de<br />

negócio. Mas foi possível agregar aos<br />

quadros da empresa um conjunto de<br />

investidores que partilham os mesmos<br />

valores e princípios e fundar um<br />

grupo de comunicação social que<br />

tem na sua matriz a independência<br />

e a inovação ao serviço dos leitores,<br />

espetadores e anunciantes.<br />

O que distingue o novo grupo?<br />

A Medialivre é herdeira da empresa<br />

de comunicação social que, de forma<br />

contínua e sistemática, melhor se foi<br />

adaptando ao mercado, preservando<br />

a sua rentabilidade. Desta forma,<br />

garantiu ser um grupo livre e sem<br />

qualquer tipo de dependências que<br />

possam trazer constrangimentos ao<br />

seu rigor. Nesse sentido, em Portugal,<br />

é um grupo único. Naturalmente<br />

que, sendo um grupo que agrega a<br />

líder de televisão em plataformas<br />

pagas, o diário generalista líder, a<br />

newsmagazine líder, o diário de economia<br />

e negócios mais lido e o jornal<br />

desportivo com maior difusão, entre<br />

outros títulos, manterá, sempre,<br />

como objetivo estratégico, liderar em<br />

todos os segmentos onde se posiciona<br />

ou se vier a posicionar.<br />

Garante que o Now, que arrancou<br />

a 17 de junho, é um canal de<br />

notícias diferenciador. Tendo já a<br />

CMTV, num mercado com audiências<br />

pulverizadas e a concorrência<br />

de pelo menos mais três canais,<br />

onde está a criação de valor?<br />

Sentimos que, em Portugal, os canais<br />

de informação se mimetizam, deixando<br />

a sensação de que são todos<br />

iguais. O Now traz consigo uma nova<br />

frescura, na abordagem e rigor. Com<br />

informação na hora certa, promete<br />

informar de forma rápida e sem<br />

recurso a soluções de infotainement.<br />

Trará ainda espaços de análise, através<br />

de especialistas reconhecidos<br />

e com provas dadas e não fazendo<br />

recurso a “tudólogos”, bem como espaços<br />

de debate, de modo a contribuir<br />

para melhor esclarecimento dos<br />

espetadores. Temos consciência que<br />

um projeto com a qualidade do Now<br />

levará o seu tempo para se afirmar<br />

no concorrido espaço televisivo das<br />

plataformas pagas. Mas acreditamos<br />

que fazendo diferente, com propostas<br />

de valor claras e diferenciadoras,<br />

teremos a adesão dos espetadores<br />

e, sobretudo, dos mais exigentes.<br />

No cenário atual dos media, qual<br />

é a estratégia para apostar em<br />

investimentos que vão ‘mexer o<br />

mercado da comunicação social’,<br />

como tem vindo a afirmar?<br />

Em cinco meses, após a aquisição da<br />

Medialivre, fomos capazes de desenhar<br />

e implementar um novo canal<br />

de televisão, que terá claramente um<br />

posicionamento premium. A estratégia<br />

passa, pois, pela implementação<br />

de projetos com vocação de liderança,<br />

a aposta em bons profissionais<br />

– o Now representa a criação de 60<br />

postos de trabalho – e nos melhores<br />

conteúdos. Quando assim é,<br />

acreditamos que os projetos não são<br />

apenas sustentáveis, mas também<br />

um bom investimento.<br />

Como é que vê o European Media<br />

Freedom Act? Resolverá os grandes<br />

problemas do setor, como a<br />

independência editorial, transparência,<br />

proteção de conteúdos,<br />

sustentabilidade e defesa da<br />

democracia?<br />

Encerra um conjunto de medidas<br />

que fazem todo o sentido. Mas, mais<br />

importante do que uma arquitetura<br />

jurídica, é fundamental criar<br />

sistemas de incentivos que atraiam<br />

investidores para o setor, enquanto<br />

garantem um acesso à informação<br />

de qualidade, rigorosa e independente<br />

dos demais interesses. É<br />

muito pouco justo que milhões de<br />

pessoas fundamentem, cada vez<br />

mais, a sua opinião em fontes pouco<br />

credíveis, sujeitas a uma manipulação<br />

primária, por incapacidade de<br />

acesso aos meios de comunicação<br />

social que têm um cada vez mais importante<br />

papel de mediadores entre<br />

as fontes de informação e os seus<br />

leitores e espetadores. Em Portugal,<br />

o setor não tem qualquer sistema de<br />

incentivos. Se valorizamos os media<br />

enquanto plataformas fundamentais<br />

para a preservação da democracia,<br />

então é importante sinalizar isso<br />

mesmo através de ações muito concretas,<br />

que possam contribuir para a<br />

sustentabilidade dos projetos. •


O gestor defende como fundamental a criação de sistemas de incentivos para atrair mais<br />

investidores e garantir “um acesso à informação de qualidade, rigorosa e independente dos demais<br />

interesses”<br />

13


a conversa<br />

14<br />

“Para mim a questão da inteligência é interessante. Foi a inteligência humana que mudou o mundo”


INTELIGÊNCIA<br />

<strong>ARTIFICIAL</strong>:<br />

ELE ACREDITA<br />

NO SONHO<br />

<strong>DA</strong> MÁQUINA<br />

CRIATIVA<br />

Arlindo Oliveira sempre teve paixão por computadores e cedo se<br />

dedicou ao mundo desconhecido da Inteligência Artificial. Conheça<br />

o percurso e as motivações do Presidente do 33° Digital Business<br />

Congress, sempre com os olhos postos no futuro.<br />

TEXTO DE ANA RITA RAMOS E ISABEL TRAVESSA FOTOS DE VÍTOR GOR<strong>DO</strong>/ SYNCVIEW<br />

15


a conversa<br />

16<br />

“Estava em Silicon Valley no meio da grande explosão. O Google ainda não tinha aparecido. Depois surgiu a World Wide Web”


No ano em que a APDC comemora 40 anos, Arlindo Oliveira<br />

é o presidente do 33° Digital Business Congress, sob o tema<br />

“Futurizing”. Ninguém melhor do que ele para olhar o futuro.<br />

A saga do presidente do INESC no campo do sonho, aplicado<br />

sobretudo às tecnologias, não tem igual. Arlindo Oliveira é<br />

um dos protagonistas portugueses da espetacular aposta das<br />

empresas em Inteligência Artificial. Talvez por isso tenha conquistado<br />

a reputação e o respeito inquestionáveis de gestores,<br />

académicos e governantes.<br />

Acompanhe o seu percurso, se tiver fôlego. Nasceu em Angola<br />

e viveu em Moçambique, Portugal, Suíça, Estados Unidos<br />

(Califórnia e Massachusetts) e Japão. Tem uma licenciatura<br />

pelo Instituto Superior Técnico (IST) e um doutoramento pela<br />

Universidade da Califórnia, em Berkeley. É Professor Catedrático<br />

Distinto do IST, presidente do Instituto de Sistemas e<br />

Computadores (INESC), administrador não executivo da Caixa<br />

Geral de Depósitos, investigador do INESC-ID, membro do Conselho<br />

Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Conselho<br />

Consultivo do Painel de Ciência e Tecnologia do Parlamento<br />

Europeu (STOA). Publicou três livros, traduzidos em diversas<br />

línguas, e centenas de artigos científicos e de divulgação. Foi<br />

administrador de diversas empresas e instituições e presidente<br />

do IST, da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial e<br />

do INESC-ID. Foi professor visitante no MIT e da Universidade de<br />

Tóquio, e abraçou vários outros desafios que não cabem nestas<br />

páginas.<br />

Apesar da sua aparência serena, Arlindo Oliveira tem uma<br />

força interior que lhe foi muito útil nas lutas que teve de travar<br />

ao longo da vida. Em tudo o que fez, nomeadamente na divulgação<br />

do potencial da Inteligência Artificial – quando ainda<br />

ninguém falava nela – procurou sempre escapar à banalidade<br />

de uma vida sem impacto. E conseguiu.<br />

17


a conversa<br />

“Se conseguirmos duplicar<br />

muitas componentes da<br />

inteligência humana,<br />

provavelmente no futuro,<br />

a humanidade será<br />

diferente”<br />

“O mundo real é onde<br />

vivemos, mas a tecnologia<br />

está a mudar o mundo real,<br />

por isso as duas coisas não<br />

estão assim tão separadas”<br />

18


Comecemos pelo princípio: a sua paixão por algoritmos,<br />

computadores e tabuleiros de xadrez vem de<br />

onde? Desde quando?<br />

A paixão pelo xadrez é mais antiga. Aprendi a jogar xadrez<br />

em Moçambique, quando tinha uns dez ou onze<br />

anos. Depois, mais tarde, já a viver no Montijo, cheguei<br />

a ser um jogador razoável…<br />

Chegou a participar numas competições…<br />

Sim, tenho lá em casa uma série de taças. Joguei muito<br />

xadrez até ir para a universidade. Depois, deixou de ser<br />

compatível.<br />

Mas ponderou ser jogador profissional em vez de ir<br />

para a faculdade?<br />

Ser jogador profissional de xadrez é muito difícil. Em<br />

Portugal nem sei se há alguém que viva só do xadrez e,<br />

na altura, ainda menos. Ainda assim, eu tinha a ideia<br />

de jogar xadrez mais a sério, mas financeiramente era<br />

muito mais arriscado.<br />

Continua a jogar?<br />

Muito pouco. Mas tenho um tabuleiro sempre montado<br />

em casa e às vezes jogo no computador. A verdade<br />

é que também não tenho muitas pessoas com quem<br />

jogar. Nunca consegui convencer as minhas filhas a jogar<br />

a um nível que dessem luta. Mas o xadrez permite<br />

várias coisas: em vez de ser jogado contra uma pessoa,<br />

pode-se só analisar posições e tirar conclusões. Por vezes<br />

faço isso. É interessante perceber de que forma é<br />

que os computadores jogam xadrez, que é um bocadinho<br />

diferente da humana.<br />

E o interesse pelos computadores, vem de quando?<br />

Vem mais ou menos da mesma altura, quando era miúdo.<br />

Aos 17 ou 18 anos, na década de 80, apareceu o ZX<br />

Spectrum, um computador pequenino que foi um sucesso.<br />

Comprei dois, um deles ainda tenho. Na altura,<br />

gostei muito daquilo, gostei muito de programar, de<br />

perceber tudo o que conseguia fazer com os computadores.<br />

Depois, quando fui para o Técnico, o curso de<br />

Engenharia Eletrotécnica tinha uma forte componente<br />

de computadores. Aprendemos a programar e, por<br />

acaso – veja como são as coisas – o meu primeiro projeto<br />

foi um programa para jogar xadrez.<br />

A sua inquietude interior nasceu como? Consegue<br />

identificar? Que criança e adolescente foi?<br />

Sempre fui uma criança e um adolescente pacíficos.<br />

Mas era muito bom aluno, muito interessado pela magia<br />

de aprender. Nunca dei grandes preocupações aos<br />

meus pais. Sempre brinquei na rua e fui um adolescente,<br />

digamos, normal. Quando fiz 18 anos, mudei-me<br />

para Lisboa.<br />

Quando é que percebeu que a ciência e a engenharia,<br />

poderiam ser um ofício? Foi através delas que despertou<br />

para a “espantosa realidade das coisas” (para citar<br />

um verso de Alberto Caeiro)?<br />

A minha paixão eram os computadores e a eletrónica.<br />

Gostava muito de eletrónica, fazia montagens de equipamentos,<br />

de maneira muito amadora, mas aquilo<br />

fascinava-me. Na altura, a Escola Técnica do Montijo<br />

tinha bons professores de Engenharia Informática. Tinham<br />

uns motores elétricos e fazíamos instalações. Eu<br />

gostava muito daquilo. Foi mais ou menos no 10º ano<br />

que isso começou.<br />

Depois seguiu o seu percurso académico sem nenhum<br />

tipo de hesitação.?Sim, depois tirei a licenciatura no<br />

Técnico. Acabei o curso em 86 e o mestrado em 89. Foi o<br />

ano em que fui para os Estados Unidos. Vivi cinco anos<br />

na Califórnia, onde fiz o doutoramento.<br />

Foi uma altura muito importante da vida, não foi?<br />

Muito importante para mim e muito importante para<br />

os computadores, para a internet. Estava em Silicon Valley,<br />

no meio da grande explosão. O Google ainda não<br />

tinha aparecido... Depois surgiu a world wide web. Estive<br />

até 1994, depois ainda passei lá vários verões, porque<br />

mantive ligações muito fortes com aquelas pessoas.<br />

Quase até ao fim da década de 90 ia lá passar os verões.<br />

Levava as minhas filhas, que faziam summer camps.<br />

Porque regressou a Portugal?<br />

Foi uma decisão difícil. Na altura, foi com sentido de<br />

dever. As pessoas tinham-me apoiado muito quando<br />

fui para os Estados Unidos, e não só financeiramente.<br />

Havia aquela ideia de que quem ia para fora estudar,<br />

depois regressava a Portugal para ajudar a desenvolver<br />

o país. Senti uma espécie de dever de regressar.<br />

E veio com uma tarefa específica?<br />

Não. Regressei em 1995 e em 1999 integrei o INESC-ID.<br />

Fui membro da direção e depois presidente durante<br />

dez anos. Só saí para ir para presidente do Técnico.<br />

Como é que foi regressar à sua casa de formação como<br />

presidente? O que é que sentiu?<br />

Não posso dizer que regressei apenas como presidente.<br />

Regressei como professor associado. Foi um grande<br />

orgulho. Não sei se as pessoas sabem, mas o Técnico é<br />

das poucas escolas – como faculdade é provavelmente<br />

a única, com exceção da Nova SBE – em que as pessoas<br />

19


a conversa<br />

“O machine learning, a ideia de que os computadores podem aprender com a experiência das pessoas foi o que me trouxe para os<br />

computadores e para a engenharia”<br />

20<br />

gostam de cá estar, as pessoas vivem pelo Técnico, defendem<br />

o Técnico. Foi uma honra ser presidente desta<br />

instituição. Foi algo que não estava planeado. Lembrome<br />

claramente dessa altura.<br />

Manteve a sua relação com os Estados Unidos, e com a<br />

Califórnia em particular, de um ponto de vista pessoal<br />

e profissional...<br />

Ao princípio de maneira muito forte, sobretudo nos<br />

primeiros dez anos. Tínhamos um contrato com uma<br />

empresa que fazia software para circuitos integrados,<br />

criámos aqui um centro de desenvolvimento. Ia muito<br />

à Califórnia – duas, três vezes por ano. Depois, quando<br />

acabou esse contrato, as coisas mudaram.<br />

A Bay Area é onde ainda se sente em casa, fora de Portugal?<br />

Sim, sim! Um sítio onde me sinto em casa. Depois disso,<br />

já estive noutros sítios, em períodos sabáticos: Boston,<br />

Tóquio e recentemente em Macau. É diferente de<br />

visitar o país por 15 dias. Quando se vive lá, quando se<br />

tem uma casa, quando se vai ao supermercado, quando<br />

se conhece os vizinhos, é tudo mais intenso. Em<br />

Boston fui trabalhar com alguns professores do MIT,<br />

num projeto que ainda agora está a dar resultados. Em<br />

Tóquio, fui trabalhar com professores da Universidade<br />

de Tóquio.<br />

Sempre em Inteligência Artificial (IA) ou noutras<br />

áreas?<br />

Sempre em IA. A IA tem costas largas, cabe lá muita<br />

coisa dentro.<br />

Da primeira vez que regressou dos Estados Unidos,<br />

como é que viu o país? Veio de uma realidade completamente<br />

distinta, onde estava tudo a explodir em termos<br />

digitais...<br />

Sim, é verdade. Mas as universidades portuguesas e<br />

o Técnico também avançaram rapidamente. Quando<br />

voltei, a única coisa que notei foi que era mais difícil<br />

fazer projetos cá, porque havia menos infraestruturas,<br />

menos condições. Na altura, havia o projeto do INESC,<br />

que já tinha começado em 1980. Embora Portugal tivesse<br />

muitas limitações – e ainda tem – aqui no INESC<br />

havia um ambiente interessante para se trabalhar.<br />

Mantivemos durante dez anos essa relação com a Califórnia,<br />

com projetos comuns, portanto, de alguma<br />

forma, também estávamos a trazer a tecnologia que


existia lá. Não era a mesma coisa que estar em Berkeley<br />

ou no MIT, mas tinha as suas vantagens.<br />

Portanto, esse é o objetivo dos cérebros e é também o<br />

que temos implementado em máquinas.<br />

Sendo um especialista em IA, o que o preocupa mais<br />

na vida? Os problemas do mundo real ou os problemas<br />

do mundo virtual?<br />

Antes de mais, se me perguntasse há 15 anos se eu trabalhava<br />

em inteligência artificial, provavelmente eu<br />

diria que não. Diria que trabalhava na área de machine<br />

learning, que foi a ideia que, na realidade, me trouxe<br />

para os computadores e para a engenharia: a ideia de<br />

que os computadores podem aprender com a experiência<br />

das pessoas.<br />

E isso sempre o fascinou, não é?<br />

Sim, desde os 16 ou 17 anos. Agora, a inteligência artificial<br />

absorveu muitas áreas, incluindo essa. Neste<br />

momento, é tudo inteligência artificial.<br />

Porque é que é tão fascinado com a ideia de fazer as<br />

máquinas aprenderem?<br />

Para mim, a questão da inteligência é interessante. Foi<br />

a inteligência humana que<br />

mudou o mundo. Se conseguirmos<br />

duplicar num<br />

computador muitas componentes<br />

da inteligência<br />

humana, provavelmente<br />

também vamos mudar o<br />

mundo e, no futuro, a humanidade<br />

será diferente.<br />

O mundo real é onde vivemos,<br />

mas a tecnologia está<br />

a mudar o mundo real, por<br />

isso as duas coisas não estão<br />

assim tão separadas.<br />

Disse, no podcast “Deixar o mundo melhor”, que encara<br />

as máquinas “como uma espécie de papagaios<br />

que papagueiam muito bem, e que aprendem as estatísticas,<br />

as relações entre as palavras, os conceitos e as<br />

ideias”. O que lhe perguntamos é: o cérebro humano<br />

também é uma máquina estatística inteligente?<br />

Sim. Digo isso em alguns dos meus livros. O que acontece<br />

é que, hoje em dia, as máquinas ainda são muito<br />

mais superficiais do que o cérebro humano, não têm<br />

aquela compreensão profunda que nós temos. Mas o<br />

cérebro também é uma máquina estatística, só que<br />

mais sofisticada e com representações muito mais<br />

complexas, em particular nos modelos de linguagem.<br />

Mas esse comentário não é muito negativo para as máquinas,<br />

porque os cérebros dos homens e dos animais<br />

também são máquinas estatísticas. Foram projetadas<br />

pela evolução para garantir a sobrevivência do individuo,<br />

pelo menos o tempo suficiente para ele ter filhos.<br />

Os cérebros dos homens e<br />

dos animais também são<br />

máquinas estatísticas.<br />

Foram projetadas pela<br />

evolução, para garantir a<br />

sobrevivência do indivíduo<br />

Tem fascínio pela ideia de fazer as máquinas aprenderem.<br />

Em relação às pessoas, qual é o impacto do seu<br />

processo de aprendizagem com essa ligação às máquinas<br />

e com os computadores?<br />

Isso é interessante, porque a maneira como as pessoas<br />

aprendem também tem mudado muito. Antes da evolução<br />

da escrita, e mesmo depois, as pessoas aprendiam<br />

essencialmente por experiência e por observação<br />

de outras pessoas. Depois, com a invenção da escrita,<br />

o processo de aprendizagem mudou um pouco, mas a<br />

maior parte das pessoas são sabia ler. Quando apareceram<br />

os livros e a imprensa pensou-se: “As escolas e<br />

universidades deixam de ter razão de existir, porque as<br />

pessoas agora podem ter um livro e aprender a partir<br />

dele”. Mas isso não aconteceu. As escolas e universidades<br />

tornaram-se cada vez mais importantes. Os<br />

livros, só por si, não resolveram o problema. Quando<br />

apareceu a internet, foi a mesma coisa: “Agora já não<br />

são precisos os livros, aprendemos na internet, desaparecerão<br />

as universidades”.<br />

Com a inteligência<br />

artificial há quem diga que<br />

os professores passarão a<br />

ser dispensáveis. Mas, na<br />

verdade, nenhuma dessas<br />

inovações mudou a importância<br />

da relação entre<br />

professor e aluno no<br />

processo aprendizagem, a<br />

importância de estar num<br />

ambiente estimulante.<br />

A importância da ligação?<br />

Da ligação e da excitação.<br />

No Técnico, por exemplo, os alunos são muito bons e<br />

são muito estimulados para aprender.<br />

O Técnico fez um regulamento de utilização da IA para<br />

professores e para alunos. Porquê?<br />

Elaborámos um relatório, sim. Pediram-me para ser o<br />

coordenador dessa comissão. Criámos regras e medidas<br />

para o que se deve fazer com a IA generativa.<br />

Ou seja, dizer que é para usar, mas responsavelmente.<br />

Sim. Determinar o que é razoável usar.<br />

Isso preocupa-o? A irrazoabilidade que as situações<br />

podem tomar?<br />

Não muito. Preocupa-me mais que se crie ou se reforce<br />

a superficialidade. Os alunos, neste momento, leem<br />

muito poucos livros, porque têm outras ferramentas,<br />

têm vídeos, têm sites, têm o chat GPT. Ler um livro é<br />

21


a conversa<br />

22<br />

uma atividade profunda. Preocupa-me que a sociedade<br />

em geral, não são só os alunos, esteja cada vez mais<br />

imediatista, com cada vez menos capacidade de atenção<br />

concentrada. Eu ainda insisto em escrever livros,<br />

sabendo que é uma coisa que pertence ao passado. Há<br />

pessoas que ainda leem, mas a juventude lê muito menos.<br />

Note-se que não é por isso que aprendem menos,<br />

eles sabem muita coisa, mas aprendem de maneira<br />

muito diferente. Portanto, esse processo vai mudando.<br />

Já no tempo de Platão se dizia que os jovens já não memorizavam<br />

as coisas, já não aprendiam como dantes.<br />

Quando começou a escrita, as pessoas deixaram de decorar<br />

o que aprendiam.<br />

Sim, a reclamação existe desde há 3 mil anos. Portanto,<br />

provavelmente, nada de grave vai acontecer.<br />

Já disse mais do que uma vez que antecipa um verdadeiro<br />

boom nos próximos anos em termos de aplicações<br />

de IA. Não o preocupa o tipo de utilização que se<br />

fará disto? Vamos conseguir controlar as máquinas<br />

ou, como nos filmes que<br />

vemos sobre o futuro, corremos<br />

o risco de sermos<br />

controlados por elas?<br />

Há várias preocupações,<br />

claro. A primeira e mais<br />

imediata é a desinformação,<br />

a capacidade de as<br />

máquinas serem usadas,<br />

neste caso por agentes humanos,<br />

para desinformar<br />

e fazerem conteúdos fraudulentos.<br />

Isso é assustador.<br />

Já acontece. Mas a culpa não é bem da IA, que é uma<br />

ferramenta que é usada de maneira distorcida por<br />

agentes humanos. Há consequências mais complexas,<br />

que originam problemas sociais: perceber se, em muitas<br />

tarefas, vamos perder competitividade como seres<br />

humanos.<br />

As máquinas controlarão determinadas áreas de atividade,<br />

farão aumentar o desemprego, esvaziarão a<br />

necessidade de pessoas?<br />

Esta é uma preocupação real. Aliás, o simples facto da<br />

IA aumentar a eficiência, quer dizer que serão precisas<br />

menos pessoas para fazer o mesmo trabalho. Por outro<br />

lado, é importante lembrar que, historicamente,<br />

nunca existiu desemprego criado pela tecnologia. Esperemos<br />

que essa tendência se mantenha. Mais: a sociedade<br />

ocidental está muito envelhecida, portanto,<br />

neste momento, há muitos projetos que não se fazem<br />

Historicamente nunca<br />

existiu desemprego por<br />

causa da tecnologia.<br />

Esperemos que essa<br />

tendência se mantenha<br />

por falta de pessoas, não há pessoas com as capacidades<br />

necessárias. Vamos precisar, cada vez mais, de pessoas<br />

para tomar conta de uma população idosa, por<br />

exemplo. Numa sociedade onde o número de pessoas<br />

em idade ativa se reduz a cada ano, é bom que aumentemos<br />

a eficiência e que sejam precisas menos pessoas<br />

para trabalhar, porque daqui a pouco vamos ter uma<br />

economia muito limitada pela inexistência de pessoas<br />

suficientes. A imigração é uma solução, mas não<br />

chega. Veja-se o caso do Japão, uma sociedade muito<br />

fechada à imigração, um país muito envelhecido. O<br />

resultado é visível: a economia japonesa está estagnada<br />

há dezenas de anos, justamente por causa disso. E<br />

nós vamos pelo mesmo caminho, como outros países<br />

da Europa – os Estados Unidos um bocadinho menos.<br />

Portanto, até é bom que essa questão exista. As pessoas<br />

têm de se atualizar, têm de se renovar, têm de<br />

dominar novas tecnologias para serem competitivas<br />

em novos mercados.<br />

Mas há medos existenciais, mais apocalípticos…<br />

Sim, o medo de virmos a<br />

ter máquinas de tal forma<br />

sofisticadas, dotadas<br />

de vontade própria e de<br />

consciência, que compitam<br />

connosco por recursos,<br />

eventualmente pelo<br />

próprio planeta ou pelo<br />

Sistema Solar. Mas essa é a<br />

visão mais da ficção científica.<br />

Nestas questões<br />

existenciais a comunidade<br />

científica está muito<br />

dividida. Há pessoas conceituadas<br />

com ideias opostas: umas dizem que isto é<br />

um risco iminente e tudo pode acontecer dentro de um<br />

curto período de tempo; outras dizem que é um risco<br />

completamente imaginário.<br />

A questão é que muitas destas pessoas que dizem que<br />

pode ser um risco iminente vêm das big-tech e isso é<br />

que é assustador. Qual é que é a sua visão?<br />

Está a pensar em particular no Geoffrey Hinton, um<br />

professor muito conceituado, que foi um dos três Turing<br />

Awards, conhecido popularmente como o “Nobel<br />

da Computação”, que veio publicamente expressar as<br />

suas preocupações. Mas, por exemplo, o Yann LeCun,<br />

que também recebeu o Turing Awards, head ligado ao<br />

Facebook, diz exatamente o oposto, defende que essas<br />

preocupações não fazem qualquer sentido. O Yoshua<br />

Bengio, o último dos Turing Awards, está algures no<br />

meio, diz que não é impossível, mas não tem uma posição<br />

catastrofista. Portanto, pegando nestes três in-


“O que eu defendo é que não é impossível convivermos num mundo onde existem não só seres humanos conscientes, mas também<br />

inteligências artificiais conscientes”<br />

vestigadores, que são talvez os três mais famosos do<br />

universo da IA, as opiniões são profundamente divergentes.<br />

E a sua opinião qual é? Em que campo é que está?<br />

Estou mais alinhado com Yoshua Bengio. Acredito que<br />

as preocupações de riscos mais ou menos imediatos<br />

são erradas porque a tecnologia ainda é muito insipiente<br />

e estamos muito longe de perceber tudo. Mas,<br />

por outro lado, podemos perguntar: e daqui a 30 anos,<br />

como será?<br />

Trinta anos? Não seria melhor pensar em dez ou cinco<br />

anos?<br />

Talvez, tudo está a acontecer muito depressa. Mas neste<br />

momento é ainda muito incipiente. Há propostas<br />

para tentar perceber a consciência humana e replicá-la<br />

em máquinas, para replicar a capacidades de decisão<br />

do ser humano.<br />

Acredita que uma máquina pode ter consciência?<br />

Sim, acredito. Estive no outro dia num debate com o<br />

António Damásio sobre isso. Quando o Yann LeCun e<br />

o Pedro Domingues dizem “deixem-se de coisas e desenvolvam<br />

a tecnologia, porque é um medo completamente<br />

disparatado”, eu não concordo. Julgo que é algo<br />

que temos de perceber. O que eu defendo, e isso é mais<br />

discutível, é que não é impossível convivermos num<br />

mundo onde existem não só seres humanos conscientes,<br />

mas também inteligências artificiais conscientes.<br />

Idealmente, teríamos sistemas que fossem capazes de<br />

usar esta capacidade de raciocínio. Se queremos ter<br />

sistemas autónomos e que uma máquina tenha níveis<br />

semelhantes de competência e de consciência de um<br />

médico humano, por exemplo, teremos de ter sistemas<br />

com uma capacidade de raciocínio que hoje não<br />

têm. Provavelmente, essas capacidades implicam livre<br />

arbítrio, consciência. Portanto é possível que venhamos<br />

a criar máquinas com algum tipo de consciência.<br />

A questão é: será suficiente para se tornarem perigosas?<br />

Não sei. Há pessoas que dizem que as máquinas agora<br />

já têm consciência…<br />

23


a conversa<br />

24<br />

Não o preocupa que o poder de desenvolvimento da IA<br />

esteja em meia dúzia de empresas esmagadoramente<br />

localizadas nos Estados Unidos, que querem fazer disto<br />

negócio?<br />

Nos Estados Unidos e na China. Essa concentração é<br />

preocupante, sim. A própria natureza da tecnologia<br />

concentra poder. A característica da inteligência artificial<br />

é que ela substitui a inteligência humana, portanto,<br />

se antes precisávamos de 10 mil pessoas para produzir<br />

carros, agora precisamos de apenas 10 pessoas e<br />

o resto são robots. A própria natureza da tecnologia cria<br />

estas grandes empresas, associadas à globalização. É<br />

uma preocupação. Mas qual é a alternativa? A alternativa<br />

é não desenvolvermos a tecnologia? Ou dizer: “Vamos<br />

desenvolver a tecnologia, mas só com empresas A<br />

ou B...”?<br />

Não dá para regulamentar?<br />

Sim, e a Europa está a tentar fazê-lo. Mas a regulamentação,<br />

para funcionar, teria de ser global. E isso não impede<br />

a concentração.<br />

Não, mas eles estão preocupados<br />

com esse poder,<br />

como sabe. Há muitos<br />

processos nos Estados<br />

Unidos.<br />

A regulamentação pode<br />

ajudar a evitar uma concentração<br />

excessiva e acho<br />

que isso é positivo.<br />

Por outro lado, o potencial<br />

destas tecnologias, se<br />

usadas para o bem, é enorme…<br />

O potencial para criar materiais, baterias, novas fontes<br />

de energia, novas formas de combater o aquecimento<br />

global, é gigante. Portanto, se dissermos que não vamos<br />

desenvolver mais IA também estamos a pôr em<br />

risco e a deixar cair estas possibilidades. A verdade é<br />

que houve uma moratória muito conhecida, em que<br />

vários investigadores pediram para parar o desenvolvimento<br />

da IA e o resultado disso foi exatamente zero.<br />

Do ponto de vista da reação das empresas não houve<br />

qualquer resposta a esse pedido. Esse movimento foi<br />

completamente ineficaz.<br />

Como é que olha para a regulação da Europa?<br />

A Europa tem regulação relevante. Começa logo com<br />

o Regulamento Geral de Proteção de Dados, que, por<br />

si, já tenta garantir a defesa da privacidade dos indivíduos<br />

e uma série de coisas muito bem intencionadas,<br />

mas cuja eficácia me parece duvidosa. Há muito mais<br />

O potencial (da IA) para<br />

criar materiais, baterias,<br />

novas fontes de energia,<br />

novas formas de combater<br />

o aquecimento global, é<br />

gigante<br />

regulação, há o Data Act, Digital Markets Act, o Digital<br />

Services Act…<br />

Olhando para o IA, Bruxelas está a interpor processos<br />

contra todas as big-tech norte-americanas, porque<br />

não cumprem as regras.<br />

É verdade. Os Estados Unidos também estão.<br />

Sim, contra a Apple, contra a Google... Mas na Europa<br />

não teremos regras demasiado estritas e que afastam<br />

as tecnológicas do mercado?<br />

Em primeiro lugar, é mais difícil desenvolver uma<br />

empresa na Europa do que nos Estados Unidos, por<br />

várias razões. Já era intrinsecamente mais difícil porque<br />

são várias línguas, várias culturas, vários Estados,<br />

mas com esta legislação fica ainda mais duro. Das 20<br />

maiores empresas da área da tecnologia, só temos uma<br />

europeia, que é a Spotify. As outras são chinesas e americanas.<br />

Se insistirmos em ter demasiada regulação,<br />

como estamos a insistir, não vamos tornar isto mais<br />

fácil. Podemos dizer que os americanos também têm<br />

de cumprir as regras para<br />

atuarem na Europa e, portanto,<br />

de alguma maneira,<br />

ficam sujeitos à regulação.<br />

Mas isso é apenas parcialmente<br />

verdade, porque<br />

para se desenvolverem<br />

não precisam de regulação,<br />

seja nos Estados Unidos<br />

ou na China e, depois,<br />

já são suficientemente<br />

grandes para conseguirem<br />

dar a volta à situação. Depois,<br />

o mercado chinês está-se<br />

marimbando para a<br />

Europa. Somos apenas 300 milhões de pessoas e eles<br />

são 1.500 milhões. Para eles, nem sequer faz diferença.<br />

Portanto, corremos algum risco de estar a dificultar as<br />

pequenas empresas europeias com tanta legislação.<br />

Acha que a Europa já perdeu a corrida da IA?<br />

Está a perder. Não é só a corrida em inteligência artificial<br />

que está a perder. Já perdeu várias corridas. Ainda<br />

somos muito competitivos em algumas áreas, nomeadamente<br />

no setor automóvel e no setor aeronáutico,<br />

e esperemos que se mantenha, mas não é garantido.<br />

Neste momento, a China tem um setor automóvel<br />

muito pujante, dominam toda a área dos veículos elétricos<br />

e da eletrificação e, portanto, arriscamo-nos a<br />

ver a Europa passar para um papel secundário em termos<br />

de tecnologia, e não só tecnologia digital, mas tecnologia<br />

em geral. Isso é uma preocupação.


a conversa<br />

26<br />

Seria melhor não termos regulamentação?<br />

Não diria isso. O que seria desejável é que os grandes<br />

blocos falassem uns com os outros e se entendessem<br />

em termos globais.<br />

Mas o G20 defende isso, que seria aconselhável.<br />

Sim, e também defende outra coisa: que a tecnologia<br />

chinesa não pode vir para a Europa, a Huawei não pode<br />

concorrer ao 5G… Isso é contraproducente. A China é<br />

suficientemente grande só por si, e ainda por cima há<br />

muitos países que lidam com a China, como o Brasil, a<br />

Índia, toda aquela zona da Ásia. Quando queremos isolar<br />

a China, estamos a dar um tiro no pé. A China continuará<br />

a avançar. Tem dimensão suficiente para isso.<br />

Os Estados Unidos também têm um mercado muito<br />

pujante, a economia americana continua a acelerar a<br />

uma velocidade brutal. E nós aqui na Europa...<br />

… estamos a fechar-nos cada vez mais.<br />

Por outro lado, continua a ser um sítio bom para viver,<br />

a Europa. Já tendo vivido em vários países, talvez seja<br />

o sítio onde prefiro viver.<br />

Mas, em termos comparativos,<br />

estamos a atrasarnos.<br />

Vamos agora a Portugal.<br />

Foi o coordenador geral<br />

da Estratégia Nacional de<br />

Dados, Web 3.0 e revisão<br />

da Estratégia Nacional de<br />

Inteligência Artificial...<br />

Apresentámos os documentos<br />

ao governo anterior.<br />

E está no dossier de<br />

transição para este governo.<br />

Olhando para o momento atual e baseando-se nas<br />

recomendações dos documentos que entregou, que<br />

conselhos daria ao novo governo em termos de aposta<br />

no digital em geral e de IA em particular?<br />

Todo o mundo quer ser competitivo nestas áreas e<br />

praticamente todos os países têm uma estratégia de<br />

IA. Não há nada de muito disruptivo no que apresentámos.<br />

O que temos de garantir é que não perdemos<br />

competitividade em relação aos outros países. Algumas<br />

recomendações: temos de ter uma estratégia clara<br />

para a integração nacional de dados. Os nossos dados<br />

estão muito fragmentados. Temos de ter uma estratégia<br />

de dados aberta, que permita criar ecossistemas<br />

onde as pessoas e as instituições possam desenvolver<br />

aplicações que exploram os dados. Nova Iorque tem<br />

feito isso muito bem e outros países, como a Estónia,<br />

Quando queremos isolar<br />

a China, estamos a dar<br />

um tiro no pé. A China<br />

continuará a avançar. Tem<br />

dimensão suficiente para<br />

isso<br />

também. Relativamente aos dados, esta ideia de ter os<br />

dados abertos, exploráveis, é uma questão importante.<br />

E na IA, qual a recomendação?<br />

Criar as melhores condições para atrair capital humano.<br />

De facto, acaba por ser a coisa mais importante na<br />

inteligência artificial. Poderá ser feito através de vistos<br />

para especialistas, benefícios fiscais para jovens na tecnologia,<br />

para as empresas tecnológicas, etc. O próprio<br />

Artificial Intelligence Act prevê a existência de regimes<br />

especiais para experimentação, que devem ser adotados<br />

em Portugal. Há dois grandes projetos na área da<br />

inteligência artificial no PRR e a nossa recomendação<br />

é que essas iniciativas com massa crítica não desapareçam.<br />

Acha que, nos últimos anos, devíamos ter feito mais,<br />

aproveitando os fundos do PRR?<br />

O dinheiro do PRR teve de ser gasto de forma rápida.<br />

Não tivemos capacidade para investir o dinheiro da<br />

maneira mais produtiva possível. Tivemos de inventar.<br />

Uma das grandes apostas<br />

do PRR era a modernização<br />

da Administração Pública.<br />

O dossier também<br />

passou para o novo governo.<br />

Há ilhas de excelência,<br />

como a Justiça, mas no geral<br />

não se avançou na Administração<br />

Pública...<br />

Uma grande parte do PRR<br />

foi investido na Administração<br />

Pública! Mas como<br />

tivemos de fazer um plano<br />

à pressa, de executar<br />

à pressa, os resultados poderão não ser os melhores…<br />

Comprar equipamentos e rede é relativamente fácil,<br />

mas formar pessoas já é mais difícil. E fazer alterações<br />

estruturais nos processos, tornar as coisas mais eficientes,<br />

aculturar as organizações, isso aí é muito mais<br />

complexo.<br />

Há dois problemas que defende que a IA pode resolver<br />

em Portugal: a falta de talento qualificado e a produtividade<br />

do país.<br />

Exatamente. O aumento da eficiência leva ao aumento<br />

da produtividade e, por sua vez, reduz a necessidade<br />

de recursos humanos. Mas para isso ser feito temos de<br />

pensar onde é que somos particularmente ineficientes.<br />

É na Saúde? É na Justiça? É na Educação? Deveríamos<br />

analisar os parâmetros internacionais e ver onde estão<br />

os nossos pontos de ineficiência, ver quais podem ser<br />

melhorados por alteração de processos. São essas coi-


a conversa<br />

28<br />

sas que são transformadoras, mas exigiam uma visão<br />

top-down e estratégica que não tivemos tempo de criar.<br />

O boom foi a partir do ChatGPT.<br />

Exatamente. Portanto, a própria tecnologia também<br />

não ajuda porque a velocidade de implementação<br />

destes programas económicos não é compatível com<br />

a evolução tecnológica. Onde é que somos menos eficientes?<br />

Na energia, por exemplo, os nossos edifícios<br />

são muito ineficientes. Muitos deles são mal construídos,<br />

têm mau isolamento. Houve um investimento<br />

do PRR nessa área, portanto se calhar até foi uma boa<br />

aposta. Mas é isso que devia ser feito de forma sistemática<br />

e quantitativa.<br />

Já “futurizámos” muito<br />

nesta conversa e esse é<br />

o tema do congresso da<br />

APDC: “Futurizing”. O<br />

que espera do congresso?<br />

Qual a sua expetativa?<br />

O tema deste ano é muito<br />

interessante. As pessoas<br />

estão preocupadas com o<br />

futuro. A inteligência artificial<br />

tem a ver com isso. É<br />

interessante as pessoas saírem do congresso com uma<br />

ideia mais clara de onde é que podemos estar daqui a<br />

cinco ou dez anos. <strong>À</strong>s vezes, perdemo-nos no dia a dia.<br />

Eu tento escrever sobre o futuro mais distante, é importante<br />

pensarmos mais além.<br />

Quais são as principais mensagens que vai transmitir<br />

enquanto perito nesta área?<br />

Relativamente aos medos, as pessoas estão muito preocupadas<br />

com a desinformação e a fraude. Estão muito<br />

assustadas. Neste momento – e isto não é um “achismo”,<br />

há estudos que mostram isto – é difícil convencer<br />

as pessoas a mudar de opinião, mesmo com argumentos<br />

bons, razoáveis e factuais. As pessoas estão muito<br />

entrincheiradas nas suas posições. Na verdade, o que<br />

me assusta não é que a desinformação leve as pessoas a<br />

fazer as coisas erradas; é que as pessoas façam as coisas<br />

erradas mesmo quando têm informação correta. Acho<br />

que este é um problema é sério. Tem várias razões: as redes<br />

sociais, a falta de profundidade nas análises, os media<br />

e a sua superficialidade e o próprio foco dos meios<br />

de comunicação social nas questões bombásticas.<br />

(Em relação à inteligência<br />

artificial) os medos estão a<br />

ser muito empolados pelo<br />

foco do mediatismo<br />

Portugal tem um problema essencial: a falta de recursos<br />

humanos, sobretudo os altamente qualificados…<br />

Sim. E aqui a inteligência artificial pode ajudar – e<br />

muito! Primeiro, porque substitui pessoas. Segundo,<br />

porque aumenta a eficiência, que só por isso aumenta<br />

a produtividade. A IA também nos ajuda a estruturar<br />

processos, que é uma coisa muito importante em Portugal.<br />

Nós temos processos mal estruturados, comparando<br />

com o panorama internacional.<br />

É um otimista em relação à IA?<br />

A minha mensagem principal é que, se forem pensadas<br />

estrategicamente, as novas tecnologias – o digital<br />

em geral e a inteligência<br />

artificial em particular –,<br />

podem endereçar questões-chave<br />

que limitam a<br />

economia portuguesa. Outra<br />

mensagem: os medos<br />

estão a ser muito empolados<br />

pelo foco do mediatismo.<br />

Para terminar: qual o melhor<br />

conselho que lhe deram<br />

na vida e que daria<br />

também às novas gerações?<br />

Lembro-me de um em particular. A minha memória<br />

é fraca, mas em 1989 eu tinha acabado o mestrado,<br />

comprado um apartamento, tinha acabado de casar e,<br />

na altura, colocou-se a possibilidade de ir estudar para<br />

Berkeley… Fui falar com o meu professor orientador,<br />

Luís Vidigal (que já morreu), e disse-lhe: “Mas eu estou<br />

aqui tão bem, porque é que hei-de ir para a Califórnia<br />

agora, onde não tenho casa e vou encontrar uma série<br />

de dificuldades?”. Estava numa grande incerteza.<br />

E o Vidigal disse-me: “A experiência de viveres cinco<br />

ou seis anos num país diferente vai-te trazer muitas<br />

vantagens ao longo da tua vida”. De facto, assim foi.<br />

Por isso recomendo o mesmo aos jovens: atrevam-se a<br />

sair da zona de conforto. Vão agradecer para o resto da<br />

vida.•


negocios<br />

30


<strong>UM</strong>A HISTÓRIA<br />

DE SUCESSO<br />

Liderada por um homem que se diz<br />

otimista, a NTT Data Portugal está a<br />

ultrapassar os seus próprios objetivos,<br />

mas com a serenidade típica dos<br />

projetos pensados. Não que afaste da sua<br />

estratégia margens de risco para testar<br />

e falhar. Até porque “inovação” é o seu<br />

nome do meio.<br />

TEXTO DE TERESA RIBEIRO<br />

FOTOS DE VÍTOR GOR<strong>DO</strong>/SYNCVIEW<br />

31


negocios<br />

32<br />

Quando há quatro anos Tiago Barroso assumiu a<br />

direcção executiva da NTT Data Portugal, sabia<br />

que não podia competir em volume de negócios<br />

com outras operações que a multinacional<br />

NTT Data tinha pelo mundo: “O mercado português<br />

corresponde a 1% do mercado da região em que estamos<br />

inseridos, o que compreende a Europa, América<br />

Latina e Médio Oriente”, esclarece. O tom de voz é descontraído,<br />

reflete o de alguém que não encarou aquela<br />

vicissitude como um obstáculo: “Para crescer e dar<br />

retorno aos acionistas, que em última análise é o meu<br />

objetivo como CEO, percebi que tinha de investir em<br />

várias frentes”. Identificou-as: talento, inovação e diversidade<br />

no portfólio de serviços. Com esta estratégia<br />

Tiago Barroso conseguiu captar investimento e aportar<br />

ao grupo mais do que corresponde à dimensão do mercado<br />

português. Tinha traçado um plano para quatro<br />

anos, mas ao fim de três já tinha atingido os seus objetivos,<br />

um dos quais duplicar o número de colaboradores.<br />

Neste momento já são 1700 e não vai ficar por aqui.<br />

Mas nem tudo foram rosas. Assim que assumiu o<br />

comando da NTT Data Portugal, em março de 2020,<br />

a pandemia caiu-lhe em<br />

cima. Nesse mês os jornais<br />

anunciavam os primeiros<br />

casos de Covid 19 no<br />

país. E depois disso, como<br />

se sabe, na economia nacional<br />

houve uma deriva<br />

acidentada, que culminou<br />

com dois confinamentos.<br />

Tiago Barroso teve de criar<br />

um caminho para vencer a<br />

inércia que a crise sanitária,<br />

nesse período de exceção,<br />

impôs ao mundo dos<br />

negócios, deixando muitas empresas pelo caminho, ou<br />

nos cuidados intensivos: “Começámo-nos a espalhar<br />

pelo país durante o segundo confinamento. Na altura<br />

foi uma decisão corajosa. Aplicámos as lições aprendidas<br />

com a pandemia, desde logo a de que o trabalho<br />

híbrido pode ser uma janela de oportunidade para<br />

ganhar uma capacidade de talento adicional e avançámos”.<br />

Hoje a NTT Portugal tem 15 hubs espalhados pelo<br />

território. Foi um crescimento orgânico. As contingências<br />

da pandemia podem ter impulsionado esta<br />

tendência, mas rapidamente Tiago Barroso identificou<br />

Com 15 hubs espalhados<br />

pelo país, a empresa<br />

tira partido de todas as<br />

vantagens que a dispersão<br />

geográfica traz<br />

todas as vantagens que a dispersão geográfica trazia à<br />

empresa e aos seus colaboradores: “Ganhámos essa capacidade<br />

de talento adicional, ao permitir que gente<br />

a viver fora dos grandes centros urbanos se juntasse a<br />

nós e constituímos em cada um dos pólos equipas de<br />

30 a 50 pessoas, especializadas num domínio. O resultado<br />

foi excelente. Equipas relativamente pequenas a<br />

trabalhar com um propósito e objetivo comum criam<br />

mais facilmente um sentimento de pertença”.<br />

Sendo uma empresa de inovação em serviços de<br />

consultoria de negócio e tecnologia, o fator humano é<br />

crítico para o desenvolvimento e qualidade na entrega<br />

de soluções ao cliente. O bem-estar das equipas da NTT<br />

Data Portugal é uma preocupação constante, algo que<br />

impacta fortemente a cultura da empresa. Não por acaso,<br />

a subsidiária portuguesa da NTT Data foi distinguida<br />

nos três últimos anos pelo Top Employers Institute,<br />

entidade que certifica<br />

organizações com base na<br />

participação e nos resultados<br />

do Human Resources<br />

Best Practices Survey,<br />

um inquérito que abrange<br />

seis domínios na gestão<br />

de pessoas, que incluem<br />

tópicos como Ambiente<br />

de Trabalho, Aquisição de<br />

Talento, Formação, Diversidade<br />

& Inclusão e Bem<br />

-Estar: “Gostamos que os<br />

nossos colaboradores sintam<br />

a liberdade de ser aquilo que são. Quem gosta de<br />

desporto, pode praticá-lo, quem gosta de ler até tem<br />

cá uma biblioteca. Encorajamos o desenvolvimento<br />

pessoal e coletivo e privilegiamos o trabalho colaborativo”.<br />

Há iniciativas que ajudam a criar esta marca<br />

distintiva, como a “Connect with the CEO”, um fórum<br />

que tem o objetivo de chegar aos 1700 colaboradores da<br />

consultora e inclui espaços de conversa onde o CEO se<br />

reúne com pequenos grupos à vez, para partilhar a sua<br />

visão e ouvir cada uma das pessoas. Outra originalidade<br />

é a figura do mentor, que foi criada para que cada<br />

colaborador possa ter ao seu dispor acompanhamen-


Sendo uma consultora, a NTT Data Portugal aposta forte nas suas pessoas, dando-lhes espaço para crescer e revelar todo o seu<br />

potencial. A empresa está no ranking das melhores para se trabalhar em Portugal<br />

to na gestão da sua carreira. Esta abordagem permite<br />

adequar melhor a experiência de cada colaborador às<br />

suas necessidades e aspirações, com óbvios reflexos na<br />

produtividade de cada um.<br />

Os inquéritos de avaliação do clima organizacional<br />

que a NTT Data faz periodicamente mostram que<br />

a consultora tem conseguido evoluir neste domínio,<br />

colocando-se entre as melhores empresas para se trabalhar<br />

em Portugal. Um dos mais expressivos indicadores<br />

d a satisfação das suas pessoas é a baixa rotatividade<br />

de colaboradores, bastante inferior à média.<br />

Tiago Barroso sente orgulho nestes resultados. Salienta<br />

que a consultora tem perto de 40% de mulheres<br />

entre os seus quadros, “percentagem bastante acima<br />

da média do mercado” e gosta que a média etária das<br />

suas equipas seja baixa. Por todos estes motivos, o<br />

tema da retenção de talento, tão preocupante para a<br />

generalidade das empresas em Portugal, não lhe tira<br />

o sono: “Se calhar a NTT Data tem uma cultura forte,<br />

que mitiga essa questão”, frisa com um orgulho indisfarçada.<br />

Também aponta como fator relevante a estratégia<br />

de captação e criação de talento: “É verdade que<br />

há escassez de talento na área das TI e consultoria, mas<br />

também é verdade que temos tido capacidade para desenvolver<br />

programas de upskill e reskill, que mudam a<br />

forma como trabalhamos com as pessoas”.<br />

DENTRO <strong>DO</strong> ECOSSISTEMA<br />

A NTT Data está em Portugal há mais de 20 anos e trabalha<br />

com as maiores empresas e instituições do país,<br />

em processos de transformação dos negócios e em setores<br />

de atividade tão distintos como banca, seguros,<br />

utilities, saúde, indústria e Administração Pública.<br />

Como consultora, tem de estar sempre um passo à<br />

frente dos clientes, por isso desenvolveu ao longo do<br />

tempo laços com centros de investigação e também<br />

com o ecossistema empreendedor. Parcerias que a colocam<br />

onde está a inovação: “No nosso centro de Bra-<br />

33


negocios<br />

34<br />

ga, por exemplo, trabalha-se atualmente em temas de<br />

software para apoio à gestão de ensaios clínicos. Projeto<br />

que está a desenvolver-se em parceria com a Escola de<br />

Medicina da Universidade do Minho, nomeadamente<br />

com o Centro Clínico Académico de Braga (CCABraga)<br />

e com o Centro de Medicina Digital P5, no âmbito das<br />

iniciativas dos PRR”, partilha o CEO da NTT Data Portugal.<br />

Na área da Gen AI, a empresa trabalhou com um<br />

organismo na área dos fundos comunitários no desenvolvimento<br />

de uma solução de conversação que permite<br />

fazer perguntas sobre os regulamentos dos fundos<br />

comunitários e candidaturas, facilitando o entendimento<br />

desta informação pelos possíveis interessados.<br />

Estas parcerias com centros de investigação universitários<br />

são importantes, mas é nos seus hubs que a<br />

consultora desenvolve grande parte do conhecimento<br />

que produz. Recentemente lançou no norte do país<br />

mais três centros de conhecimento especializado: o<br />

Hub de NextGen Core Banking, uma extensão do Centro<br />

de Excelência que a empresa criou recentemente<br />

em Lisboa, com o objetivo de acelerar a modernização<br />

de sistemas core bancários; o Hub de Data Engineering,<br />

orientado para projetos de desenho de sistemas para<br />

recolha, armazenamento e processamento de grandes<br />

volumes de dados; e o Hub de Microsoft BizApps. Este<br />

último dedica-se ao desenvolvimento<br />

de soluções<br />

empresariais para gestão<br />

da relação com clientes.<br />

Além destes, a NTT<br />

Data Portugal tem mais<br />

três hubs no Porto. Os restantes,<br />

num total de nove,<br />

estão distribuídos por<br />

Braga, Guimarães, Castelo<br />

Branco, Guarda, Viseu,<br />

Coimbra, Évora, Óbidos<br />

e Lisboa. Não por acaso,<br />

quase todos se situam nas proximidades de pólos<br />

universitários: “A nossa maior fonte de recrutamento<br />

são as universidades, por isso temos a preocupação de<br />

criar estruturas onde o talento está disponível”, explica,<br />

com pragmatismo, Tiago Barroso.<br />

Naturalmente, o ecossistema empreendedor também<br />

interessa à NTT Data Portugal. Todos os anos, através<br />

dos eAwards, o concurso que teve este ano a sua<br />

24ª edição, se lança um repto às startups portuguesas<br />

para apresentarem projetos a concurso. O que interessa<br />

à consultora é sobretudo captar projetos inovadores<br />

Para explorar as<br />

potencialidades da IA,<br />

a consultora lançou o<br />

laboratório Point of<br />

Disruption<br />

em fase avançada de prototipagem, baseados em tecnologias<br />

de alto impacto, escaláveis e sustentáveis. O<br />

vencedor ganha 10 mil euros, um programa de aceleração<br />

e acesso direto à final internacional dos eAwards.<br />

Além do interesse óbvio em acompanhar estes projetos,<br />

a NTT Data Portugal tem anotado com orgulho<br />

como o concurso tem servido para revelar ao mundo<br />

o talento nacional: “Já tivemos duas startups portuguesas<br />

a ganhar a final internacional e outras duas a trazer<br />

para casa menções honrosas”, comenta Tiago Barroso.<br />

MONTRA DE EXPERIMENTAÇÃO<br />

Tudo o que tem a ver com inteligência artificial e em<br />

particular com a IA generativa é o que está no centro<br />

das preocupações dos clientes da NTT Data Portugal.<br />

Nada que agora não aconteça em todo o lado.<br />

Esta necessidade de explorar as potencialidades<br />

da tecnologia do momento levou a NTT Data a criar<br />

na sua sede, em Lisboa, o laboratório Point of Disruption<br />

(POD). Não se trata<br />

de um laboratório como<br />

os outros. Aqui existe a<br />

oportunidade de explorar<br />

a IA e outras tecnologias<br />

emergentes com o cliente<br />

sentado ao lado: “É um<br />

espaço para abrir a mente,<br />

abrir perspetivas, onde<br />

temos alguns use cases de<br />

tecnologias, sobretudo<br />

tecnologias assentes ou<br />

que passam por IA. No<br />

fundo é uma montra de experimentação e demonstração<br />

de casos inovadores, para que nós e os nossos<br />

clientes possamos pensar em novas soluções”, explica<br />

o CEO da NTT Data Portugal.<br />

Estando em causa a experimentação de tecnologias<br />

digitais, não poderia este trabalho de cocriação ser<br />

feito online? Tiago Barroso diz que podia, mas não seria<br />

a mesma coisa: “Acreditamos que o presencial tem<br />

muitas vantagens. Apesar de sermos uma empresa de<br />

prestação de serviços, em que o remoto, como modelo<br />

de trabalho, faz todo o sentido, consideramos a sociali-


Tiago Barroso é um líder confiante: “Até ao final de 2027 definimos como objetivo sermos ainda mais líderes em Portugal”<br />

zação importante, porque o trabalho em equipa ganha<br />

com o contacto presencial”.<br />

Também foi a pensar nos seus clientes que este ano<br />

a NTT Data Portugal lançou a agência Tangity, apresentada<br />

como o corolário de um processo de consolidação<br />

da oferta de serviços de marketing da consultora. A sua<br />

missão é apresentar soluções inovadoras para dar nova<br />

vida às marcas: “As soluções tecnológicas, para servirem<br />

as pessoas, têm de ter um pensamento criativo e<br />

de design. Nós acreditamos nisso. Mas ao contrário de<br />

outras empresas nossas concorrentes, não comprámos<br />

uma agência, quisemos desenvolvê-la organicamente”,<br />

explica Tiago Barroso. Agora aqui está ela, com<br />

uma equipa constituída por 60 “tangiteers”, entre strategists,<br />

marketeers, producers, designers, art directors, copy<br />

righters e project managers. A funcionar em Lisboa e em<br />

Óbidos, conjugando esta diversidade de competências<br />

com o know-how de negócio da consultora e trabalhando<br />

em rede com outras agências do grupo NTT Data, espera-se<br />

que a Tangity seja capaz de ultrapassar desafios<br />

complexos.<br />

Rodeado de projetos a acontecer, Tiago Barroso<br />

passa a imagem do gestor tranquilo. Tem metas a cumprir<br />

e resultados a apresentar, mas que não parecem<br />

constituir, para si, fonte de stress: “Até ao final de 2027<br />

definimos como objetivo sermos ainda mais líderes em<br />

Portugal, aumentarmos a nossa força naquilo que é o<br />

grupo, ou seja, manter ou superar os 80% que temos<br />

de avaliação de cultura de gente entusiasta com o NTT<br />

Data. Temos esse nível de engagement e há que mante-<br />

-lo. No fundo, é continuar a crescer”, afirma, com um<br />

sorriso nos lábios.•<br />

35


itech<br />

PAULO FILIPE:<br />

Paixão antiga<br />

36<br />

Esteve um ano a estudar Medicina Dentária, mas depois sentiu<br />

que estar todos os dias fechado num gabinete a fazer o que os<br />

médicos dentistas fazem, não era para ele. Foi então que se<br />

lembrou de uma velha paixão…<br />

Texto de Teresa Ribeiro | Vítor Gordo/Syncview<br />

DESDE a adolescência, quando passava<br />

tardes com os amigos de volta<br />

do ZX Spectrum e outros computadores<br />

para jogos, sentia fascínio<br />

por tecnologia digital. Apesar de<br />

rudimentares, aqueles aparelhos já<br />

permitiam dar os primeiros passos<br />

em programação e, quando decidiu<br />

fazer o inventário dos seus cromos<br />

de super-heróis, ficou satisfeito com<br />

o resultado. Mesmo quando avançou<br />

em programas só pelo prazer de descobrir<br />

como funcionavam, não deu o<br />

seu tempo por perdido. Era entusiasmante<br />

explorar aquelas máquinas e<br />

poder criar qualquer coisa de novo.<br />

Percebeu então que se mudasse de<br />

vida teria de ser por ali. Pela via que<br />

já lhe tinha dado bastantes alegrias.<br />

“Inscrevi-me no curso de Computer<br />

Science, na Universidade do Minho,<br />

e a experiência foi muito diferente<br />

da que tivera em Medicina Dentária.<br />

Senti-me logo em casa”, recorda<br />

Paulo Filipe, managing director da<br />

Accenture. Na universidade percebeu<br />

rapidamente que os seus professores<br />

tinham pequenas empresas, nas<br />

quais usavam a capacidade dos estudantes<br />

para desenvolvimento do seu<br />

negócio e também projetos de investigação.<br />

Aproveitou para colaborar<br />

com uns e com outros: “No primeiro<br />

caso, serviu para ganhar experiência<br />

e fazer algum dinheiro a desenvolver<br />

programas em Basic para<br />

clientes empresariais. No segundo, o<br />

trabalho não era remunerado, mas<br />

dava-me acesso a computadores que<br />

estariam fora do meu alcance, se não<br />

colaborasse nesses projetos”. Paulo<br />

Filipe, por temperamento, sempre<br />

geriu assim a vida, pois acredita que<br />

para evoluir é preciso saber agarrar<br />

as oportunidades. Também nunca<br />

gostou de perder tempo, por isso, ao<br />

sair da faculdade, já tinha emprego:<br />

“Fui proactivo. Contactei a Digital,<br />

na altura uma empresa com muito<br />

prestígio, fui à entrevista e fiquei”,<br />

expõe estes passos com o sorriso<br />

limpo de quem gosta de rever o que<br />

fez, porque sabe tê-lo feito bem.<br />

Seguiu-se a descoberta de que mais<br />

do que conceber tecnologia, o que<br />

gostava era de fazê-la convergir com<br />

os negócios e estratégias das empresas:<br />

“Isso interessou-me muito,<br />

por isso, quando tive oportunidade,<br />

fui para a PricewaterhouseCoopers”,<br />

conta. Ficou no seu elemento. De<br />

tal forma, que nunca mais de lá<br />

saiu. Passou depois pela Deloitte e a<br />

seguir entrou na Accenture, faz agora<br />

20 anos.<br />

Para Paulo Filipe, a tecnologia sempre<br />

foi um meio para atingir um fim.<br />

Por isso nunca sentiu que controlasse<br />

a sua vida. E se algum dia o tempo<br />

lhe fugiu, não foi por ceder aos seus<br />

apelos, mas por se entregar com<br />

paixão ao trabalho.Teve, de resto,<br />

de aprender a regular melhor o seu<br />

tempo. Hoje cumpre uma rotina diária<br />

que o satisfaz: “Levanto-me muito<br />

cedo, para poder planear o que<br />

tenho a fazer e ter algum tempo para<br />

mim”, partilha. “Em regra, às 19h já<br />

terminei o meu dia de trabalho”.<br />

Diz que, se não tiver acesso a tecnologia,<br />

para ele não é um problema.<br />

Assume-o consciente de que muita<br />

gente não poderia dizer o mesmo.<br />

Apesar de gostar muito de tecnologia,<br />

o managing director da Accenture<br />

vê com apreensão o hábito de as<br />

pessoas passarem demasiado tempo<br />

nas redes sociais. Atualmente, só<br />

está no LinkedIn: “Estive no Facebook<br />

ao princípio, por curiosidade. E achei<br />

que não era para mim”, comenta.<br />

Discreto por natureza, não quer desenvolver<br />

mais considerações sobre<br />

a popularidade das redes sociais,<br />

mas percebe-se que tem dificuldade<br />

em entender a paixão que suscitam:<br />

“É um meio agressivo, em que não<br />

me revejo. Não tenho necessidade<br />

de saber o que acontece com a vida<br />

das outras pessoas ou de me dar<br />

a conhecer neste meio. Faço-o no<br />

mundo real”.<br />

Apaixonado pela inovação que a tecnologia<br />

proporciona, desfruta-a através<br />

dos seus dois carros inteligentes,<br />

um híbrido e um elétrico. Também a<br />

leva para o mergulho e para o golfe,<br />

dois dos seus hobbies. Preocupações<br />

que a tecnologia lhe suscita?<br />

A adoção de IA: “A tecnologia, pela<br />

primeira vez, vai ser autónoma e no<br />

entanto – as empresas que a produzem<br />

reconhecem-no – ainda é uma<br />

caixa negra. Por isso, temos de ter<br />

cuidado com os impactos que vai ter<br />

na sociedade, para evitar situações<br />

incontroláveis”.•


Nunca se separa do iPhone, do iPad e do<br />

portátil, que é um HP, embora o de casa<br />

seja um iMac Pro. Não lhe perguntem<br />

quais são os modelos dos seus devices,<br />

porque não sabe responder: “Não ligo<br />

muito ao que tenho. Desde que sirva os<br />

meus propósitos, é quanto me basta”.<br />

37


<strong>33º</strong><br />

Digital<br />

Business<br />

Congress


40 <strong>33º</strong> Digital Business Congress


A emergência de um<br />

compromisso nacional<br />

A IA é uma oportunidade única para o país se diferenciar,<br />

assumindo esta tecnologia disruptiva como motor de<br />

crescimento. Mas para este verdadeiro salto qualitativo, é<br />

preciso criar as condições certas, pois persistem múltiplas<br />

barreiras: económicas, sociais e até políticas. No terreno, os<br />

progressos comprovam que é possível e há estratégias e<br />

planos prontos a avançar. A APDC, assinalando o seu 40º<br />

aniversário, também apresentou no <strong>33º</strong> Digital Business<br />

Congress uma visão para Portugal, com medidas e metas<br />

concretas.<br />

Texto de Isabel Travessa<br />

Fotos de Vítor Gordo e Filipa Bernardo /SYNCVIEW<br />

Criada há quatro décadas como uma associação<br />

de profissionais das comunicações, a<br />

APDC passou, ao longo dos anos, a ser a associação<br />

do ecossistema digital. Missão? Discutir<br />

o futuro. É que o país mudou e as TIC<br />

e Media foram dos setores que mais se modernizaram<br />

e contribuíram para modernizar<br />

Portugal. “Sem comunicações modernas,<br />

não se tinha atingido o nível de desenvolvimento<br />

que temos hoje. Mas não podemos<br />

estar inteiramente contentes com os resultados”,<br />

afirmou o presidente da APDC no arranque<br />

da edição deste ano do Digital Business<br />

Congress.<br />

“Temos um país com 30% de pobres e com<br />

30% de jovens a saírem de Portugal. A nossa<br />

economia tem de criar mais valor, as<br />

nossas empresas têm de crescer e desenvolver<br />

negócios de maior valor acrescentado.<br />

Não é possível distribuir valor que não<br />

se cria. O nosso problema é um problema<br />

de criação de valor. O Estado, por seu turno,<br />

tem de contribuir, sendo mais simples e<br />

mais eficiente”, defendeu Rogério Carapuça,<br />

ao anunciar que, para “ajudar a combater<br />

os atrasos”, a APDC desenvolveu uma visão<br />

para o país, com medidas concretas para o<br />

desenvolvimento da economia.<br />

“Se olharmos para o DESI, o indicador da CE<br />

para o desenvolvimento da sociedade e da<br />

economia digitais, estamos no lugar imediatamente<br />

abaixo da média europeia. Ou seja,<br />

somos o primeiro dos últimos. Mas temos de<br />

ser um dos primeiros. Por isso, a visão que<br />

desenvolvemos é ser um dos primeiros nos<br />

próximos oito anos”, adiantou, destacando<br />

duas medidas de modernização da AP: a<br />

criação da figura de CIO no Estado e a adoção<br />

do princípio “once only”. A meta é tornar<br />

Portugal um dos líderes da economia e da<br />

sociedade digital da Europa nos próximos<br />

oito anos.


42 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Com o tema “40 Years Futurizing”, o congresso<br />

da APDC centrou-se no futuro com<br />

a Inteligência Artificial (IA) que, segundo Rogério<br />

Carapuça, “permitirá provavelmente o<br />

maior salto qualitativo de produtividade da<br />

história da humanidade. Há que a aproveitar<br />

bem”, alertou. A tecnologia já está aí e promete<br />

uma “revolução profunda, que ainda<br />

só está a começar”, mas que já revela enormes<br />

impactos a todos os níveis. “Estamos a<br />

assistir a uma alteração muito rápida na sociedade,<br />

que terá consequências importantes,<br />

para as quais precisamos de nos preparar”,<br />

começou por destacar o presidente do<br />

Congresso na sua intervenção.<br />

“Temos um enorme desafio para o país: organizacional,<br />

educacional e, acima de tudo,<br />

de produtividade. O país necessita de se tornar<br />

mais produtivo. Essa é a razão essencial<br />

para não sermos mais desenvolvidos. Para<br />

nos tornarmos mais produtivos, a IA pode<br />

ajudar, mas só por si a tecnologia não o vai<br />

fazer. É uma questão organizacional”, considerou<br />

Arlindo Oliveira.<br />

Da parte do Governo, ficou o compromisso,<br />

nas palavras da Ministra da Juventude<br />

e Modernização, de que será definida e implementada<br />

uma estratégia para o digital,<br />

“com objetivos bem definidos, metas quantitativas<br />

e um plano de ação que concretize<br />

o sucesso da transição digital até 2030”. É<br />

que ela representa uma “enorme oportunidade.<br />

Estamos a testemunhar uma transformação<br />

sem precedentes na forma como interagimos<br />

com a tecnologia e com o mundo<br />

à nossa volta. Este cenário oferece um terreno<br />

fértil para a inovação, para o crescimento<br />

económico e para uma melhoria substancial<br />

da qualidade de vida”.<br />

Estando o executivo alinhado com as metas<br />

europeias, pretende “garantir uma abordagem<br />

coesa e ambiciosa para enfrentar os<br />

desafios da era digital”. Pelo que Margarida<br />

Balseiro Lopes assegura que “há uma clara<br />

visão sobre como estimular o crescimento<br />

da economia e da inovação”, que passa por<br />

agilizar a execução dos fundos estruturais<br />

para requalificar a economia e apostar de<br />

forma estruturada na IA.<br />

<strong>UM</strong> MUN<strong>DO</strong> DE POSSIBILI<strong>DA</strong>DES<br />

Foi na IA que Pedro Domingos, reconhecido<br />

investigador e docente da Universidade de<br />

Washington, centrou a sua reflexão, desfazendo<br />

mitos e receios que têm sido levantados.<br />

Considerando que a tecnologia “é sempre<br />

uma coisa necessariamente imperfeita,<br />

O conhecido<br />

investigador mundial<br />

em IA, Pedro Domingos,<br />

garante que Portugal<br />

tem a oportunidade<br />

de se assumir como<br />

a ‘Estónia da IA’ e um<br />

exemplo para a Europa.<br />

Falta o compromisso de<br />

todos.<br />

Os des<br />

ficaram<br />

e medi<br />

Arlindo<br />

Margar<br />

coesa e


afios que o país ainda tem pela frente no digital e o potencial da IA para fazer diferente<br />

claros no arranque do congresso. Rogério Carapuça deu o mote, com a visão da APDC<br />

das concretas. Garantindo que a IA trará uma profunda revolução, ainda no início,<br />

Oliveira (presidente do congresso) diz que tudo dependerá da organização e do talento.<br />

ida Balseiro Lopes (ministra da Juventude e Modernização) assegura “uma abordagem<br />

ambiciosa para enfrentar a era digital”


44 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

como são os seres humanos, está<br />

convicto de que “trará muitas surpresas<br />

no tipo de tarefas que se<br />

pensam que são fáceis e difíceis:<br />

um trabalho complexo de um perito<br />

poderá ser fácil para a IA, mas<br />

tarefas quotidianas fáceis serão difíceis<br />

para a tecnologia. Acresce que<br />

o impacto da IA na economia e no<br />

trabalho não terá nada de mágico.<br />

É uma forma de automatização<br />

extremamente avançada e o seu<br />

grande papel é o de reduzir o custo<br />

da inteligência”, libertando “dinheiro<br />

para as pessoas”.<br />

Estando o Mundo, a Europa e Portugal<br />

a envelhecer, “sem IA para<br />

substituir o trabalho humano, será<br />

muito dificil manter a qualidade de<br />

vida das pessoas. A IA não é opcional,<br />

mas urgentemente necessária”.<br />

O que “pode ser feito por ela e<br />

pelos seres humanos, em conjunto,<br />

serão as atividades do futuro que<br />

nunca foram feitas antes. É aí que<br />

Os líderes das equipas que elaboraram as estratégias<br />

de dados e da Web 3.0 e a revisão da Estratégia<br />

Nacional para a IA já concluíram o seu trabalho.<br />

Agora, aguardam decisões do executivo<br />

nos deveremos concentrar”, considera Pedro Domingos, para<br />

quem os perigos da tecnologia são apenas “os que resultam<br />

da sua utilização pelos humanos”.<br />

E deixa uma mensagem clara: “Portugal tem a oportunidade<br />

de tornar a IA num motor de desenvolvimento. Tem uma comunidade<br />

de primeira linha, indústrias onde pode ser líder na<br />

introdução da IA e uma agilidade que países maiores não podem<br />

ter. Temos a possibilidade de sermos ‘a Estónia da IA’ e<br />

um exemplo para outros países. Há barreiras económicas, sociais<br />

e políticas e para as ultrapassar é preciso o compromisso<br />

de todos”.<br />

Para já, o trabalho de elaboração das estratégias nacionais<br />

para os dados e Web 3.0 e a revisão da Estratégia Nacional<br />

para a IA está concluído e os documentos já foram entregues<br />

ao novo governo. Quem o garante é Arlindo Oliveira, também<br />

coordenador do grupo de trabalho das três equipas, adiantando<br />

ainda ter indicações de que o executivo pretende avançar<br />

com o processo, colocando em breve as propostas em consulta<br />

pública.<br />

Destaca ainda que não basta haver uma estratégia e um plano<br />

de ação. É imperativo garantir um orçamento para a sua<br />

implementação. “Esse é o passo que nos falta dar. Haja vontade<br />

e capacidade política e haja alocação de recursos à execução<br />

de cada uma destas estratégias”, rematou, antes da intervenção<br />

dos líderes de cada uma das três áreas, que também


Há países que já avançaram com a implementação de<br />

estratégias para o digital e para a IA. Objetivo: aproveitar<br />

o que já existia, experimentar, testar e fazer melhor. Com<br />

regras à prova de futuro, dizem Carme Artigas e Siim Sikkut<br />

reiteraram a necessidade de se garantir<br />

a efetiva implementação das<br />

medidas.<br />

FERRAMENTA<br />

PARA A DEMOCRACIA<br />

Espanha e Estónia são exemplos<br />

em termos de aposta na transição<br />

para o digital e de definição de estratégias<br />

públicas para a IA. Ex-secretária<br />

de Estado para a Digitalização<br />

e IA espanhola e presidente<br />

do Grupo de Alto nível das Nações<br />

Unidas para a IA, Carme Artigas diz<br />

que o desafio no seu país foi definir<br />

uma regulação à “prova de futuro,<br />

sem prejudicar a inovação. Porque<br />

a tecnologia está sempre a evoluir”.<br />

É exatamente isso que defende<br />

que está a ser feito na UE27, com o<br />

IA Act.<br />

“Pela primeira vez a Europa está<br />

a dizer ao mundo o que não quer<br />

que a IA faça. Mostrámos valores e<br />

criámos um standard moral para o<br />

A estratégia e os princípios da Google para a IA<br />

estiveram em debate, numa sessão onde Giorgia<br />

Abeltino anunciou o Impulso IA, uma iniciativa<br />

de formação em parceria com a APDC


46 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

O filósofo e cientista político Francis Fukuyama esteve à<br />

conversa com Pedro Faustino (Axians) sobre o futuro das<br />

economias democráticas e liberais, o papel da tecnologia e o<br />

poder das gigantes digitais<br />

Há vários setores da economia nacional que já estão a apostar<br />

de uma forma clara em soluções assentes em ferramentas de<br />

IA. Agora, é preciso passar a mensagem para acelerar


O Center for Responsible AI e o Accelerat.ai<br />

são dois consórcios financiados pelo<br />

PRR para desenvolver soluções ‘made in<br />

Portugal’ assentes em IA. Os resultados<br />

mostram o potencial da inovação nacional<br />

As metas e objetivos do IA Act estiveram<br />

em análise. Há que prevenir os riscos<br />

de utilização, ao mesmo tempo que se<br />

incentiva a inovação na Europa. O desafio<br />

é encontrar o equilíbrio<br />

resto do mundo, centrado no ser humano”,<br />

numa regulação que traz “transparência,<br />

controlo e confiança. A IA tem de ser usada<br />

com um propósito. É responsabilidade dos<br />

governos antecipar estes temas”, afirma.<br />

“A IA é uma ferramenta para a democracia,<br />

pois aumenta a transparência nos processos.<br />

Os governos têm de dar passos para<br />

usar estas ferramentas da melhor forma<br />

possível. Não são elas que fazem o mundo<br />

melhor, mas sim a forma como as usamos”,<br />

acrescenta Siim Sikkut, ex-CIO do governo<br />

da Estónia e atual sócio-gerente da Digital<br />

Nation. Diz que no seu país não se inventou<br />

nada. Recorreu-se ao que já existia: “Fizemos<br />

opções, experimentámos para perceber, incluindo<br />

na regulamentação. Não a apressámos.<br />

Tentámos perceber antes de avançar<br />

o que efetivamente precisávamos e implementámos<br />

projetos, espalhando o mais possível<br />

as sementes da mudança”.<br />

A Google é uma das gigantes mundiais que<br />

está a apostar em força nas ferramentas de<br />

IA, que já são transversais a toda a sua oferta.<br />

A diretora sénior de Políticas Públicas e<br />

Relações Governamentais para a Europa do<br />

Sul diz que a IA já está a resolver problemas<br />

num abrangente conjunto de setores e que<br />

o seu potencial é imenso, desde que seja garantida<br />

uma utilização responsável. Só em<br />

Portugal, poderá gerar 15 mil milhões de euros<br />

para a economia e poupar em média 80<br />

horas por ano a cada trabalhador, destaca<br />

Giorgia Abeltino.<br />

Mas até que ponto a resiliência das economias<br />

democráticas e liberais depende<br />

de nós? Foi a essa questão que tentou responder<br />

o filósofo e cientista político Francis<br />

Fukuyama , numa conversa com Pedro<br />

Faustino, diretor-geral da Axians Portugal.<br />

Destacando a lentidão dos processos de decisão,<br />

sobretudo na Europa, onde existem<br />

demasiadas salvaguardas, considera que se<br />

estes processos visam “impedir governos e<br />

empresas de ir demasiado além”, estão a<br />

deixar frustrados os cidadãos, que queriam<br />

mais resultados. Na IA, defende uma aproximação<br />

cautelosa: “não podemos ter regras<br />

para antecipar o futuro, pois corremos<br />

o risco de limitar o seu desenvolvimento”. E<br />

mostra-se preocupado com o crescente poder<br />

das big tech perante governos que não<br />

conseguem controlar a tecnologia.<br />

As verbas do PRR português já estão a impulsionar<br />

claramente soluções ‘made in<br />

Portugal’ assentes numa IA responsável.<br />

Como o comprovou a sessão que juntou


48 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

O talento qualificado mantém-se como uma dor<br />

de cabeça para todas as organizações, já que a oferta<br />

é escassa num mercado cada vez mais digital<br />

O governo tem uma clara visão para estimular<br />

o crescimento da economia e da inovação. E quer<br />

agilizar a execução dos fundos estruturais e apostar<br />

de forma estruturada na IA, garantiu o secretário<br />

de Estado da Economia, João Rui Ferreira, na abertura<br />

do 2º dia do congresso<br />

O congres<br />

da APDC.<br />

president<br />

como Gra<br />

O atual pr<br />

de priorid<br />

que enfre<br />

Adelino F


so foi marcado pela celebração dos 40 anos<br />

Em palco estiveram o fundador e primeiro<br />

e da associação, Gonçalo Sequeira Braga, assim<br />

ça Bau e Pedro Norton<br />

esidente da APDC apresentou uma proposta<br />

ades para o país e destacou alguns dos desafios<br />

ntamos, numa conversa com o jornalista João<br />

aria<br />

os responsáveis dos dois consórcios nacionais<br />

que beneficiaram destes apoios. Sendo<br />

o principal foco criar valor para a economia<br />

nacional, aumentar as exportações e criar<br />

emprego, respondendo a problemas reais<br />

da indústria, o Center for Responsible AI já<br />

tem 18 produtos. Paulo Dimas, vice-presidente<br />

da Unbabel e líder do projeto, diz que<br />

foi possível juntar “22 parceiros numa oferta<br />

que é completamente exportável, porque<br />

está na vanguarda das tecnologias. Temos é<br />

que ser rápidos”.<br />

Também o projeto do consórcio Accelerat.<br />

ai está a avançar, com a construção de um<br />

modelo de conversação AI em português de<br />

Portugal. Sebastião Villax, diretor sénior de<br />

Parcerias Estratégicas e Alianças da Defined.<br />

ai, diz que se tem de estar constantemente a<br />

inovar, pois só com isso se consegue captar<br />

talento especializado e investimento.<br />

A inovar estão também as empresas nacionais<br />

nas mais variadas indústrias, numa<br />

aposta clara em soluções assentes em IA<br />

que já estão a produzir efeitos, ainda que<br />

a abordagem seja cautelosa e gradual, em<br />

maior ou menor grau. Foi o que se debateu<br />

numa sessão que reuniu responsáveis da<br />

CGD, E-Redes, Glintt Next e AgentifAI.<br />

A questão é agora a de saber como se poderão<br />

preparar para as novas regras europeias<br />

do IA Act. Maria Manuel Leitão Marques é<br />

uma acérrima defensora da nova regulação,<br />

que diz que trará guidelines, “tentando estabelecer<br />

um equilíbrio entre aproveitar as<br />

oportunidades, com uma parte para a inovação,<br />

e prevenir certos riscos no uso da IA”.<br />

A ex-deputada do Parlamento Europeu garante<br />

mesmo se teve em conta a rápida mudança<br />

tecnológica, já que o documento foi<br />

elaborado com “alguma arte em matéria de<br />

flexibilidade. Ninguém quer inovação pela<br />

inovação, mas quando é segura e respeita os<br />

nossos direitos”.<br />

Clara Martins Pereira, professora Assistente<br />

na Durham Law School, acrescenta que, em<br />

termos de regulação, “há sempre uma procura<br />

de equilíbrio entre segurança e inovação.<br />

Se a UE se vira mais para a segurança, os<br />

países anglo-saxónicos, como o Reino Unido<br />

e EUA, apostam mais na inovação”. A questão<br />

é saber em que medida regular, fazendo<br />

leis “à prova de futuro”.<br />

O talento e a necessidade de qualificar para<br />

o digital são considerados um tema urgente<br />

no país e esteve também em debate neste<br />

congresso, numa sessão onde ficou claro<br />

que, apesar das iniciativas que já existem, é


50 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

As estratégias para tirar partido<br />

da tecnologia na melhoria da<br />

experiência, fidelidade e receitas<br />

das telcos foram abordadas pela<br />

responsável da NTT Data<br />

A cibersegurança e o papel da NIS2,<br />

que entrará em vigor em outubro,<br />

foram destacadas por Inês Antas de<br />

Barros (VdA) e Jéssica Domingues<br />

(SPMS)<br />

Yasmina Laraudogoitia falou do<br />

papel da plataforma TikTok como<br />

uma comunidade digital e um<br />

espaço seguro, na Europa e em<br />

Portugal<br />

O potencial do 5G só poderá<br />

ser aproveitado na UE27 se os<br />

operadores ganharem escala,<br />

através de consolidações, defende<br />

Juan Olivera (Ericsson)


preciso fazer muito mais. Não só para preparar<br />

os portugueses para o mundo digital<br />

e capacitá-los para usarem as ferramentas<br />

tecnológicas, mas também para formar<br />

profissionais especializados nas várias áreas<br />

onde a oferta de recursos escasseia. A atração<br />

das mulheres para as TIC também continua<br />

em cima da mesa.<br />

Será que Portugal poderá ser o próximo<br />

‘Silicon Valley da Europa’? Rodrigo<br />

Cordeiro (Capgemini Engineering) diz<br />

que tem de ser a ambição<br />

Sendo a terceira geração móvel<br />

uma oportunidade única de<br />

transformação, só a ligação entre<br />

o ecossistema e a indústria gerará<br />

valor, diz Sérgio Catalão (Nokia)<br />

ACELERAR, DIALOGAR<br />

E COLABORAR…<br />

O segundo dia do Digital Business Congress<br />

iniciou-se com perspetivas positivas. Apesar<br />

das incertezas no contexto global, a digitalização<br />

da economia é para acelerar, garantiu<br />

o secretário de Estado da Economia. Que<br />

diz que o governo tem uma clara visão sobre<br />

como estimular o crescimento da economia<br />

e da inovação e que pretende agilizar a execução<br />

dos fundos estruturais e apostar de<br />

forma estruturada na IA.<br />

Para João Rui Ferreira, “Portugal vive num<br />

contexto global de concorrência e competitividade.<br />

É importante provocar choques de<br />

crescimento, apostar na inovação tecnológica<br />

de bens e serviços, na qualidade e talento,<br />

em ações que possam promover a qualidade<br />

do que exportamos e que possam atrair<br />

investimento externo”. Defendendo que só<br />

com um “diálogo aberto e colaboração poderemos<br />

enfrentar os desafios e capitalizar<br />

as oportunidades que o futuro digital nos<br />

reserva”, quer reforçar as sinergias entre setores,<br />

a academia, as empresas e os centros<br />

de I&D, porque “precisamos de um Portugal<br />

verdadeiramente interligado no ecossistema<br />

económico, onde exista uma verdadeira<br />

união entre empresas, instituições e academia.<br />

Tudo isto é chave para uma economia<br />

ágil e inovadora.”<br />

A manhã foi dedicada à comemoração dos<br />

40 anos da APDC, com uma sessão que reuniu<br />

três dos seus presidentes. O fundador<br />

e primeiro líder da associação, Gonçalo Sequeira<br />

Braga, para quem a APDC é hoje “um<br />

parceiro do Estado para a transformação digital<br />

da sociedade portuguesa, porque tem<br />

o apoio das empresas. Somos um invulgar<br />

caso a nível europeu, como associação. Pela<br />

influência, capacidade e realizações”. Já Graça<br />

Bau abordou o desenvolvimento tecnológico<br />

e o papel da associação, como “despertador”<br />

das empresas, enquanto Pedro<br />

Norton, um “homem dos media”, juntou os<br />

mundos das comunicações e media, que<br />

“estavam condenados a entender-se”.<br />

Seguiu-se a apresentação, por Rogério


52 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Carla Martins (ERC) deu o mote ao<br />

debate entre os líderes dos grupos<br />

de media nacionais com canais<br />

de televisão: Francisco Pedro<br />

Balsemão (Impresa); Luís Santana<br />

(Medialivre), um estreante; Pedro<br />

Morais Leitão (Media Capital); e<br />

Nicolau Santos (RTP)<br />

Carapuça, da proposta de prioridades para o país, deixando claro que “todos nós temos<br />

de dar o passo a seguir. A APDC fará o seu papel. Somos uma associação de ecossistema,<br />

temos todo o tipo de empresas da área digital e o networking é o nosso nome do meio.<br />

Falamos uns com os outros e apresentamos propostas. Estamos disponíveis para falar<br />

com todos”.<br />

Tema essencial para o mundo digital é o da cibersegurança. Sobretudo quando os ciberataques<br />

estão a multiplicar-se, em número e sofisticação. A NIS2, a nova diretiva europeia<br />

de cibersegurança, que entrará em vigor em outubro, vem dar resposta aos novos desafios.<br />

Mas traz consigo uma teia regulatória muito mais complexa e abrangente, que obrigará<br />

as organizações a adotarem uma abordagem proativa e obrigações muito mais exigentes,<br />

refere Inês Antas de Barros, sócia da Área de Comunicações, Proteção de Dados<br />

& Tecnologia da VdA. Jéssica Domingues, chefe da Unidade de Cibersegurança da SPMS,<br />

diz que o maior risco está nas pessoas e é aí que se deverá atuar rapidamente.<br />

O 5G e o seu impacto para o país foi o tema abordado pelos líderes dos dois fabricantes<br />

europeus. Juan Olivera, CEO da Ericsson Portugal CEO, salientou o atraso europeu face a


Como está a transição energética na era do<br />

5G? Manuel Maria Correia (DXC Technology)<br />

e Tiago Marques (EDP) tentaram responder<br />

outras regiões e a penetração limitada desta tecnologia<br />

no mercado nacional, apesar da boa qualidade da<br />

rede. Tendo em conta o seu potencial transformador,<br />

o caminho na Europa terá de passar por um ganho<br />

de escala dos operadores, através das consolidações.<br />

E em Portugal, defende um protocolo de colaboração<br />

público-privada, à semelhança de Espanha. Também<br />

o CEO da Nokia Portugal, Sérgio Catalão, diz que o 5G<br />

é “uma oportunidade única de transformação. Portugal<br />

tem a ambição de crescer acima da UE e o 5G é o<br />

enabler tecnológico estratégico desse crescimento”.<br />

Será da ligação entre o ecossistema e a indústria que<br />

se gerará capacidade de criar valor.<br />

MEDIA E TELCOS:<br />

DESAFIOS VS OPORTUNI<strong>DA</strong>DES<br />

A edição deste ano do congresso ficou marcada pelo<br />

regresso dos reguladores dos media e das comunicações,<br />

que têm desde o final do ano passado novas<br />

lideranças. As respetivas intervenções deram o mote<br />

aos debates dos “estados da nação”, que juntaram os<br />

protagonistas dos principais grupos de cada um dos<br />

setores.<br />

E não há dúvida de que o setor dos media “enfrenta<br />

grandes dificuldades e desafios, num quadro bastante<br />

complexo. A evolução tecnológica é acelerada<br />

e constante, com impactos profundos na cadeia de<br />

valor dos media e nos processos de produção<br />

e consumo. E a IA traz outra camada<br />

de complexidade. O jornalismo vive um dos<br />

momentos mais críticos da sua história e o<br />

Estado desempenha um papel essencial”. A<br />

afirmação é de Carla Martins, vogal do Conselho<br />

Diretivo da Entidade Reguladora para<br />

a Comunicação Social (ERC).<br />

Para esta responsável, no atual quadro de<br />

incerteza, altamente competitivo e com<br />

um problema estrutural de financiamento,<br />

a “abordagem regulatória tem de assentar<br />

num diálogo construtivo e permanente com<br />

os diferentes intervenientes setoriais. Não é<br />

possível uma regulação positiva e relevante<br />

de costas voltadas para o setor”. Mas, como<br />

também a própria ERC enfrenta muitos desafios,<br />

nomeadamente na regulação sobre<br />

os media digitais e das plataformas online,<br />

defende como “prioritária a revisão dos<br />

instrumentos legais de que dispomos para<br />

atuar”, até porque o regulador terá de estar<br />

preparado ainda para aplicar os instrumentos<br />

legislativos adotados a nível europeu.<br />

No debate que se seguiu entre os players<br />

dos media com canais de tv, um dos temas<br />

abordados foi o lançamento do novo canal<br />

de tv paga Now, que arrancou a 17 de junho.


54 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Cellnex, FastFiber e Vantage Towers estão a<br />

investir no reforço das respetivas redes e ofertas,<br />

de olhos postos na aceleração do 5G e na utilização<br />

da IA<br />

Para o CEO da Medialivre, o segredo para este projeto<br />

de informação está na sua capacidade de diferenciação.<br />

“Não acho que seja a entrada de um novo canal<br />

que vá causar distúrbio naquilo que seja a capacidade<br />

dos demais canais. Se houver algo que está a distorcer<br />

o mercado é a questão da publicidade digital<br />

e das plataformas digitais que, de um bolo único da<br />

publicidade, está a comer um valor desproporcionado”,<br />

assegura Luís Santana.<br />

Os concorrentes esperam para ver. Nicolau Santos,<br />

presidente da RTP, admite que “um novo operador<br />

nos canais de informação paga vem disputar a atenção<br />

das audiências e criar desafios: “Na RTP3, estamos<br />

a olhar com atenção, e pensamos que o nosso<br />

projeto merece ser reformulado, senão mesmo refundado”.<br />

Já Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital,<br />

considera que “a entrada nos canais de tv paga<br />

é sempre uma decisão difícil, porque se está a criar<br />

um problema: a canibalização do seu canal generalista,<br />

que é a sua fonte de receitas. O mercado da publicidade,<br />

neste momento, não chega para ninguém”.<br />

Por sua vez, o CEO da Impresa, Francisco Pedro<br />

Balsemão, desdramatiza: “Compete-nos dar as boasvindas<br />

ao espaço dos canais informativos e prepararnos,<br />

antecipando o que aí vem. Na SIC Notícias, temos<br />

como preferência os targets com maior poder<br />

de compra e temos sido competitivos e inovadores”.<br />

O tema do financiamento da RTP voltou a ser abordado.<br />

Do lado dos privados, todos concordam que<br />

não faz sentido ter um projeto apoiado pelo Estado<br />

a operar num mercado competitivo. “Desde 2016<br />

que temos sido coerentes. Consideramos que devia<br />

haver eliminação ou redução substancial do tempo<br />

de publicidade reservado à RTP, para haver uma concorrência<br />

mais leal. Além disso, a RTP também faz<br />

publicidade no digital, o que nos prejudica a nós, privados”,<br />

comenta Francisco Pedro Balsemão.<br />

O líder da RTP voltou a rejeitar os argumentos dos<br />

concorrentes, defendendo que o grupo de media<br />

tem uma missão de serviço público que deve<br />

ser financiada. Explicando que terá de ser negociado<br />

um novo contrato de concessão com o governo<br />

– tudo está ainda em aberto - recusa “totalmente a<br />

ideia de que o posicionamento da RTP no mercado


Casa cheia para a estreia da líder do regulador,<br />

Sandra Maximiano, no “Estado da Nação das<br />

Comunicações. Ana Figueiredo (Altice), Miguel<br />

Almeida (NOS) e Luís Lopes (Vodafone) defendem<br />

consolidações para garantir maior capacidade de<br />

investimento. No 5G, ainda é cedo para falar de<br />

monetização


56 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

O ministro das Infraestruturas e<br />

Habitação, Miguel Pinto Luz, garantiu<br />

no encerramento do DBC2024 que<br />

vai dar resposta às preocupações dos<br />

operadores, num setor que tem sofrido<br />

sucessivas disrupções<br />

publicitário possa colocar em risco os outros<br />

operadores”.<br />

A crescente concorrência das plataformas<br />

mundiais e europeias dominou as atenções,<br />

assim como os impactos de tecnologias<br />

como a IA ao nível da informação. “É muito<br />

difícil competir com as grandes plataformas.<br />

Tem de haver regulação europeia que<br />

ajude a uma distribuição mais justa, onde os<br />

players nacionais estejam mais defendidos.<br />

De contrário não temos hipótese”, diz Luís<br />

Santana.<br />

“Termos uma plataforma própria é o caminho<br />

ideal, mas dificil. É um mercado populado<br />

por muitos gigantes e com a sua dinâmica<br />

própria. Gostaríamos de trilhar este<br />

espaço, mas ainda não vimos caminho para<br />

isso. A solução que encontrámos foi produzir<br />

conteúdos para plataformas como a Amazon<br />

Prime Vídeo. Hoje, é muito dificil manter-nos<br />

competitivos neste novo mundo<br />

que aí vem, sobretudo à escala portuguesa”,<br />

acrescenta Pedro Morais Leitão.<br />

Sendo a conetividade condição essencial<br />

para o mundo digital, as fibercos e as towercos<br />

que operam no mercado nacional assumem<br />

um papel cada vez mais relevante<br />

no fornecimento de infraestruturas fixas e<br />

móveis aos operadores. Cellnex, FastFiber e<br />

Vantage Towers estão a investir em força no<br />

reforço das respetivas operações, de olhos<br />

postos na aceleração do 5G e na IA.<br />

Depois de um ciclo de oito anos de aquisições<br />

em toda a Europa, a Cellnex teve em<br />

2023 um ano de transformação e crescimento.<br />

Agora, como diz João Osório Mora, managing<br />

director da subsidiária nacional, o foco<br />

está nas operações e no crescimento. Com<br />

partilha da rede entre todos os operadores,<br />

para uma maior rentabilização. Também a<br />

Vantage Towers vai prosseguir “a expansão<br />

do portfólio de ativos”, como adianta o seu<br />

managing director, Paolo Favaro, nomeadamente<br />

na cobertura das zonas mais remotas<br />

do país. A estratégia da FastFiber é similar:<br />

crescer em cobertura e em leque de serviços,<br />

refere o seu CEO, Pedro Rocha.<br />

A tão esperada sessão do ‘Estado da Nação<br />

das Comunicações” voltou a ser a última<br />

deste congresso. E o mote foi dado pela<br />

nova presidente da Anacom, Sandra Maximiano,<br />

para quem é essencial “assegurar<br />

uma regulação eficiente, eficaz, e sobretudo<br />

dinâmica. O setor das comunicações tem<br />

sofrido impactos profundos, com a adoção<br />

das tecnologias, e o regulador não pode ficar<br />

para trás neste processo de transformação


Os jornalistas da RTP Carolina Freitas e João<br />

Adelino Faria voltaram a ser hosts desta edição,<br />

imprimindo ao congresso uma dinâmica acelerada.<br />

O evento voltou a contar com tradução simultânea<br />

em inglês e em linguagem gestual<br />

digital”. Até porque “é preciso estar consciente de<br />

que as empresas de telecomunicações são viabilizadoras<br />

de todos os outros setores”.<br />

Mas, garantindo que o regulador quer “viabilizar a<br />

aposta no investimento dos operadores”, adianta que<br />

“a dinâmica das comunicações eletrónicas tem mostrado<br />

que existe uma oferta de grande qualidade,<br />

com predominância dos pacotes, levando à perceção<br />

de haver pouca concorrência no mercado”. Assim,<br />

e tendo em conta a entrada para breve da Digi, diz<br />

esperar “uma reação criativa e saudavelmente competitiva<br />

dos operadores. A procura por conetividade<br />

está em expansão e haverá espaço para que as oportunidades<br />

sejam maiores do que os riscos”. O 5G e a<br />

sua rentabilização foi um dos exemplos salientados.<br />

Mas para os líderes dos operadores ainda é cedo para<br />

falar na rentabilização do 5G. Tudo dependerá do que<br />

vai acontecer na Europa em termos de decisões para<br />

garantir a sua competitividade face a outras regiões,<br />

como os EUA ou a China. Todas as telcos europeias<br />

se debatem com o problema da escala e há cada vez<br />

mais constrangimentos na atração de investidores<br />

para o setor, hoje dos menos atrativos<br />

do mercado. Os esforços de rentabilidade<br />

têm passado pelo corte de custos e por<br />

decisões como a partilha de infraestruturas.<br />

Mas já não chega.<br />

“Pela sua dimensão, o mercado português<br />

tem desafios acrescidos, pelos efeitos de escala.<br />

Mas toda a Europa está numa encruzilhada.<br />

Estamos a perder competitividade<br />

económica e faltam 220 mil milhões de<br />

euros de investimento no setor ao nível europeu.<br />

Acresce que todos falam da IA, mas<br />

ninguém fala do acesso, que é garantido por<br />

nós”, comenta Ana Figueiredo, CEO da Altice<br />

Portugal.<br />

Para a gestora, “os operadores têm procurado<br />

contrariar a perda de rentabilidade com<br />

soluções criativas de reinvenção do negócio<br />

e otimização das estruturas de custos. Mas<br />

o setor necessita de escala. Têm de existir


58 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

políticas de regulação capazes de criar ecossistemas<br />

de parcerias. Temos 10 milhões de<br />

habitantes e praticamente o mesmo número<br />

de operadores dos EUA”.<br />

“O mercado não tem escala para operar de<br />

forma rentável um grande número de redes.<br />

Mas, aparentemente, em Portugal, não<br />

pode haver consolidações. Não vejo consolidação<br />

possível”, ironiza Luís Lopes, CEO da<br />

Vodafone Portugal, referindo-se ao impasse<br />

que se mantém na compra da Nowo, por<br />

decisão da AdC. “A Vodafone apresentou um<br />

conjunto de remédios mais fortes que o negócio<br />

da Orange em Espanha. Em Portugal,<br />

uma operação de concentração de uma empresa<br />

com margem residual é vista, do ponto<br />

de vista concorrencial, como sendo mais<br />

complicada do que aquela que em Espanha<br />

deu origem ao maior operador móvel.”<br />

Para o gestor, existe no mercado uma “concorrência<br />

quase instantânea”, de “respostas<br />

constantes, porque há uma guerra grande<br />

entre todos os players pela tentativa de ganho<br />

de quota por parte de todos. O preço é<br />

uma variável entre várias. Não se pode concluir<br />

que o setor não é concorrencial, porque<br />

tem pacotes parecidos”.<br />

Também o CEO da NOS não tem dúvidas de<br />

que as consolidações são o caminho. Na Europa<br />

e em Portugal, onde “é evidente que<br />

não podem existir mais do que três operadores.<br />

Não vale a pena pensar noutra coisa.<br />

A responsabilidade do regulador e do governo<br />

é criarem as condições para a consolidação,<br />

porque a tecnologia vai continuar a<br />

exigir muitos investimentos. Caso contrário,<br />

corremos o risco de o país ficar para trás”.<br />

Destacando que nos últimos dez anos as<br />

receitas recuaram, houve três novos ciclos<br />

de investimento e as taxas regulatórias aumentaram<br />

28% só nos últimos quatro, Miguel<br />

Almeida garante que a situação “é insustentável<br />

e é preciso fazer algo. Em vez de<br />

pensarmos nisto, garantindo o futuro, continuamos<br />

a debater a entrada de um novo<br />

operador, para destruir ainda mais esta<br />

equação”.<br />

Para a líder da Altice, há “uma necessidade<br />

urgente de compreensão do setor. A postura<br />

da ‘nova’ Anacom é um primeiro passo. Se<br />

queremos um dia criar um hub da economia<br />

digital do país temos de pensar holisticamente”.<br />

A realidade é que o setor, na sua<br />

perspetiva, não pode ter “uma multiplicidade<br />

de players, nem existe espetro para isso”.<br />

“Quando na Europa se discute como se<br />

garante a rentabilidade e se inverte a<br />

tendência, nós estamos a dizer que uma<br />

operação de fusão que não muda estruturalmente<br />

o mercado não pode acontecer e<br />

estamos a louvar a entrada de um novo operador<br />

como se fosse algo bom. Mas não é, e<br />

vamos ver rapidamente que não é”, acrescenta<br />

o líder da NOS.<br />

“Estava na hora de, neste país, existir um debate<br />

sério que envolva os operadores, regulador<br />

e o governo. Trabalhar em conjunto<br />

para mudar as coisas. É importante que o<br />

novo governo permita isso, porque é benéfico<br />

para múltiplos stakeholders. Tem ainda<br />

de estar na sua agenda medidas que permitam<br />

a sustentabilidade e investimento. E parece<br />

que só há uma: a consolidação!”, remata<br />

Miguel Almeida<br />

No encerramento, o ministro das Infraestruturas<br />

e Habitação respondeu a algumas das<br />

preocupações dos operadores: “O setor já foi<br />

mais fervilhante do que é hoje. Agora, tem<br />

margens esmagadas e uma arquitetura regulatória<br />

de concorrência que limita muito<br />

a ação. Sofreu disrupções sucessivas com a<br />

introdução de novos players no mercado,<br />

de novas formas de utilização da própria infraestrutura.<br />

É, portanto, um setor que tem<br />

de se encontrar”.<br />

“Enquanto Europa, para liderarmos os próximos<br />

ciclos de desenvolvimento ‐ e temos<br />

de liderar - precisamos de encontrar novas<br />

formas de dar robustez à remuneração de<br />

capitais que hoje oferecemos a quem investe.<br />

Não tenhamos dúvidas de que temos de<br />

o fazer, porque este setor tem externalidades<br />

positivas para muitos outros, como a investigação,<br />

inovação e retenção de talento,<br />

para a projeção do país internacionalmente”,<br />

acrescenta Miguel Pinto Luz. Que, por isso,<br />

garante que vai tentar colocar na agenda<br />

europeia estas temáticas, ao mesmo tempo<br />

que acompanhará todo o processo.<br />

Sobre a IA, o governante também questiona<br />

o posicionamento da UE27. “Se fomos capazes<br />

de ser disruptivos em algumas áreas<br />

do conhecimento, também poderemos ser<br />

aqui, porque a IA é absolutamente estratégica.<br />

E já percebemos que não é apenas no<br />

plano tecnológico que estamos a falar, mas<br />

no plano geopolítico, da competição entre<br />

três pólos. Corremos um sério risco de transformar<br />

um mundo tripolar num mundo bipolar<br />

e que já está ao final da esquina. Onde<br />

a Europa vai minguar e ficar cada vez mais<br />

irrelevante”.•


60 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

PROGRAMA<br />

DIA 14 MAIO<br />

OPENING SESSION<br />

LIVING IN A FUTURE WITH AI<br />

WILL AI ECONOMICS PROMOTE A FREE WORLD?<br />

PORTUGAL 2030 <strong>DIGITAL</strong> STRATEGY: AI, WEB 3.0 AND <strong>DA</strong>TA<br />

AI STRATEGIES IN EUROPE: NAVIGATING EXCELLENCE AND TRUST<br />

AI’S OPPORTUNITY: A GROWTH AGEN<strong>DA</strong> FOR PORTUGAL AND BEYOND<br />

THE RESILIENCE OF DEMOCRATIC AND LIBERAL ECONOMIES RELY ON US<br />

PORTUGAL’S PRR: SHOWCASING AI FOR THE FUTURE<br />

IMPACT OF AI IN MAJOR INDUSTRIES<br />

REGULATION OF AI APPLICATIONS<br />

TALENT<br />

DIA 15 MAIO<br />

2nd <strong>DA</strong>Y WELCOME<br />

40 YEARS OF APDC: A CRUCIAL STAKEHOLDER FOR A <strong>DIGITAL</strong> PORTUGAL<br />

APDC’S PRIORITIES FOR PORTUGAL<br />

CLIENTS IN-MOTION: LEVERAGING TECH TO IMPROVE EXPERIENCE,<br />

LOYALTY AND REVENUE IN THE TELCO INDUSTRY<br />

A NEW FRONTIER FOR COMMUNITY-BASED <strong>DIGITAL</strong> KNOWLEDGE<br />

PORTUGAL AS THE NEXT SILICON VALLEY OF EUROPE<br />

NAVIGATING NIS2: ENSURING CYBERSECURITY COMPLIANCE IN THE<br />

<strong>DIGITAL</strong> ERA<br />

FROM 5G DEPLOYMENT TO TRANSFORMATION: A TANGIBLE JOURNEY<br />

FOR PORTUGAL<br />

HARNESS THE EXPONENTIAL POTENTIAL OF NETWORKS – THE<br />

OPPORTUNITY FOR PORTUGAL<br />

THE STATE OF THE NATION OF MEDIA<br />

<strong>DIGITAL</strong> TRANSFORMATION & ENERGY TRANSITION IN THE 5G ERA<br />

FIBERCOS & TOWERCOS’ ROLE IN <strong>DIGITAL</strong> TRANSFORMATION<br />

THE STATE OF THE NATION OF COMMUNICATIONS<br />

CLOSING SESSION


62 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

14 MAIO<br />

OPENING SESSION<br />

Rogério Carapuça<br />

Presidente, APDC<br />

“A nossa economia tem de criar mais valor.<br />

As nossas empresas têm de crescer e<br />

desenvolver negócios de maior valor acrescentado.<br />

Não é possível distribuir valor que<br />

não se cria e o nosso problema é um problema<br />

de criação de valor. O Estado, por seu<br />

turno, tem de contribuir, sendo mais simples<br />

e mais eficiente”<br />

“Houve avanços importantes no país e no<br />

próprio Estado. Mas, se olharmos para o<br />

DESI, somos os primeiros dos últimos, quando<br />

temos de ser um dos primeiros. Por isso,<br />

a visão que desenvolvemos na APDC é ser<br />

um dos primeiros nos próximos oito anos,<br />

um período materialmente suficiente para<br />

algumas das tarefas que exigem tempo<br />

para se desenvolverem. Somos uma associação<br />

de ecossistema. Fazemos sugestões,<br />

propomos soluções e oferecemo-nos para<br />

discutir com quem nos governa”<br />

“Provavelmente, a IA permitirá o maior salto<br />

qualitativo de sempre em termos de produtividade<br />

da história da humanidade e há<br />

que a aproveitar bem. A tecnologia está aí<br />

e para a divulgar trouxemo-la para tema<br />

central do congresso”<br />

Arlindo Oliveira<br />

Presidente, Congresso<br />

“A IA é tão revolucionária que se vai tornar<br />

no sistema operativo da internet, revolucionando<br />

profundamente a forma como trabalhamos<br />

com sistemas de informação e<br />

acedemos a eles e a toda a informação que<br />

está na internet. E ainda estamos apenas<br />

no princípio da revolução”<br />

“Ninguém sabe qual vai ser a tecnologia revolucionária<br />

dos próximos 20 anos. O que<br />

sabemos é que a IA não é uma tecnologia<br />

do futuro, mas do presente, e com enormes<br />

impactos a todos os níveis. Na economia,<br />

claramente vamos ter uma sociedade onde<br />

a inteligência será maior. E estamos a assistir<br />

a uma alteração muito rápida na sociedade,<br />

que vai ter consequências importantes,<br />

para as quais temos de nos preparar”<br />

“Temos um enorme desafio para Portugal:<br />

organizacional, educacional e, acima de<br />

tudo, de produtividade. O país tem de se<br />

tornar mais produtivo. Cada um de nós tem<br />

de produzir mais por cada hora trabalhada.<br />

Essa é a razão essencial para não sermos<br />

mais desenvolvidos. A IA pode ajudar a tornarmo-nos<br />

mais produtivos, mas só por si a<br />

tecnologia não o vai fazer. É uma questão<br />

organizacional e um desafio para todos”


Margarida Balseiro Lopes<br />

Ministra da Juventude e Modernização<br />

“O compromisso deste governo é claro: definir<br />

e implementar uma estratégia nacional<br />

para o digital, com objetivos bem definidos,<br />

metas quantitativas e um plano de<br />

ação que concretize o sucesso da transição<br />

digital até 2030. Um primeiro passo já foi<br />

dado, com a promoção da modernização e<br />

digitalização, reconhecendo-se estas áreas<br />

como fundamentais para o futuro”<br />

Marcelo Rebelo de Sousa<br />

Presidente da República de Portugal<br />

Mensagem escrita lida pelo Presidente da APDC<br />

“Se há área da nossa sociedade que sofreu<br />

uma transformação imensa nas últimas<br />

décadas é certamente o setor das comunicações.<br />

(…) Nestes 40 anos o setor das comunicações<br />

esteve muitas vezes um passo<br />

à frente, foi muitas vezes pioneiro, em inovação,<br />

em tecnologia. Hoje, estamos no futuro<br />

que foi preparado e desenvolvido por vós”<br />

“Precisamos de uma estratégia abrangente,<br />

que funcione como orientadora, que<br />

coordene e alinhe as diversas iniciativas em<br />

curso. Só assim conseguiremos aumentar a<br />

taxa de execução das medidas e metas do<br />

PRR. Mas não queremos ficar por aqui. Temos<br />

de ir mais longe. A orientação de Portugal<br />

para a transformação digital segue<br />

os quatro pilares essenciais da Bússola Digital<br />

Europeia: competências, transformação<br />

digital das empresas, digitalização dos<br />

serviços públicos e infraestrutas digitais seguras<br />

e sustentáveis”<br />

“No contexto empresarial, ambicionamos<br />

tornar Portugal num país atrativo e competitivo<br />

para os negócios e para as empresas.<br />

Promovendo o crescimento digital e a inovação<br />

sustentável. Ter uma economia atrativa<br />

e competitiva alicerçada no digital, que<br />

atraia investimentos, exporte bens e serviços,<br />

estimule a criação de startups e facilite<br />

o acesso ao financiamento. Queremos uma<br />

AP eficiente, inovadora e centrada no cidadão<br />

e nas empresas.<br />

“O futuro está sempre em mudança e o vosso<br />

papel é essencial. É preciso discutir o futuro,<br />

o futuro do digital e o futuro da IA, que<br />

ainda agora chegou, mas já nos faz pensar<br />

em tantas oportunidades e desafios, do<br />

presente e do futuro”<br />

“A IA veio trazer um mundo de oportunidades<br />

em todos os domínios da nossa vida.<br />

Mas tem também desafios, seja no garantir<br />

a segurança da informação, seja pelo risco<br />

de desinformação, que afeta a qualidade<br />

das democracias, sejam os limites do foro<br />

ético que deveremos impor-lhe”


64 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

LIVING IN A FUTURE<br />

WITH AI<br />

KNS: Pedro Domingos<br />

Professor de Computer Science,<br />

University of Washington; Autor<br />

de “The Maser of Algorithm e “2040”<br />

“O grande efeito da IA não vai ser diminuir o<br />

emprego. Pelo contrário, vai tornar possível<br />

fazer muito mais coisas com inteligência do<br />

que era possível. Em cada profissão, a IA é<br />

capaz de automatizar algumas das tarefas.<br />

A grande vocação da IA é aumentar grandemente<br />

a nossa inteligência coletiva. Temos<br />

de pensar nela como o repositório dos<br />

conhecimentos que adquirimos no passado<br />

e que vamos adquirir no futuro”<br />

“O mundo, a Europa e Portugal estão a envelhecer.<br />

Sem IA para substituir o trabalho<br />

humano, vai ser muito dificil manter a<br />

qualidade de vida das pessoas. A IA não é<br />

opcional, mas sim urgentemente necessária.<br />

O que pode ser feito por ela e pelos<br />

seres humanos, em conjunto, e que nunca<br />

foi feito antes, serão as atividades em que<br />

está o futuro e onde nos deveremos concentrar.<br />

O maior efeito da IA não será apenas<br />

na economia e no trabalho, mas em melhorar<br />

o funcionamento da sociedade e da<br />

democracia”<br />

“Há uma confusão entre IA e inteligência<br />

humana. Mas a IA não tem vontade, emoções,<br />

desejos e não quer tomar o poder. Essas<br />

são características dos seres humanos<br />

que associamos erradamente. Mas está sob<br />

o nosso controlo. De longe, o maior perigo<br />

da IA é o da estupidez artificial. Os perigos<br />

reais estão nas pessoas que construíram<br />

os programas. Existe uma corrida entre as<br />

democracias e os estados totalitários na IA<br />

e temos de ganhar esta corrida, para que<br />

as ditaduras não prevaleçam”<br />

“Portugal tem uma oportunidade, se evitar<br />

cair nos erros de outros países, de tornar<br />

a IA num motor de desenvolvimento.<br />

Tem uma comunidade de 1ª linha, tem indústrias<br />

onde pode ser líder na introdução<br />

da IA e uma agilidade que países maiores<br />

não podem ter. Temos a oportunidade de<br />

ser a ‘Estónia da IA’ e um exemplo para outros<br />

países. Mas há barreiras económicas,<br />

sociais e políticas. E para as ultrapassar é<br />

preciso o compromisso de todos”<br />

“WILL AI ECONOMICS<br />

PROMOTE A FREE<br />

WORLD?”<br />

KNS: Pedro Faustino<br />

Managing Director, Axians Portugal<br />

“Habituámo-nos a assumir que a economia<br />

se continua a desenvolver em mercado livre,<br />

em regimes democráticos, em estados<br />

de direito. Mas não é assim. Há países em<br />

que a democracia e liberdade se vão reforçando<br />

e outros em que se vai reforçando o<br />

autoritarismo. Só no último ano foram mais<br />

do dobro os que cederam na democracia”<br />

“Em 2024, em particular, temos uma situação<br />

inédita no Mundo, de que não há memória.<br />

Metade da população mundial vai a<br />

votos, num processo que culminará no mais<br />

determinante para o futuro, o dos EUA. Ano<br />

após ano, sem parar, o número de regimes<br />

autoritários tem vindo a aumentar em todo<br />

o mundo”


“A China está muito inquieta com a sua<br />

evolução económica. A Rússia continua em<br />

guerra. No Médio Oriente, nem é preciso dizer<br />

nada. Temos de nos perguntar se podemos<br />

fazer alguma coisa. Há empresas que<br />

tiveram comportamentos louváveis neste<br />

âmbito, de defesa da democracia, liberdade<br />

e humanismo. Temos a responsabilidade<br />

de escolher a liberdade. Temos mesmo<br />

de querer saber”<br />

documentos, boas ideias e até estratégias,<br />

mas não temos maneira de as implementar.<br />

É o passo que nos falta dar. Haja vontade<br />

e capacidade política”<br />

PORTUGAL 2030 <strong>DIGITAL</strong><br />

STRATEGY: AI,<br />

WEB 3.0 AND <strong>DA</strong>TA<br />

KNS: Arlindo Oliveira<br />

Presidente, Congresso<br />

“Garantimos o alinhamento das estratégias<br />

e respetivos planos de ação, porque estão<br />

intimamente relacionados. Integrámos<br />

as melhores práticas internacionais, percebendo<br />

o que já foi feito, e toda a legislação<br />

e indicações ao nível da UE. E tirámos partido<br />

do ecossistema de colaboração, contando<br />

com a participação ativa de empresas,<br />

investigadores, instituições e organizações”<br />

“Já tivemos do atual governo a indicação<br />

de que o processo é para avançar e que os<br />

documentos serão colocados à discussão<br />

pública. Foi um trabalho feito como deve<br />

ser, com recursos significativos alocados e<br />

um orçamento. Mas, como costumo dizer,<br />

projetos sem orçamento são hobbies”<br />

“Se queremos ter uma estratégia e um plano<br />

de ação, será absolutamente necessário<br />

alocar um orçamento. Senão, arriscamonos<br />

a fazer uma coisa que, lamentavelmente,<br />

acontece em Portugal: temos bons<br />

Miguel Pupo Correia<br />

Coordenador Estratégia Web 3.0<br />

“Com a Web 3.0 a informação passa a estar<br />

descentralizada em muitos computadores<br />

e com isso obtém uma resiliência gigantesca.<br />

Mesmo que alguns países desliguem os<br />

computadores, a infraestrutura continua<br />

a funcionar. Deixamos de ter de confiar<br />

numa entidade, como uma big tech, para<br />

passar a confiar numa comunidade de pessoas<br />

que controlam os computadores. É um<br />

conceito radicalmente novo”<br />

“O que temos é de trazer esta comunidade<br />

informal que está a surgir com a web 3.0<br />

para dentro de um suporte legal. A ideia da<br />

estratégia é digitalizar de uma forma mais<br />

organizada e ao nível do país, na função<br />

pública e empresas. Dar os instrumentos<br />

para utilizarem estas tecnologias. O facto<br />

de passar o controlo para o utilizador coloca<br />

os seus riscos em termos, nomeadamente,<br />

de cibersegurança e ciberfraude. Que<br />

vão ter de ser tratados”<br />

“É preciso ter a capacidade de tapar os<br />

ouvidos ao ruido que existe na área, que é<br />

imenso. Há muita fraude e muitas mentiras<br />

sobre a capacidade da web 3.0 resolver<br />

todos os problemas do mundo. E, depois,<br />

abrir-se a saber quais os benefícios reais<br />

que poderá ter para o país, a economia e os<br />

cidadãos. É um desafio difícil, porque a tecnologia<br />

é complexa e recente”


66 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Graça Canto Moniz<br />

Coordenadora Estratégia<br />

para os Dados<br />

“A UE tem uma abordagem revolucionária,<br />

já que tem como principal objetivo tornar<br />

o acesso aos dados mais fácil. Porque são<br />

essenciais para a IA e facilitam a inovação<br />

no espaço comunitário. Portugal tem de<br />

acompanhar o esforço europeu nos dados<br />

nas várias áreas, sendo que esta matéria<br />

está hiper-regulada”<br />

“A arquitetura jurídica existe. Mas há o problema<br />

das pessoas: algumas não conhecem<br />

as regras e têm uma certa aversão ao<br />

risco e em dar acesso aos dados. Por outro<br />

lado, há dificuldades no armazenamento e<br />

nas infraestruturas e problemas de segurança<br />

e cibersegurança. Diria que o principal<br />

problema são as pessoas e o conhecimento<br />

que têm, não só das tecnologias,<br />

mas também do enquadramento jurídico<br />

que existe e daquilo que podem fazer. Diria<br />

que o ponto principal é mesmo o da literacia<br />

digital”<br />

“A UE está muito preocupada com a sua<br />

posição geopolítica nesta matéria. Porque<br />

vê os EUA com capacidade económica e<br />

capacidade de concentrar informação sobre<br />

as empresas e pessoas. E a China tem<br />

um modelo de governação de dados muito<br />

diferente. Bruxelas está à procura do seu<br />

modelo e padrão, com a preocupação de<br />

encontrar alternativas às big tech, que têm<br />

uma capacidade enorme de concentrar os<br />

dados. Nos pequenos e médios empresários,<br />

os esforços nacionais podem fazer mais<br />

a diferença do que uma perspetiva macro”<br />

João Gama<br />

Coordenador Estratégia para a IA<br />

“No âmbito da IA, há áreas em que Portugal<br />

pode ter um papel preponderante. Como no<br />

processamento da linguagem natural, com<br />

ferramentas computacionais para processar<br />

a língua portuguesa. Ou a oportunidade<br />

de ganhar relevância no mar. Ferramentas<br />

como robots ou submarinos autónomos<br />

podem ajudar a tirar mais partido e maior<br />

benefício económico do mar. Seriam duas<br />

áreas onde o país pode ter particular interesse<br />

em apostar”<br />

“Cada vez mais, as empresas usam ferramentas<br />

de IA. E estamos a promover e preparar<br />

nas universidades as gerações futuras<br />

que irão trabalhar na indústria. Há muita<br />

procura de pessoas com competências em<br />

análise e processamento de dados. Assim<br />

como de formação avançada em ciências<br />

de dados de quem está já dentro das empresas.<br />

Temos é de melhorar a oferta”<br />

“As empresas estão a ter uma atitude positiva<br />

face à IA. Percebem que há potencial<br />

para inovar e que o valor da inovação não<br />

se mede em euros, a curto-prazo. Portugal<br />

deve apostar na excelência. Para isso, financiamento<br />

e recursos são essenciais”


AI STRATEGIES<br />

IN EUROPE: NAVIGATING<br />

EXCELLENCE AND<br />

TRUST<br />

com um propósito. Daí ter sido criada regulação.<br />

É responsabilidade dos governos antecipar<br />

estes temas”<br />

Carme Artigas<br />

Ex-secretária de Estado para<br />

a Digitalização e IA espanhola;<br />

Presidente do Grupo de Alto nível<br />

das Nações Unidas para a IA<br />

“Na Europa, temos de atuar como um todo<br />

no mercado, porque temos concorrentes de<br />

peso, como os EUA e a China. O AI Act foi<br />

a primeira regulamentação mundial, promovendo<br />

um mercado único digital. O que<br />

nos traz um standard legal, técnico e moral.<br />

Trabalhámos durante quatro anos para encontrar<br />

o equilíbrio certo entre regulação e<br />

inovação”<br />

“O AI Act coloca o foco não só no futuro,<br />

mas também no presente. Pela primeira<br />

vez, a Europa está a dizer ao mundo o que<br />

não quer que a IA faça. Mostrámos valores<br />

e criámos um standard moral para o resto<br />

do mundo, centrado no ser humano. O problema<br />

número um da IA é a falta de confiança.<br />

A própria regulação responde a este<br />

problema, fornecendo transparência, controlo<br />

e confiança”<br />

“Há imensas oportunidades com a IA. Senão<br />

não se estava a investir tanto nela. O<br />

potencial desta tecnologia é imenso e vai<br />

continuar a evoluir, sempre com valores e<br />

controlo humano. Nunca como hoje tivemos<br />

tantas ferramentas para potenciar a<br />

transparência. Temos de ver o poder real<br />

dos controlos que estabelecemos nas nossas<br />

democracias. A IA tem de ser usada<br />

Siim Sikkut<br />

ex-CIO do governo da Estónia;<br />

Sócio-gerente da Digital Nation<br />

“A transformação digital de um país não<br />

acontece de repente. É um processo, que<br />

passa pela experimentação, pela aprendizagem,<br />

pela tentativa e erro. Para encontrar<br />

as soluções, há que testar o que funciona<br />

e o que não funciona. Não há garantias<br />

de que será tudo um sucesso. E nada se faz<br />

sem liderança e inovação, porque os riscos<br />

têm de ser assumidos”<br />

“Na Estónia, fizemos opções, experimentámos<br />

para perceber, incluindo em termos de<br />

regulamentação. Não a apressámos. Tentámos<br />

entender antes de avançar o que<br />

efetivamente precisávamos. Não inventámos<br />

nada, utilizámos o que já havia para<br />

fazer melhor, implementando projetos e espalhando<br />

o mais possível as sementes da<br />

mudança por todo o lado”<br />

“A IA é uma ferramenta para a democracia.<br />

Aumenta a transparência nos processos<br />

democráticos. E os governos têm de dar<br />

passos para usar estas ferramentas da melhor<br />

forma possível. Não são as tecnologias<br />

que fazem o mundo melhor, mas sim a forma<br />

como as usamos”


68 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

AI’S OPPORTUNITY:<br />

A GROWTH AGEN<strong>DA</strong><br />

FOR PORTUGAL<br />

AND BEYOND<br />

KNS: Giorgia Abeltino<br />

Diretora Sénior de Políticas Públicas<br />

e Relações Governamentais para o Sul<br />

da Europa<br />

“Está toda a gente a falar da IA porque é a<br />

tecnologia que pode ter o maior impacto de<br />

sempre nas nossas vidas e na nossa economia.<br />

Está a resolver problemas, pequenos e<br />

grandes, num abrangente conjunto de setores.<br />

A IA pode ser a mais rápida máquina<br />

para a mudança”<br />

“Mas a IA traz consigo oportunidades e riscos<br />

e temos de nos focar nas duas áreas. A<br />

IA pode amplificar os riscos que já existem<br />

na nossa sociedade, como a desinformação,<br />

e criar novos problemas. A boa notícia<br />

é que também nos pode fornecer um suporte<br />

para combatermos as ameaças”<br />

“Não podemos ter apenas as empresas<br />

como a Google ou as entidades públicas<br />

ativas no tema da IA. É realmente importante<br />

que os setores público e privado trabalhem<br />

juntos para amplificar as oportunidades<br />

da IA e para reduzir os riscos. E o<br />

potencial é grande: para a Europa, a GenAI<br />

poderá gerar 1,2 biliões de euros para a economia<br />

e para Portugal 15 mil milhões. Há<br />

que investir nas infraestruturas da IA e na<br />

inovação”<br />

THE RESILIENCE<br />

OF DEMOCRATIC<br />

AND LIBERAL<br />

ECONOMIES RELY ON US<br />

KNS: Francis Fukuyama<br />

Filósofo e Economista Político<br />

“Temos de ser muito cuidadosos na regulação<br />

da IA, porque não conhecemos quais os<br />

impactos políticos e sociais que vai ter. Temos<br />

todos medos e projeções, mas não temos<br />

grande experiência com a realidade.<br />

É dificil escrever regras para governar uma<br />

tecnologia cujo impacto e perigos ainda<br />

não se percebem realmente. Não acredito<br />

que possamos definir regras que possam<br />

antecipar os efeitos futuros da IA e corremos<br />

um grande risco de restringir o seu<br />

desenvolvimento. Precisamos de nos focar<br />

nos potenciais perigos a médio-prazo, com<br />

uma aproximação cautelosa”<br />

“Estamos preocupados com as empresas<br />

privadas, que se estão a tornar demasiado<br />

grandes e muito poderosas, em termos políticos<br />

e económicos. Vimos isso acontecer<br />

com as plataformas mundiais, que têm um<br />

importante papel na nossa democracia,<br />

e nem sempre positivo. A IA vem tornar o<br />

problema ainda maior. E as máquinas são<br />

muito caras, o que significa que só o setor<br />

privado terá capacidade para utilizar estas<br />

tecnologias. Está tudo nas suas mãos.<br />

Não acredito que seja um perigo imediato,<br />

mas é preocupante saber que os governos<br />

não terão capacidade de controlar a<br />

tecnologia”<br />

“Estou muito preocupado com o futuro da<br />

ordem democrática no mundo. Um dos


grandes desafios que temos é que muitas<br />

das ameaças à democracia não são simplesmente<br />

internacionais, de países autoritários<br />

como a China ou a Rússia, mas vêm<br />

também do aumento dos populismos dentro<br />

das democracias. Há uma combinação<br />

de ameaças internas e externas preocupante.<br />

A geopolítica está a refletir-se diretamente<br />

nas políticas internas das principais<br />

democracias”<br />

Trata-se de uma questão de soberania<br />

geopolítica. Espanha já anunciou isso com<br />

a sua língua. É muito importante que haja<br />

infraestrutura de IA para esta área. Temos<br />

de trabalhar em conjunto, com um alinhamento<br />

estratégico e político. Temos de aumentar<br />

a capacidade computacional”<br />

PORTUGAL’S PRR:<br />

SHOWCASING<br />

AI FOR THE FUTURE<br />

Accelerat.ai consortium:<br />

Sebastião Villax<br />

Diretor Sénios Parcerias e Alianças<br />

Estratégicas, Defined.AI<br />

Center for Responsible<br />

AI: Paulo Dimas<br />

Vice-Presidente para a Inovação,<br />

Unbabel<br />

“O principal foco do projeto é criar valor<br />

para a economia nacional, aumentar as exportações<br />

e criar emprego. Respondendo a<br />

problemas reais da indústria. Por isso, juntámos<br />

líderes da indústria na área da saúde,<br />

turismo e retalho. Como motor de aceleração<br />

e inovação, temos um conjunto de<br />

startups de IA que produz em torno destes<br />

desafios verticais”<br />

“Juntamos 22 parceiros numa oferta já de<br />

18 produtos que é completamente exportável,<br />

porque está na vanguarda das tecnologias.<br />

Temos três startups com mindset global<br />

e queremos trazer este mindset para as<br />

startups mais pequenas que fazem parte<br />

deste ecossistema. Temos é de ser rápidos”<br />

“Se não formos nós a preservar a língua<br />

portuguesa nos LLM, ninguém o vai fazer.<br />

“O projeto reside em construir um modelo<br />

de conversação AI em português de Portugal.<br />

Temos de ter três peças para isso:<br />

reconhecimento de voz, com dados em<br />

português transcritos; processamento de<br />

linguagem natural; e criar voz sintética. É<br />

isso que estamos a criar. A maior parte dos<br />

modelos são em conversação do Brasil e,<br />

por isso, detetámos uma lacuna no mercado<br />

e a avançámos com o projeto. Construir<br />

um modelo é caríssimo. Custa muitos milhões.<br />

Fazer de base é impensável”<br />

“Agarrar o talento especializado faz-se com<br />

inovação. Porque é esta que vai buscar o<br />

dinheiro. Estes dois projetos são altamente<br />

inovadores. Com isso, conseguimos ir buscar<br />

fundos e atrair e reter os melhores. E temos<br />

de estar constantemente a inovar, porque<br />

qualquer modelo de IA que não seja<br />

constantemente atualizado com novos dados<br />

torna-se obsoleto”<br />

“A sustentabilidade aplicada à IA transforma-se<br />

em ética. Tudo está nos dados, que<br />

têm de ser bem recolhidos e tratados. Há<br />

toda uma parte de qualidade que se tem<br />

de assegurar para garantir que os dados<br />

são altamente inclusivos”


70 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

IMPACT OF AI IN MAJOR<br />

INDUSTRIES<br />

Francesco Costigliola<br />

Chief Analytics Officer, CGD<br />

“Criámos uma área, o Centro de Inteligência<br />

Analítica, focado em business inside e<br />

process inteligence, analítica avançada e<br />

em IA. Tínhamos como meta estruturar a<br />

oferta que já existia, através de fornecedores<br />

externos, e tentar perceber de que forma<br />

é que poderíamos utilizar o know-how<br />

interno para a transformação. O ponto principal<br />

foi começar a medir desde o 1º dia, determinando<br />

o impacto efetivo que a analítica,<br />

dados e IA estão a ter no negócio”<br />

“Na IA, temos estado mais focados nos temas<br />

cognitivos. Pegamos em todas as tarefas<br />

que são humanas, e que são pesadas<br />

e manuais, e tentamos utilizar computer<br />

vision e linguagem natural para extrair informação<br />

e automatizar processos. Reduz<br />

o tempo de resposta e tem impacto em<br />

poupança de custos. A solução encontrada<br />

foi um mix entre AI e inteligência humana.<br />

Acreditamos em processos com IA<br />

sempre com o human in loop, para validar<br />

e controlar”<br />

“Numa componente mais estratégica, o<br />

nosso foco é utilizar tecnologias como a<br />

IA para melhorar duas componentes principais:<br />

tudo o que é relação com o cliente,<br />

seja direta ou indireta; e olhar para dentro,<br />

identificando na organização quais as personas<br />

que requerem suporte deste tipo de<br />

soluções. Como os gestores de empresas,<br />

que podem reduzir a componente burocrática<br />

para se focarem no cliente”<br />

João Martins de Carvalho<br />

Membro da Comissão Executiva,<br />

E-Redes<br />

“O setor energético está no centro da transição<br />

energética, com a descarbonização<br />

das fontes de produção e a sua descentralização.<br />

É uma alteração muito substancial<br />

na forma como as redes de distribuição são<br />

geridas, porque aumenta muito o número<br />

de intervenientes, a incerteza e a dificuldade<br />

na tomada de decisão e cria pressão na<br />

rede, que faz com que tenha de ser gerida<br />

de forma mais fina e próxima. Este contexto<br />

de alteração de paradigma implicou que as<br />

empresas se preparassem com muita digitalização,<br />

sensorização e contadores inteligentes.<br />

No fundo, para começar a ter mais<br />

informação sobre o que estava a acontecer<br />

e poder tomar decisões”<br />

“De facto, a IA chega num momento fantástico,<br />

porque pode dar um contributo muito<br />

grande para construir em cima dos dados<br />

e da digitalização da rede e ajudar as empresas<br />

de distribuição a cumprir de forma<br />

mais eficaz e efetiva a sua missão. E já está<br />

a resultar a vários níveis, continuando seguramente<br />

a dar esse contributo. Os impactos<br />

são múltiplos”<br />

“É muito dificil trabalhar IA e analítica avançada<br />

se não existir uma base de digitalização<br />

e de informação. No setor, há esta base<br />

de forma muito relevante que pode agora<br />

ser potenciada pela IA”


Miguel Leocádio<br />

Membro da Comissão Executiva<br />

da Glintt, Responsável pela Glintt Next<br />

“Estamos num momento muito especial, do<br />

ponto de vista não só das grandes organizações,<br />

mas também das empresas como a<br />

Glintt Next, com o advento da IA e, mais em<br />

concreto, da IA generativa. Há um novo capítulo<br />

que se abre na transformação digital,<br />

com muito mais potencial. Porque atua do<br />

lado da eficiência das empresas, das suas<br />

tarefas internas, processos e sistemas, e do<br />

lado da melhoria dos produtos e serviços ao<br />

cliente final”<br />

Rui Lopes<br />

CEO, AgentifAI<br />

“Como empresa especializada em sistemas<br />

conversacionais, na banca e saúde, temos<br />

lançado com os clientes de referência<br />

várias soluções assentes em IA. Que mostram<br />

que o país tem capacidade para trazer<br />

para o mercado inovação com impacto.<br />

Cerca de 4 milhões de clientes já falaram<br />

com os nossos sistemas, entre as assistentes<br />

da CGD e da Lusíadas Saúde. O que traz<br />

um impacto brutal do ponto de vista do<br />

utilizador, porque garante acessibilidade e<br />

inclusão”<br />

“Para uma empresa de tecnologia que trabalha<br />

em consultoria tecnológica, este é o<br />

momento do antes e do depois. Porque não<br />

é apenas criar uma oferta ou área, mas de<br />

saber como é que a IA pode estar em tudo o<br />

que fazemos. E isto é complexo, porque vem<br />

pôr em causa muitos dos nossos serviços e<br />

práticas. Talvez, dentro de alguns anos, estas<br />

empresas tenham um padrão de serviços<br />

muito diferente do que têm hoje. E isto<br />

já não acontece há muitos anos”<br />

“Hoje, todas as empresas estão a querer<br />

olhar, de uma forma proativa, para a forma<br />

como é que podem beneficiar destas novas<br />

tecnologias. Sentimos isso na nossa atividade.<br />

Estamos a ser convidados para, em<br />

proximidade com os clientes, testar, experimentar<br />

e validar soluções. Mas ainda nos<br />

encontramos numa fase muito inicial. Vamos<br />

ter mais para a frente o desafio de saber<br />

como é que podemos industrializar ou<br />

tornar mais mainstream toda esta experimentação,<br />

para chegar ao top line das empresas.<br />

Há vontade, mas é ainda um passo<br />

de cada vez”<br />

“Os sistemas são muitos exigentes e a resposta<br />

tem se ser muito rápida, sem latência.<br />

Têm ainda de ser compliance e seguros.<br />

Trabalhando com áreas altamente reguladas,<br />

claro que é essa a nossa prioridade.<br />

Tentando maximizar a user experience.<br />

Mas, se pensarmos de uma forma mais geral,<br />

em termos de sistemas conversacionais<br />

com base em IA, vai haver uma transição”<br />

“Quando há uma grande disrupção tecnológica,<br />

e neste caso está a haver, mesmo<br />

em termos de interação e na forma como<br />

nos relacionamos com a tecnologia, há<br />

sempre uma primeira fase em que se tenta<br />

aplicar a tecnologia ao que já se faz no momento.<br />

Tentamos automatizar processos<br />

que já existem. Mas depois há uma segunda<br />

fase, em que se começam a fazer coisas<br />

que antes não eram possível, começando a<br />

trazer um novo valor para a sociedade que<br />

vai fazer a diferença”


72 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

REGULATION OF AI<br />

APPLICATIONS<br />

Maria Manuel<br />

Leitão Marques<br />

Membro do Parlamento Europeu<br />

“Nenhum de nós está disponível para correr<br />

riscos e é para nos proteger que apareceu o<br />

IA Act. O que não quer dizer que não estejamos<br />

disponíveis para partilhar os nossos<br />

dados, em determinados projetos. O regulamento<br />

da IA, e vamos ver se resulta, tenta<br />

estabelecer um equilíbrio entre aproveitar<br />

as oportunidades, potenciando a inovação,<br />

e prevenir riscos em certos tipos de uso da<br />

IA. Queremos inovação em que possamos<br />

confiar”<br />

“Portugal tem de investir no seu ecossistema<br />

de IA e na inovação. Aliás, terá de criar<br />

um ambiente de teste no âmbito do IA Act<br />

e de investir muito. E o investimento será<br />

grande na literacia digital e na literacia em<br />

IA. Temos de saber com o que lidamos”<br />

“No mundo democrático, apesar de tudo há<br />

algumas convergências. Estamos unidos<br />

em alguns princípios, mas com instrumentos<br />

distintos. Começámos o mundo digital<br />

pensando que era de liberdade absoluta.<br />

Hoje sabemos que não é. Precisamos de<br />

regras. É preciso que também tudo isto se<br />

faça através da ONU ou de outros órgãos<br />

internacionais, como aconteceu com os dados.<br />

Era bom que o ‘efeito Bruxelas’ viesse<br />

também a acontecer na IA”<br />

Clara Martins Pereira<br />

Professora Assistente, Durahn Law<br />

School<br />

“Os legisladores de todo o mundo e a nível<br />

europeu vivem uma espécie de trilema.<br />

Num mundo ideal, um legislador gostaria<br />

de conseguir avançar com uma proposta<br />

regulatória capaz de promover a inovação,<br />

garantir a segurança e ser simples e clara. A<br />

questão é regular e em que medida”<br />

“Há sempre uma procura de equilíbrio entre<br />

segurança e inovação. Se a UE se vira<br />

mais para a segurança, os países anglosaxónicos<br />

olham para a inovação. No Reino<br />

Unido e nos EUA há um reconhecimento<br />

de que já existem muitas regras para a<br />

IA, com uma perspetiva muito mais setorial.<br />

E nos EUA, admito que é por uma questão<br />

de negócio que não há ainda regulamentação.<br />

Mas subsiste um gap de confiança que<br />

é preciso preencher”<br />

“Pode haver um problema de preparação<br />

legal, se surgir uma onda de crime em termos<br />

de IA, mas também um problema de<br />

capacidade de resposta. A ideia é fazer leis<br />

que sejam à prova de futuro, que avancem<br />

ao ritmo da imaginação dos criminosos e<br />

das empresas, mas há limites, porque há<br />

falta de recursos”


TALENT<br />

KNS: Filipa de Jesus<br />

Presidente, Agência Nacional<br />

para a Qualificação e Ensino<br />

Profissional (ANQEP)<br />

“A ANQEP tem três linhas de ação distintas:<br />

gestão e atualização do CNQ; formação inicial<br />

de jovens e formação de adultos e Programa<br />

Qualifica. A primeira linha de ação<br />

está agora em processo de renovação profunda,<br />

que se prevê que esteja concluído no<br />

final do ano. Permitirá adequar a oferta das<br />

qualificações às necessidades do mercado<br />

de trabalho”<br />

“Procuramos sempre garantir a qualidade<br />

e a relevância das ofertas de formação inicial<br />

de jovens, face às necessidades do mercado<br />

de trabalho e às expetativas e interesses<br />

dos jovens. Queremos ainda combater o<br />

estigma associado aos cursos profissionais,<br />

presente em alguns setores da sociedade<br />

portuguesa, mas também muito entre os<br />

pais dos alunos, que olham para estes cursos<br />

como uma opção de segunda escolha”<br />

“Nos adultos, regulamos e dinamizamos a<br />

formação, através de várias modalidades,<br />

e também do sistema de reconhecimento,<br />

validação e certificação de competências.<br />

Temos a responsabilidade da gestão da<br />

Rede Qualifica, atualmente com 313 centros.<br />

Este é um programa que tenta combater<br />

o défice estrutural de qualificações do<br />

país. Um terço das pessoas ativas necessita<br />

de melhorar as suas qualificações”<br />

Luísa Ribeiro Lopes<br />

Presidente, .PT<br />

“Sabemos que precisamos urgentemente<br />

de profissionais nas TIC, sobretudo mulheres.<br />

Os números dizem que, embora Portugal<br />

esteja acima da média europeia, só<br />

duas em cada dez pessoas que trabalham<br />

nestas áreas são mulheres. O que significa<br />

que há aqui um caminho grande a fazer.<br />

Faltam 800 mil profissionais na UE na<br />

área tecnológica. E sabemos que cerca de<br />

70% das ofertas de emprego neste momento<br />

exigem competências digitais”<br />

“Há falta de mulheres qualificadas nas<br />

áreas tecnológicas. E tem de se resolver o<br />

problema na raiz, na educação, logo no pré<br />

-escolar. Não pode haver diferenças. Tem se<br />

de educar de igual forma. E esperar que os<br />

resultados venham daqui a 20 anos”<br />

“Nunca tivemos tantas pessoas com tanta<br />

qualificação. Fizemos um percurso bem<br />

feito, e certamente em termos de políticas<br />

públicas. Existe o ensino mais formal e iniciativas<br />

que podem fazer a diferença, trabalhando<br />

com os professores e com os alunos.<br />

Há uma panóplia de trabalho a ser<br />

feito, apoiado pelas políticas públicas, para<br />

alavancar a aposta dos jovens no digital”


74 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Manuel Garcia<br />

Coordenador Nacional, UPskill - Digital<br />

Skills & Jobs, APDC<br />

“Na requalificação, temos de ser mais<br />

abrangentes. Precisamos de pessoas de<br />

uma forma transversal. Nas TIC talvez tenha<br />

começado um pouco antes, mas este<br />

tema tem de estar na agenda do país. O<br />

UPskill é específico deste setor, mas temos<br />

em Portugal um problema de competitividade<br />

e de produtividade. O que vai significar,<br />

cada vez mais, automatizar processos e<br />

libertar pessoas”<br />

“Temos duas opções para as pessoas: ou ficam<br />

em casa ou são desafiadas para se requalificarem.<br />

Esse é o nome do jogo. Se calhar,<br />

está na altura de olharmos para nós<br />

próprios e dizer que também precisamos<br />

de um serviço nacional de requalificação.<br />

Vamos precisar no futuro e cada vez mais.<br />

Quanto mais acelerarmos em tudo o que<br />

vai automatizar processos, mais pessoas<br />

haverá para requalificar. Esse é o desafio<br />

para a sociedade”<br />

“Será fundamental requalificar portugueses<br />

para o que serão as novas necessidades<br />

do mercado de trabalho. Precisamos<br />

de ‘abanar’ a sociedade. Por exemplo, no<br />

UPskill, o nível de candidatura é de cinco<br />

mil pessoas por edição e tem sido essencial<br />

o passa-palavra. Se nós lançarmos bons<br />

programas de formação, a própria sociedade<br />

se vai encarregar de os disseminar”<br />

Hugo Bernardes<br />

CEO, The Key Talent<br />

“Os clientes que querem contratar recursos<br />

pedem-nos cada vez mais agilidade, rapidez<br />

e uma experiência positiva. E começam<br />

a olhar para tecnologias como a IA, que podem<br />

promover uma maior humanização<br />

do processo em si. Cada vez mais, os recrutadores<br />

não têm capacidade de resposta,<br />

até em função das necessidades do mercado.<br />

O que pode ser simplificado e agilizado<br />

com uma maior utilização de tecnologia”<br />

“Em termos de preparação de recursos humanos,<br />

as empresas ainda não estão a tomar<br />

as precauções devidas. O processo de<br />

automação vai obrigar as pessoas a serem<br />

requalificadas para outro tipo de funções.<br />

Estamos neste momento numa mudança<br />

de paradigma, com a IA e as organizações<br />

terão de antecipar esta questão, o que passa<br />

por requalificar. Mas, do ponto de vista<br />

das competências digitais, isto é ainda uma<br />

caixa negra para muita gente”<br />

“Os estudos mostram que será nos postos<br />

intermédios das organizações que haverá<br />

mais redundância com a IA. O que é preciso<br />

é qualificar, para que as pessoas tenham<br />

tarefas de maior valor acrescentado.<br />

Será um processo tendencialmente moroso,<br />

mas num horizonte de dez anos vamos<br />

sentir, mesmo em Portugal, grandes alterações<br />

nos postos de trabalho”


15 MAIO<br />

2nd <strong>DA</strong>Y WELCOME<br />

Rodrigo Castro<br />

Founder & CEO, Educa-te<br />

“Não podemos tentar resumir o problema<br />

da Educação, que é múltiplo e multifacetado,<br />

a uma causa. Mas temos de começar<br />

por algum lado. Estar a investir na resolução<br />

de um problema equivalente a um bolso<br />

sem fundo não faria sentido. Mas há inúmeros<br />

projetos, formais ou não formais, que<br />

ajudam os alunos a aprender”<br />

“Parece que nos últimos 50 anos, todos se<br />

esqueceram de falar da figura na Educação<br />

que é a mais importante: os professores. No<br />

‘Professores do Futuro’, iniciativa que lançámos<br />

no final do ano passado, temos estado<br />

a adotar uma metodologia de aprendizagem<br />

diferente e inovadora: a experiencial,<br />

por desafios. Sendo 100% digital e com protocolos<br />

de acompanhamento pensados. O<br />

que faz ou desfaz um programa educativo<br />

não tem tanto a ver com os conteúdos, mas<br />

muito mais a ver com a experiência”<br />

João Rui Ferreira<br />

Secretário de Estado da Economia<br />

“Apesar das incertezas no contexto global,<br />

a digitalização da economia não voltará<br />

atrás. É importante refletir sobre o seu impacto<br />

e potencial, e na forma como pode<br />

melhorar a vida das pessoas. Temos a visão<br />

clara de estimular o crescimento e de<br />

inovar, de ser motor do desenvolvimento<br />

socioeconómico”<br />

“Portugal vive num contexto global de concorrência<br />

e de competitividade. Pelo que<br />

é importante provocar choques de crescimento,<br />

apostar na inovação tecnológica de<br />

bens e serviços, na qualidade e talento, em<br />

ações que possam promover a qualidade<br />

do que exportamos e que possam atrair investimento<br />

externo”<br />

“Tem de se investir nos professores e transformar<br />

a forma como olham para a própria<br />

prática. Porque um professor tem a possibilidade<br />

de fazer ou desfazer a vida de uma<br />

criança. As empresas também têm responsabilidades<br />

aqui, nomeadamente na forma<br />

como promovem a aprendizagem ao longo<br />

da vida. E as universidades têm um grande<br />

desafio, por estarem a ser ultrapassadas<br />

pelo YouTube. É preciso aprender uma experiência<br />

pedagógica diferente. E estamos<br />

a começar o processo do ensino da IA para<br />

a educação”<br />

“Pretendemos agilizar a execução de fundos<br />

europeus, para requalificar a nossa<br />

economia. Para além do reforço das equipas,<br />

haverá uma aposta estruturada na IA<br />

enquanto ferramenta de suporte à inovação<br />

e crescimento. Portugal tem já na sua<br />

rede científica e tecnológica muito conhecimento<br />

para apoiar o governo neste desafio.<br />

Vamos melhorar e simplificar a ligação das<br />

empresas com o Estado e os serviços da AP,<br />

apostar no empreendedorismo, identificar<br />

e limitar os ‘gargalos’, para que possamos<br />

promover desenvolvimento e crescimento<br />

no ecossistema nacional.”


76 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

40 YEARS OF APDC:<br />

A CRUCIAL<br />

STAKEHOLDER FOR<br />

A <strong>DIGITAL</strong> PORTUGAL<br />

Gonçalo Sequeira Braga<br />

Fundador da APDC, em 1984,<br />

e Presidente até Nov85<br />

“Temos, na vida da associação, três ciclos:<br />

o do nascimento, em que a APDC foi predominantemente<br />

uma associação de pessoas;<br />

um segundo, de uma associação de<br />

pessoas com empresas, prestadores de serviços<br />

e fabricantes; e esta terceira, em que<br />

vivemos hoje, em que somos uma associação<br />

de empresas com o apoio das pessoas”<br />

“Tivemos presidentes da APDC de nível<br />

mundial, a trabalhar pro bono, o que foi<br />

fundamental. Permitiu que a associação<br />

crescesse. Definimos um conjunto de princípios<br />

e valores para a atividade e isso foi respeitado<br />

ao longo dos anos pelas sucessivas<br />

direções. Tivemos um formato muito positivo<br />

da associação, que se impôs desde logo,<br />

desempenhando um papel fundamental:<br />

éramos um agente da mudança”<br />

“A APDC é um parceiro do Estado para a<br />

transformação digital da sociedade portuguesa,<br />

porque tem o apoio das empresas.<br />

Somos um invulgar caso a nível europeu,<br />

como associação. Pela influência, capacidade<br />

e realizações que a APDC fez”<br />

José Graça Bau<br />

Ex-Presidente APDC (fev95-fev97)<br />

“Nascemos numa época em que não se<br />

falava ao telefone, não se conseguia falar<br />

de Lisboa para o Porto. O país estava num<br />

caos, não havia telecomunicações. Os profissionais<br />

trabalhavam com telex”<br />

“Pensámos, na altura: entrámos numa boa<br />

altura, pois qualquer coisa que façamos,<br />

vamos ser heróis. Na década de 80, começámos<br />

a pôr fibra ótica, que ligou a Marinha<br />

Grande a Leiria, para a indústria dos<br />

moldes. Estava tudo a acontecer”<br />

“A APDC foi o despertador. As empresas tentavam<br />

todas avançar, porque estávamos<br />

muito atrasados e era preciso mostrar que<br />

havia futuro. A década de 80 foi a década<br />

em que tudo nasceu, em que projetámos os<br />

anos 90, com um plano de desenvolvimento<br />

para o setor, quando surgiram os primeiros<br />

telemóveis e a concorrência”


APDC’S PRIORITIES<br />

FOR PORTUGAL<br />

Pedro Norton<br />

Ex-Presidente da APDC (mar11-jan13)<br />

“A morte do Diogo Vasconcelos, que me<br />

precedeu, marcou o mandato. Acredito que<br />

nas instituições devemos beber do conhecimento<br />

acumulado e que não devemos inventar<br />

a roda. Foi isso que fizemos, sendo<br />

que a direção que presidi, a partir de março<br />

de 2011, teve um período dificil, com o pedido<br />

de resgate nacional, que gerou uma<br />

rutura económica, social e política. O país<br />

estava virado de pernas para o ar. E colocou-se<br />

o desafio de saber como a APDC se<br />

poderia posicionar”<br />

“Tornou-se rapidamente muito claro que,<br />

naqueles anos desafiantes, era preciso que<br />

a APDC dissesse ‘estamos presentes para<br />

ajudar o país’. Por isso, organizámos um<br />

congresso nesse sentido, com a produção<br />

de um estudo que tentava identificar um<br />

conjunto de medidas de racionalização da<br />

AP. Foi produzido pelo setor e entregue ao<br />

governo, numa tentativa de fazer uma call<br />

to action. O esforço foi reconhecido e uma<br />

oportunidade para posicionar a APDC e o<br />

setor, que está presente nas horas boas de<br />

desenvolvimento do país, mas também nas<br />

horas difíceis”<br />

Rogério Carapuça<br />

Presidente da APDC, desde jan13<br />

“Queremos fazer de Portugal um líder da<br />

economia e sociedade digitais da UE. Saltar<br />

para um lugar cimeiro. Sendo o 6º país<br />

mais atrativo para investimentos na Europa,<br />

Portugal tem grande potencial. Por isso,<br />

propomos implementar medidas concretas<br />

organizadas em seis pilares: incentivar o<br />

crescimento económico sustentável; investir<br />

no talento; promover adoção da tecnologia;<br />

otimizar o funcionamento do mercado;<br />

simplificar o Estado; e promover a cibersegurança<br />

e inclusão tecnológica social”<br />

“É preciso convocar todos os atores. Com<br />

um plano estratégico bem definido. Temos<br />

de ter maior número de grandes empresas,<br />

precisamos de mudar mentalidades e de<br />

incentivar as empresas a serem maiores. O<br />

problema é que temos os incentivos errados<br />

para ganhar esta escala. Se ser grande<br />

dá direito a ter mais impostos, mais vale ter<br />

um conjunto de empresas pequeninas. Não<br />

podemos ser penalizados quando a dimensão<br />

aumenta”<br />

“Não fui um presidente provável para a<br />

APDC. Era um homem dos media. Vinha<br />

com uma visão um bocadinho de outsider,<br />

para um setor e uma associação que tinha<br />

de ser vista como mobilizadora da economia,<br />

porque era fundamental para o desenvolvimento<br />

de todos os demais setores.<br />

Os mundos das comunicações e dos media,<br />

que não se conheciam bem, estavam condenados<br />

a entender-se. Tentei fazer essa<br />

aproximação e foi no meu mandato que os<br />

media passaram a participar no congresso”<br />

“Todos nós temos de dar o passo a seguir. A<br />

APDC fará o seu papel de ‘agitar as águas’.<br />

Somos uma associação de ecossistema, temos<br />

todo o tipo de empresas da área digital<br />

e o networking é o nosso nome do meio.<br />

Falamos e trazemos propostas que colocamos<br />

em cima da mesa dos governantes. E<br />

estamos disponíveis para falar com todos e<br />

contribuir”


78 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

CLIENTS IN-MOTION:<br />

LEVERAGING TECH TO<br />

IMPROVE EXPERIENCE,<br />

LOYALTY AND REVENUE<br />

IN THE TELCO INDUSTRY<br />

Raquel Henriques Santos<br />

Diretora de TMT, NTT Data<br />

“Na indústria das telcos, relação e emoção<br />

são a receita para o costumer engagement,<br />

criando relações de longo-prazo. O que<br />

passa por pensar sempre numa experiência<br />

que supera o que o cliente está à espera<br />

e trazer emoção, ultrapassando a simples<br />

entrega de um produto. O tema da mutualidade<br />

é também essencial, porque a empresa<br />

tem de sentir que também está a receber<br />

do cliente”<br />

“Mas como conseguir fazer esta interação<br />

com os clientes sem os maçar muito, evitando<br />

que desistam? A solução é encontrar<br />

um equilíbrio na interação, evitando que<br />

não seja prejudicial. Não há aqui receitas<br />

certas, mas perceções. Como incrementar<br />

a relação digital e implementar programas<br />

de digital engagement, com técnicas de<br />

gamificação. Ou demonstrar níveis de lealdade<br />

muito grandes com os clientes, criando<br />

a ideia de parceria”<br />

“As melhores experiências que cada cliente<br />

tem já não são exatamente de telecomunicações<br />

e os programas de engagement<br />

têm, eles próprios, que se reinventar. A personalização<br />

é muito importante, o que coloca<br />

novos desafios. Há já várias experiências<br />

com sucesso, nomeadamente as que dão<br />

mais poder ao cliente”<br />

A NEW FRONTIER<br />

FOR COMMUNITY-BASED<br />

<strong>DIGITAL</strong> KNOWLEDGE<br />

Yasmina Laraudogoitia<br />

Diretora de Políticas Públicas<br />

e de Assuntos Governamentais, TikTok<br />

Espanha e Portugal<br />

“Temos 3,3 milhões de utilizadores em Portugal.<br />

A segurança é a nossa prioridade e<br />

endereçamos o tema com 40 mil profissionais<br />

de segurança, em mais de 70 línguas<br />

e com a definição de guidelines para as<br />

comunidades”<br />

“Temos tecnologia automática e de machine<br />

learning para remover conteúdos que<br />

possam violar os nossos guidances. Investimos<br />

ainda em moderadores de conteúdos<br />

para as nuances dos conteúdos que<br />

as máquinas não detetam. Esta combinação<br />

é importante para garantir os melhores<br />

resultados. Foram criados ainda guidelines<br />

específicos para jovens, introduzindo-se<br />

mecanismos de reforço privacidade e segurança<br />

by default e recursos, como plataformas,<br />

programas e campanhas sobre<br />

como podem preservar a sua segurança no<br />

TikTok”<br />

“Estamos ainda a avançar com passos para<br />

respeitar a soberania dos dados na Europa,<br />

com o projeto Clover. Já construímos<br />

três data centers na Europa, foram implementados<br />

controlos de dados e restrições<br />

e temos parceiros independentes para auditorias<br />

de controlo, que asseguram o cumprimento<br />

das regras. Moderação de conteúdos,<br />

transparência e personalização são<br />

também apostas”


PORTUGAL AS THE NEXT<br />

SILICON VALLEY<br />

OF EUROPE<br />

NAVIGATING<br />

NIS2: ENSURING<br />

CYBERSECURITY<br />

COMPLIANCE IN<br />

THE <strong>DIGITAL</strong> ERA:<br />

Rodrigo Cordeiro<br />

Country Head, Capgemini Engineering<br />

“Portugal é um país atrativo, pelo tema da<br />

cultura, localização, custo de vida e infraestruturas<br />

de elevada qualidade. Está em 6º<br />

lugar na captação de talento e tem mais<br />

de 13% de startups que a média europeia. Já<br />

criou sete unicórnios até 2023. E Lisboa foi<br />

considerada no ano passado a capital europeia<br />

da inovação. É caso para dizer que<br />

já temos todos os ingredientes para que o<br />

nosso país seja o próximo ‘Silicon Valley da<br />

Europa’”<br />

Inês Antas de Barros<br />

Sócia da Área de Comunicações,<br />

Proteção de Dados & Tecnologia, VdA<br />

“Há um conjunto de legislação adicional à<br />

diretiva NIS2, que visa criar um quadro legal<br />

capaz de responder aos desafios atuais<br />

em matéria de cibersegurança. A nova diretiva<br />

tem de ser transposta para o ordenamento<br />

jurídico nacional até outubro, pelo<br />

que estamos mesmo na reta final da sua<br />

implementação”<br />

“Mas o país tem um investimento em I&D<br />

que representa apenas 1,7% do PIB, bem<br />

abaixo da média europeia, de 2,4%, e do objetivo<br />

de 3%, em 2030. Por si só, estes números<br />

devem fazer pensar sobre o que precisamos<br />

de fazer para fechar este gap. E não<br />

podemos evoluir apenas pelas startups,<br />

pois elas representam apenas 1% do PIB.<br />

Mesmo o tecido empresarial é composto<br />

por 99,9% de PME”<br />

“Há um aumento do leque das entidades<br />

e setores que passam a ser cobertas pelas<br />

novas regras, de forma automática. Exige<br />

às organizações uma abordagem proativa<br />

ao risco, dentro de casa e nos fornecedores,<br />

e não meramente reativa. Trazendo obrigações<br />

muito exigentes. Com uma lógica de<br />

responsabilidade da administração pelo<br />

quadro de gestão de risco”<br />

“A verdade é que as grandes empresas são<br />

uma variável-chave nesta equação. Precisávamos<br />

que tivessem capacidade para<br />

atrair centros de I&D para Portugal. Mas,<br />

acima de tudo, é altura de nos reinventarmos,<br />

de termos a coragem de fazer este trabalho<br />

em conjunto. Não ter medo de partilhar<br />

ideias, risco e esforços. É a única forma<br />

de ajudar a trazer investimento, que promoverá<br />

a inovação”<br />

“Os poderes das autoridades de supervisão<br />

são reforçados. E um muito substancial aumento<br />

das coimas a aplicar, até aos 10 milhões<br />

de euros ou 2% do volume global de<br />

negócios. Como conseguimos fazer face a<br />

toda esta teia regulatória? Antecipar o que<br />

são os novos requisitos e estar a par de todos<br />

os desenvolvimentos, capacitação das<br />

equipas e das pessoas e garantir a implementação<br />

nos prazos que estão previstos”


80 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Jéssica Domingues<br />

Diretora da Unidade<br />

de Cibersegurança, SPMS<br />

“As leis vêm ajudar aos requisitos de segurança<br />

e às medidas proativas. A perspetiva<br />

de incluir as cadeias de abastecimento vemos<br />

como uma grande mais-valia. Porque<br />

muitas vezes as ameaças vêm de fora. Há<br />

a necessidade de outro tipo de medidas de<br />

prevenção”<br />

“A NIS2 vai auxiliar as entidades a capacitarem-se,<br />

porque têm de cumprir os requisitos<br />

previstos e estão sujeitas a sanções. A diretiva<br />

vem especificar mais o que é esperado<br />

das organizações, com os tópicos que têm<br />

obrigatoriamente de ser cumpridos. A própria<br />

notificação de incidentes é crítica”<br />

“A consciencialização das pessoas para os<br />

riscos de cibersegurança é algo que tem de<br />

ser treinado todos os dias. É o próprio utilizador,<br />

no seu dia a dia, que muitas vezes<br />

coloca em risco as organizações. Os incidentes<br />

vão sempre acontecer, temos de<br />

reduzir é o seu impacto. O que passa pela<br />

capacitação na resposta, com monitorização<br />

e deteção de anomalias e de vulnerabilidades<br />

que possam existir, para se atuar<br />

rapidamente”<br />

FROM 5G DEPLOYMENT<br />

TO TRANSFORMATION:<br />

A TANGIBLE JOURNEY<br />

FOR PORTUGAL<br />

Juan Olivera<br />

CEO, Ericsson Portugal<br />

“Onde estamos quando falamos de 5G,<br />

um tema estratégico para a UE? Estamos<br />

a perder ritmo de implementação. No 3G,<br />

a Europa foi a 3ª economia. No 4G, foi a 5ª.<br />

No 5G, é a 7ª, superada por países com menor<br />

tradição tecnológica, como a Austrália,<br />

apesar das ambições anunciadas”<br />

“O 4G foi a geração que digitalizou toda a<br />

sociedade, através dos smartphones e das<br />

redes móveis. Criou-se uma economia baseada<br />

nas startups que em poucos anos<br />

multiplicaram por oito o valor da conetividade.<br />

Mas os valores da Europa estão muito<br />

abaixo dos EUA, porque há diferentes ritmos,<br />

pela estrutura distinta dos vários Estadosmembros.<br />

Com o 5G, o poder transformacional<br />

é infinitamente maior”<br />

“Porque falamos tanto disto e nada muda<br />

na UE? Porque os operadores não têm escala.<br />

Na Europa, temos 45 operadores com<br />

mais de 500 mil subscritores. Nos EUA temos<br />

oito, no Japão quatro e na Coreia do<br />

Sul, três. A escala é crítica no negócio de<br />

infraestruturas, para ter capacidade de investimento.<br />

A Europa perde todas as economias<br />

de escala. Acreditamos que a regulação<br />

deve ser alterada. Não podemos viver<br />

com uma regulação concebida há 30 anos<br />

para quebrar os monopólios. Os operadores<br />

precisam de escala para poder competir,<br />

inovar e ser relevantes”


HARNESS THE<br />

EXPONENTIAL POTENTIAL<br />

OF NETWORKS –<br />

THE OPPORTUNITY FOR<br />

PORTUGAL<br />

da inovação e do desenvolvimento, porque<br />

vão usar muito mais dimensões, para além<br />

da conetividade, para a criação de valor.<br />

Temos um momento único para resgatar<br />

valor para o setor”<br />

THE STATE OF THE<br />

NATION OF MEDIA<br />

Sérgio Catalão<br />

CEO, Nokia Portugal<br />

“Há um paradoxo na nossa indústria, no<br />

Mundo e em Portugal. Nos últimos anos,<br />

tem-se vindo a investir nas redes, fixas e<br />

móveis, para as capacitar para um crescimento<br />

de tráfego que tem sido exponencial.<br />

No caso nacional, cerca de seis a sete<br />

vezes, enquanto as receitas aumentaram<br />

1% ao ano. Isto é o reflexo de uma indústria<br />

que se tem desenvolvido à volta do consumo<br />

de um único bem, a conetividade, difícil<br />

de monetizar e cujo valor tem saído para<br />

outras indústrias”<br />

KNS: Carla Martins<br />

Vogal, Entidade Reguladora para<br />

a Comunicação Social (ERC)<br />

“Os media enfrentam grandes dificuldades<br />

e desafios. O quadro é bastante complexo.<br />

A evolução tecnológica é acelerada e constante<br />

e tem impactos profundos na cadeia<br />

de valor e nos processos de produção e de<br />

consumo. E a IA traz outra camada de complexidade.<br />

Além disso, as entidades estão a<br />

adaptar-se ao paradigma digital em diferentes<br />

velocidades”<br />

“O 5G é uma oportunidade única de transformação<br />

e para a indústria capturar novas<br />

oportunidades e criar valor. Portugal tem a<br />

ambição de crescer acima da UE e a digitalização<br />

e automação de processos são fundamentais<br />

para que isso aconteça. O 5G é<br />

um enabler tecnológico para isso e não há<br />

muitas receitas senão produzir mais, através<br />

da utilização da tecnologia”<br />

“Quando olhamos para o futuro do setor,<br />

vemos que o tráfego vai continuar a<br />

crescer exponencialmente, entre quatro a<br />

nove vezes até 2030, e o negócio da conetividade<br />

manter-se-á com o mesmo perfil,<br />

flat. Mas vamos ter um mercado de aplicações<br />

que vão usar a rede a crescer de<br />

30% a 40%. Com o 5G, passamos a ter redes<br />

programáveis, que vão estar no centro<br />

“O jornalismo vive um dos momentos mais<br />

críticos da sua história. Os media defrontam-se<br />

com um problema estrutural de financiamento<br />

e a concorrência das plataformas<br />

online. O quadro é de incerteza e<br />

altamente competitivo. Pelo que a abordagem<br />

regulatória tem de assentar no diálogo<br />

construtivo e permanente com os diferentes<br />

intervenientes. Não é possível ter<br />

uma regulação positiva e relevante de costas<br />

voltadas para o setor”<br />

“Também a ERC enfrenta desafios na regulação<br />

sobre os media digitais e as plataformas<br />

online, onde cada vez mais os públicos<br />

acedem a conteúdos mediáticos e estão<br />

mais expostos aos riscos e desinformação. É<br />

prioritária a revisão dos instrumentos legais


82 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

de que dispomos para atuar. Teremos ainda<br />

de estar preparados para aplicar os instrumentos<br />

legislativos europeus, como o European<br />

Media Feedman Act. Há que garantir<br />

um regulador de comunicação social independente<br />

e com capacidade em termos de<br />

recursos financeiros, humanos e técnicos”<br />

Francisco Pedro Balsemão<br />

CEO, Impresa<br />

“O mercado publicitário cresceu no 1º trimestre<br />

de 2024, mas queremos sempre<br />

mais e há muitos desafios neste setor, marcado<br />

pela disputa pela atenção. Há uma<br />

fragmentação crescente dos públicos, pela<br />

proliferação de dispositivos e plataformas.<br />

Cabe-nos a nós, grupos de media, encontrar<br />

o nosso espaço, reforçar a nossa relevância<br />

nas plataformas tradicionais e apostar<br />

nas novas”<br />

“Desde 2016 que temos sido coerentes. Devia<br />

haver eliminação ou redução substancial<br />

do tempo de publicidade reservado à<br />

RTP, para uma concorrência mais leal, à semelhança<br />

do que se faz noutros países. A<br />

RTP também faz publicidade no digital, o<br />

que nos penaliza a nós, privados”<br />

“A quebra de publicidade é uma realidade<br />

e os novos pacotes de publicidade dos serviços<br />

de streaming estão em cima da mesa.<br />

Temos de ver estas coisas novas como oportunidade<br />

de ser complementares em todas<br />

as plataformas, para chegarmos a novos<br />

conteúdos. Passar o ambiente de canal generalista,<br />

de qualidade, para uma experiência<br />

digital atrativa para os consumidores.<br />

Os media são um bom negócio. Há muitas<br />

novidades a caminho. Estamos a diversificar<br />

e a procurar oportunidades”<br />

Luís Santana<br />

CEO, Medialivre<br />

“Há outros motivos de atração, como as<br />

plataformas de streaming, mas achamos<br />

que existe espaço para um público mais seletivo.<br />

Vamos avançar com um novo canal<br />

de informação, que vai ocupar um espaço<br />

diferenciador. Não acho que seja a sua entrada<br />

que vá causar distúrbio. Se algo está<br />

a distorcer o mercado é a publicidade digital<br />

e as plataformas digitais, que estão a comer<br />

um valor desproporcionado”<br />

“Fazemos o negócio dos media à imagem<br />

da realidade do mercado que temos. É muito<br />

difícil competir com as grandes plataformas<br />

europeias. Tem de haver uma regulação<br />

europeia que ajude a uma distribuição<br />

mais justa, onde os players nacionais estejam<br />

mais defendidos. De contrário, não temos<br />

hipótese”<br />

“Com a AI vai ser difícil evitar uma ameaça<br />

àquilo que é o jornalismo com qualidade.<br />

Estamos num processo de intoxicação do<br />

que é a real informação”


Nicolau Santos<br />

Presidente, RTP<br />

“O contrato de financiamento da RTP terá<br />

que ser negociado com o novo governo e<br />

tudo está em aberto. Mas recuso a ideia de<br />

que o posicionamento da RTP no mercado<br />

publicitário possa colocar em risco os outros<br />

operadores. Temos de reconhecer que existe<br />

uma grave crise do setor dos media em<br />

Portugal. De sustentabilidade e de ameaças<br />

várias, que podem afetar ainda mais<br />

essa sustentabilidade. O Estado português<br />

tem de apoiar este setor, se for considerado<br />

essencial”<br />

“Nenhum de nós, individualmente, tem capacidade<br />

de negociar um acordo favorável<br />

com as grandes plataformas. Tivemos o<br />

‘Rabo de Peixe’ na Netflix e não nos caíram<br />

milhões daí. A capacidade de os operadores<br />

nacionais se poderem juntar para desenvolver<br />

determinadas áreas de atividade<br />

seria importante e possível. Mas cada um<br />

seguirá o seu caminho”<br />

Pedro Morais Leitão<br />

CEO, Media Capital<br />

“O negócio da publicidade é secundário<br />

para os novos projetos. Quem decide são os<br />

operadores, que partilham entre si o mercado<br />

de tv paga. Media Capital e Impresa<br />

fizeram um percurso do papel para o digital<br />

e é de louvar. A entrada nos canais de tv<br />

paga é sempre uma decisão difícil, porque<br />

se está a criar um problema, de provocar a<br />

canibalização do seu canal generalista, que<br />

é a sua fonte de receitas”<br />

“Quando discutimos as receitas de publicidade<br />

e de financiamento publico, estamos<br />

a discutir como se pagam os custos operacionais.<br />

Mas o nosso desafio para o futuro<br />

é como se pagam as plataformas digitais.<br />

Termos uma plataforma própria é o caminho<br />

ideal. Mas é dificil. É um mercado populado<br />

por muitos gigantes e com a sua dinâmica<br />

própria. A solução que encontrámos<br />

foi produzir conteúdos para plataformas<br />

como a Amazon Prime Vídeo”<br />

“É importantíssimo para o setor que a ERC<br />

atue em conjunto com os grupos privados<br />

e público no sentido de expurgar projetos<br />

que não parecem ser exatamente de jornalismo,<br />

mas sim para atingir determinados<br />

objetivos. Este novo CA tem outro posicionamento<br />

e muita capacidade de olhar de<br />

maneira diferente”<br />

“Hoje é muito dificil manter-nos competitivos<br />

neste novo mundo que aí vem, sobretudo<br />

à escala portuguesa. É nesse referencial<br />

que temos de pensar. O que sinto é que ainda<br />

não há condições para o fazer, mesmo<br />

por parte do regulador. Se não experimentarmos<br />

e em parceria, dificilmente vamos<br />

assegurar a sustentabilidade económica. É<br />

preciso abandonar os modelos do passado<br />

e preparar os do futuro”


84 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

<strong>DIGITAL</strong><br />

TRANSFORMATION<br />

& ENERGY TRANSITION<br />

IN THE 5G ERA<br />

Tiago Marques<br />

Diretor do Digital, EDP Generation<br />

“Conseguimos dar vários saltos tecnológicos.<br />

Acreditamos que o 5G, neste tipo de<br />

ativos em particular, nos permite acelerar<br />

e muito, a transformação digital ao serviço<br />

da transição energética. A estratégia de digitalização<br />

da EDP é vista como uma face<br />

da transição energética. A primeira acelera<br />

a segunda que, por sua vez, alimenta a<br />

primeira”<br />

“Na estratégia de digitalização, olhamos<br />

para o 5G como oportunidade de conferir<br />

conetividade permanente e resiliente a todos<br />

os ativos. O que permite desbloquear<br />

uma série de casos de uso de transformação<br />

digital mais avançada. Estamos a começar<br />

a testar, como na barragem de Castelo<br />

de Bode, onde criámos um laboratório<br />

vivo, com o objetivo de levar a tecnologia<br />

para outros ativos de produção de energia”<br />

“Estamos a testar as capacidades e as promessas<br />

do 5G e desta conetividade total,<br />

contínua e muito resiliente. Acreditamos<br />

muito no potencial da tecnologia, de forma<br />

faseada. Estamos a dar um primeiro<br />

avanço na intersecção entre o 5G e o setor<br />

da energia. Até um ano, acreditamos conseguir<br />

estar a alargar para outros ativos.<br />

Estamos a procurar trazer casos de estudo<br />

mais avançados, como drones, a robótica,<br />

a analítica de imagem em tempo real com<br />

câmaras 5G avançadas”<br />

FIBERCOS & TOWERCOS’<br />

ROLE IN <strong>DIGITAL</strong><br />

TRANSFORMATION<br />

João Osório Mora<br />

Managing Director, Cellnex<br />

“2023 foi um ano de transformação e crescimento.<br />

Terminámos um ciclo de oito anos<br />

em que nos tornámos no maior operador<br />

de infraestruturas da Europa. Depois de um<br />

período de crescimento por aquisições, queremos<br />

focar-nos nas operações e no crescimento<br />

com os nossos clientes. O que passa<br />

pela construção de novas infraestruturas e<br />

rentabilização das existentes”<br />

“A partilha das infraestruturas permite<br />

uma rentabilização maior. Na rede que adquirimos<br />

à MEO e à NOS temos acordos<br />

que passam pela construção de mais infraestruturas<br />

e a manutenção das atuais.<br />

Dá aos operadores uma rede maior, mais<br />

time to market e um impacto em termos<br />

de sustentabilidade na reutilização de<br />

infraestruturas”<br />

“As redes de comunicações, em particular<br />

o 5G, foram feitas com investimento totalmente<br />

privado. As redes partilhadas ajudam<br />

a reduzir os custos. Mas não chega.<br />

Estamos expetantes com as novas regras<br />

do GIA, para impulsionar a conetividade gigabit<br />

na UE27, que vem trazer novas regras<br />

para implementar redes mais rapidamente.<br />

O regulamento terá de ser implementado<br />

até final de 2025”<br />

“A IA é um fator disruptivo. Vai mudar efetivamente<br />

a forma de trabalhar muito rapidamente.<br />

As empresas têm de se preparar


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86 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

e sobretudo de experimentar, para conhecer<br />

as potencialidades desta tecnologia. É o<br />

que temos estado a fazer”<br />

Paolo Favaro<br />

Managing Director, Vantage Towers<br />

“Depois de um 2023 muito bom, o entusiasmo<br />

é grande. Somos uma empresa vocacionada<br />

para a entrega operacional, no<br />

sentido de criar valor para os clientes. Continuaremos<br />

com a expansão do portfólio de<br />

ativos que estamos a gerir. Nomeadamente<br />

para ajudar os operadores a cumprir as<br />

obrigações de cobertura no âmbito do contrato<br />

de concessão do 5G”<br />

“Em termos de infraestruturas, há duas vertentes:<br />

os sites existentes, onde tem de ser<br />

feito um upgrade, e os novos sites que estão<br />

a ser construídos. Estamos a falar de zonas<br />

bastante remotas. Aqui, estamos otimistas:<br />

já entregámos cerca de 140 infraestruturas<br />

ao longo dos últimos dois meses, o que não<br />

foi fácil, e ainda temos mais para entregar<br />

até ao final de 2025”<br />

“Na IA, por enquanto temos muitas ideias<br />

e estamos a desenvolver alguns pilotos.<br />

Como na área legal e na operacional. Mas<br />

para preparar a empresa, é importante ter<br />

uma boa estratégia em termos de IT. Por<br />

isso, estamos a trabalhar no grupo para<br />

criar um centro de competências em desenvolvimento<br />

de IT. Que irá também tratar<br />

do desenvolvimento das ferramentas de IA,<br />

para que todas as subsidiárias possam tirar<br />

proveito das vantagens”<br />

Pedro Rocha<br />

CEO, FastFiber<br />

“Ser um operador de fibra de referência<br />

para todos os operadores, com uma rede<br />

aberta e neutra, é o objetivo do projeto. Entre<br />

2023 e 2024 aumentámos o leque de<br />

serviços disponibilizados e continuaremos<br />

a crescer. Queremos ser uma infraestrutura<br />

de fibra a nível nacional”<br />

“As obrigações que o 5G vai ter em termos<br />

de cobertura até final de 2025 são para zonas<br />

mais remotas, rurais e dispersas, em<br />

que a ligação a todos os clientes vai ser<br />

mais dispendiosa. É um desafio, sobretudo<br />

em termos de rentabilidade, porque existe<br />

pouca população”<br />

“Deve ser facilitada a utilização de infraestruturas<br />

aptas para passagem dos cabos<br />

de fibra até essas zonas. Isso é essencial<br />

não só para o 5G, mas também para o concurso<br />

nas áreas brancas, que o governo já<br />

lançou. Precisamos de processos simplificados<br />

de licenças e junto das entidades que<br />

detêm essas infraestruturas, em condições<br />

de rentabilidade. É garantir transparência<br />

de informação dessas infraestruturas, que<br />

atualmente não é suficiente”


Apresente-se sempre<br />

no seu melhor.<br />

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88 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

THE STATE<br />

OF THE NATION<br />

OF COMMUNICATIONS<br />

KNS: Sandra Maximiano<br />

Presidente; Autoridade Nacional<br />

de Comunicações (Anacom)<br />

“Em breve, um novo operador entrará no<br />

mercado português. O que levará, esperamos,<br />

a uma reação criativa e saudavelmente<br />

competitiva dos operadores. Sei que existe<br />

algum receio sobre o impacto deste novo<br />

operador nas suas receitas. Mas a procura<br />

por conetividade está em expansão. O 5G,<br />

as redes virtuais privadas, industry verticals,<br />

a realidade virtual aumentada, trazem<br />

espaço para que as oportunidades sejam<br />

maiores que os riscos”<br />

“As oportunidades de negócio e de monetização<br />

do 5G são múltiplas e variadas. A<br />

Anacom tem contribuído para a dinamização<br />

destas oportunidades. Como facilitador<br />

de disponibilização de espectro para uso de<br />

aplicações inovadoras, autorizando ensaios<br />

e testes de tecnologia. E através da publicação<br />

de estudos de caso e exemplos de uso<br />

da tecnologia”<br />

“É impossível imaginar um mundo a funcionar<br />

offline. Estamos por default hiperconectados.<br />

Os serviços de telecomunicações são<br />

parte da vida das pessoas, das empresas,<br />

do Estado e dos governos. Fica o compromisso<br />

que a Anacom está preparada para o<br />

desenvolvimento da sua missão de promoção<br />

da concorrência e proteção dos utilizadores<br />

e consumidores, abraçando um ambiente<br />

de inovação seguro e de criação de<br />

valor económico para o desenvolvimento<br />

do sector e do país”<br />

Ana Figueiredo<br />

CEO, Altice Portugal<br />

“Continuamos com um desafio muito grande<br />

neste setor, com a perda de rentabilidade<br />

sentida nos últimos 15 anos, que se agravou<br />

no último ano. Assistimos também a<br />

uma série de operações de concentração.<br />

Os operadores têm procurado contrariar a<br />

perda de rentabilidade com soluções criativas<br />

de reinvenção do negócio e otimização<br />

da estrutura de custos. Mas precisamos de<br />

escala”<br />

“É cedo para falar na monetização do 5G.<br />

Tudo depende da adoção dos consumidores<br />

e empresas e das capacidades de desenvolvimento<br />

e investimento. Mas seguramente<br />

que temos de procurar soluções.<br />

A Europa está a perder competitividade<br />

económica e temos de procurar condições<br />

para que possa manter o seu modelo de<br />

desenvolvimento económico e social. Temos<br />

de promover não só políticas públicas<br />

e regulatórias, mas a qualidade e o acesso.”<br />

“Vivemos de sobreregulação na Europa.<br />

Não temos um player mundial da IA e já regulámos.<br />

Há uma necessidade urgente de<br />

compreensão do setor. Os factos e a realidade<br />

contrariam alguns modelos teóricos.<br />

A postura da nova Anacom é um primeiro<br />

passo nesse sentido. Ser queremos um dia<br />

criar um hub da economia digital no país<br />

temos de pensar de uma forma muito mais<br />

holística do que meramente na introdução<br />

da concorrência”


90 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Luís Lopes<br />

CEO, Vodafone Portugal<br />

“A AdC permanece com dúvidas sobre a<br />

compra e parece que existe indicação para<br />

a resposta ser negativa. A Vodafone apresentou<br />

um conjunto de remédios mais forte<br />

que os apresentados para o negócio da<br />

Orange e da MásMovil em Espanha. Em<br />

Portugal, uma operação de concentração<br />

de uma empresa com uma margem marginal<br />

é vista como mais complicada do que<br />

uma fusão que resultou no maior operador<br />

móvel espanhol. A Vodafone olha para esta<br />

situação com uma perplexidade enorme”<br />

“O que existe neste mercado é uma concorrência<br />

quase instantânea. Há respostas<br />

constantes a promoções agressivas que<br />

são feitas, porque há uma guerra grande<br />

de tentativa de ganho de quota de mercado<br />

entre os três players. Concluir que o setor<br />

não é concorrencial porque os pacotes são<br />

parecidos é errado”<br />

“Se o setor fosse saudável e houvesse uma<br />

aposta estratégica nele, o que podia ter<br />

sido feito? É isso que temos de perceber. Temos<br />

assistido a grandes perdas de oportunidades,<br />

como a criação de mais centros de<br />

competências, nomeadamente do grupo,<br />

que são colocados noutros locais”<br />

Miguel Almeida<br />

CEO, NOS SGPS<br />

“Tenho pena de não ouvir no discurso da<br />

Anacom um ponto essencial: a função de<br />

utilidade e de maximização do valor para<br />

a comunidade passa por um equilíbrio entre<br />

rentabilidade e qualidade. Se à data<br />

de hoje não cobre sequer o custo de capital,<br />

num mercado tão pequeno, com um 4º<br />

operador a situação vai agravar-se de forma<br />

dramática”<br />

“Eu tenho consciência clara que as evidências<br />

demonstram que as autoridades competentes<br />

não estão aí, mas depois pode ser<br />

tarde demais. Quando na Europa se discute<br />

como se garante a rentabilidade e se inverte<br />

a tendência, nós estamos a dizer que<br />

uma operação de fusão que não muda estruturalmente<br />

o mercado não pode acontecer,<br />

e estamos a louvar a entrada de um<br />

novo operador como se fosse algo bom. Mas<br />

não é. Rapidamente veremos que não é”<br />

“Estava na hora de neste país existir um debate<br />

sério que envolva os operadores, regulador<br />

e o governo. Em Portugal não existe,<br />

mas na UE sim: trabalhar em conjunto<br />

para mudar as coisas. É importante que<br />

o novo governo permita isso, porque é benéfico<br />

para os múltiplos stakeholders. Tem<br />

ainda de estar na agenda do Executivo as<br />

medidas que permitam a sustentabilidade<br />

e o investimento. E parece que só há uma: a<br />

consolidação”


92 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

CLOSING SESSION<br />

Rogério Carapuça<br />

Presidente, APDC<br />

“É claro que, como em todas as tecnologias,<br />

a IA tem um enorme conjunto de oportunidades.<br />

Há também alguns riscos à espreita.<br />

Mas, por causa disso, não usar a tecnologia<br />

não é opção. Nunca isso aconteceu com<br />

tecnologia nenhuma. Temos de limitar os<br />

riscos e fazer frente aos perigos. Mas não há<br />

opção senão utilizar esta tecnologia, que<br />

será, porventura, aquela que nos trará o<br />

maior salto de produtividade da história da<br />

Humanidade”<br />

“A APDC é uma associação de ecossistema,<br />

onde estão representadas empresas de<br />

várias naturezas que colaboram num traço<br />

comum: serem empresas do digital. Por<br />

isso, apresentámos um documento com sugestões<br />

de um conjunto de medidas para<br />

cumprir uma visão: tornar Portugal um dos<br />

líderes da economia e da sociedade digitais<br />

da Europa nos próximos oito anos”<br />

“Dos seis pilares que definimos no documento,<br />

destaco algumas medidas para a<br />

modernização: vocacionar os fundos do<br />

Portugal 2030 maioritariamente para as<br />

empresas, concentrando os apoios nas<br />

áreas de maior valor acrescentado; criar incentivos<br />

ao aumento da escala das empresas,<br />

em vez de termos penalizações ao crescimento;<br />

e promover o desenvolvimento do<br />

setor de infraestruturas e a sustentabilidade<br />

dos operadores de telecomunicações”<br />

Miguel Pinto Luz<br />

MInistro das Infraestruturas<br />

e Habitação<br />

“O setor já foi mais fervilhante do que é hoje.<br />

Agora, tem margens esmagadas e uma arquitetura<br />

regulatória de concorrência que<br />

limita muito a ação. É um setor que sofreu<br />

disrupções sucessivas com a introdução<br />

de novos players do mercado, de novas<br />

formas de utilização da própria infraestrutura.<br />

E, portanto, é um setor que tem se se<br />

encontrar”<br />

“Vivemos num ecossistema europeu onde é<br />

premiado o pequenino. A Europa tem esta<br />

cultura de PME e mesmo as suas grandes<br />

empresas à escala mundial são pequenas.<br />

Temos de combater contra isto. Farei<br />

questão de começar a tentar trazer para a<br />

agenda europeia estas temáticas, porque<br />

a densidade e a massa crítica trazem mais<br />

capacidade de investimento, otimização<br />

de processos e capacidade de sobrevivência,<br />

num mercado onde hoje as margens<br />

não lhes pertencem, mas a outros players,<br />

nomeadamente os OTT e todos os que utilizam<br />

a infraestrutura”<br />

“Na IA, os outros pólos olham para nós como<br />

end users. Mas porque é que ainda não vamos<br />

a tempo de liderar a montante esta<br />

agenda? Se fomos capazes de ser disruptivos<br />

em algumas áreas de conhecimento,<br />

também poderemos ser aqui, porque a IA<br />

é absolutamente estratégica. Não apenas<br />

no plano tecnológico, mas geopolítico, da<br />

competição entre três pólos. Corremos um<br />

sério risco de transformar um mundo tripolar<br />

em bipolar, onde a Europa vai minguar<br />

e ficar cada vez mais irrelevante”


É a inovação que nos<br />

aproxima do futuro<br />

Na MEO Empresas, acreditamos que o sucesso é construído com uma visão clara do futuro. Por estarmos focados<br />

na inovação, procuramos constantemente as mais recentes tendências tecnológicas para responder às novas<br />

exigências das pessoas, empresas e do planeta. A nossa missão é liderar esta transformação e trabalhar em<br />

estreita colaboração com os nossos clientes, proporcionando um acompanhamento próximo e aconselhamento<br />

especializado. Estamos sempre ao lado das empresas, no seu crescimento e sucesso, hoje e no futuro.<br />

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94 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Um congresso cada<br />

vez mais abrangente<br />

Numa edição que voltou a realizar-se em formato híbrido -<br />

presencial a partir do Auditório da Faculdade de Medicina<br />

Dentária de Lisboa e online – o congresso da APDC reforçou<br />

claramente a sua componente física: mais de 870 pessoas<br />

estiveram no evento, onde tiveram a oportunidade de potenciar<br />

o networking e de trocar ideias sobre o setor. Mas a presença<br />

digital também cresceu, já que se registaram mais de 10,6<br />

mil participações. São números que tornam claro o poder do<br />

DBC2024, que conseguiu mesmo chegar a quase 600 pessoas<br />

que assistiram de fora do país.


NOVI<strong>DA</strong>DES DE BILHÉTICA<br />

Para quem participou presencialmente neste grande<br />

evento nacional do digital, houve novidades nesta edição<br />

de 2024. A começar pelas novas opções de bilhética, com<br />

condições diferenciadas: o General Ticket (1 ou 2 dias), que<br />

incluiu acesso ao evento, à app e perfil dos participantes,<br />

coffee-breaks, almoços e participação no Gamification<br />

Awards; o Gold Ticket (2 dias), que abrangeu ainda<br />

o acesso aos almoços reservados, receção e jantar de lançamento<br />

do congresso com oradores e convidados, prioridade<br />

no check-in no registo, badge VIP e acesso a uma<br />

zona de lugares reservados no auditório; e o Leader Ticket<br />

(2 dias) que, além das vantagens anteriores, permitia o<br />

acesso ao Premium Lounge e a um Executive Breakfast<br />

especial, que decorreu a 15 de maio, com um dos oradores<br />

internacionais de relevo, Siim Sikkut.<br />

Destaque para o facto de todos os associados da APDC<br />

terem acesso gratuito ao General Ticket. Foi também realizada<br />

uma campanha TECH 4 WOMAN no Dia da Mulher,<br />

através da qual foram oferecidos um total de 182 inscrições<br />

presenciais.•


96 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

LOUNGE, TEN<strong>DA</strong> EXTERIOR<br />

E TECH GARDEN<br />

O Premium Lounge, uma zona lounge reservada<br />

a oradores, convidados e detentores<br />

do bilhete Leader, powered by Capgemini,<br />

permitiu disponibilizar um espaço para networking<br />

e/ou trabalho, confortável e com<br />

coffee-station permanente. Foi ainda disponibilizada<br />

uma zona lounge, com os mesmos<br />

objetivos, para todos os participantes<br />

do congresso.<br />

Uma das novidades foi a montagem de uma<br />

tenda no exterior do espaço, onde se realizou<br />

o jantar de lançamento do congresso,<br />

a 13 de maio, que contou com a participação<br />

de 68 convidados. Estes tiveram ainda a<br />

oportunidade de visitar, em antecipação, o<br />

auditório e alguns dos espaços de apoio do<br />

congresso.<br />

Na tenda, decorreram ainda os almoços reservados<br />

do congresso, patrocinados pela<br />

NTT Data no 1º dia, e pela Experis no 2º dia,<br />

e um executive-breakfast, realizado na manhã<br />

do dia 15 de maio, que contou com a


participação de Siim Sikkut. O orador convidado<br />

participou em formato remoto, num<br />

evento que decorreu de forma informal.<br />

Já na zona do tech garden foram apresentados<br />

vários projetos e iniciativas. Como vários<br />

projetos nacionais no âmbito dos World<br />

Summit Awards - Multicare Vitality Program,<br />

Programa <strong>DIGITAL</strong>L, da Fundação Vodafone,<br />

ETHIACK, DEEPNEUROTIC e IDE SO-<br />

CIALHUB. Marcaram ainda presença dois<br />

projetos do Prémio Cidades e Territórios do<br />

Futuro: o KIOSK GUERIN e o Centro de Gestão<br />

e Inteligência de Lisboa, da CML.<br />

No espaço presencial do <strong>33º</strong> Congresso da<br />

APDC foi ainda possível ver as ofertas da<br />

PIENSA AUDIOVISUAL, Avanade, RTP, Minsait,<br />

MEO e Delta Cafés, que apostaram em<br />

espaços próprios, num ambiente multifacetado<br />

onde também foram servidos os almoços<br />

buffet aos participantes.•


98 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

LIVE TALKS DEBATEM TEMAS<br />

MARCANTES<br />

A aposta nas live talks, conversas curtas entre executivos<br />

de tecnologia para refletir e trocar ideias sobre<br />

os grandes temas que marcam o setor, mantiveramse<br />

como uma aposta diferenciadora. Este formato de<br />

iniciativas, exclusivo para os patrocinadores anuais<br />

da APDC, contou com a presença dos líderes das<br />

mais relevantes empresas tecnológicas nacionais,<br />

que aceitaram o desafio e convidaram clientes. Estas<br />

conversas estão já disponíveis num ciclo de Dot Topics<br />

Especial Congresso, disponível no canal APDC no<br />

YouTube e Spotify.<br />

No total, foram gravados 15 episódios no primeiro<br />

dia do congresso, num espaço criado especialmente<br />

para o efeito. Assim:<br />

• A Nokia convidou a NOS para falar sobre “Integração<br />

com 5G via APIs”;<br />

• A DXC falou com a Galp sobre “The Innovation Engine:<br />

Powering Business Growth”;<br />

• Já a Kyndryl debateu com a VAWLT o tema “Let´s<br />

establish the right partnerships for 360 degrees<br />

Data Strategy”;<br />

• A Vodafone esteve com a Celfocus com o tema “Vodafone<br />

Analytics: Big Data ao serviço do negócio”;<br />

• A Vantage Towers convidou a Visabeira para debater<br />

“A cadeia de valor que as TowerCos colocam ao serviço<br />

da conectividade”;<br />

• Por sua vez, a Glintt Next analisou com o BIG “Os<br />

desafios de AI e GenAI na banca de investimento”;<br />

• A Capgemini e o SIRESP analisaram o “SIRESP Lab-Hub<br />

5G: Plataforma de Inovação para a Comunidade<br />

SIRESP”;<br />

• Inetum e IP Telecom debateram “O novo normal da<br />

gestão de serviços de TI”;<br />

• Enquanto a Minsait trouxe a Vista Alegre para traçar<br />

a perspetiva da “Vista Alegre: 200 anos a conciliar a<br />

inovação com a tradição”.<br />

• A .PT juntou-se à FCT para discutir “O Futuro da<br />

Internet”;<br />

• Por sua vez, a Salesforce convidou a Unbabel para<br />

falar sobre “A importância dos Ecossistemas de<br />

Confiança na era da Inteligência Artificial”;<br />

• A NTT <strong>DA</strong>TA debateu o tema da “Inteligência artificial<br />

- Como podem as organizações acelerar a adoção<br />

de GenAI?”;<br />

• Deloitte e NOS analisaram “Quais os impactos da IA<br />

Generativa no setor Telco?”;<br />

• E a MEO falou sobre “Uma rede 5G para a sua<br />

empresa”;<br />

• E a Ericsson convidou a AGIF.<br />

• A Accenture esteve com a Altice a analisar “A Inteligência<br />

Artificial na reinvenção dos Operadores de<br />

Telecomunicações”;<br />

Esta <strong>33º</strong> edição do Congresso da APDC teve como<br />

Premium Sponsors a Axians, Cellnex, FastFiber, MEO,<br />

NOS, Vantage Towers e Vodafone. A .PT e AgentifAI<br />

foram extra sponsors. Já a Avanade, Capgemini, Experis,<br />

Minsait, NTT Data e Piensa Audiovisual foram<br />

sponsors da iniciativa, que contou ainda com a RTP<br />

como media partner e a Delta Cafés como partner. •


PROGRAMA DE TV<br />

COM MÚLTIPLAS<br />

OPORTUNI<strong>DA</strong>DES<br />

Mais de 10,6 mil participantes acederam ao<br />

congresso através da plataforma do evento<br />

– web e mobile app – do canal YouTube da<br />

APDC e do Sapo Tek. Graças à parceria com<br />

a RTP, voltou a decorrer em formato de programa<br />

de televisão, contando com os jornalistas<br />

João Adelino Faria e Carolina Freitas,<br />

ambos da estação pública de tv, como hosts.<br />

O que permitiu que o congresso decorresse<br />

com uma dinâmica sempre renovada.<br />

A APDC voltou a disponibilizar a aplicação<br />

do congresso, para iOS e Android, a todos<br />

os participantes já registados. Garantindose<br />

desta forma o acesso ao vasto conjunto<br />

de funcionalidades que tem vindo a disponibilizar,<br />

como: programa e oradores, com a<br />

possibilidade de pesquisar e filtrar; avaliação<br />

das sessões; transmissão em direto do evento;<br />

acesso aos patrocinadores e expositores;<br />

agenda pessoal personalizável; materiais<br />

para download; pesquisa; e páginas de informação<br />

com muitos conteúdos.<br />

A iniciativa de gamificação também voltou<br />

a ser uma aposta, premiando-se os participantes<br />

mais ativos na app. E as interações<br />

multiplicaram-se, assim como a adesão das<br />

empresas, que atribuíram múltiplos prémios:<br />

Dell Technologies; Experis; Knower;<br />

Lisbon Digital School; Winprovit; Kyndryl;<br />

Izertis; Minsait; Capgemini; LISPOLIS;<br />

Ethiack; E-goi; Fundação Portuguesa das<br />

Comunicações.•<br />

IMPULSO IA: formação à medida<br />

para preparar nova era<br />

É um programa inovador de literacia em IA destinado<br />

a dar aos profissionais dos diversos setores as competências<br />

necessárias para compreender e utilizar eficazmente<br />

as ferramentas de IA no local de trabalho. Chama-se<br />

IMPULSO IA e foi lançado no <strong>33º</strong> Digital Business<br />

Congress, numa parceria da APDC com a Google, sendo<br />

anunciado pelo presidente da associação, Rogério<br />

Carapuça, e pela senior director of Public Policy & Government<br />

Relations for South Europe da Google, Giorgia<br />

Abeltino.<br />

A meta desta nova iniciativa é capacitar pelo menos<br />

mil pessoas, disponibilizando uma oportunidade única<br />

para adquirir competências fundamentais em IA, que<br />

permitirão aos participantes automatizar tarefas e concentrar-se<br />

em aspetos estratégicos e criativos do seu<br />

trabalho.<br />

O programa é composto por oito cursos que abordam<br />

uma ampla gama de tópicos essenciais: Marketing<br />

Strategy and AI; Engaging Audiences with Short-Form<br />

Video; Introduction to the Cloud; Leadership for the Digital<br />

Age; Understand Machine Learning Recording;<br />

Decision Making with Data; Telling Stories with Data Visualization;<br />

e Boost Your Productivity Recording.<br />

Destinado a estudantes, funcionários públicos e profissionais<br />

que tomam decisões, como gestores de marketing,<br />

representantes de vendas e analistas, o programa<br />

é acessível a todos, independentemente da experiência<br />

prévia em IA. O arranque está previsto ainda para o<br />

mês de junho, decorrendo até março de 2025. Abrange<br />

cerca de dez sessões de formação ministradas por formadores<br />

especializados. Com duração média de duas<br />

horas por curso, as sessões serão preferencialmente<br />

presenciais, mas também poderão ser disponibilizadas<br />

em formato híbrido. Quem participar presencialmente<br />

receberá um certificado de participação.<br />

O processo de inscrição será online, através de um formulário<br />

já disponível no site da APDC.•<br />

https://www.apdc.pt/iniciativas/impulso-ia/


100 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Inovação tecnológica<br />

ao serviço das cidades<br />

e territórios<br />

Já são conhecidos os vencedores da 3ª<br />

Edição do Prémio Cidades & Territórios do<br />

Futuro. A Award Ceremony realizou-se no<br />

âmbito do <strong>33º</strong> Digital Business Congress,<br />

onde foram distinguidos vários projetos<br />

pioneiros, assentes em soluções tecnológicas,<br />

nas sete categorias a concurso. Todos<br />

contribuem para assegurar a transformação<br />

das cidades e dos territórios em espaços<br />

mais habitáveis, sustentáveis e economicamente<br />

viáveis.<br />

<strong>À</strong> semelhança das edições anteriores, o júri<br />

de seleção dos projetos foi constituído por<br />

personalidades relevantes e especialistas<br />

da área das cidades, tecnologia e sustentabilidade.<br />

Entre eles, estiveram: Elsa Belo,<br />

Diretora do LabX - Inovação na Administração<br />

Pública; Vitor Crespo, da HealthTech<br />

Lisboa; e Ana Pedro, coordenadora do<br />

C2Ti - Centro de Competência em Tecnologias<br />

e Inovação, do Instituto de Educação<br />

da Universidade de Lisboa. Juntaram-se às<br />

40 personalidades que integraram o júri,<br />

como o médico Ricardo Mexia, a ex-eurodeputada<br />

Maria Manuel Leitão Marques<br />

ou a presidente da INCM, Dora Moita.<br />

Os vencedores da edição de 2024 do Prémio<br />

Cidades e Territórios do Futuro são:<br />

Categoria ‘Saúde e Bem-estar’<br />

KIN<strong>DO</strong>LOGY – BE KIND TO ALL KINDS – O projeto<br />

nasceu em maio de 2023 e junta psicólogos,<br />

terapeutas, pessoas inspiradoras e empresas na<br />

missão de tornar a saúde mental acessível a todos.<br />

Através de uma plataforma online, qualquer<br />

pessoa pode pedir ajuda em termos de cuidados<br />

de saúde mental. Assenta num modelo “Robin<br />

Hood”, onde quem pode pagar uma consulta<br />

ou adquirir produtos de merchandising ajuda<br />

a financiar as consultas de quem não dispõe de<br />

meios financeiros.<br />

Promotor: Kindology


Categoria ‘Igualdade e Inclusão’<br />

CARTA SOCIAL DE CASCAIS - É uma plataforma digital interativa de informação<br />

ao cidadão sobre equipamentos e respostas sociais da rede pública, solidária<br />

e privada lucrativa no concelho de Cascais. Funciona ainda como diagnóstico<br />

dos recursos sociais e de suporte à tomada de decisão política no planeamento<br />

da rede de equipamentos e serviços sociais no município. Destina-se a cidadãos<br />

que procuram uma resposta social para a sua vida pessoal e familiar e a dirigentes<br />

e colaboradores de organizações prestadoras de serviços sociais, profissionais<br />

da economia social, investigadores, académicos e consultores, dirigentes e<br />

profissionais da AP, políticos e decisores que procurem informação de suporte à<br />

sua atuação e/ou tomada de decisão.<br />

Promotor: Câmara Municipal de Cascais (promotor da iniciativa) e Quidgest (fornecedor<br />

tecnológico)<br />

MENÇÃO HONROSA: Academia Digital para Pais – É uma iniciativa da E-REDES<br />

e da Direção-Geral da Educação (DGE) para dar formação digital a pais e encarregados<br />

de educação. Oferece cursos gratuitos sobre diversos temas relevantes<br />

para a era digital e está disponível em todas as escolas, sendo as formações presenciais<br />

ou online. Os cursos são gratuitos e ministrados por formadores especializados,<br />

podendo os pais escolher os que mais lhes interessam. O objetivo é<br />

capacitar os pais para apoiarem os filhos nas suas atividades digitais; promover<br />

a utilização segura e responsável da internet; sensibilizar para a gestão sustentável<br />

dos recursos e preparar os pais para os desafios da era digital.<br />

Promotor: E-REDES e Direção-Geral da Educação


102 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Categoria ‘Mobilidade<br />

e Logística’<br />

APP E PLATAFORMA EVIO – Trata-se de uma plataforma<br />

para o ecossistema de carregamento de veículos elétricos<br />

(VEs), abrangendo utilizadores, gestores de frotas e<br />

operadores de infraestrutura. Oferece acesso a postos de<br />

carregamento em Portugal e internacionais, proporcionando<br />

uma experiência integrada aos utilizadores. Utiliza<br />

tecnologias avançadas para superar os desafios na expansão<br />

das infraestruturas de carregamento, diferenciandose<br />

pelos serviços inovadores e agnosticismo em hardware.<br />

A EVIO foi reconhecida pelo seu potencial disruptivo,<br />

abrangendo a sua oferta a gestão inteligente de carregamentos,<br />

frotas e integração de energias renováveis, destacando-se<br />

como líder em soluções para a mobilidade<br />

sustentável.<br />

Promotor: EVIO - Electrical Mobility<br />

MENÇÃO HONROSA: Automatizar o Mapeamento de<br />

Acessibilidades Urbanas com IA – O objetivo deste projeto<br />

é desenvolver uma plataforma de inteligência artificial<br />

(IA) para automatizar a deteção de características de acessibilidade<br />

nos espaços urbanos, especialmente focada no<br />

atravessamento da faixa de rodagem entre passeios e na<br />

presença de obstáculos que nele interfiram. Permitirá<br />

uma maior eficiência na deteção de problemas de acessibilidade,<br />

assim como a possibilidade de análise de grandes<br />

áreas urbanas e a disponibilização de informação de<br />

forma automática e gratuita.<br />

Promotor: Fundação Fernando Pessoa | Universidade<br />

Fernando Pessoa<br />

Categoria ‘Qualificações’<br />

MAPA DE EMPREGO DE LISBOA - É uma ferramenta interativa<br />

que resulta das mais recentes tecnologias de IA<br />

e big data, que analisa e disponibiliza (em tempo real)<br />

ofertas de emprego no concelho. Apresenta ainda as profissões<br />

com mais ofertas de emprego e as competências<br />

mais procuradas por profissão e por região, bem como as<br />

formações existentes para as profissões e a sua evolução<br />

no tempo.<br />

Promotor: Câmara Municipal de Lisboa | Direção Municipal<br />

de Economia e Inovação, Iniciativa Future of Work e<br />

Associação Better Future<br />

Patrocinada pela<br />

EXPERIS<br />

Categoria ‘Sustentabilidade,<br />

Economia Circular<br />

e Descarbonização’<br />

AZORES SMART ISLANDS - É um projeto abrangente<br />

e inovador, destacando-se como um dos<br />

principais projetos de smart tourism na Europa.<br />

Proporciona aos utilizadores o acesso a uma vasta<br />

gama de percursos turísticos e pontos de interesse<br />

nas nove ilhas e 19 municípios dos Açores.<br />

A rede de conteúdos é desenvolvida localmente<br />

pelas autarquias e associações de desenvolvimento<br />

local, garantindo informações precisas<br />

e relevantes. A inclusão de traduções em quatro<br />

idiomas e audioguias facilita a experiência dos<br />

turistas. Trata-se de um exemplo de como a tecnologia<br />

pode ser utilizada de forma inovadora<br />

para promover o turismo sustentável, preservar o<br />

património cultural e natural e melhorar a experiência<br />

do turista.<br />

Promotor: Mobinteg - Soluções Empresariais de<br />

Mobilidade.<br />

Patrocinada pela<br />

GALP


Categoria ‘Relacionamento<br />

com o Cidadão e<br />

Participação’<br />

AN<strong>DA</strong> CONHECER PORTUGAL – É um programa<br />

que resultou de uma parceria entre<br />

a Movijovem e a CP. Visa dar aos jovens que<br />

terminaram o 12º ano a oportunidade de conhecer<br />

a diversidade cultural e o património<br />

histórico e natural do país, enriquecendo as<br />

suas experiências de viagem e lazer. Os jovens<br />

podem viajar durante sete dias com<br />

viagens de comboio ilimitadas e dormir seis<br />

noites na rede de Pousadas de Juventude<br />

(com um mínimo de 2 noites por pousada),<br />

de forma gratuita. Garante-se a mitigação<br />

das barreiras socioeconómicas, promove-se<br />

a mobilidade, o turismo juvenil e a coesão<br />

territorial.<br />

Promotor: Movijovem e CP<br />

Categoria ‘Desenvolvimento<br />

Económico’<br />

GRANTER.AI – É uma plataforma que utiliza IA para<br />

tornar mais fácil às PME o acesso a fundos comunitários,<br />

como o PT2030. Tem como missão a democratização<br />

do acesso ao financiamento e promoção<br />

da inovação em Portugal e no mundo. A tecnologia<br />

foi desenvolvida para reduzir a burocracia e os custos<br />

associados à consultoria convencional, simplificando<br />

o processo de preparação e submissão de candidaturas<br />

para financiamento. A plataforma foi lançada<br />

em setembro de 2023 e está disponível para registo<br />

e uso gratuitos. Com 60 oportunidades em aberto,<br />

mais de 300 empresas já se candidataram a financiamentos,<br />

totalizando 4,6 milhões de euros em apoios<br />

financeiros.<br />

Promotor: Granter.ai<br />

MENÇÃO HONROSA: Academia Próxima<br />

Geração – O projeto procura revitalizar a<br />

democracia em Portugal, desenvolvendo e<br />

aumentando a participação cívica dos jovens,<br />

capacitando-os para a ação. Aborda o<br />

problema de jovens interessados, mas sem<br />

capacidade de agir, demonstrando que os<br />

jovens portugueses estão distantes das formas<br />

tradicionais de participação cívica.<br />

Promotores: ADPG - Associação para o desenvolvimento<br />

da Próxima Geração.<br />

Patrocinada pela<br />

INCM<br />

https://premiocidades-apdc.pt/<br />

Patrocinada pela<br />

E-Redes


104 <strong>33º</strong> Digital Business Congress<br />

Talento jovem reconhecido pela 4ª vez<br />

Foram anunciados no <strong>33º</strong> Digital Business Congress os vencedores<br />

da 4ª edição do Prémio Best Thesis Award. Esta iniciativa<br />

da APDC visa distinguir as melhores dissertações de mestrado<br />

dos jovens universitários em três áreas distintas: tecnologias<br />

de informação, telecomunicações e media. É desenvolvida em<br />

parceria com o consórcio de escolas de engenharia e com as<br />

academias participantes no Programa UPskill. Conta com o<br />

patrocínio da Axians Portugal.<br />

As candidaturas ao Best Thesis Award são reservadas aos alunos<br />

que tenham concluído um dos mestrados listados, numa<br />

das escolas do CEE ou numa das academias aderentes ao Programa<br />

UPskil, que abranjam o ano letivo de 2022/2023. De<br />

acordo com o regulamento do BTA, os critérios para a avaliação<br />

dos vencedores incluíram a originalidade e caráter inovador<br />

(50%) e o impacto social (aplicação e utilidade social - 50%).<br />

As candidaturas foram analisadas por um júri presidido por<br />

um representante da APDC, composto por um número variável<br />

de personalidades de reconhecido mérito no domínio das<br />

áreas do concurso.<br />

Nesta edição, foram vencedores:<br />

www.apdc.pt/iniciativas/agenda-apdc/premio-best-thesis-award-2024<br />

• TI | Sérgio Oliveira, com a dissertação<br />

“Virtual Reality Serious Game for Stroke<br />

Rehabilitation at Home” | Mestrado em<br />

Desenvolvimento de Jogos Digitais da Universidade<br />

de Aveiro;<br />

• Telecomunicações | Inês de Brito Pereira,<br />

com a dissertação “Algorithms for physical<br />

layer authentication” | Mestrado Integrado<br />

em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores<br />

da Faculdade de Ciências e Tecnologia<br />

da Universidade Nova de Lisboa;<br />

• Media | Laura Ribeiro de Abreu Pais, com<br />

a dissertação “Graphic Ground - Sistema<br />

modular generativo de materiais de comunicação<br />

visual” | Mestrado em Design<br />

e Multimédia da Faculdade de Ciências e<br />

Tecnologia da Universidade de Coimbra.<br />

REVEJA LOOK & FEEL <strong>DO</strong>S <strong>DO</strong>IS DIAS <strong>DO</strong> <strong>CONGRESS</strong>O<br />

14 MAIO https://youtu.be/hATFE7X0hdo?si=I0YnOEW-IBxIqqcc<br />

15 MAIO https://youtu.be/zH-oCvYUEDg?si=xTMCZJlOYKZEe6IF<br />

FOTOGRAFIAS https://www.flickr.com/photos/apdc/


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portugal digital<br />

ESNA ,<br />

EMPREENDER<br />

COM ESCALA<br />

Há ideias tão boas, que depressa se<br />

tornam bens preciosos. Projetos cuja<br />

defesa é um desígnio. A ESNA, acrónimo<br />

de Europe Startup Nations Alliance é<br />

uma delas. Proposta por portugueses e<br />

nutrida em Portugal, a aliança que nasceu<br />

para projetar a Europa no panorama do<br />

empreendedorismo já tem resultados para<br />

mostrar.<br />

TEXTO DE TERESA RIBEIRO FOTOS VICTOR GOR<strong>DO</strong>/SYNCVIEW E iSTOCK<br />

106


107


portugal digital<br />

108<br />

Depois de ter sido apresentada ao mundo em<br />

novembro de 2021, durante a Web Summit, a<br />

ESNA fez trabalho de formiga. Começou a funcionar<br />

em pleno há um ano, quando foi nomeado<br />

o seu Conselho de Administração, mas os dados que<br />

previamente recolhera permitiram-lhe apresentar um<br />

relatório preliminar, que funcionou como amostra daquilo<br />

que é o seu principal instrumento, o Startup Nations<br />

Standard Report. Já no início deste ano lançou o<br />

seu primeiro standard report, elaborado com base na observação<br />

e monitorização do ecossistema de empreendedorismo<br />

dos países que representa. Coadjuvado por<br />

uma equipa composta por 14 pessoas, Arthur Jordão, o<br />

director executivo da ESNA, deu prioridade à elaboração<br />

deste índice destinado a medir resultados e afinar<br />

estratégias. Foi construído a partir de uma avaliação<br />

que é feita em torno de oito padrões, considerados<br />

fundamentais para a alavancagem do ecossistema empreendedor:<br />

acelerar e simplificar a criação de startups;<br />

atrair e reter talentos; stock options; inovar na regulamentação;<br />

facilitar a aquisição de inovação; facilitar o<br />

acesso ao financiamento; inclusão social, diversidade e<br />

proteção dos valores democráticos; e digital primeiro.<br />

Tinha decorrido tempo suficiente para perceber<br />

qual o impacto da adoção de políticas públicas focadas<br />

nestes oito itens e essa circunstância deu a estes resultados<br />

um agradável sabor a realidade, que deixa Arthur<br />

Jordão muito satisfeito: “Alguns países já olham para<br />

os nossos índices e adotam-nos como chave para o desenho<br />

das suas estratégias, outros entendem que têm<br />

outras prioridades. E o resultado muito tangível disso é<br />

que o Startup Nations Standard Report, que lançámos<br />

no início deste ano, mostra que Malta – um país que<br />

aposta cada vez mais forte no seu ecossistema de startups<br />

e usa como fonte, para desenhar algumas medidas<br />

e dar orientações estratégicas, o nosso report – está a<br />

alcançar excelentes resultados. No extremo oposto temos<br />

a Eslovénia, cujo ecossistema empreendedor teve<br />

uma performance abaixo das suas expetativas e que mediante<br />

o relatório da ESNA assumiu ter de fazer alguma<br />

coisa”. É o objetivo da ESNA: criar esta dinâmica e<br />

levar os diversos países a melhorar nestas diversas dimensões,<br />

por isso Arthur Jordão só tem motivos para<br />

sorrir.<br />

Quando esta aliança se constituiu, em 2021, começou<br />

com Portugal, Espanha e Áustria. Hoje tem 19<br />

países membros. O último a juntar-se foi a dinâmica<br />

Irlanda. Em conversações está neste momento um<br />

dos pesos-pesados da economia europeia: Itália. Esta<br />

progressiva adesão é a maior prova de reconhecimento<br />

que a ESNA poderia ter. Quanto ao peso que entretan-<br />

Orgulhosos com o que o reconhecimento que a ESNA já alcançou, André Azeve<br />

que os 19 países que aderiram até agora ao projeto que na<br />

to já alcançou, o seu diretor-executivo resume-o num<br />

número expressivo: “Os 19 países que aderiram a este<br />

projeto representam mais de 75% do PIB europeu”.<br />

Há muito que se discutia na Europa a necessidade<br />

de definir uma estratégia para o empreendedorismo<br />

capaz de concorrer de forma eficaz com mercados<br />

como o dos Estados Unidos. O problema estava identificado.<br />

Não havia falta de talento no velho continente,<br />

nem tão pouco de startups com potencial para escalar, o<br />

que existia era problemas que se resolveriam se o mercado<br />

europeu se organizasse numa frente comum. Esta<br />

consciência, que se foi formando, criou as condições<br />

para que a ESNA nascesse e fosse acolhida de forma tão<br />

expressiva.<br />

OPORTUNI<strong>DA</strong>DE DE OURO<br />

Estávamos no último trimestre de 2020 e a presidência<br />

portuguesa da União Europeia seria já no primeiro<br />

semestre de 2021. Era uma oportunidade de ouro para<br />

Portugal marcar pontos na agenda digital. Já há muito<br />

que se discutia, na UE, formas de enfrentar a concor-


do, membro do advisory board e Arthur Jordão, diretor executivo, adiantam<br />

sceu português, representam mais de 75% do PIB europeu<br />

rência dos Estados Unidos, da China, de Singapura, no<br />

âmbito do empreendedorismo. Havia a convicção de<br />

que seria importante criar standards que ajudassem a<br />

Europa a evoluir nesse mercado e essa discussão sobre<br />

quantos e quais estava em curso.<br />

Foi nesse final de 2020 que a ideia de criar uma<br />

estrutura que ajudasse a operacionalizar a estratégia<br />

europeia para o empreendedorismo ganhou forma.<br />

“Uma estrutura que se pudesse trazer para Lisboa, com<br />

o objetivo de começar a trabalhar nesses standards”,<br />

frisa André Azevedo, na altura secretário de Estado da<br />

Transição Digital.<br />

A proposta que Portugal apresentou quando assumiu<br />

a presidência da UE foi inovadora, “no sentido em<br />

que não foi só uma declaração política aspiracional,<br />

mas uma operação em concreto. Propusemo-nos criar<br />

uma aliança para executarmos tudo, assumir o compromisso<br />

de obter resultados tangíveis, institucionais<br />

e operacionais”, recorda o antigo governante e hoje<br />

membro do advisory board da ESNA.<br />

Em março, 26 membros da UE, a que se juntou a<br />

Islândia, assinaram uma declaração política na qual<br />

se comprometeram a criar a Europe Startup Nations<br />

Alliance - ESNA. Este consenso também escapou à<br />

norma: “É raro, nas presidências europeias conseguir<br />

esta mobilização coletiva”, salienta André Azevedo.<br />

Mas havia razões para que tal tivesse acontecido, como<br />

a consciência partilhada de que criar uma dinâmica<br />

à volta do empreendedorismo europeu – e uma marca<br />

europeia a ele associada – era uma decisão crítica<br />

para o novo ciclo que se queria abrir. Estava claro que<br />

a receita seguida até então não era boa e que mais inteligente<br />

seria federar vontades, criar essa aliança para<br />

enfim, ganhar escala e robustez: “A Europa é uma Europa<br />

de nações e portanto tem agendas nacionais, mas<br />

houve – e por isso é que toda a gente assinou a declaração<br />

– uma clara perceção de valor associada à ideia de<br />

definir os standards. Ou seja, de alinharmos todos por<br />

um diapasão comum, que permitia a cada país definir<br />

um conjunto de métricas de sucesso comuns a todos.<br />

E do cumprimento à escala nacional desses objetivos<br />

haveria um resultado – acreditamos nós, e está a acontecer<br />

– de um ganho maior, que é o de o ecossistema<br />

no seu conjunto estar muito mais homogéneo e começarmos<br />

a elevar os patamares de exigência em cada um<br />

dos países”, refere o ex-secretário de Estado.<br />

Arthur Jordão, que se encarregou da parte operacional<br />

da ESNA desde a primeira hora, estava ciente dos<br />

desafios que a montagem da nova estrutura implicava:<br />

“Para criar o serviço core da ESNA, o índice à volta dos<br />

oito padrões de alavancagem de startups, precisámos<br />

de desenvolver algo com base em indicadores comparáveis<br />

e harmonizados. Porque mais do que definir um<br />

conjunto de conceitos e dizer que estamos certos – não<br />

é isso que se pretende, porque estamos a falar de um<br />

ecossistema que é muito mutável – o importante foi<br />

conseguir, de forma independente, centralizar dados<br />

credíveis, harmonizados e comparáveis e pô-los à disposição<br />

de quem está a fazer política pública”.<br />

Para assegurar a independência da ESNA face aos<br />

ciclos políticos, pediu-se aos países membros para<br />

indicar uma entidade com peso no ecossistema empreendedor<br />

que os representasse em permanência. No<br />

caso português foi escolhida a Startup Portugal.<br />

O advisory board da nova estrutura europeia também<br />

não corresponde aos cânones. Apesar de ter matriz<br />

europeia, não se fechou em torno das estruturas<br />

comunitárias, nem se burocratizou. Desde o início<br />

esteve sempre presente a ideia de se constituir como<br />

uma estrutura aberta. Daí que no seu seio estejam representadas<br />

entidades tão diversas como incubadoras,<br />

unicórnios, venture capitalists, aceleradoras, academia,<br />

109


portugal digital<br />

110<br />

Nas calls que a Comissão Europeia tem lançado para o setor do<br />

empreendedorismo, “a ESNA é mencionada como entidade que tem de se<br />

consultar”, salienta Arthur Jordão<br />

founders e ex-governantes ligados ao digital, como André<br />

Azevedo, Carmen Artigas (ex-secretária de Estado<br />

espanhola) e Simon Zajc (membro de um anterior governo<br />

esloveno). São 26 ao todo e o que representam<br />

no seu conjunto é a voz do mercado.<br />

Outra originalidade na orgânica da ESNA é a figura<br />

do “presidence board”, que funciona de forma rotativa<br />

na mesma lógica da rotatividade do Conselho Europeu.<br />

O objetivo é assegurar sintonia total com a agenda<br />

das várias presidências. Arthur Jordão diz que resulta:<br />

“Desde a declaração política que foi assinada durante<br />

a presidência portuguesa em 2021, todas as outras tiveram<br />

um fio condutor com origem nesta primeira”.<br />

Exemplos? França, que assumiu a presidência a seguir,<br />

destacou dois dos oito standards do índice da ESNA e<br />

decretou: “Temos de desenvolver e aprofundar a nível<br />

político projectos que alavanquem estes<br />

dois fatores”. No caso tratava-se de “talento”<br />

e “acesso a financiamento a scaleups”.<br />

A ESNA foi incumbida de desenvolver uma<br />

plataforma de talento. O Fundo Europeu de<br />

Investimento ocupou-se do outro desafio.<br />

Em suma, a interação e cruzamento de<br />

competências em nome de um objetivo comum,<br />

que era o que faltava à Europa neste<br />

setor, está a acontecer.<br />

A MARCA CE<br />

É claro que o patrocínio político da CE tem<br />

muita importância nestas dinâmicas, assume<br />

André Azevedo: “Esse patrocínio ajuda à<br />

religação direta aos vários governos e à própria<br />

estrutura da CE. Dá à ESNA um mandato<br />

e legitimidade que permite, por exemplo,<br />

pedir informação que se fosse solicitada por<br />

uma associação de benfeitores ligada ao empreendedorismo<br />

não seria disponibilizada”.<br />

Este peso institucional que pode ser percecionado<br />

como burocratização ou excessiva<br />

institucionalização, na verdade trata-se, na<br />

opinião do ex-secretário de Estado, de um<br />

fator “absolutamente crítico para o sucesso<br />

do mandato da ESNA e estratégico para<br />

a Europa”.<br />

A ESNA, de facto, não funciona à margem<br />

da Comissão Europeia. De resto, é vista<br />

como uma extensão da equipa da CE que<br />

trabalha a área do empreendedorismo. Esta<br />

proximidade reflete o reconhecimento da<br />

importância do seu papel. Reconhecimento<br />

que se converte em financiamento.<br />

Nos fóruns anuais da ESNA, eventos<br />

onde se juntam diversos stakeholders para<br />

discutir as agendas nacionais e europeias, a<br />

CE está presente. A colaboração é constante:<br />

“Nas calls que a comissão tem lançado para este setor,<br />

a ESNA é mencionada como entidade que tem de<br />

se consultar”, exemplifica Arthur Jordão. Parceira incontornável<br />

para o empreendedorismo, a ESNA também<br />

co-realiza com a CE relatórios vários.<br />

André e Arthur estão cientes de que ainda existem<br />

países que não estão sensibilizados para a importância<br />

do empreendedorismo como fator de renovação e<br />

transformação do tecido empresarial para modelos de<br />

maior valor acrescentado. O papel da ESNA, afirmam<br />

os dois, também é este, o de demonstrar, através dos<br />

dados que disponibiliza numa plataforma comum,<br />

que empreendedorismo e inovação beneficiam cada<br />

uma das economias europeias e a Europa no seu todo.<br />

Antes não existia um documento como o Startup<br />

Nations Standard Report. O que havia era “estudos


esporádicos não estruturados”, informam.<br />

Só que o melhor ganho em qualquer política<br />

pública tem a ver com a continuidade da<br />

monitorização, sublinham. “Medir resultados,<br />

definir metas, monitorizar de forma<br />

objetiva, mas sobretudo a continuidade,<br />

era o que faltava. Até agora a evolução em<br />

cada país não era clara e o que se pretende<br />

é dar essa continuidade e essa estrutura nas<br />

oito dimensões que foram consensualizadas<br />

como estratégicas.<br />

O índice da ESNA não nasceu para estabelecer<br />

rankings. Até pode ser que alguém<br />

os faça, mas o objetivo é mostrar os dados<br />

recolhidos para que sejam olhados de forma<br />

crítica e inspirem políticas mais eficientes.<br />

É por isso que a fiabilidade dos seus dados<br />

tem a maior relevância. Mas sabe-se que<br />

há números disponibilizados que têm mais<br />

componentes de marketing político do que<br />

base científica. Daí que a ESNA esteja a investir<br />

numa equipa especializada em data.<br />

Para que a triagem que faz seja ainda mais<br />

rigorosa e os seus dados reflitam a realidade<br />

tal como ela é.<br />

“No momento em que esta informação<br />

tiver qualidade a toda a prova, a soma dos<br />

27 ecossistemas implicados na criação da<br />

ESNA vai dar a verdadeira escala do que é o<br />

mercado europeu do empreendedorismo.<br />

Do ponto de vista do marketing e comunicação<br />

do que é a Europa hoje, será um ativo<br />

muito grande”, comenta André Azevedo.<br />

FUTURO PORTUGUÊS?<br />

Não foi fácil dar à ESNA enquadramento<br />

jurídico. Até então não existia um modelo<br />

semelhante, que conciliasse o facto de ser<br />

uma entidade sob jurisdição portuguesa,<br />

mas com chancela europeia. E que ao mesmo tempo<br />

salvaguardasse questões do ponto de vista institucional<br />

que resultavam de um sistema de funcionamento<br />

que se pretendia diferente. Que previa, por exemplo,<br />

a articulação com as presidências rotativas da UE. Foi<br />

um trabalho difícil, mas fez-se, porque o incontestável<br />

valor da iniciativa portuguesa justificava esse desafio<br />

jurídico. Algum tempo depois, porém, a UE criou uma<br />

nova entidade jurídica, o European Digital Infrastructure<br />

Consorcio (EDIC). Nascida europeia, esta nova<br />

entidade tem mais facilidade de acesso a financiamento<br />

por parte da CE. Por isso a questão coloca-se: será<br />

mais interessante para a ESNA, que é uma associação<br />

privada sem fins lucrativos de direito português, tornar-se<br />

uma EDIC?<br />

Se tal acontecer, o que muda no essencial é a sua<br />

“Convém que a ESNA seja uma prioridade até de política externa, porque<br />

permite vender o país de uma forma completamente diferente”, adverte<br />

André Azevedo<br />

personalidade jurídica. Tornar-se-á, naturalmente,<br />

uma entidade mais institucional, mais europeia, mas<br />

tal como uma estrela do showbiz cuja carreira se internacionaliza,<br />

seria uma pena que se perdesse para o país<br />

que a lançou.<br />

André Azevedo e Arthur Jordão não disfarçam a<br />

preocupação: “Esta âncora institucional, operacional e<br />

diplomática que se conseguiu é absolutamente estratégica<br />

para Portugal. Convém que a ESNA seja uma prioridade<br />

até de política externa, porque permite vender<br />

o país de uma forma completamente diferente, associado<br />

a toda esta dinâmica do digital, de um país que<br />

se quer apresentar internacionalmente como mais do<br />

que um país de turismo”.<br />

Fica o recado.•<br />

111


112<br />

Carlota Guedes Figueiredo e Manuel Maria Correia querem escalar este concurso de modo a que possa chegar a todo o país,<br />

porque tem um óbvio impacto social, cativando crianças e jovens para as STEM e programação em particular


cidadania<br />

A TEORIA <strong>DA</strong> SEDUÇÃO<br />

Perguntem a uma criança que seja fã de videojogos como<br />

seria se conseguisse programar sozinha um jogo e depois<br />

levá-lo a um concurso nacional, de onde até pudesse sair<br />

vencedora. A resposta seria, certamente, algo parecido<br />

com: “Seria muita fixe!”<br />

TEXTO DE TERESA RIBEIRO FOTO CEDI<strong>DA</strong>S<br />

Foi qualquer coisa próxima disto que imaginou<br />

a equipa responsável pela criação do DXC Code<br />

Challenge, um concurso de programação em<br />

tecnologias Scratch e MakeCode Arcade. A ideia<br />

partiu da equipa da DXC Technology Espanha, mas<br />

logo Portugal foi desafiado a participar, quando o evento<br />

se materializou: “Foi em 2020, a primeira edição do<br />

concurso, isto é, em plena pandemia”, recorda Manuel<br />

Maria Correia, general manager da DXC Portugal.<br />

As circunstâncias obrigaram a que todo o processo<br />

fosse remoto. “E como se tratava da primeira edição do<br />

concurso, foi decidido que a estreia se faria só com a<br />

prata da casa, ou seja, com os filhos dos colaboradores”,<br />

acrescenta Carlota Guedes Figueiredo, Portugal<br />

Marketing & Communication director. Como teste,<br />

asseveram ambos, não podia ter corrido melhor. De<br />

tal forma que perceberam que o concurso podia muito<br />

bem ser o programa estrela da empresa.<br />

De então para cá o DXC Code Challenge tem crescido<br />

em número de participantes e em regiões do país.<br />

Começaram por desafiar crianças e jovens entre os 10<br />

e os 15 anos, mas na edição deste ano experimentaram<br />

baixar a idade mínima dos concorrentes para sete anos<br />

e foi um sucesso: “Esta faixa etária foi a que participou<br />

em maior número, o que prova que havia aqui uma<br />

lacuna a preencher”, sublinha, com entusiasmo, Manuel<br />

Maria Correia.<br />

Desde o início, a equipa da DXC Technology percebeu<br />

que só com o apoio das escolas o concurso podia<br />

escalar, por isso tratou de fazer essa aproximação. Hoje<br />

já tem muitas escolas a aderir regularmente ao evento,<br />

mas quer mais: “Queremos ter o país todo representado,<br />

por isso vamos precisar da colaboração de diversas<br />

entidades para alcançar a meta. Este é, agora, o nosso<br />

desígnio”, garantem Manuel Maria e Carlota.<br />

O DXC Code Challenge tem um duplo objetivo:<br />

levar o conhecimento da marca aos mais jovens, mas<br />

também seduzi-los, de uma forma muito lúdica, para<br />

a programação, desmistificando os preconceitos que<br />

ainda existem em torno das STEM e em particular da<br />

informática.<br />

Desta forma, a estratégia de negócio e responsabilidade<br />

social misturam-se, conseguindo o pleno. Segundo<br />

Manuel Maria e Carlota é entusiasmante assistir à<br />

forma como o seu público-alvo reage aos desafios do<br />

concurso. Este ano, pela primeira vez, realizou-se uma<br />

entrega de prémios ao vivo. “Foi incrível ver as crianças<br />

entrar nas instalações da empresa. Uma delas, dissenos:<br />

‘Obrigada por deixarem concretizar os nossos sonhos’”,<br />

partilham derretidos.<br />

O concurso tem sido tão apaixonante para a equipa<br />

da tecnológica que é tratado quase em regime de voluntariado,<br />

muitas vezes fora do horário de trabalho.<br />

Não é só o entusiasmo das crianças que a inspira. Os<br />

professores que aderiram também contribuem, elogiando<br />

a iniciativa e considerando-a um importante<br />

instrumento de sedução para as STEM.<br />

Falta dizer que o DXC Code Challenge tem uma<br />

abrangência muito grande, uma vez que os concorrentes<br />

podem participar nele individualmente ou através<br />

da escola. Em termos práticos, isto quer dizer que para<br />

entrar no concurso basta ter acesso a um computador<br />

e vontade de criar um jogo.<br />

Este ano a DXC Technology chegou ao número máximo<br />

de crianças a que podia só com os seus próprios<br />

meios. Está na altura de partilhar o “ouro” com o sistema<br />

educativo, ainda mais agora, quando se decidiu<br />

que em edições futuras do concurso os temas vão ter<br />

uma vertente marcadamente pedagógica e social. O da<br />

próxima edição, por exemplo, é “desperdício alimentar”.<br />

Fica dado o alerta ao meio educativo.•<br />

113


ultimas<br />

OS MAIS RÁPI<strong>DO</strong>S E INTELIGENTES DE SEMPRE<br />

PROMETEM ajudar os utilizadores a fazer mais no seu dia a dia, como criar um projeto criativo, começar<br />

um negócio e muito mais. Apresentam-se como os equipamentos Windows mais rápidos e inteligentes do<br />

mercado. Os novos Copilot+ PC da Microsoft Surface, o Surface Laptop e o Surface Pro, já estão disponíveis,<br />

com duas ofertas em exclusivo para o mercado português. A marca garante que há três motivos que<br />

tornam os novos Copilot+ PC da Microsoft Surface particularmente incríveis: foram desenvolvidos para<br />

o trabalho e entretenimento diário, disponibilizam experiências exclusivas de IA para potenciar a criatividade<br />

e a produtividade e desbloqueiam novos níveis de flexibilidade, particularmente o novo Surface Pro<br />

Flex Keyboard. A aplicação Copilot está apenas a um clique de distância com uma tecla dedicada, naquela<br />

que é uma das novidades nos teclados Windows 11 nos Copilot+ PC.•<br />

114<br />

REVOLUCIONAR FUTURO <strong>DA</strong> CONETIVI<strong>DA</strong>DE<br />

A TECNOLOGIA Wi-Fi 7 já está disponível no mercado nacional, pelas mãos da MEO, da Altice<br />

Portugal. Esta oferta vem revolucionar o futuro da conectividade, sendo a primeira do país e<br />

uma das primeiras ao nível mundial. O operador tem em curso um projeto-piloto, que antecede<br />

o lançamento comercial do novo router Fiber X7. Vem introduzir um conjunto significativo<br />

de inovações face às gerações anteriores, melhorando toda a experiência de internet sem<br />

fios dos utilizadores. Proporciona maior velocidade de ligação a cada equipamento terminal;<br />

maior número de terminais ligados em simultâneo; redução expressiva da latência, permitindo<br />

melhor performance nas aplicações de realidade virtual e aumentada; maior fiabilidade e<br />

estabilidade; mais segurança; e menor consumo de energia. O projeto foi desenvolvido pela<br />

Altice Labs e 100% desenhado em Portugal, visando uma utilização sem fios intensiva de<br />

tecnologias imersivas, vídeo 8K em tempo real e aplicações de cloud computing. Integrado no<br />

ecossistema MEO Smart WiFi, e com um design inovador, o novo router Fiber X7 será capaz de<br />

entregar por Wi-Fi o máximo de velocidade que a tecnologia XGS-PON suporta.•


Impossível ter boa net<br />

na sua empresa?<br />

Não há impossíveis<br />

para NOS<br />

Adira ao Wi-Fi Pro e experimente<br />

uma net instalada por profissionais<br />

€20/mês com 36 meses de fidelização e €25/mês com 24 meses de fidelização. Valores sem IVA.<br />

Saiba mais numa loja NOS ou em nos.pt/empresas


ultimas<br />

DEMOCRATIZAR ACESSO AO DESIGN PARA IMPRESSÃO<br />

HÁ <strong>UM</strong>A NOVA colaboração inovadora para fornecer serviços e experiências únicas de design para<br />

impressão. Resultou de uma parceria da HP com o Canva, que vai permitir o acesso ao universo dos<br />

185 milhões de utilizadores mensais da única plataforma de comunicação visual all-in-one do mundo.<br />

Pretende-se fornecer uma experiência de impressão acessível,<br />

escalável e sustentável a uma maior base de clientes,<br />

com opções de impressão localizadas. E beneficiar tanto<br />

os fornecedores de serviços de impressão da HP como a<br />

comunidade Canva, permitindo que qualquer pessoa que<br />

crie conteúdos visuais na plataforma Canva desenhe e imprima<br />

sem problemas num sistema totalmente integrado.<br />

Este acordo plurianual permitirá aos utilizadores do Canva<br />

desenhar qualquer coisa e imprimir em qualquer lugar<br />

sem comprometer a qualidade e a autenticidade. O software<br />

de automatização líder de mercado da HP, o HP PrintOS<br />

Site Flow, ajudará o Canva a alargar o seu alcance através<br />

da automatização dos processos de produção e expedição<br />

para fornecedores de serviços de impressão.•<br />

PREPARAR FUTURO <strong>DA</strong>S SMART HOME<br />

A NOS acaba de assinar os primeiros contratos para a implementação das NOS Smart Home em Lisboa e no<br />

Porto. Com um total de 65 casas inteligentes e conectadas, as primeiras das quais deverão ser lançadas para<br />

comercialização até ao verão, o operador promete transformar o quotidiano dos novos moradores. As habitações<br />

são projetadas para redefinir o conceito de viver bem, unindo tecnologia de ponta e sustentabilidade.<br />

Cada casa será equipada com soluções inteligentes que simplificam as tarefas diárias e promovem uma utilização<br />

eficiente do consumo energético. A modularidade e flexibilidade permitem uma adaptação a projetos<br />

de diferentes escalas e exigências, oferecendo conforto, eficiência e sustentabilidade. Em Lisboa, o bairro da<br />

Estrela será o cenário das primeiras<br />

NOS Smart Home no empreendimento<br />

Vila do Tijolo. No Porto,<br />

o projeto Asprela Living Lofts, na<br />

freguesia de Paranhos, oferecerá<br />

30 apartamentos T0, localizados<br />

próximo ao polo universitário e<br />

destinados a universitários, pósdoutorados<br />

e jovens profissionais<br />

que procuram uma vida prática e<br />

confortável. Lançada oficialmente<br />

em novembro de 2023 e direcionada<br />

para promotores imobiliários, a<br />

NOS Smart Home visa transformar<br />

a experiência de viver numa casa<br />

inteligente.•<br />

116


ultimas<br />

<strong>UM</strong>A ASSISTENTE VIRTUAL SUPER-INTELIGENTE<br />

Chama-se Hoopie e é uma assistente virtual para engenheiros de rede desenvolvida pela Deloitte, com base<br />

na inteligência artificial generativa. Promete reduzir drasticamente o tempo de execução de tarefas complexas,<br />

ao tornar possível executar comandos na rede móvel de forma automatizada, com base em linguagem<br />

natural, recorrendo a um novo conceito de ‘Intent Based Work Order’. A solução, testada de forma integrada<br />

com a NOS, suporta as operações de redes de telecomunicações e o centro de operações de rede da Deloitte<br />

e gere uma gama alargada de capacidades para melhorar a produtividade e a experiência do utilizador em<br />

várias situações. A Hoopie poderá ser usada em múltiplos outros casos de uso, em que a intenção dos engenheiros<br />

possa ser interpretada em linguagem natural para posterior atuação, bem como forma de guiar as<br />

decisões dos engenheiros quando atuam sobre múltiplas fontes de informação e decisões complexas. Esta<br />

app de IA generativa permitirá dar um salto em direção ao futuro da engenharia de conetividade de redes.•<br />

TRÁFEGO DE <strong>DA</strong><strong>DO</strong>S ALCANÇA RECORDE<br />

COM TAYLOR SWIFT<br />

O TRÁFEGO de dados gerado pelos fãs de Taylor Swift nos dois dias de concertos em<br />

Portugal totalizou 8,6 terabytes (TB) na rede Vodafone, batendo recordes em dois dias<br />

consecutivos. O 2º concerto gerou um tráfego de 4,8 TB, acima dos 3,8 TB do concerto<br />

do dia anterior, que já tinham superado o valor mais elevado processado até àquele<br />

momento no estádio da Luz pela rede da Vodafone. Praticamente metade (49%) do<br />

volume de tráfego no 2º concerto correspondeu à utilização da rede 5G, superando<br />

os 47% do dia anterior. Esta é uma rede marcada por menor latência, mais velocidade<br />

e capacidade de ligação de mais dispositivos. Trata-se de percentagens superiores ao<br />

que normalmente se verifica em eventos desta natureza. O aumento substancial do<br />

tráfego de dados decorre não só da dimensão do evento, como do facto de o perfil de<br />

consumo dos utilizadores estar cada vez mais orientado para o recurso às aplicações<br />

em dispositivos móveis, tais como Instagram, X, Facebook, YouTube ou TikTok.•<br />

118


Estamos a construir um<br />

mundo mais conectado<br />

com sistemas indoor (<strong>DA</strong>S – Distributed Antenna System)<br />

Na Vantage Towers, estamos a construir uma sociedade conectada<br />

com os nossos sistemas <strong>DA</strong>S Neutral Host. As nossas soluções <strong>DA</strong>S<br />

permitem que os operadores de redes móveis forneçam cobertura<br />

de rede em espaços subterrâneos, como túneis e estações de metro.<br />

Também aumentam a cobertura em edifícios com muita afluência,<br />

como infraestruturas desportivas, culturais, lúdicas e aeroportos,<br />

entre outros.<br />

Juntos, vamos conectar a Europa.<br />

www.vantagetowers.com

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