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COMUNICAÇÕES 249 - SANDRA MAXIMIANO: UMA GESTORA DE EQUILÍBRIOS À FRENTE DA ANACOM

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NEGÓCIOS: TIK TOK NO COMBATE<br />

<strong>À</strong> <strong>DE</strong>SINFORMAÇÃO<br />

PORTUGAL DIGITAL: OS CENTROS<br />

TECNOLÓGICOS <strong>DA</strong> ACCENTURE<br />

CIBERSEGURANÇA:<br />

O QUE FALTA FAZER<br />

N.º <strong>249</strong> • MARÇO 2024 | ANO 37 • PORTUGAL • 3,25€<br />

<strong>SANDRA</strong> <strong>MAXIMIANO</strong><br />

<strong>UMA</strong> <strong>GESTORA</strong><br />

<strong>DE</strong> <strong>EQUILÍBRIOS</strong><br />

<strong>À</strong> <strong>FRENTE</strong> <strong>DA</strong> <strong>ANACOM</strong>


Submeta os projetos da sua organização aos principais<br />

prémios de Transformação Digital em Portugal!<br />

Está a decorrer a fase de candidaturas para os Portugal Digital Awards®,<br />

que visam distinguir organizações, projetos, equipas e personalidades<br />

que utilizem tecnologias de informação e comunicação na transformação<br />

do seu negócio.<br />

Esta iniciativa, organizada pela Axians e IDC Portugal, pretende dar visibilidade<br />

e reconhecimento às ideias que saíram do papel, para se transformarem em<br />

projetos que se assumem como motores de inovação, eficiência e crescimento<br />

nas organizações e na sociedade.<br />

Saiba mais informações em:<br />

www.portugaldigitalawards.pt


edit orial<br />

Sandra Fazenda Almeida sandra.almeida@apdc.pt<br />

Mulheres na Liderança<br />

O<br />

tema não é novo, bem pelo contrário: há<br />

muito que se fala na necessidade de ter<br />

mais mulheres na liderança das organizações.<br />

E debate-se sempre com mais<br />

intensidade em março, na sequência do Dia Internacional<br />

da Mulher.<br />

Todos os dados mostram que o panorama<br />

tem vindo a melhorar significativamente, especialmente<br />

nos anos mais recentes. Muito graças<br />

ao estabelecimento de quotas, que promovem a<br />

paridade de género em posições de liderança. Mérito<br />

não falta às mulheres. A questão é que só um<br />

terço chega a cargos de gestão. Este é um problema<br />

também cultural, que necessitamos de mudar<br />

rapidamente, mas que só deverá caminhar no<br />

sentido certo com a mudança de gerações.<br />

Nas TIC, tal como nos demais setores de atividade,<br />

também se tem vindo a registar um forte<br />

reforço da presença feminina, desmistificandose<br />

a ideia de que uma carreira nestas áreas é só<br />

para homens. Dados do Eurostat mostram que,<br />

em 2022, os especialistas em TIC representavam<br />

4,6% da força de trabalho da UE, com um crescimento<br />

de quase 58% em 10 anos. Mas a percentagem<br />

de mulheres no setor ficou nos 18,9%.<br />

Portugal estava acima da média, com 20,4%.<br />

Nesta edição, apresentamos casos de liderança<br />

no feminino, exemplos de sucesso que<br />

demonstram que a mudança está em curso. A<br />

começar pela nova presidente da <strong>ANACOM</strong>,<br />

que numa entrevista de vida defende que querer<br />

o impossível é a melhor forma de realizar o<br />

possível. Ou pela líder da Accenture Portugal, a<br />

primeira mulher a ocupar o cargo. Ou ainda pela<br />

diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais<br />

do TikTok Portugal e Espanha. Estes<br />

são casos inspiradores para que mais mulheres<br />

sigam a carreira no setor, promovendo um verdadeiro<br />

círculo virtuoso de mudança.<br />

Também as empresas estão cada vez mais<br />

comprometidas com a diversidade, com equipas<br />

interdisciplinares e multifacetadas. É fundamental<br />

acelerar este processo de mudança e<br />

continuar a monitorizar o progresso, bem como<br />

investir na formação e educação para a inclusão<br />

e paridade. Valorizando todos os homens e<br />

mulheres que têm liderado estes processos de<br />

transformação.<br />

Apesar dos progressos, há muito trabalho<br />

a ser feito. É essencial reconhecer que as crises<br />

económica, social, ambiental, diplomática, geracional<br />

e moral que vivemos não são fruto do<br />

acaso, mas sim de um modelo de gestão ultrapassado,<br />

que requer uma mudança de paradigma.<br />

Características tradicionalmente associadas<br />

ao género masculino, como a assertividade e<br />

competitividade, são importantes. Mas quando<br />

são sobrevalorizadas, em detrimento das características<br />

femininas, como a empatia e a flexibilidade,<br />

acabamos por obter sistemas desequilibrados<br />

e decadentes.<br />

Liderança feminina é saber ouvir, inovar, incluir<br />

todos no processo de decisão e pensar no<br />

impacto a longo prazo. É ter uma visão inclusiva<br />

e sustentável dos negócios, da economia e da<br />

sociedade. É hora de valorizar verdadeiramente<br />

estas características e promover uma liderança<br />

mais diversificada e eficaz.•<br />

3


sumario<br />

FICHA TÉCNICA<br />

<strong>COMUNICAÇÕES</strong> <strong>249</strong><br />

A ABRIR 6<br />

5 PERGUNTAS 12<br />

Fernando Braz, Salesforce<br />

<strong>À</strong> CONVERSA 14<br />

Sandra Maximiano,<br />

Presidente da <strong>ANACOM</strong><br />

EM <strong>DE</strong>STAQUE 28<br />

Ciberataques estão a disparar.<br />

O que fazer?<br />

I TECH 34<br />

Fernando Marta, Altice<br />

NEGÓCIOS 36<br />

A estratégia da Glintt Next<br />

PORTUGAL DIGITAL 44<br />

Accenture reforça rede nacional<br />

NEGÓCIOS 48<br />

O ‘fenómeno’ TikTok<br />

no mercado nacional<br />

CI<strong>DA</strong><strong>DA</strong>NIA DIGITAL 62<br />

@tualiza-te veio para ficar<br />

ÚLTIMAS 64<br />

14<br />

28<br />

36<br />

48<br />

Propriedade e Edição<br />

APDC – Associação Portuguesa<br />

para o Desenvolvimento das<br />

Comunicações<br />

Diretora executiva<br />

Sandra Fazenda Almeida<br />

sandra.almeida@apdc.pt<br />

Av. João XXI, 78<br />

1000-304 Lisboa<br />

Tel.: 213 129 670<br />

Fax: 213 129 688<br />

Email: geral@apdc.pt<br />

NIPC: 501 607 749<br />

Chefe de redação<br />

Isabel Travessa<br />

isabel.travessa@apdc.pt<br />

Secretária de redação<br />

Laura Silva<br />

laura.silva@apdc.pt<br />

Publicidade<br />

Isabel Viana<br />

isabel.viana@apdc.pt<br />

Conselho editorial<br />

Abel Costa; Alexandre Silveira; Bernardo<br />

Correia; Carlos Leite; Diogo Madeira;<br />

Fernando Braz; Fernando Marta; Filipa<br />

Carvalho; Francisco Maria Balsemão;<br />

Helena Féria; José Manuel Paraíso; Manuel<br />

Maria Correia; Marina Ramos; Miguel<br />

Almeida; Nuno Saramago; Olivia Mira;<br />

Paolo Favaro; Paulo Filipe; Pedro Faustino;<br />

Pedro Gonçalves; Pedro Tavares; Rodrigo<br />

Cordeiro; Rogério Carapuça; Sérgio<br />

Catalão; Vicente Huertas.<br />

Edição<br />

Have a Nice Day – Conteúdos Editoriais, Lda<br />

Av. 5 de Outubro, 72, 4.º D<br />

1050-052 Lisboa<br />

Coordenação editorial<br />

Ana Rita Ramos<br />

anarr@haveaniceday.pt<br />

Edição<br />

Teresa Ribeiro<br />

teresaribeiro@haveaniceday.pt<br />

Design<br />

Mário C. Pedro<br />

marioeditorial.com<br />

Fotografia<br />

Vítor Gordo/Syncview<br />

Periodicidade<br />

Trimestral<br />

Tiragem<br />

3.000 exemplares<br />

Preço de capa<br />

3,25 €<br />

Depósito legal<br />

2028/83<br />

Registo internacional<br />

ISSN 0870-4449<br />

ICS N.º 110 928<br />

4


a abrir<br />

6<br />

SÓ 20%<br />

<strong>DA</strong>S EMPRESAS<br />

PORTUGUESAS<br />

USA IA NA<br />

CIBERSEGURANÇA<br />

APENAS uma em cada cinco empresas<br />

portuguesas recorre a soluções<br />

de cibersegurança baseadas em<br />

IA. O que mostra que é preciso<br />

fazer muito mais para preparar as<br />

organizações para as ciberameaças,<br />

com destaque para a adoção de<br />

medidas de prevenção. A integração<br />

da IA nos processos internos é ainda<br />

uma realidade longínqua para a<br />

generalidade das organizações e<br />

uma percentagem considerável<br />

(35%) desconhece os investimentos<br />

que terão de fazer no<br />

âmbito da nova diretiva<br />

europeia NIS2 (Network<br />

and Information Security<br />

Directive), que entrará<br />

em vigor no último<br />

trimestre deste ano.<br />

A conclusão é de<br />

um estudo da Microsoft.<br />

Entre as principais<br />

ciberameaças, estão o<br />

phishing (70%), softwares maliciosos<br />

com encriptação de dados e pedido<br />

de resgate (63%) e ataques de<br />

negação de serviço DDoS (29%), pela<br />

sua capacidade de explorar vulnerabilidades<br />

nas redes e dispositivos<br />

programáveis da organização e,<br />

desta forma, perturbar os serviços e<br />

recursos das aplicações. maioria das<br />

organizações nacionais.•<br />

Cerca de 35% das<br />

empresas desconhecem<br />

o investimento<br />

que terão de fazer<br />

no âmbito da nova<br />

diretiva europeia<br />

NIS2<br />

IA PO<strong>DE</strong> TRAZER 61 MIL MILHÕES<br />

AO PAÍS ATÉ 2030<br />

A MANTER-SE a atual taxa de adoção da IA em Portugal, o<br />

impacto económico total estimado da tecnologia (em VAB)<br />

chegará, até 2030, aos 61 mil milhões de euros. Mas, para<br />

tirar partido de todo o potencial da tecnologia IA, Portugal<br />

terá de resolver três questões críticas: criar um ambiente favorável<br />

à inovação; colmatar o défice de competências digitais<br />

no país; e garantir que as empresas de todas as dimensões<br />

têm acesso às tecnologias mais recentes. A conclusão<br />

é da Amazon Web Services (AWS), num estudo que revela<br />

ainda que cerca de 35% das empresas nacionais já adotou<br />

a tecnologia de IA, com um crescimento de 25% desde<br />

2022. E o impacto económico positivo da IA nas empresas é<br />

claro: 70% das que recorrem à tecnologia referem um<br />

aumento das receitas e da produtividade.<br />

Mas a utilização da IA e de<br />

outras tecnologias digitais<br />

está mais concentrada<br />

nas empresas de maior<br />

dimensão (45% em<br />

comparação com apenas<br />

32% das PME). Ainda<br />

assim, a perspetiva de<br />

Portugal relativamente<br />

aos poderes<br />

transformadores<br />

da IA reflete a dos<br />

seus homólogos<br />

europeus.•<br />

CURIOSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong><br />

ZUCKERBERG TEM HOBBIES PERIGOSOS<br />

Está no relatório anual da Meta, a dona do Facebook. O seu fundador e<br />

líder pode morrer a qualquer momento. É que o CEO, Mark Zuckerberg,<br />

assim como outros membros da direção, têm dedicado parte de seu<br />

tempo livre a atividades<br />

consideradas de alto risco.<br />

Como desportos de combate e<br />

radicais ou a aviação. Por isso,<br />

quem elaborou o documento<br />

diz que poderá estar em<br />

causa, a qualquer momento,<br />

a sua morte. Mais: garante,<br />

que uma eventual ausência<br />

de Zuckerberg, seja por que<br />

motivo for, poderá resultar<br />

num “impacto material<br />

adverso às operações da<br />

empresa”.<br />

ILUSTRAÇÃO PCH.VECTOR/FREEPIK


CURIOSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong><br />

CHIPS CEREBRAIS PARA AJU<strong>DA</strong>R H<strong>UMA</strong>NOS<br />

A Neuralink, startup tecnológica de Elon Musk, já colocou um implante<br />

num paciente, Noland Arbaugh (29 anos) que está paralisado. Começou<br />

por ser capaz de controlar um rato de computador apenas através do seu<br />

pensamento. Agora, já consegue jogar xadrez com a mente. A meta do<br />

multimilionário é colocar implantes<br />

com capacidade para interpretar<br />

sinais cerebrais e controlar diferentes<br />

tecnologias. Desta forma, quer ajudar<br />

pessoas que perderam a visão, o tato<br />

ou a fala, a recuperá-los. Estes chips<br />

poderão não só restaurar funções<br />

corporais como até curar doenças<br />

psiquiátricas, como a depressão.•<br />

IA GEN <strong>DE</strong>SBLOQUEIA NOVAS FORMAS<br />

<strong>DE</strong> PROTEÇÃO CONTRA CIBERATAQUES<br />

A UTILIZAÇÃO da IA generativa para fins maliciosos está a crescer<br />

e as ferramentas tradicionais de proteção já não acompanham o<br />

ritmo dessas ameaças. Mas já existem novas soluções. Na 6ª edição<br />

do seu relatório de cibersegurança, o Cyber Signals, a Microsoft diz<br />

que realiza mais de 2,5 mil milhões deteções em cloud e orientadas<br />

para a IA, por forma a proteger os seus clientes. Recomenda a<br />

utilização de políticas de acesso condicional, formação sobre táticas<br />

de engenharia social (e-mails de phishing, vishing e smishing) e a<br />

garantir que os dados permanecem privados e controlados end to<br />

end. Adicionalmente, sugere que se tire partido de ferramentas de<br />

segurança de IA generativa, e se adote uma autenticação<br />

multifator para todos os utilizadores, especialmente<br />

para funções de administrador,<br />

uma vez que reduz o risco de aquisição<br />

de contas em mais de 99%. Diz também<br />

que, em colaboração com a OpenAI,<br />

detetou e interrompeu tentativas de<br />

adversários russos, norte-coreanos,<br />

iranianos e chineses, que tentavam<br />

utilizar grandes modelos de<br />

linguagem (LLM), como o ChatGPT,<br />

para informar, melhorar e aperfeiçoar<br />

os seus ciberataques.•<br />

Recomenda-se a<br />

formação de colaboradores<br />

em táticas<br />

de engenharia<br />

social, como emails<br />

de phishing, vishing<br />

e smishing<br />

LÍ<strong>DE</strong>RES<br />

OTIMISTAS SOBRE<br />

CRESCIMENTO <strong>DA</strong>S<br />

SUAS EMPRESAS<br />

A MAIORIA dos líderes empresariais<br />

está otimista quanto ao crescimento<br />

das suas organizações em 2024.<br />

Mais: 83% planeia aumentar os investimentos<br />

em ferramentas e tecnologias<br />

digitais nos próximos 12 a 18<br />

meses, incluindo em IA, como motor<br />

de inovação e crescimento das receitas.<br />

Mais de metade pretende fazer<br />

o mesmo na área da sustentabilidade.<br />

Os dados são do “Embracing a<br />

brighter future: Investment Priorities<br />

for 2024”, um estudo do Capgemini<br />

Research Institute. As áreas de negócio<br />

estratégicas de aposta em termos<br />

de investimentos serão: experiência<br />

do cliente, inovação, talento e<br />

competências, sustentabilidade e<br />

cadeias de abastecimento. Sendo<br />

que a maioria dos líderes<br />

empresariais (56%) continua<br />

confiante no crescimento<br />

futuro das suas empresas,<br />

apesar do atual ambiente<br />

macroeconómico. Já no<br />

que diz respeito à economia<br />

a nível mundial só menos<br />

de um terço está otimista.<br />

Destaca-se ainda que os<br />

gestores percebem cada<br />

vez mais o potencial que<br />

podem obter da IA e da IA<br />

generativa para impulsionar<br />

a inovação e o crescimento<br />

das suas receitas. Em linha com<br />

esta tendência, 88% revelaram que<br />

planeiam privilegiar estas tecnologias.•<br />

ILUSTRAÇÃO PCH.VECTOR/FREEPIK<br />

7


a abrir<br />

SOUND BITES :-b<br />

“Investir em transformação digital<br />

significa mais do que simplesmente<br />

automatizar tarefas;<br />

significa criar um ecossistema<br />

que favoreça a inovação contínua,<br />

a eficiência e a competitividade<br />

global, para além de dinamizar<br />

ainda mais a eficiência<br />

na Administração Pública”<br />

Rui Ribeiro, Jornal Económico,<br />

18/03/2024<br />

“Num momento particularmente<br />

complexo para o País,<br />

para a Europa e para o Mundo,<br />

precisamos de líderes com coragem<br />

e espírito de sacrifício, que<br />

coloquem o bem comum acima<br />

de protagonismos e pequenas<br />

vaidades, que oiçam o outro e<br />

saibam explicar o seu ponto de<br />

vista. Que procurem pontes em<br />

vez de detonarem caminhos comuns.<br />

As mulheres sabem fazê-<br />

-lo bem. Onde estão elas?”<br />

Soledade Carvalho Duarte,<br />

CNN Portugal, 18/03/2024<br />

“O rápido crescimento da IA<br />

generativa mostra-nos que ela é<br />

um poderoso aliado. No entanto,<br />

o seu verdadeiro potencial<br />

reside no aumento da produtividade<br />

e não na desumanização<br />

dos locais de trabalho. Só se adotarmos<br />

uma abordagem centrada<br />

nas pessoas é que poderemos<br />

garantir que os avanços tecnológicos<br />

nos conduzirão a um futuro<br />

do trabalho mais produtivo e<br />

gratificante”<br />

Rui Teixeira, Expresso,<br />

01/03/2024<br />

“É fundamental aproveitar este<br />

momentum e os holofotes que estão<br />

postos na IA generativa para<br />

refletir sobre o papel que a Europa,<br />

e especificamente Portugal,<br />

poderão desempenhar nesta revolução<br />

tecnológica”<br />

Andres Ortolá, Dinheiro Vivo,<br />

24/02/2024<br />

<strong>DE</strong>SIGUAL<strong>DA</strong><strong>DE</strong>S MUNDIAIS<br />

NA CIBERSEGURANÇA<br />

NUM AMBIENTE complexo, com o mundo a enfrentar uma ordem geopolítica<br />

polarizada, a economia de cibersegurança cresceu exponencialmente,<br />

muito mais rapidamente do que a economia global geral, ultrapassando o<br />

crescimento do setor tecnológico. Mas há grandes diferenças entre os países<br />

e organizações, quando se fala em ciber-resiliência. O alerta é do Fórum Económico<br />

Mundial (FEM) no seu “Global Cybersecurity Outlook 2024”, realizado<br />

com a Accenture. Focado na cibersegurança, este relatório constata que<br />

existe uma maior “desigualdade cibernética entre as organizações que são<br />

ciber-resilientes e as que não são”. Por isso, alerta para a “clara divergência<br />

em termos de igualdade cibernética, exacerbada pelo ambiente de ameaças,<br />

as tendências macroeconómicas, a regulação da indústria e a adoção de<br />

tecnologias, que alteram o paradigma por parte de algumas organizações”.<br />

Acrescem outras barreiras, como o custo de acesso a serviços cibernéticos<br />

inovadores, ferramentas, competências e expertise, que “continuam a influenciar<br />

a capacidade do ecossistema global para construir um ciberespaço<br />

mais seguro”. Ainda assim, muitas organizações mostram um claro progresso<br />

da sua capacidade cibernética.•<br />

CONSUMIDORES VÊM<br />

CA<strong>DA</strong> VEZ MAIS POTENCIAL NA IA<br />

A IA GENERATIVA está cada vez mais presente na vida dos consumidores<br />

portugueses. Três em cada cinco (60%) conhece pelo menos uma ferramenta,<br />

sendo a mais comum o ChatGPT (54%). Mas apenas 28% a usam com<br />

regularidade, pelo menos uma vez por semana. Os dados são do Digital<br />

Consumer Trends 2023, o estudo da Deloitte que analisa os hábitos de utilização<br />

de produtos e serviços digitais pelos consumidores. Mostra ainda<br />

que mais de metade (56%) dos portugueses acredita que a IA<br />

generativa irá reduzir o número de empregos disponíveis<br />

no futuro, com 47% a admitirem estar preocupados<br />

com o facto de algumas das suas funções no local de<br />

trabalho virem a ser absorvidas por esta tecnologia.<br />

Entre os profissionais que afirmam já ter utilizado a<br />

tecnologia, 28% acreditam que o seu empregador<br />

concordaria com a utilização destas ferramentas.<br />

Dois em cada cinco<br />

Ai<br />

(40%) dizem que estariam<br />

dispostos a pagar por uma<br />

ferramenta de IA generativa<br />

para poderem fornecer respostas<br />

mais rápidas e estar<br />

mais disponíveis para tarefas<br />

que exijam mão humana.<br />

O trabalho, realizado em<br />

17 países, revela a existência<br />

de diferenças geográficas.•<br />

ILUSTRAÇÃO STORYSET/FREEPIK<br />

8


a abrir<br />

NUMEROS<br />

100 MIL MILHÕES<br />

É quanto a norte-americana Intel planeia<br />

investir, em dólares, na construção e<br />

renovação de fábricas de chips em quatro<br />

Estados norte-americanos. Já garantiu 19,5<br />

mil milhões em subvenções e empréstimos<br />

federais e espera conseguir mais 25<br />

mil milhões em incentivos fiscais. Quer<br />

transformar Columbus, no estado de Ohio,<br />

no maior local de fabricação de chips de IA<br />

do mundo em 2027.<br />

18,3 MIL MILHÕES<br />

É o valor estimado da fusão entre a Orange<br />

Espanha e o grupo MásMóvil. A operação<br />

já tem luz-verde de todos os reguladores<br />

e deverá estar concluída ainda no 1º<br />

trimestre. Dará origem ao maior operador de<br />

telecomunicações espanhol, com mais de 30<br />

milhões de clientes do serviço móvel, mais de<br />

7 milhões de clientes de banda larga e mais<br />

de 2 milhões de clientes de televisão.<br />

15 MIL MILHÕES<br />

É o montante estimado, em dólares, para<br />

a parceria acordada entre a Microsoft e a<br />

Intel na produção de chips para os próximos<br />

anos. A big tech desenha os processadores e<br />

a Intel passa a produzi-los, com os analistas<br />

convictos de que se destinam a suportar<br />

a forte aposta que a tecnológica está a<br />

fazer na IA. O seu líder, Satya Nadella, diz<br />

que são essenciais para concretizar a visão<br />

de transformação da produtividade das<br />

organizações e de toda a indústria.<br />

1,84 MIL MILHÕES<br />

O total da multa, em euros, aplicada por<br />

Bruxelas à Apple. Em causa está o abuso de<br />

posição dominante no streaming de música<br />

aos utilizadores do iPad e iPhone na sua<br />

app store. A big tech aplicou restrições aos<br />

criadores de aplicações durante quase 10<br />

anos. É a terceira maior coima de sempre<br />

na área da concorrência. Só as que foram<br />

aplicadas à Google em 2017 e 2018 a<br />

superaram.<br />

42% <strong>DA</strong>S GRAN<strong>DE</strong>S EMPRESAS<br />

JÁ USA ATIVAMENTE IA<br />

CERCA de 42% das organizações com mais de mil colaboradores<br />

já utiliza a IA nos seus negócios de forma ativa, sendo<br />

que as que avançaram primeiro na adoção da tecnologia<br />

estão a liderar o caminho. Já 59% das que estão a trabalhar<br />

com IA pretendem acelerar e aumentar o seu investimento.<br />

Ainda assim, destacam que continuam a existir desafios<br />

para a adoção da IA, com destaque para a falta de colaboradores<br />

com as competências adequadas (33%), a excessiva<br />

complexidade dos dados (25%) e as preocupações éticas<br />

(23%), que continuam a inibir as empresas de adotarem<br />

tecnologias de IA nas suas operações. A conclusão é de<br />

um estudo encomendado pela IBM. Denominado “Global<br />

AI Adoption Index 2023”, revela também que a aposta em<br />

ferramentas mais acessíveis, o impulso para a automação<br />

de processos-chave e o aumento de IA embebida em aplicações<br />

de negócio prontas a utilizar são os principais fatores<br />

que estão a promover a expansão da IA a nível empresarial.<br />

Muitas empresas aproveitam a tecnologia para casos<br />

de uso com elevado impacto, como a automação de TI, o<br />

trabalho digital e o apoio ao cliente. Para 40% das empresas<br />

inquiridas que estão presas na fase experimental, antecipase<br />

que 2024 seja o ano de enfrentar e superar as barreiras<br />

de entrada desta tecnologia, como a lacuna de competências,<br />

a complexidade dos dados, a escassez de plataformas<br />

para desenvolver modelos de IA e a falta de capacidade de<br />

governança dos modelos de IA”.•<br />

O impulso para<br />

a automação de<br />

processos-chave<br />

é um dos fatores<br />

que estão a promover<br />

a expansão<br />

de IA a nível<br />

empresarial<br />

10


C O N G R E S S<br />

D<br />

I G<br />

I T A L<br />

º<br />

3 3<br />

I N E S S<br />

B U S<br />

O futuro tem de se preparar desde já! Como Digital Business Community, a APDC tem<br />

sido desde sempre uma plataforma virada para o amanhã. Um ponto de encontro de<br />

ideias, opiniões, tendências e perspetivas para acelerarem a economia e a<br />

sociedade. Há 40 anos que futurizamos e o nosso compromisso é continuar! Junte-se<br />

a nós no 33º Congresso das Comunicações para antecipar o futuro com a disrupção<br />

tecnológica. Preparados para construir uma nova era?<br />

ARLINDO OLIVEIRA<br />

Presidente do 33º Congresso<br />

Reconhecido especialista em IA, é Professor catedrático do IST,<br />

presidente do INESC e investigador do INESC-ID, entre outros<br />

cargos. Licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica e de<br />

Computadores no IST e fez doutoramento na Universidade da<br />

Califórnia, em Berkeley, na mesma área. Tem centenas de artigos<br />

científicos publicou três livros e recebeu múltiplos prémios e<br />

distinções por excelência na investigação.<br />

14 – 15 maio<br />

Evento híbrido em português, com tradução simultânea para inglês.<br />

Transmissão em direto, a partir do local do Congresso.<br />

Local: Auditório Faculdade de Medicina Dentária - Lisboa<br />

congresso.apdc.pt/<br />

Siga-nos nas redes sociais:


5 perguntas<br />

FERNANDO BRAZ:<br />

A prioridade é<br />

a inovação responsável<br />

Combinada com dados e automação, a IA tem um enorme potencial<br />

para as empresas. A Salesforce aposta forte numa oferta<br />

à medida, para transformar as organizações. Fernando Braz,<br />

country leader da Salesforce Portugal, garante que o mercado<br />

está a crescer.<br />

Texto de Isabel Travessa| Fotos de Vítor Gordo/ Syncview<br />

12<br />

Liderou o processo de entrada<br />

da Salesforce em Portugal, em<br />

meados de 2020, primeiro com um<br />

escritório e, um ano depois, com<br />

a criação de uma subsidiária. Que<br />

balanço faz da operação?<br />

A região EMEA é a que tem demonstrado<br />

um maior crescimento na empresa.<br />

Dentro desta região, a zona<br />

sul da Europa lidera o crescimento<br />

e os mercados de Itália, Espanha e<br />

Portugal são os que demonstram<br />

maior dinamismo. O mercado ibérico<br />

tem vindo a crescer, acompanhando<br />

a visão da empresa de chegar aos 50<br />

mil milhões de dólares de faturação<br />

até ao ano fiscal de 2026.<br />

A aceleração tecnológica é uma<br />

realidade e a IA está a revolucionar<br />

tudo. O que é que está a<br />

trazer de novo à vossa oferta para<br />

o mercado, nos vários segmentos<br />

onde atuam?<br />

Estamos a testemunhar uma<br />

revolução na IA que está a acelerar<br />

o crescimento dos negócios, a<br />

mudar a forma como trabalhamos, a<br />

melhorar as nossas capacidades e a<br />

imaginar novas fronteiras. Mas não<br />

basta apenas possibilitar as capacidades<br />

tecnológicas da IA generativa.<br />

Devemos dar prioridade à inovação<br />

responsável, para ajudar a orientar a<br />

forma como esta tecnologia pode e<br />

deve ser utilizada. A estratégia de IA<br />

de uma empresa é tão boa quanto<br />

a sua estratégia de dados. Dados, IA<br />

e automação, quando combinados,<br />

têm o potencial de transformar e<br />

melhorar a eficiência e a produtividade<br />

de empresas de todos os<br />

setores e de qualquer dimensão. Do<br />

ponto de vista prático, estamos a<br />

olhar para cada vertical e a adaptar a<br />

oferta para as necessidades de cada<br />

um, com a cloud específica desse<br />

setor, seja vendas, serviços, marketing,<br />

retalho, financeiro, energia ou<br />

setor público.<br />

Como define a estratégia atual<br />

da Salesforce para o mercado<br />

nacional?<br />

A estratégia orientada a nível global<br />

passa pela verticalização da oferta<br />

dos produtos Salesforce, para que<br />

respondam às necessidades específicas<br />

de cada um. Em todos, a base<br />

passa por combinar o trio mais importante<br />

IA + Dados + CRM, envoltos<br />

por aquilo a que chamamos o ‘Einstein<br />

Trust Layer’, que protege dados<br />

sensíveis e permite que as empresas<br />

possam confiar nos dados criados<br />

pelas respostas de IA generativa.<br />

Quais são as suas metas para o<br />

ano fiscal que se iniciou em fevereiro?<br />

A política da Salesforce não permite<br />

partilhar dados de mercados específicos.<br />

Mas estamos todos alinhados,<br />

acompanhando a visão da empresa<br />

de chegar aos 50 mil milhões de<br />

dólares de faturação global, até ao<br />

ano fiscal de 2026.<br />

Olhando para o tecido empresarial<br />

nacional, quais considera serem<br />

as grandes metas, particularmente<br />

nas PME, para garantir o<br />

futuro?<br />

O foco deve estar no ganho de produtividade,<br />

para que se tornem em<br />

empresas mais ágeis e competitivas,<br />

crescendo em dimensão e atuação.<br />

A Salesforce acredita que os dados, a<br />

IA e a automação, quando combinados,<br />

têm o potencial de transformar<br />

e melhorar a eficiência e a produtividade,<br />

independentemente do setor<br />

de atividade e dimensão. Por exemplo,<br />

dados da McKinsey revelam que,<br />

até 2030, a integração da IA generativa<br />

nas empresas permitirá que 30%<br />

do tempo dos colaboradores possa<br />

ser libertado para outras tarefas,<br />

aumentando assim a produtividade<br />

dos profissionais de vários setores.•


Para Fernando Braz, “não basta apenas possibilitar as capacidades tecnológicas<br />

da IA generativa. Devemos dar prioridade à inovação responsável, para ajudar a<br />

orientar a forma como esta tecnologia pode e deve ser utilizada”<br />

13


a conversa<br />

14<br />

“Não sou uma pessoa agarrada ao poder. Tenho um olhar científico sobre as coisas”


A LÍ<strong>DE</strong>R<br />

FORA<br />

<strong>DA</strong> CAIXA<br />

Conheça a nova presidente da <strong>ANACOM</strong>, Sandra<br />

Maximiano, a mulher que não se contenta com<br />

a mediocridade. Querer o impossível é a melhor<br />

maneira de realizar o possível. E, pelo caminho,<br />

ela deseja nunca deixar de aprender.<br />

TEXTO <strong>DE</strong> ANA RITA RAMOS E ISABEL TRAVESSA<br />

FOTOS <strong>DE</strong> VÍTOR GORDO/ SYNCVIEW<br />

15


a conversa<br />

16<br />

“Sempre me dediquei a projetos que me apaixonam, de diferentes áreas de intervenção pública” , afirma Sandra Maximiano,<br />

fotografada no Aquário Vasco da Gama, um dos locais de Lisboa onde se sente em casa


Sandra Maximiniano, a nova presidente da <strong>ANACOM</strong>, fala com o sangue<br />

e pensa com o coração. Cada frase é uma flecha capaz de acertar<br />

no seu ponto-alvo. Não se intimida com as novas responsabilidades,<br />

nem tão pouco com a complexidade dos compromissos e das relações<br />

humanas.<br />

Quase seguiu Belas Artes, mas trocou a vocação pela Economia. Trabalhou<br />

nos EUA com estrelas mundiais, enquanto fazia ultramaratonas,<br />

triatlo e trapézio voador. Agora que assumiu o cargo de reguladora do<br />

complexo setor das comunicações em Portugal, mostra toda o seu entusiasmo,<br />

a sua vontade de fazer a diferença. Sandra Maximiano pertence<br />

àquele grupo de mentes privilegiadas que parecem ter sempre energia<br />

para buscar mais e melhor. Tem uma vida sôfrega de ebulição. Parar não<br />

é o seu verbo.<br />

Toda a vida fugiu a galope do convencional, da rotina demolidora,<br />

e buscou sempre o sentido humano da existência. É doutorada em<br />

Economia pela Universidade de Amesterdão, professora associada de<br />

Economia no ISEG, onde é co-coordenadora do mestrado de Economia e<br />

do xLab – Behavioural Research Lab. Antes de colaborar com o ISEG, foi<br />

professora na Faculdade de Purdue e investigadora na Universidade de<br />

Chicago. Tem feito investigação em economia experimental e comportamental,<br />

economia organizacional e do trabalho, políticas públicas e<br />

gestão da informação. Explora questões relacionadas com preferências<br />

sociais e morais, diferenças de género em decisões económicas e a<br />

dinâmica da informação em ambientes competitivos e cooperativos. Usa<br />

principalmente o laboratório e experiências de campo para estudar o<br />

comportamento económico humano.<br />

Conseguirá deixar uma marca positiva à frente da <strong>ANACOM</strong>, após<br />

tantos anos de litigância? É bem provável. Quando se olha para a sua<br />

vida, é fácil dizer que o futuro sempre lhe aconteceu. É extremamente<br />

perseverante e dedicada. A sua vaidade é – sempre foi – estar viva. E<br />

fê-lo desde sempre, mostrando toda a sua irreverência. Com 18 anos,<br />

com energia invencível, começou a viajar e nunca mais parou. Sempre<br />

quis conhecer o mundo, sair do seu quintal. Os anos mais solares da sua<br />

vida viveu-os fora de Portugal, construindo a certeza de que lidar com<br />

outras culturas é uma experiência que aproxima os povos, que constrói<br />

empatia, um dos valores da sua vida. Para onde quer que ela parta, vai<br />

sempre com a alegria de menina em busca de aventuras. Para ela o trabalho<br />

é uma causa nobre. Não é um suicídio absurdo nem uma maneira<br />

de passar o tempo.<br />

Em suma, a grande obra da existência, para Sandra Maximiano, é<br />

viver intensamente.<br />

17


a conversa<br />

“Percebi que era possível<br />

passar a minha vida a estudar,<br />

mas de forma produtiva e<br />

sustentável (...) Posso dizer<br />

que passei a minha vida toda a<br />

aprender e continuo a fazê-lo”<br />

“Sinto uma grande necessidade<br />

de evoluir, sinto esse apelo.<br />

Quando entrei para a<br />

<strong>ANACOM</strong>, nos primeiros dias,<br />

em que havia muitas decisões<br />

financeiras a tomar, senti: se<br />

isto for assim todo o tempo,<br />

em seis anos vou ficar burra”<br />

18


Quando estava na idade de fazer escolhas, dizia que<br />

queria estudar até morrer. Porque é que isso era tão<br />

determinante para a sua felicidade?<br />

Porque me fazia confusão perceber que as pessoas se<br />

limitavam a trabalhar das nove às cinco. Via isso nos<br />

meus vizinhos, em muita gente que me rodeava. E não<br />

queria essa vida para mim. Não gostava daquela correria,<br />

do preparar o jantar todos os dias da mesma maneira<br />

e de não haver tempo para mais nada. Achava que<br />

as pessoas não aprendiam.<br />

Isso também diz muito sobre si, essa vontade de aprender<br />

constantemente. Tirou o curso de Economia, mas<br />

nunca quis trabalhar numa empresa… Porquê?<br />

Queria aprender até morrer. Era tão assertiva que isso<br />

irritava o meu pai. Aliás, ele que não levanta a voz, nunca<br />

discute, não lidava nada bem com isto. Só o vi duas<br />

vezes chateado na vida. Uma foi quando fez um bolo<br />

pela primeira vez e eu fui lá incomodá-lo (risos); e a outra<br />

quando eu insistia que só queria estudar. Dizia-lhe:<br />

“Acabo um curso e vou para outro, e depois para outro,<br />

e depois para outro. Não quero trabalhar!”. O meu pai<br />

achava mesmo que aquilo não podia continuar!<br />

Quando descobriu que poderia fazer isso na Academia,<br />

deve ter sido uma felicidade!<br />

Sim, percebi que era possível passar a minha vida a estudar,<br />

mas de forma produtiva e sustentável. Sem depender<br />

dos meus pais.<br />

O sonho cumpriu-se.<br />

Sim. Posso dizer que passei a minha vida toda a aprender.<br />

E continuo a fazê-lo.<br />

Isso tem muito a ver com a sua personalidade, a sua<br />

vontade de se superar, de ir buscar outras vivências,<br />

outras descobertas.<br />

Sim, totalmente. Repare: regressei a Portugal há três<br />

meses e no outro dia pensei: nos próximos seis anos<br />

tenho de tirar uma engenharia qualquer ou um curso<br />

de Direito. Sinto uma grande necessidade de evoluir,<br />

sinto esse apelo. Quando entrei para a <strong>ANACOM</strong>, nos<br />

primeiros dias em que havia muitas decisões financeiras<br />

para tomar, de gestão do dia-a-dia, senti: se isto for<br />

assim todo o tempo, em seis anos eu vou ficar burra!<br />

Mas o que encontrou foi um grande desafio? Neste setor,<br />

dificilmente sentirá a estagnação.<br />

Sim, existem muitos desafios. Mas no início assustou-<br />

-me muito perder tempo com coisinhas que não são<br />

assim tão interessantes…<br />

Já agora, uma curiosidade: quando o João Galamba a<br />

contactou por WhatsApp para a sondar para a ANA-<br />

COM, o que pensou? Que era uma mensagem de<br />

phishing?<br />

Lembro-me perfeitamente, era um sábado de julho. Eu<br />

estava a caminho da praia para fazer surf. E ele enviou<br />

uma mensagem a pedir para falar comigo por telefone.<br />

Não liguei muito, pensei que seria, sim, uma mensagem<br />

de phishing. Ou uma conta falsa. Entretanto, respondi<br />

à mensagem e combinámos um encontro na<br />

terça-feira seguinte.<br />

Ficou surpreendida com o convite?<br />

Não. A primeira coisa que lhe disse foi: “Não me venha<br />

falar da TAP!”. Foi logo a minha reação. Mas não fiquei<br />

surpreendida. Porque, em 2021, eu já tinha sido abordada<br />

para vir para a <strong>ANACOM</strong> como administradora,<br />

a convite do Mário Centeno. Mas, na altura, não me<br />

fez sentido. A minha avó tinha acabado de falecer e eu<br />

tinha vindo para Portugal abrir o laboratório em economia<br />

experimental no ISEG (o XLAB - Behavioural<br />

Research Lab). Estava muito entusiasmada com o projeto,<br />

não era o momento.<br />

Mas desta vez acabou por aceitar…<br />

Pedi algum tempo para pensar, para conversar com algumas<br />

pessoas que foram fundamentais neste processo,<br />

entre as quais a antiga presidente, a professora Fátima<br />

Barros, uma pessoa que conheço há muitos anos,<br />

e o próprio Mário Centeno. Porque precisava muito de<br />

perceber o porquê deste convite.<br />

E o que é que ele lhe disse?<br />

Ele acha que as pessoas que foram para fora e que têm<br />

grande transversalidade são muito úteis à causa pública.<br />

O que nós podemos trazer para estas organizações<br />

é a mente aberta, não estarmos fechados numa única<br />

visão. E eu sempre me dediquei a projetos que me<br />

apaixonam, de diferentes áreas de intervenção pública.<br />

O Álvaro Beleza costuma dizer que eu não sou uma<br />

pessoa agarrada ao poder. E é verdade. Tenho um olhar<br />

científico sobre as coisas. Olho para elas. Questiono.<br />

Questiono muito. Muitas vezes não estou satisfeita<br />

com determinadas práticas. Julgo que foi isso que eles<br />

viram em mim.<br />

O facto de ser independente também ajudou?<br />

Sou apartidária. Tenho, claro, as minhas convicções,<br />

mas vejo o mundo com o meu olhar científico. Nunca<br />

tive problemas em criticar quem quer que seja. E o<br />

Mário Centeno foi muito justo, muito correto. Porque<br />

eu escrevi vários textos no Expresso com muitas críticas<br />

19


a conversa<br />

quando ele era ministro das Finanças, e isso não o impediu<br />

de me convidar para esta função.<br />

E é, talvez, também por isso que ele a respeita?<br />

Sim. Admiro muito as pessoas que aceitam a crítica,<br />

veem a parte construtiva.<br />

Traz toda uma bagagem de conhecimento para acrescentar<br />

valor a <strong>ANACOM</strong>, é isso?<br />

Sim, acrescentar valor é o que pretendo. No setor das<br />

comunicações, temos de olhar também para o lado da<br />

procura, não é só para o lado da oferta. O desafio é muito<br />

grande e julgo que posso dar um contributo válido.<br />

No seu último texto de opinião no Expresso afirma que<br />

o principal valor para este ano é a empatia. Vem trazer<br />

a empatia para a <strong>ANACOM</strong>?<br />

Espero que sim! Gostava muito que as pessoas conseguissem<br />

olhar para o outro e percebessem que, se ele<br />

não entregou aquele trabalho naquela hora ou exatamente<br />

como tinha sido combinado, talvez haja algo<br />

por detrás disso. Perceber que há sempre uma razão e<br />

a razão talvez seja a pessoa<br />

não estar feliz ou motivada<br />

aqui. A empatia é<br />

muito importante nas organizações.<br />

É um valor que<br />

deveríamos ter sempre<br />

connosco.<br />

Foi na infância que forjou<br />

essa empatia? Essa sua<br />

preocupação com o outro?<br />

Há quem diga que o<br />

segredo, o mistério, está<br />

na infância. Está nessa<br />

dimensão silenciosa, submersa, escondida que todos<br />

trazemos.<br />

É de pequenino que se torce o pepino, lá diz o ditado.<br />

E não é com palavras que se faz isso. Não é porque me<br />

disseram: “Tens de te portar bem, tens de ser bondosa,<br />

tens de respeitar o outro”.<br />

A empatia é muito<br />

importante nas<br />

organizações. É um valor<br />

que devíamos ter sempre<br />

connosco<br />

E como foi crescer com um pai ausente e uma mãe muito<br />

presente? Como foram esses tempos de infância?<br />

Eu achava o máximo, sempre achei. Para mim, o facto<br />

de o meu pai ter estado fora também me fez querer<br />

conquistar o mundo. Marcou muito a minha visão da<br />

vida. Nunca vi os meus pais discutirem, nunca assisti<br />

ao rame-rame, à acomodação. Sempre que estavam<br />

juntos, parecia que estávamos de férias. Com a minha<br />

mãe sempre tivemos – eu e a minha irmã – muita cumplicidade,<br />

uma grande amizade.<br />

A vida entre Portugal e Angola foi também uma oportunidade<br />

de conhecer um outro continente e, sobretudo,<br />

uma realidade social totalmente diferente?<br />

Sim. Estávamos em plena guerra civil em Angola. Era<br />

fácil perceber as dificuldades que as pessoas tinham lá –<br />

toda a gente, porque a guerra é muito democrática nesse<br />

sentido. Isso formou a nossa visão do mundo. Não<br />

havia água nem comida para comprar, não havia luz.<br />

Íamos para a fila das senhas para os frangos. <strong>À</strong> época,<br />

vivia-se muito o racismo. <strong>À</strong> minha irmã partiram-lhe a<br />

cabeça com as pedradas que nos atiravam. Foi preciso<br />

ter muita empatia. Lembro-me de vários episódios que<br />

me marcaram. Na altura, eu fazia coleção de latas e pedia<br />

aos miúdos locais para as recolherem para mim. Em<br />

troca, eu dava-lhes comida.<br />

Uma vez, eles apanharam<br />

um saco enorme de latas,<br />

de todos os tamanhos e<br />

feitios, e eu fiquei super<br />

feliz… Mas destruíram as<br />

latas à minha frente. Cada<br />

lata. Uma a uma. Isto deixa<br />

uma marca. Foi preciso<br />

aprender que, por detrás<br />

desta atitude, havia uma<br />

razão muito forte.<br />

E os seus pais explicavam-<br />

-vos isso, tinham essa narrativa…<br />

Sim. Nos anos 80 Portugal estava ainda muito atrasado,<br />

mas para nós era um paraíso. Um paraíso, realmente.<br />

Quando chegávamos, podíamos abrir a torneira e<br />

beber água. Em Angola não havia água. Além do lixo,<br />

do esgoto a céu aberto.<br />

20<br />

Foi com os atos, com os exemplos a que assistiu, que<br />

desenvolveu o seu sentido de justiça? Em que é que ele<br />

se revela?<br />

No meu caso, a experiência que tive em Angola foi<br />

muito importante. O meu pai viveu lá 35 anos, como<br />

engenheiro de telecomunicações, na Angola Telecom.<br />

Durante todo o meu crescimento, andei entre cá e lá.<br />

Essa experiência em Angola marcou o seu posicionamento<br />

perante os problemas sociais e do mundo, não<br />

olhando apenas para o seu quintal?<br />

Sempre. Ter, genuinamente, o interesse de perceber a<br />

fundo histórias de vida de cada pessoa. O que está por<br />

detrás, como é que se chegou ali, como é que é aquela<br />

vida. A educação é muito importante, é o maior


elevador social, mas depois há<br />

também escolhas erradas, estar<br />

no sítio errado, na hora errada.<br />

Tudo isso me fascina. Tenho uma<br />

genuína preocupação social,<br />

com empatia, sem crítica. Procuro<br />

sempre perceber o porquê.<br />

O porquê é muito importante,<br />

até para definir as políticas públicas.<br />

Perceber as motivações<br />

das pessoas, sobretudo das mais<br />

vulneráveis. Perceber, por exemplo,<br />

porque é que gente pobre,<br />

que se alimenta de patas de galinha,<br />

tem um carro à porta.<br />

Foi daqui que nasceu o seu interesse<br />

pela economia comportamental<br />

e experimental?<br />

Em parte, sim. Mas também<br />

contribuíram os tempos na<br />

Universidade Católica, muito<br />

fechada, muito neoclássica, em<br />

que “isto é assim porque tem de<br />

ser assim”. Nada se questiona.<br />

Foi quase em jeito de reivindicação.<br />

Lembro-me de que, na<br />

altura, o professor Fernando<br />

Branco, que já faleceu, me disse<br />

que não me passaria a carta de<br />

recomendação para concorrer à<br />

bolsa se eu teimasse em seguir<br />

esta área do conhecimento. E eu<br />

teimei. Era o que me motivava.<br />

“Tenho uma genuína preocupação social, com empatia, sem crítica. Procuro sempre<br />

perceber o porquê. O porquê é muito importante, até para definir as políticas públicas”<br />

Foi por isso que optou por se ir<br />

embora de Portugal e ter outras<br />

experiências, abrir o mundo?<br />

Sim, sempre o quis fazer. Quando fiz 18 anos, comprei<br />

um bilhete de avião para ir passar uma temporada no<br />

sul de Inglaterra com o meu namorado e só disse à minha<br />

mãe depois. No regresso, no avião, sentei-me ao<br />

lado de uma rapariga, com cerca de 25 anos, bióloga,<br />

aluna de doutoramento, e ela trazia um póster científico<br />

que tinha apresentado numa conferência académica.<br />

Tinha escrito um paper e estava a percorrer a Europa<br />

a mostrar essa investigação. Aquilo foi uma revelação.<br />

Naquele exato momento percebi que era possível continuar<br />

a estudar, fazer um doutoramento, e viajar pelo<br />

mundo a partilhar o que escrevemos.<br />

Porque escolheu Economia? Foi a sua avó que lhe ensinou<br />

a importância de gerir a vida financeira, quando<br />

era pequenina e ia consigo ao supermercado? Ela que<br />

geria as poupanças com tanta parcimónia? Isso marcou-a<br />

nas escolhas que fez?<br />

Talvez… A minha irmã tem essa teoria, de que foi a minha<br />

avó que me influenciou. Foi com ela que percebi<br />

que adoro memorizar números, é uma espécie de hobby,<br />

não sei explicar… Descontraio a memorizar as matrículas<br />

dos carros, os números de telefone e os preços<br />

no supermercado. Quando era pequena, gostava muito<br />

de brincar com a caixa registadora, sempre gostei do<br />

contar moedas. Relaxa-me.<br />

21


a conversa<br />

22<br />

E onde entra a sua paixão pelas Belas Artes?<br />

Estive muito indecisa em ir para artes ou para ciências.<br />

Sempre gostei de muitas coisas diferentes. Ao longo<br />

da vida, a par do curso, frequentei vários ateliers, com<br />

alguns pintores conhecidos. Assim, tentei satisfazer<br />

as duas vertentes. Para mim era assustador trabalhar<br />

das nove às cinco, ou trabalhar numa consultora, num<br />

banco. Cheguei a ter um convite para trabalhar no<br />

BES, numa agência na minha rua. Seria o meu pior pesadelo.<br />

Quando recebi o convite, passei toda a minha<br />

vida futura em filme, na cabeça: “Vou ficar na rua onde<br />

sempre vivi. Fechada neste mundo”. Era tudo o que eu<br />

não queria.<br />

É notável que, na altura, tenha tido essa visão. Ter essa<br />

perceção do que não se quer.<br />

Ainda hoje não tenho problemas em abraçar desafios<br />

novos e estar aberta a outras experiências. Sei que não<br />

quero estagnar.<br />

Pelo contrário. Quer devorar<br />

o mundo de todas<br />

as formas que conseguir,<br />

sem se demitir de uma<br />

única possibilidade. O<br />

que busca quando mergulha<br />

de cabeça num novo<br />

desporto, por exemplo?<br />

Quando faz mais uma maratona?<br />

<strong>À</strong>s vezes pode parecer um<br />

bocadinho de arrogância,<br />

mas acho que é possível<br />

aprender tudo. O que me<br />

custa mais na relação com<br />

os outros é perceber que muitas pessoas não estão<br />

abertas a novas experiências.<br />

Custa-lhe perceber que elas não têm a sua perplexidade,<br />

a sua capacidade de espanto em relação ao mundo…<br />

Sim, penso sempre que, se existe um problema, temos<br />

de o solucionar. Não acho, à partida, que é impossível.<br />

Eu valorizo muito isso. Só que, depois eu arranjo uma<br />

solução para tirar aquele lacado da mesa que tenho lá<br />

em casa, arranjo um caminho, aprendo. Mas entretanto<br />

sinto que tenho de ficar especialista em tirar lacados<br />

da mesa, tenho de ler tudo sobre isso!<br />

Para mim era assustador<br />

trabalhar das nove às<br />

cinco. Cheguei a ter um<br />

convite para trabalhar na<br />

agência do BES da minha<br />

rua. Seria o pior pesadelo<br />

A pergunta é: como arranja tempo? Porque a sua lista<br />

de interesses vai da natação ao ioga, passando pela decoração<br />

e pintura de interiores, fazer velas e sabonetes,<br />

praticar triatlo, ser cronista do Expresso. Para não<br />

falar no trapézio aéreo! Como é que isso aconteceu?<br />

Eu sempre fiz desporto, desde criança. Sempre. É essencial.<br />

Quem faz desporto de competição desafia-se<br />

constantemente, tem muitos objetivos. Os desportos<br />

que fiz, muitos deles, são individuais. Vim da ginástica<br />

acrobática, fiz natação, depois comecei nas maratonas,<br />

triatlo, etc… Aos 16, 17 anos, comecei a correr muito,<br />

porque achava que tinha todo o espaço do mundo para<br />

explorar, busquei essa liberdade. Sempre tive muita resistência,<br />

sou baixinha, era muito magra. Quando fiz o<br />

doutoramento na Holanda e depois fui para os Estados<br />

Unidos, já corria em várias equipas, tive patrocínios<br />

de algumas marcas de desporto. Nos Estados Unidos,<br />

encontrei muita gente igual a mim, que fazia imenso<br />

desporto, com horários estranhos. Pensei: “I found my<br />

crowd”. Comecei a fazer longas distâncias, ultra maratonas,<br />

e claro que dei cabo destes tendões, que ligam<br />

a parte de cima do glúteo. Tive grandes lesões, várias<br />

intervenções cirúrgicas e<br />

sabia que tinha de parar<br />

de fazer competição. Estava<br />

muito frustrada. Ainda<br />

hoje é uma coisa que me<br />

custa aceitar.<br />

Foi aí que entrou o trapézio?<br />

Sim. Fui procurar algo<br />

completamente diferente,<br />

que pudesse aprender<br />

desde o início, que me<br />

desafiasse, em que não<br />

envolvesse tanto as pernas,<br />

porque eu tinha mesmo de descansar as pernas.<br />

Então, cruzei-me em Portugal com um centro de artes<br />

para acrobacias aéreas e quando regressei aos Estados<br />

Unidos pensei que tinha de arranjar um sítio para continuar<br />

com o trapézio. E descobri uma escola em Chicago,<br />

um estilo de trapézio voador, de circo, em que<br />

aprendemos a trabalhar com a gravidade. Foi ótimo!<br />

Aprendi algo totalmente novo. E isso é importantíssimo<br />

para mim. Tenho grupos de amigos completamente<br />

diferentes, com vidas quase antagónicas.<br />

Isso faz de si uma pessoa multicolor. Multidimensional.<br />

Sim. Ajuda-me a sair fora da caixa.<br />

Ter um olhar inaugural sobre as coisas? Na <strong>ANACOM</strong>,


“Julgo que a litigância (na <strong>ANACOM</strong>) já acalmou. Tem sido muito importante dialogar. Quando falamos de questões de segurança,<br />

estamos a falar da sustentabilidade do setor. Estamos todos unidos para criar um setor mais seguro”<br />

como é que essa criatividade poderá ser útil num setor<br />

que precisa tanto dela, numa fase de litigância absoluta<br />

entre os players e o regulador?<br />

Julgo que a litigância já acalmou. Tem sido muito importante<br />

dialogar. Quando falamos de questões de segurança,<br />

estamos a falar da sustentabilidade do setor.<br />

Estamos todos unidos para criar um setor mais seguro,<br />

mais resiliente. As questões da segurança proporcionam<br />

diálogo, porque é do interesse de todos, é uma<br />

preocupação comum. O regulador tem uma função e<br />

um objetivo diferente dos operadores. É natural. Mas,<br />

no meio deste desalinho, é possível encontrar um equilíbrio.<br />

Achar pontos de encontro.<br />

É isso que tem feito nestes primeiros meses?<br />

Sim. Reunir com os operadores, com os fornecedores e<br />

restantes stakeholders do setor, com organismos públicos,<br />

outros reguladores, associações de consumo. Na<br />

verdade, com toda a gente.<br />

E o que sentiu até agora? Recetividade?<br />

Sim, muita recetividade. Como havia muita tensão,<br />

muita falta de diálogo, também havia muita expectativa<br />

de tornar este diálogo eficaz.<br />

Tem defendido o conceito da eficiência dinâmica para<br />

o setor. Fale-nos deste conceito.<br />

É quando o bem-estar social é maximizado em situações<br />

de concorrência. E atinge o seu mínimo em monopólio.<br />

No setor das telecomunicações estamos num<br />

oligopólio. Não é como o setor das churrasqueiras de<br />

bairro, por exemplo, um setor verdadeiramente concorrencial:<br />

o produto é todo igual, muito homogéneo,<br />

com baixo investimento tecnológico. Nas telecomunicações<br />

estamos numa situação intermédia. Quando<br />

se aumenta o número de concorrentes, teoricamente<br />

aumenta-se o bem-estar. O problema é se, nesta passagem,<br />

se destrói a capacidade de investir. Temos que<br />

ter cuidado, sobretudo quando estamos em momentos<br />

de novas ondas tecnológicas. Devemos aumentar a<br />

concorrência, mas com cuidado, porque exige grandes<br />

investimentos. Tem de haver esse trade-off, tem de ser<br />

dinâmico.<br />

Sim, as mudanças tecnológicas são cada vez mais rápidas<br />

e exigem, por isso, cada vez mais capacidade de<br />

investimento.<br />

Julgo que devemos pensar num modelo económico de<br />

financiamento do setor. Porque o 5G pode ser realmen-<br />

23


a conversa<br />

como é que este hospital poderá<br />

usar o 6G. Não são os operadores<br />

que terão de pensar nisso.<br />

Mas os operadores não querem<br />

ouvir falar do 6G…<br />

… porque os investimentos no<br />

5G foram enormes. Onde é que<br />

poderemos potenciar o 5G ao<br />

máximo? Na educação, nas escolas,<br />

por exemplo. Ter a realidade<br />

virtual na aprendizagem,<br />

mas é preciso investir, é preciso<br />

vir mais de cima, é preciso uma<br />

visão.<br />

Na Europa até os grandes grupos<br />

estão a desinvestir. Veja-se<br />

a Vodafone. Desinvestiu em Espanha,<br />

agora vai desinvestir em<br />

Itália. A Altice está a desinvestir<br />

em Portugal.<br />

Sim, o problema é esse. O excesso<br />

de concorrência não é sustentável.<br />

24<br />

“Onde é que poderemos potenciar o 5G ao máximo? Na educação, nas escolas, por exemplo.<br />

Ter a realidade virtual na aprendizagem. Mas é preciso investir”<br />

te disruptivo: na indústria, na medicina, na educação.<br />

É brutal em todos os setores, é transversal. As externalidades<br />

positivas são enormes. O Estado tem de investir.<br />

Cada vez mais as telecomunicações têm um impacto<br />

que beneficia todos os outros setores. Temos de<br />

monetizar isso, financiar esses investimentos. Alguns<br />

deles só se concretizarão com alguma intervenção pública.<br />

Intervenção pública nacional ou europeia?<br />

Nacional. Que não tem havido. Sendo que os financiamentos<br />

nacionais recorrem a grandes fundos internacionais.<br />

Um exemplo: quando estamos a construir um<br />

novo hospital público, há que ter a visão de futuro de<br />

Quais são as suas expectativas<br />

com a entrada da Digi, olhando<br />

para o que está a acontecer no<br />

mercado espanhol?<br />

A Digi vem fazer algo que é importante<br />

em qualquer mercado:<br />

agitá-lo, sobretudo nas ofertas<br />

mais básicas. Temos falta de soluções<br />

diversificadas nas gamas<br />

baixas. O que nos falta é essa oferta de single services, de<br />

apenas internet, por exemplo. Pacotes com preços bem<br />

mais acessíveis, competitivos. Nós, enquanto regulador,<br />

temos de estar atentos às estratégias das empresas<br />

para segurar os seus próprios clientes, a práticas menos<br />

concorrenciais que vão sempre existindo, mas que agora,<br />

com o medo desta concorrência, possam ser exacerbadas.<br />

É preciso encontrar o equilíbrio.<br />

Na sua audição no parlamento, afirmou ter consciência<br />

de que a <strong>ANACOM</strong> estava internamente numa má<br />

situação. Encontrou efetivamente uma organização<br />

fragmentada, partida e desmotivada?


a conversa<br />

26<br />

Está partida, sim, está desmotivada, talvez menos do<br />

que eu pensava no início. Mas encontrei muita litigância,<br />

muita desconfiança. Mais do que desmotivação,<br />

encontrei medo. É o que sinto: as pessoas têm medo.<br />

Há também um grande desagrado com o sistema de<br />

avaliação. Senti muita ansiedade, muita falta de paciência,<br />

as pessoas agem muito na defensiva, parece<br />

que estão em avaliação permanente, como se lhes estivessem<br />

a apontar o dedo. A minha postura é dizer: “Vamos<br />

falar, vamos trabalhar<br />

na solução”.<br />

E hoje em dia os desafios<br />

que têm em mãos são<br />

muito transversais. É preciso<br />

toda a motivação interna…<br />

Sim, não podemos separar<br />

o que é a tecnologia dos<br />

cabos marinhos do setor<br />

de regulação. Temos a área<br />

do digital, supervisão, regulação,<br />

inovação. O que<br />

eu gostava, mesmo falando do Conselho de Administração,<br />

é de distribuir tarefas. Funcionar por projetos.<br />

É o caso da renovação do laboratório de Barcarena,<br />

por exemplo. É um projeto que precisa de liberdade de<br />

pensamento, de criatividade, de pessoas que pensem<br />

fora da caixa.<br />

Está a organizar a casa…<br />

Com calma, sim. Tenho muita experiência em gestão<br />

e coordenação de projetos, e de fazê-lo de forma interdisciplinar.<br />

Disse recentemente que a <strong>ANACOM</strong> tem um valioso<br />

conjunto de informação, mas que comunica mal. O<br />

que está a fazer neste aspecto?<br />

Não podemos negar uma realidade: temos públicos diferentes,<br />

temos de saber como atingi-los com linguagens<br />

distintas. Temos produtos muito interessantes,<br />

Temos de estar atentos às<br />

estratégias das empresas<br />

para segurar os seus<br />

próprios clientes. É preciso<br />

encontrar o equilíbrio<br />

como é o caso dos videocasts curtos, que são muito esclarecedores.<br />

Temos de apostar na literacia digital.<br />

Quais as principais mensagens que quer deixar aos<br />

protagonistas do mercado?<br />

Vou falar para os operadores, para os consumidores,<br />

para a oferta e para a procura. Para a oferta, quero dizer-lhes<br />

que continuem a acreditar no país. Eu sei que<br />

às vezes é difícil. Acho que podemos ser um exemplo<br />

e em muitas áreas somos<br />

até pioneiros, com certas<br />

investigações e inovações<br />

tecnológicas. É preciso<br />

investir em nova tecnologia,<br />

em inovação, mas ao<br />

mesmo tempo olhar para<br />

os consumidores com o<br />

maior respeito possível.<br />

Acho que a abordagem<br />

americana fazia muita<br />

falta em Portugal: o cliente<br />

está acima de tudo, o<br />

cliente está primeiro. Vemos<br />

isso em qualquer setor. A forma como os americanos<br />

gerem uma reclamação... Nas telecomunicações<br />

seria bom pensar no cliente, não tirar vantagem da iliteracia,<br />

que ainda é muita.<br />

E que mensagem quer deixar aos consumidores?<br />

Que procurem mais informação. Tirem tempo para ler<br />

as letras pequeninas. Procurem, comparem, exijam<br />

sempre que os operadores negoceiem convosco. E reclamem,<br />

mas com substância. Só assim o regulador poderá<br />

fazer alguma coisa. As reclamações vazias não nos<br />

servem de nada. Desejo que os consumidores busquem<br />

informação, mudem, experimentem, tirem vantagem<br />

do mercado. De dois em dois anos, quando terminam<br />

as fidelizações, experimentem outras ofertas. Lutem<br />

contra a inércia.•


em destaque<br />

É NO ATAQUE<br />

QUE ESTÁ<br />

A PREVENÇÃO<br />

O impacto dos ciberataques é cada<br />

vez mais dramático. Com a certeza<br />

de que nenhuma organização escapa<br />

à mira dos atacantes, cada vez mais<br />

sofisticados e abrangentes, a resolução<br />

das vulnerabilidades é uma prioridade<br />

absoluta. É que há muitas portas e<br />

janelas abertas no digital e só com<br />

soluções preventivas e proativas podem<br />

ser fechadas.<br />

TEXTO <strong>DE</strong> ISABEL TRAVESSA FOTOS CEDI<strong>DA</strong>S E 3ALEXD/ISTOCK<br />

28


29


em destaque<br />

30<br />

Não é por acaso que a cibersegurança e a resiliência<br />

cibernética foram tema central do Fórum<br />

Económico Mundial na Cimeira de Davos de<br />

janeiro último. As ameaças no digital estão a<br />

disparar, em quantidade e em sofisticação, num mundo<br />

em profundo processo de transição geopolítica<br />

e tecnológica. E a perspetiva é que este enorme risco<br />

global aumente exponencialmente nos próximos anos,<br />

colocando em causa as cadeias mundiais de fornecimentos,<br />

as economias e as próprias democracias. Por<br />

isso, há que cerrar fileiras ao nível mundial, europeu e<br />

nacional. Com a certeza de que a resposta terá de passar<br />

por uma estratégia de ataque defensivo.<br />

O Global Cybersecurity Outlook 2024, realizado<br />

pelo Fórum Económico Mundial (WEF) e pela Accenture,<br />

mostra que no ano passado o mundo enfrentou<br />

uma ordem geopolítica polarizada, múltiplos conflitos<br />

armados, ceticismo e fervor sobre as implicações das<br />

tecnologias do futuro e uma incerteza económica global<br />

generalizada. No meio deste cenário, uma certeza:<br />

a economia da cibersegurança cresceu exponencialmente,<br />

acima da economia<br />

global e ultrapassou o<br />

crescimento do setor tecnológico.<br />

Mais de um terço<br />

das organizações sofreu<br />

pelo menos um incidente<br />

cibernético.<br />

Para 2024, num cenário<br />

global ainda mais<br />

tenso e conflituoso, espera-se<br />

que as ameaças<br />

cibernéticas sejam mais<br />

vastas e complexas. Com<br />

a agravante de ser um ano em que mais de 45 países e<br />

quase quatro mil milhões de pessoas vão às urnas para<br />

decidir quem governa mais de 50% do PIB mundial.<br />

Isto enquanto cresce a desigualdade cibernética entre<br />

organizações, setores, comunidades e países.<br />

As soluções? Em Davos foram apontadas muitas<br />

e todas passaram por um combate concertado às desigualdades,<br />

pela resolução de lacunas em competências,<br />

por uma maior colaboração internacional, por<br />

mapear e entender melhor o ecossistema cibercriminoso,<br />

ou pela aposta na utilização massiva das mais<br />

recentes tecnologias. Aqui, a inteligência artificial (IA)<br />

A economia da<br />

cibersegurança cresceu<br />

exponencialmente, acima<br />

da economia global e do<br />

setor tecnológico<br />

surge em grande destaque, porque está a revolucionar<br />

tudo, para o bem e para o mal…<br />

FAZER FACE A MAIS E MAIS CIBERAMEAÇAS<br />

Uma análise do site govtech às previsões de cibersegurança<br />

para 2024 das grandes consultoras mundiais revela<br />

que todas têm alguns temas comuns. A começar<br />

pelo impacto da IA. Do ‘lado negro’ do digital, antecipam<br />

que os ataques cibernéticos sejam mais eficazes,<br />

com os hackers a aproveitarem todo o potencial das ferramentas<br />

da IA generativa. Mas a tecnologia também<br />

assume um papel fundamental na ciberdefesa. Acresce<br />

que a necessidade de melhorar a produtividade impulsionará<br />

a adoção rápida e generalizada da GenAI.<br />

Haverá cada vez mais regulamentação, leis, políticas,<br />

privacidade de dados e regras éticas, porque o número<br />

de pessoas online vai continuar a aumentar, reforçando<br />

exponencialmente a superfície de ataque para os hackers.<br />

O cenário na Europa não é diferente. O mais recente<br />

ranking das 10 principais ciberameaças, elaborado<br />

pela ENISA, a Agência<br />

para a Cibersegurança da<br />

UE, é liderado pelo comprometimento<br />

das cadeias<br />

de fornecimentos, face às<br />

dependências do software.<br />

Seguem-se a escassez de<br />

competências; erro humano<br />

e sistemas legacy explorados<br />

nos ecossistemas ciber-físicos;<br />

exploração de<br />

sistemas não corrigidos e<br />

desatualizados; e aumento<br />

da vigilância digital. Fornecedores transfronteiriços<br />

de serviços TIC; campanhas avançadas de desinformação/operações<br />

de influência; aumento das ameaças híbridas<br />

avançadas; utilização abusiva da IA; e impacto<br />

físico das perturbações naturais/ambientais nas infraestruturas<br />

digitais críticas completam a lista.<br />

O “Worldwide Security Spending Guide”, da IDC,<br />

diz que as organizações “enfrentam níveis de ciberameaça<br />

sem precedentes, impulsionados por uma enorme<br />

e voraz economia de cibercriminalidade, pela proliferação<br />

de todas as ferramentas e serviços de ataque<br />

imagináveis na dark web e por um cenário geopolítico


Jorge Monteiro e André Baptista, co-founders da Ethiack, não duvidam de que a aplicação da nova diretiva europeia constituirá uma<br />

mudança de paradigma no âmbito da cibersegurança<br />

turbulento”. Resultado: os gastos das empresas em cibersegurança<br />

vão crescer a dois dígitos este ano (mais<br />

12,3% que em 2023).<br />

Pelo menos até 2027, esse ritmo deverá manter-se,<br />

comprovando que “a segurança é uma área-chave de<br />

investimento em TI para as organizações europeias,<br />

que terão de continuar a enfrentar a ameaça constante<br />

de ataques cibernéticos, protegendo ambientes de<br />

cloud híbrida”, além de garantirem a conformidade<br />

com as regulamentações nacionais e europeias. Um<br />

dos desafios mais imediatos, na sequência da Estratégia<br />

de Cibersegurança da UE, aprovada em 2020, é<br />

a transposição para os Estados-membros da Diretiva<br />

NIS 2, cujo prazo termina a 17 de outubro.<br />

Considerada a legislação mais abrangente de sempre<br />

na cibersegurança, representará “uma verdadeira<br />

mudança de paradigma, com pontos positivos e negativos”,<br />

como refere o CEO e co-founder da Ethiack, startup<br />

nacional que previne o cibercrime nas organizações.<br />

“Estamos no meio de várias guerras, de uma mudança<br />

digital gigantesca nas organizações, que prestam serviços<br />

e têm dados de pessoas. Vejo como positivo que a<br />

UE esteja a implementar regras que já deveriam existir<br />

há mais tempo, para garantir a privacidade dos dados<br />

e uma maior segurança das nações. Hoje, qualquer falha<br />

num serviço crítico digital, resulta num gigantesco<br />

caos na sociedade”.<br />

Certo de que a diretiva trará mais trabalho às organizações,<br />

podendo as PME ter algumas dificuldades<br />

em cumprir todas as obrigações, desdramatiza, considerando<br />

que se trata de um processo que “representa<br />

uma proposta de valor, ao garantir serviços mais seguros.<br />

A segurança tem de deixar de ser pensada como<br />

uma obrigação e um custo e passar a ser olhada como<br />

um investimento que vai dar mais valor à oferta”, defende.<br />

EXPOSIÇÃO DIGITAL <strong>DA</strong>S EMPRESAS APDC<br />

Cerca de 43% das organizações já terá definido ou revisto<br />

a política de segurança das TIC nos últimos 24<br />

meses, de acordo com dados da CNCS de 2022, que<br />

constam do ‘Relatório Cibersegurança em Portugal –<br />

Sociedade 2023”, divulgado em janeiro. O que prova<br />

que o tema está na agenda das empresas. A maioria<br />

31


em destaque<br />

32<br />

tinha recomendações documentadas sobre medidas,<br />

práticas ou procedimentos de segurança das TIC (54%),<br />

bastante acima dos 28% registados em 2019, sendo os<br />

mais relevantes os relacionados com o trabalho remoto<br />

e híbrido. Em termos de medidas efetivas tomadas, a<br />

mais comum era a autenticação através de uma palavra<br />

-passe segura (84%), backup da informação num segundo<br />

local (74%) e controlo de acesso à rede (63%). Assim<br />

como ações de sensibilização para colaboradores.<br />

Mas isso só não chega. Há muito que melhorar.<br />

A CNCS faz várias recomendações, desde as ações de<br />

sensibilização, formação e educação, à continuação da<br />

promoção e criação de estratégias e políticas de segurança<br />

de informação. Ainda refere como importante a<br />

adoção das melhores práticas de cibersegurança e acaba<br />

de lançar um Roteiro para as Capacidades Mínimas<br />

de Cibersegurança, para assegurar que as empresas desenvolvem<br />

valências técnicas, humanas e processuais,<br />

sobretudo as PME.<br />

Apesar dos esforços desenvolvidos nos últimos<br />

anos para melhorar, as empresas continuam a apresentar<br />

múltiplas vulnerabilidades.<br />

Incluindo entre<br />

as associadas da APDC.<br />

Um estudo realizado pela<br />

Ethiack ao universo de<br />

empresas da associação<br />

– mais de 120 – através<br />

de um reconhecimento<br />

passivo e não intrusivo da<br />

infraestrutura digital exposta<br />

sob 852 domínios de<br />

topo únicos, confirma-o:<br />

foram encontrados mais<br />

de 60 mil ativos expostos.<br />

Se, pela positiva, as empresas são “cada vez mais<br />

tecnológicas e digitais, caso contrário não haveria tantos<br />

domínios e ativos”, Jorge Monteiro explica que foram<br />

detetadas “fragilidades muito fáceis de corrigir”,<br />

citando os quase 20% de certificados SSL desatualizados<br />

ou os mais de 25% de informação exposta nos servidores<br />

das organizações.<br />

Destacando que “a ferramenta utilizada realiza<br />

apenas um reconhecimento preliminar da superfície<br />

de ataque externo relevante, sem ser capaz de realizar<br />

a identificação e análise de vulnerabilidade”, garante<br />

que acede apenas a informação disponível em bases de<br />

dados públicas e através de acessos legítimos a domínios<br />

web.<br />

O trabalho alerta para o caso dos certificados SSL<br />

desatualizados, por terem protocolos HTTPS inválidos.<br />

A Ethiack faz uma análise<br />

da exposição digital das<br />

associadas da APDC. SSL<br />

desatualizados foi uma das<br />

fragilidades detetadas<br />

São, por isso, “inseguros. Um invasor pode intercetar<br />

o tráfego enquanto estiver conectado à mesma rede,<br />

permitindo ataques como escutas e man-in-the-middle”.<br />

Há ainda 25,22% de arquivos de configuração dos servidores<br />

web expostos, o que os torna “mais vulneráveis<br />

a explorações”. Relativamente aos ativos utilizados pelas<br />

empresas no estudo, a maioria está localizada nos<br />

EUA (65%) e pertence à Amazon (62%).<br />

As conclusões não são muito diferentes da análise<br />

que a startup realizou às 500 maiores empresas nacionais.<br />

Dela, conclui-se que existiam 10.880 ativos<br />

digitais expostos. Mais de 20% dos servidores web expunham<br />

informações sobre a sua versão e software, as<br />

organizações desconheciam cerca de um terço dos ativos<br />

digitais expostos e mais de 10% dos certificados SSL<br />

estavam inválidos.<br />

Tendo em conta estas conclusões, a Ethiack recomenda<br />

às empresas do universo APDC a adoção de<br />

“soluções preventivas e proativas, que permitam uma<br />

melhor gestão da superfície de ataque externo”. Com<br />

destaque para duas soluções: uma ferramenta de Gestão<br />

de Superfície de Ataque<br />

Externo (EASM), que<br />

permitirá uma visão completa<br />

de toda a exposição<br />

digital, e um mapeamento<br />

de todos os ativos conhecidos<br />

e desconhecidos;<br />

bem como uma ferramenta<br />

Continuous Automated<br />

Red Teaming (CART), que<br />

combina o conhecimento<br />

de testes automatizados e<br />

manuais, permitindo uma<br />

análise contínua e precisa.<br />

“As empresas têm cada vez mais ativos e a infraestrutura<br />

digital está sempre a mudar. E são descobertas<br />

novas vulnerabilidades todos os dias. Há estudos que<br />

revelam que há mais de 80 novas irregularidades grandes<br />

e graves diárias e há criminosos que pegam nelas e<br />

começam a atacar toda a gente”, explica Jorge Monteiro.<br />

E alerta que nenhuma empresa pode estar livre de<br />

ser atacada: “Um criminoso não decide à partida qual<br />

é a empresa que vai atacar. Ataca um conjunto de IP’s e<br />

só depois, dependendo do que encontra, decide”.<br />

Por isso, as organizações devem manter-se o mais<br />

atualizadas possível em termos de ferramentas para<br />

gerir a sua presença online. Percebendo as tecnologias,<br />

as eventuais vulnerabilidades e fazendo um inventário<br />

dos seus ativos digitais. Depois, “há que testar em permanência”,<br />

alerta o gestor, que defende que “não deve-


mos ter medo de vulnerabilidades. O que<br />

devemos é aceitar que os nossos serviços<br />

e produtos vão tê-las, testar frequentemente<br />

e corrigir o mais rapidamente<br />

possível”.<br />

FECHAR JANELAS E PORTAS<br />

Mas a realidade mostra que “o tema da cibersegurança<br />

ainda não é uma prioridade<br />

ao nível das lideranças. Foi algo que apareceu<br />

muito rapidamente e que se tornou<br />

muito mais complexo”. A solução? “Pensar<br />

no digital e na cibersegurança como<br />

uma extensão do físico. Nenhum líder<br />

deixaria uma loja ou um armazém com<br />

as portas ou as janelas abertas durante a<br />

noite. Então porque é que deixa o digital?<br />

Temos de as encontrar e fechá-las o mais<br />

rapidamente possível”.<br />

Certo de que “as lideranças estão a começar<br />

a mudar, até por uma questão de<br />

gerações”, Jorge Monteiro admite que a<br />

prioridade nº1 nas empresas será sempre<br />

a de aumentar as receitas. O “desafio é<br />

saber como se consegue que a cibesegurança<br />

passe a ser uma mais-valia do produto<br />

e do serviço e não apenas um custo<br />

ou uma obrigação para estar compliance<br />

com a legislação”. Até porque “os ataques<br />

começam a ser dramáticos e com<br />

grande impacto. Só os vejo a aumentar<br />

com a IA e a automação. Cada vez mais,<br />

pode atacar-se numa escala gigantesca”.<br />

E o “atacante tem sempre vantagens em<br />

relação ao defensor, porque apenas precisa<br />

de encontrar uma janela no edifício<br />

todo. Nunca se consegue garantir 100%<br />

de segurança. Isso não existe. Mas pode fazer-se muito,<br />

com soluções que permitam testar com qualidade<br />

e encontrar vulnerabilidades”, diz o CEO da Ethiack.<br />

Que não acredita que se trate de um problema de investimento,<br />

porque “há dinheiro a ser investido em<br />

cibersegurança defensiva, como antivírus, firewalls ou<br />

VPN’s, e em cibersegurança reativa, para resolver um<br />

ataque. Mas “há muito pouco dinheiro a ser investido<br />

na prevenção”.<br />

É exatamente isso que defende a Ethiack, uma ‘defesa<br />

atacante’. “Temos de fazer uma gestão da superfície<br />

de ataque, da infraestrutura digital, para fechar<br />

as janelas e as portas. Só depois, se quisermos investir<br />

mais em cibersegurança, pomos muralhas à volta das<br />

“Não devemos ter medo de vulnerabilidades. O que devemos é aceitar que<br />

os nossos serviços e produtos vão tê-las, testar e corrigir o mais rapidamente<br />

possível”, aconselha Jorge Monteiro<br />

infraestruturas. Os testes de segurança servem para<br />

detetar os problemas, que depois terão de ser resolvidos.<br />

Muitas empresas fazem exatamente o contrário”,<br />

salienta.<br />

A missão da startup é identificar problemas de uma<br />

forma contínua, para que as organizações saibam os<br />

que têm e possam corrigi-los. Depois, fornece relatórios<br />

para cada vulnerabilidade, com guias de mitigação,<br />

cabendo à empresa corrigir os problemas, quer internamente,<br />

com os colaboradores, quer através de um<br />

parceiro que já esteja dentro do processo de transformação.<br />

Com a certeza de que o mais complexo, mesmo<br />

numa PME, é identificar o problema. Resolvê-lo não é<br />

assim tão dificil.•<br />

33


em destaque<br />

O LADO BOM <strong>DA</strong> FORÇA: ‘HACKERS DO BEM’<br />

ENGENHEIRO AERONÁUTICO, Jorge Monteiro sempre<br />

sentiu fascínio pelo cosmos e fez muita<br />

investigação. Em paralelo, como tinha o ‘bichinho’<br />

do empreendedorismo, chegou mesmo<br />

a criar uma startup na área espacial. Em 2018,<br />

o amigo de infância André Baptista, mestre<br />

em Segurança Informática, foi considerado o<br />

hacker mais valioso do mundo na competição<br />

internacional de hackers H1-202 e começou a<br />

desenvolver trabalhos na área de cibersegurança,<br />

para os quais chamou Jorge. Acabaram<br />

por perceber que poderiam desenvolver um<br />

produto e criaram,<br />

em 2020, a Ethiack.<br />

A solução, assente em IA,<br />

identifica vulnerabilidades<br />

em tempo real com 99% de<br />

precisão<br />

Depois de um ano de<br />

desenvolvimento e<br />

de testes, lançaram<br />

oficialmente a sua<br />

plataforma de cibersegurança<br />

SaaS, para<br />

ajudar as organizações<br />

a melhorar os<br />

níveis de segurança<br />

e prevenir o cibercrime, otimizando custos e<br />

recursos.<br />

Não demoraram muito a arrecadar vários<br />

prémios. Na Web Summit de 2023, a Ethiack<br />

foi uma das três grandes vencedoras do Road<br />

2 Web Summit, sendo considerada a startup<br />

“mais promissora”. Venceu a 1ª edição do<br />

Prémio Nacional de Inovação, no segmento<br />

Tecnologia. E foi a única portuguesa selecionada<br />

para integrar um grupo de 17 empresas do<br />

programa @Google for Startups Growth Academy:<br />

AI for Cybersecurity. Mais recentemente,<br />

foi um dos dois projetos portugueses vencedores<br />

na iniciativa mundial World Summit Award<br />

(WSA), na categoria de Business & Commerce.<br />

A sua plataforma, assente em IA, faz testes de<br />

segurança ofensivos contínuos, que permitem<br />

identificar vulnerabilidades em tempo real com<br />

99% de precisão e recomenda as medidas para<br />

as corrigir. Combinando automação, inteligência<br />

artificial e as competências de hackers éticos.<br />

Com dez pessoas, a meta da startup é crescer<br />

rapidamente e, por isso, estava no final de março<br />

a realizar uma ronda de investimento. Em dois<br />

anos quer chegar aos 40 a 50 colaboradores e<br />

reforçar a internacionalização,<br />

para a qual<br />

iniciou um programa de<br />

parcerias locais, porque<br />

“a cibersegurança é um<br />

mercado de confiança”.<br />

No mercado nacional,<br />

contam já com um leque<br />

de clientes que inclui<br />

a Sonae, ANA, VdA,<br />

Cegid, Lusitânia e NOS.<br />

Mas também trabalham em mercados como a<br />

Alemanha, França, Holanda, Angola e Brasil, cujas<br />

vendas representam já mais de 30% do total.<br />

O processo de venda da solução passa sempre<br />

pela mesma metodologia: a Ethiack disponibiliza<br />

gratuitamente a todas as empresas interessadas<br />

um mês de testes, para conhecerem a oferta<br />

e perceberem o seu valor. Findo esse prazo,<br />

poderão tomar uma decisão informada. “Nunca<br />

vendemos a solução sem dar valor e sem criar<br />

uma relação de confiança. É algo que valorizamos<br />

e é a nossa estratégia. As grandes organizações<br />

clientes deram-nos a oportunidade, viram a mais-<br />

34


Da equipa da Ethiack, que em breve vai crescer, fazem parte hackers éticos, que se concentram em detetar as vulnerabilidades<br />

mais graves nas empresas, que não são encontradas pelas máquinas<br />

valia face às soluções concorrentes e decidiram<br />

comprar”, explica Jorge Monteiro.<br />

A utilização de ferramentas de IA permite à startup<br />

maximizar o seu trabalho, ter mais impacto<br />

e eficiência. Como encontrar vulnerabilidades<br />

de forma muito mais precisa. “Neste momento,<br />

temos uma precisão de 99,5%, com uma margem<br />

de erro para falsos positivos de 0,5%. Isto permite,<br />

no caso de organizações digitais tecnológicas<br />

com muitos alertas diários, uma maximização<br />

dos recursos. Quando é encontrada uma vulnerabilidade,<br />

já sabem que é real”, adianta o gestor.<br />

A ideia é que 80% das vulnerabilidades sejam encontradas<br />

por máquinas, sendo que os restantes<br />

20% são resolvidos pelos ‘hackers do bem’ da<br />

Ethiack, que se podem focar nos temas mais<br />

críticos e serem criativos.<br />

Segundo o CEO e co-founder do projeto: “A<br />

IA torna-nos mais rápidos. Temos ataques e<br />

vulnerabilidades encontradas todos os dias e<br />

ataques que surgem logo após a resolução de<br />

uma vulnerabilidade. Temos de conseguir que<br />

as nossas máquinas aprendam rápido, para<br />

encontrar vulnerabilidades rapidamente”. Afinal,<br />

precisão, impacto, eficiência e velocidade<br />

são essenciais.•<br />

35


negocios<br />

TIC TAC<br />

TECH<br />

Na Glintt Next os resultados<br />

apresentam-se num período<br />

temporal que se mede em<br />

semanas. Não faz sentido<br />

fazer de outra forma quando a<br />

abordagem aos clientes assenta<br />

em dois fatores essenciais:<br />

proximidade e agilidade. Ganhar<br />

tempo é essencial.<br />

TEXTO <strong>DE</strong> TERESA RIBEIRO FOTOS <strong>DE</strong> VÍTOR GORDO/SYNCVIEW E ISTOCK<br />

36


37


negocios<br />

38<br />

Glintt é uma marca que o mercado já conhece há<br />

15 anos. Durante década e meia cresceu através<br />

de aquisições, lançando novas ofertas e abordando<br />

setores diversificados. Daí resultaram<br />

várias marcas. De tal forma o grupo se desenvolveu que<br />

sobreveio a necessidade de se reconfigurar, por forma<br />

a evitar a fragmentação, do ponto de vista da sua arquitetura<br />

de marcas. Foi assim que a Glintt se passou<br />

a chamar Glintt Global e a partir dela nasceram duas<br />

submarcas: a Glintt Life e a Glintt Next. Miguel Leocádio,<br />

administrador-executivo do grupo, explica o que<br />

esteve na origem desta reestruturação: “Concluímos<br />

que a fragmentação que até há pouco existia acabava<br />

por não acrescentar valor e que podia mesmo criar alguma<br />

confusão junto dos clientes. Muitos conheciam-<br />

-nos meramente pelo que fazíamos na sua área, outros<br />

não percebiam como estava organizada a nossa oferta<br />

e quais eram as nossas apostas. Numa fase em que estamos<br />

num ciclo de acelerar o nosso crescimento, para<br />

entrar em novos clientes e em novas geografias, precisávamos<br />

de maior clareza sobre a dimensão que temos,<br />

por um lado, e as nossas valências e propostas de valor,<br />

por outro”.<br />

Com a nova arquitetura, as submarcas da Glintt<br />

Global e respetivas propostas<br />

de valor passaram<br />

a ser mais fáceis de explicar,<br />

o que em si mesmo é<br />

um fator importante de<br />

competitividade. A Glintt<br />

Global apresenta-se como<br />

uma grande empresa global<br />

nas tecnologias, nos<br />

serviços, nos produtos,<br />

nas geografias e também<br />

nas indústrias para<br />

onde aponta o seu foco. A<br />

Glintt Life, uma das duas grandes marcas comerciais<br />

que criou, dirige a sua atividade para o setor da saúde<br />

e, neste momento, é líder ibérica em Healthtech. Já a<br />

Glintt Next faz consultoria tecnológica multissectorial,<br />

em Portugal e Espanha, com foco na transformação<br />

digital das grandes empresas.<br />

Com esta reorganização Miguel Leocádio, que se<br />

encontra à frente dos destinos da Glint Next, considera<br />

ser agora “mais fácil estabelecer uma comunicação<br />

individualizada” para o segmento que pretende abordar<br />

e, ao mesmo tempo, não perde a ligação ao todo<br />

que é a dimensão da Glintt Global.<br />

A Glintt Next espera crescer,<br />

até 2027, em 70% no seu<br />

volume de negócios, o que<br />

corresponde a 42 milhões<br />

de euros<br />

A Glintt Next atua nos sectores mais corporativos<br />

das grandes empresas, em áreas como as telecomunicações,<br />

banca e seguros, energia, sector público e<br />

serviços. Tem também projetos em França, Benelux e<br />

América Latina. De acordo com Miguel Leocádio, a sua<br />

ambição é entrar em novas geografias, mas essencialmente<br />

na Europa Ocidental.<br />

ABSOLUTAMENTE IMPARÁVEIS<br />

“Temos um objetivo muito ambicioso que definimos<br />

para um ciclo que vai até 2027. Definimos um crescimento<br />

bastante acelerado, de cerca de 70% ao nível<br />

do nosso volume de negócios (o que corresponde a<br />

42 milhões de euros)” – sem pestanejar, é assim que<br />

o principal responsável pelos destinos do Glintt Next<br />

fala dos planos da empresa para o futuro próximo.<br />

Apesar de elevada, a fasquia dos 70% não o assusta<br />

nem um pouco, porque tudo se vai passar de acordo<br />

com um plano em que acredita: “Esta estratégia passa<br />

essencialmente por três plataformas de crescimento:<br />

por um lado, queremos consolidar o nosso negócio em<br />

Portugal, crescer de forma mais assinalável o negócio<br />

em Espanha (temos um potencial de crescimento muito<br />

significativo) e existe uma terceira dimensão que é a<br />

da entrada na prestação de serviços a clientes noutros<br />

países europeus”.<br />

Neste momento a<br />

Glintt Next está em conversações<br />

com mais quatro<br />

países: Reino Unido,<br />

França, Suécia e Alemanha.<br />

O modelo que está<br />

a procurar desenvolver<br />

é o de joint ventures com<br />

empresas locais, por forma<br />

a abordar esses novos<br />

mercados num modelo de<br />

nearshore. O trabalho de<br />

expansão para estas novas<br />

geografias está em curso. No primeiro semestre deste<br />

ano esperam ainda formalizar as primeiras parcerias<br />

para iniciar a prestação de serviços a clientes nesses<br />

países.<br />

A ambição do crescimento em 70% não lhes dá tréguas,<br />

por isso a palavra de ordem é acelerar. E nem a<br />

eventual contração do mercado causada por fatores<br />

incontroláveis como uma guerra a decorrer na Europa<br />

por tempo indeterminado parece provocar apreensão.<br />

“Questões como essa cruzam-se com uma discussão<br />

que vem sendo recorrente, de resto muito interessante,<br />

que é a de como é que esse tipo de fatores afetam a


“Estamos muito satisfeitos com este movimento que fizemos recentemente. Está a ajudar-nos muito do ponto de vista da<br />

comunicação, no contacto com clientes, parceiros ou eventuais parceiros. A nossa mensagem para o mercado tem maior clareza”,<br />

afirma Miguel Leocádio<br />

evolução do investimento nas tecnologias digitais. E o<br />

que a realidade já nos mostrou é que, por exemplo, durante<br />

a pandemia os investimentos em tecnologia digital<br />

não seguiram uma relação totalmente proporcional<br />

com aquilo que são os ciclos económicos. Claro que há<br />

setores que estão com padrões de crescimento muito<br />

diferentes uns dos outros, mas nós acreditamos que –<br />

e os dados parecem demonstrar isso – o investimento<br />

em tecnologias digitais vai continuar a crescer todos os<br />

anos”, afirma Miguel Leocádio.<br />

Por vezes, não sendo totalmente proporcional aos<br />

ciclos de crescimento económico, que neste momento<br />

estão mais arrefecidos, o investimento em tecnologias<br />

digitais acaba por ser um pouco a alavanca e o suporte,<br />

o enabler, da criação de novos negócios, defende o<br />

gestor. De resto, na Glintt Next sabe-se que a procura<br />

na Europa se mantém acima da oferta: “Os países europeus<br />

continuam a ter escassez de talento para todos<br />

os projetos que pretendem fazer”. Essa circunstância<br />

reforça o papel das consultoras tecnológicas, habilitadas<br />

que estão a propor às empresas soluções que minimizem<br />

questões como a falta de recursos humanos.<br />

PROXIMI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> É FUN<strong>DA</strong>MENTAL<br />

O mercado está a reagir bem à recente reconfiguração<br />

da empresa Glintt Global: “Estamos muito satisfeitos<br />

com este movimento que fizemos recentemente. Está<br />

a ajudar-nos muito do ponto de vista da comunicação,<br />

no contacto com clientes, parceiros ou eventuais parceiros.<br />

A nossa mensagem para o mercado tem maior<br />

clareza. E, claro, os bons resultados que temos tido<br />

também ajudam nesta nossa nova abordagem ao mercado”,<br />

confirma o líder da Glintt Next.<br />

A proximidade com os clientes, frisa Miguel Leocádio,<br />

é fundamental e uma das características mais distintivas<br />

da empresa. Para maximizar esta relação fez-se<br />

todo um reforço de equipas ao nível mais sénior, não<br />

só para as áreas comerciais, mas também para o acompanhamento<br />

técnico dos clientes. O que estes pedem é<br />

sobretudo soluções para a gestão de canais digitais e da<br />

39


negocios<br />

40<br />

relação com os clientes, mas também para a automatização<br />

e robotização de processos, com vista à maior<br />

agilização das suas organizações. A valorização e monetização<br />

de dados é também, cada vez mais, uma área<br />

de aposta das organizações: “Hoje, as empresas têm a<br />

noção de que essa é uma matéria-prima muito valiosa,<br />

mas precisam de aprender a transformá-la para seu<br />

maior benefício”, diz Miguel Leocádio.<br />

Mas para o mundo corporativo a IA generativa será<br />

a grande área de investimento este ano. O potencial<br />

da IA é enorme, já todos perceberam isso. E este é um<br />

momento de disrupção tecnológica que muitos só encontram<br />

comparação com o advento da internet, ou das<br />

tecnologias móveis. A este propósito, Miguel Leocádio<br />

admite que “estamos num virar de página”. Por isso,<br />

a estratégia para adoção generalizada desta tecnologia<br />

está traçada na Glintt Next: “Situamos este tema em<br />

três dimensões: a produtividade individual (que pode<br />

ser afetada positivamente por esta tecnologia), a eficiência<br />

operacional das organizações (como podem<br />

evoluir e ser automatizados, reduzir tudo o que é esforço<br />

humano com menos valor acrescentado) e, por último,<br />

a perspetiva de evolução do próprio negócio dos<br />

clientes”. Esse, afirma, “é o território dos uses cases”.<br />

Hoje, grande parte dos clientes da Glintt Next quer<br />

dar passos significativos em cada uma destas dimensões.<br />

Mas o processo ainda se encontra numa fase inicial,<br />

de descoberta: “Costumamos dizer que há uma<br />

oportunidade em todas as áreas. O nosso trabalho é<br />

descobrir essa oportunidade. E isso passa por estarmos<br />

lado a lado com os nossos clientes, para descobrir<br />

qual o caso de uso mais<br />

adequado ao seu negócio.<br />

Fazemos essa descoberta,<br />

depois vemos como<br />

funciona e só a seguir podemos<br />

escalar”, afirma o<br />

gestor.<br />

Todas as empresas e<br />

organizações estão, neste<br />

âmbito, à procura do seu<br />

caminho. Encontraremse<br />

todos numa fase muito<br />

inicial torna tudo mais<br />

interessante. São os primeiros<br />

passos, mas num caminho que não vai voltar<br />

para trás. Porque, acredita-se na Glintt Next, “isto não<br />

é uma moda tecnológica”.<br />

A consultora tecnológica<br />

está muito focada no<br />

que são as 200 maiores<br />

empresas em Portugal e as<br />

500 maiores de Espanha<br />

A consultora está muito focada no que são as 200<br />

maiores empresas em Portugal e as 500 maiores em Espanha,<br />

mas à parte o mundo corporativo, tem clientes<br />

muito relevantes no setor<br />

público. Miguel Leocádio<br />

diz que, em Portugal, a<br />

atual conjuntura é única,<br />

pois o PRR trouxe ao Estado<br />

uma capacidade de<br />

investimento fora do comum.<br />

A Administração Pública<br />

(AP), conta, está a<br />

investir muito na transformação<br />

dos canais para<br />

o cidadão. E existe, nesta<br />

área, um longo caminho<br />

a percorrer. A IA está presente nas preocupações da<br />

maior parte das grandes organizações do Estado, de tal<br />

forma que, depois de implementados os projetos que


estão em curso, o cidadão vai notar a diferença. Essa é a<br />

convicção que existe na Glintt Next, uma das parceiras<br />

que colaboram na transformação digital da AP.<br />

AGILI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> E PROXIMI<strong>DA</strong><strong>DE</strong><br />

Com uma plataforma ibérica de serviços digitais, a<br />

Glintt Next apresenta um modelo operativo integrado,<br />

com colaboradores portugueses, espanhóis e de outras<br />

nacionalidades (no total são 15), incluindo muitos<br />

profissionais oriundos da América Latina. É a partir<br />

desta plataforma que as equipas da consultora tecnológica<br />

prestam serviços a todos os clientes, incluindo<br />

muitos que se encontram no espaço europeu, fora da<br />

Península Ibérica. Esta forma de trabalhar confere-<br />

-lhes dimensão e agilidade. E esse é um aspeto importante<br />

para alguns dos seus clientes, que necessitam de<br />

dimensão para escalar projetos rapidamente e implementar<br />

tecnologias.<br />

A abordagem aos clientes é muito assente nestes<br />

dois fatores: agilidade e proximidade. Não por acaso<br />

são as palavras que estão no centro da proposta de valor<br />

da consultora: “Temos o slogan ‘Glintt Next: The New<br />

with you’. ‘The new’ porque temos de trazer aquilo que é<br />

o maior potencial das novas tecnologias para resolver<br />

os desafios de quem procura os nossos serviços e ‘with<br />

you’ porque fazemo-lo de forma muito próxima com os<br />

clientes”, explica Miguel Leocádio.<br />

A relação transacional não lhes serve, não é o seu<br />

modo de atuação: “Tipicamente, temos relações de<br />

longo prazo com os clientes, onde a proximidade e o<br />

trabalho conjunto são a nossa matriz dominante”,<br />

sublinha o gestor.<br />

O portfolio de serviços e soluções alargadas que permite<br />

à consultora tecnológica usar diversas tecnologias<br />

é uma das suas mais-valias. Trabalha muito com<br />

o desenvolvimento de software, com as linguagem de<br />

programação mais procuradas, usa também a implementação<br />

de novas arquiteturas. E sim, é adepta das<br />

tecnologias de desenvolvimento rápido, do low code.<br />

Esta é uma área que, acredita a consultora, terá ainda<br />

muito espaço para ser explorada pelas empresas europeias<br />

e isso é bom, porque a Glintt Next tem uma<br />

experiência de cerca de 15 anos nesta tecnologia. Foi,<br />

com efeito, um early adopter de low code, um dos primeiros<br />

parceiros da OutSystems desde que a tecnológica<br />

iniciou a sua atividade em Portugal. Esta “experiência<br />

acumulada de 15 anos não se compra, tem de ser vivida”,<br />

afirma, de sorriso aberto, Miguel Leocádio.<br />

Para dar consistência à grande aposta que é a área<br />

de dados e IA generativa, a empresa conta com uma<br />

equipa multidisciplinar, com diversos perfis e uma dimensão<br />

adequada, para estar alinhada com as necessidades<br />

do mercado. Esta é uma área que está a mudar<br />

constantemente com a introdução de novas tecnologias<br />

e novos produtos. Por isso, na Glintt Next sabem<br />

que é necessário ganhar massa crítica e com isso acrescentar<br />

valor.<br />

Foi com estas preocupações que a Glintt Global<br />

criou um centro de excelência de dados e IA generativa.<br />

Para dar resposta adequada às necessidades das suas<br />

empresas e também afirmar-se como um dos principais<br />

players de referência na Península Ibérica.<br />

SEM PARE<strong>DE</strong>S NEM TETO<br />

“Estamos no início de uma curva de maturidade tecnológica.<br />

Por isso, decidimos ser este o momento certo<br />

para criarmos este centro, com uma capacidade mais<br />

estruturada e massa crítica para suportarmos os nossos<br />

clientes”, partilha Miguel Leocádio.<br />

O centro nasceu com cerca de 40 especialistas e<br />

41


negocios<br />

42<br />

“Costumamos dizer que há uma oportunidade em todas as áreas. O nosso<br />

trabalho é descobrir essa oportunidade”, partilha o líder da Glintt Next<br />

consultores. Muitos já estavam a trabalhar dentro da<br />

organização em áreas separadas. A ele juntaram-se<br />

também recém-licenciados, jovens que trazem aprendizagens<br />

recentes do meio académico, numa área que<br />

está a mudar todos os dias. Mas a ordem é para contratar:<br />

“Vamos ter de acelerar muito os nossos processos<br />

de contratação. Os perfis que procuramos são muito<br />

diversificados. Contratamos muito perfis tecnológicos,<br />

mas agora também com muito destaque para as<br />

áreas de dados e IA, com diversas competências associadas.<br />

Além de data scientists, precisamos de acolher<br />

na equipa pessoas com perfis mais funcionais, como<br />

designers, gestores e consultores, para alinhar competências<br />

de negócio com componentes de estratégia”,<br />

adianta o gestor.<br />

Entre outras coisas, o centro desenvolve ativos tec-<br />

nológicos, que acabam por ser aceleradores<br />

que beneficiam a oferta da Glintt Global:<br />

“Para apresentarmos uma solução a um<br />

cliente, temos de combinar diversas tecnologias.<br />

Combinar tecnologias que estão a<br />

mudar todos os dias implica criarmos a nossa<br />

competência, know-how, mas também peças<br />

que são aceleradores, que permitem que,<br />

ao entregarmos os projetos, não o façamos<br />

a partir do zero”, explica o líder da Glintt<br />

Next.<br />

A consultora ter esta valência é estrategicamente<br />

muito importante, já que o fator<br />

aceleração pretende ser uma das suas marcas<br />

distintivas. “Queremos ser muito ágeis. Não<br />

faz sentido estarmos a trabalhar para ter um<br />

resultado daqui a meses. Queremos entregar<br />

em períodos que se medem em semanas. Ver<br />

resultados que podem ser preliminares, mas<br />

que nos permitem tirar conclusões e, depois,<br />

crescer a partir dessas primeiras evidências”,<br />

afirma, muito assertivo, Miguel Leocádio.<br />

O centro de excelência da Glintt Global<br />

não existe fisicamente. Para quê paredes em<br />

betão, se o ideal é mesmo não haver divisões<br />

entre quem lá trabalha? Digital a 100%, o que<br />

tem mais perto de se assemelhar a algo sólido<br />

é mesmo a força que une as suas pessoas.<br />

De betão, só mesmo a sua sede, na Beloura,<br />

e vários escritórios espalhados pela Península Ibérica.<br />

Em Portugal, a Glintt Global tem presença em Lisboa,<br />

Porto, Coimbra, Sintra, Bragança e Açores, mas<br />

ainda no primeiro semestre deste ano o grupo abrirá<br />

novo espaço no centro da capital. Estes são lugares<br />

essencialmente para interface com clientes, reuniões<br />

estratégicas das equipas e postos de trabalho para os<br />

profissionais cujas funções requerem a sua presença<br />

física. Porém, por princípio, o talento da marca flutua.<br />

Através da sua plataforma ibérica tem grande parte das<br />

suas pessoas a trabalhar em modelo híbrido, a partir<br />

de várias geografias. Um paradigma que veio para ficar<br />

e que traz ao universo da Glintt Global, composto por<br />

1.200 colaboradores, mais diversidade, mais agilidade<br />

e até mais proximidade. Valores de que a empresa não<br />

abdica.•


AI ASSISTANT<br />

A Inteligência Artificial<br />

ao serviço das empresas<br />

A AI Assistant chegou para ajudar o seu negócio.<br />

Impulsionada pela Inteligência Artificial, pode ser<br />

uma grande ajuda na otimização dos seus processos.<br />

Gestor | 16 206 | meoempresas.pt


itech<br />

FERNANDO MARTA:<br />

Relação perfeita<br />

Trata a tecnologia como uma parceira que tem tudo para<br />

fazê-lo feliz. Por isso não se expõe, não se submete e jamais<br />

correrá o risco de criar dependência. Como em todas as relações<br />

bem-sucedidas, o importante é saber gerir os equilíbrios.<br />

Texto de Teresa Ribeiro | Fotos Vítor Gordo/ Syncview<br />

44<br />

Contra todas as probabilidades,<br />

o primeiro contacto mais sério<br />

que Fernando Marta, atual<br />

chefe de gabinete da presidente<br />

executiva da Altice Portugal, teve<br />

com tecnologia digital deve-o… ao<br />

avô. Hoje, não seria assim tão fora<br />

de comum, mas falamos dos anos<br />

80, do tempo em que poucos se<br />

lembrariam de oferecer um computador<br />

ao neto: “Na altura, estava<br />

a estudar Economia no ISEG e esse<br />

presente foi, de facto, um facilitador,<br />

ajudou-me a fazer os trabalhos<br />

para a faculdade”. Era um IBM, de<br />

tamanho considerável, esse caixote<br />

que o surpreendeu, deixando-lhe no<br />

espírito uma ideia que nunca abandonou:<br />

a de que as tecnologias de<br />

informação existem para melhorar a<br />

nossa vida. “Computador” e “facilitador”<br />

são, aliás, palavras que rimam.<br />

No discurso de Fernando Marta completam-se,<br />

seguem a par. Dir-se-ia<br />

que aquela primeira interação com<br />

o IBM formatou o seu olhar sobre<br />

o digital, porque na hora de fazer o<br />

elogio desta tecnologia é de facilitação<br />

e agilização que fala.<br />

O curso colocava-o na área de<br />

gestão, mas os acontecimentos acabaram<br />

por levá-lo às TI. Passou por<br />

uma multinacional do setor, depois<br />

esteve na Agência para a Modernização<br />

Administrativa. Durante 12<br />

anos ajudou à transformação digital<br />

da Administração Pública (AP),<br />

trabalho pioneiro de que se orgulha:<br />

“Tenho o espírito do servidor<br />

público, por isso gostei muito de<br />

estar na origem de projetos como<br />

o Portal do Cidadão e o autenticação.gov<br />

(um serviço que, com uma<br />

única autenticação, nos dá acesso<br />

a diversos serviços da AP). Essa foi<br />

uma das fases da minha vida que<br />

mais me fascinaram”, confessa, com<br />

um brilhozinho nos olhos.<br />

Enquanto a conversa fluía, foi interrompido<br />

algumas vezes pelo smartwatch.<br />

Calou-o, desculpando-se.<br />

Admite com tranquilidade que a tecnologia<br />

se insinua a todo o momento<br />

nas nossas vidas. Nada a fazer. E a<br />

verdade é que o reverso da medalha<br />

é bom, tem a ver com a tal eficiência<br />

que a tecnologia permite alcançar.<br />

Será que, nas férias, consegue desligar?<br />

“Nos primeiros dias, não consigo<br />

(risos). Num espaço temporal<br />

de três semanas, se calhar consigo<br />

desligar na segunda semana. Depois,<br />

à medida que me vou aproximando<br />

do regresso ao trabalho, começo a<br />

consultar mais o email”.<br />

Para Fernando Marta o importante<br />

é não ser dependente da tecnologia<br />

e isso ele sabe que não é. A prova<br />

é que se desligou das redes sociais<br />

para, entre outras coisas, ter mais<br />

tempo sem estar a olhar para um<br />

ecrã. A única rede social em que se<br />

mantém é o LinkedIn, por ser apenas<br />

de caráter profissional: “Acho<br />

importante valorizar os momentos<br />

quando estamos a vivê-los, em vez<br />

de perder tempo a postar nas redes<br />

sociais tudo o que fazemos”. Muito<br />

crítico em relação aos hábitos que<br />

se enraizaram na sociedade em<br />

torno destas redes, não hesita em<br />

dizer que “fazem mais mal do que<br />

bem”. “As pessoas”, frisa, “deviam<br />

gastar mais tempo com os amigos e<br />

com a família e quando viajam era<br />

melhor que aproveitassem bem a<br />

experiência em vez de estarem o<br />

tempo todo preocupadas com as<br />

fotos que têm de tirar para mostrar<br />

no Facebook ou no Instagram. Nos<br />

concertos vemos toda a gente com<br />

os telefones no ar, a filmar, em vez<br />

de estarem a desfrutar o espetáculo”.<br />

Este “filme” assusta-o. Em<br />

compensação, há outros que adora.<br />

Cinéfilo confesso, tem predileção<br />

por filmes de ficção científica, onde<br />

não por acaso a tecnologia explode<br />

por todo o lado, fazendo magia no<br />

ecrã. Foi a correr ver o Dune II, mas<br />

antes preparou-se e reviu o primeiro<br />

filme da série. É fã absoluto da<br />

Guerra das Estrelas. Mas há mais.<br />

Tantos! O inesquecível “Blade Runner”,<br />

por exemplo.<br />

Outra paixão sua é a música. Longe<br />

vão os tempos em que seguia, na<br />

rádio, o “Som da Frente”, o programa<br />

icónico de António Sérgio. Foi lá<br />

que descobriu This Mortal Coil, The<br />

Cure, Joy Division, U2. Agora é através<br />

do telefone que chega aos sons<br />

que mais o envolvem. Atualmente<br />

mais da área do jazz e música<br />

clássica. Tecnologia para ele é isto:<br />

trabalho e prazer. Por isso vive tão<br />

bem com ela.•


Fernando Marta é fã assumido da<br />

Apple, por isso tem um iPad e um<br />

iPhone. O portátil é da mesma marca.<br />

Além do design e usabilidade destes<br />

equipamentos, que muito aprecia,<br />

no telefone valoriza a qualidade da<br />

câmara. Detalhe que nunca poderá ser<br />

indiferente a quem, como ele, gosta de<br />

fazer fotografia. Com phones sem fios<br />

de qualidade habituou-se a ouvir música<br />

através do telemóvel, mesmo enquanto<br />

trabalha. No pulso, o smartwatch<br />

mantém-no informado sobre questões<br />

que ficam entre os dois<br />

45


portugal digital<br />

A EXCELÊNCIA<br />

EM RE<strong>DE</strong><br />

Um Centro de Tecnologia Avançada,<br />

com mais de 100 postos de trabalho,<br />

focado no desenvolvimento e entrega<br />

de soluções para clientes em todo o<br />

mundo, é a mais recente aposta da<br />

Accenture Portugal. Inaugurado em<br />

fevereiro, em Coimbra, reforça a rede<br />

tecnológica da consultora, presente<br />

em várias regiões do país.<br />

TEXTO <strong>DE</strong> TERESA RIBEIRO FOTOS CEDI<strong>DA</strong>S E GORO<strong>DE</strong>NKOFF/ISTOCK<br />

46


47


portugal digital<br />

48<br />

O novo centro pôs foco na<br />

utilização de metodologias<br />

agile, capacidades de<br />

automação e modelos<br />

inovadores<br />

Antes de Coimbra já a Accenture tinha aberto<br />

centros tecnológicos em Braga, Aveiro, Matosinhos<br />

e Lisboa. Uns após outros, estes pólos,<br />

onde se desenvolve a expertise da marca, deram<br />

consistência e dimensão à relação estabelecida com o<br />

mercado nacional, cada vez mais intensa.<br />

Vocacionado para a utilização de metodologias agile,<br />

capacidades de automação e modelos inovadores, o<br />

novo centro de Coimbra mantém, junto dos seus promotores,<br />

as expetativas altas, conforme admite Manuela<br />

Vaz, presidente da Accenture Portugal: “A nossa<br />

estratégia passa por continuar a crescer no mercado<br />

nacional e desenvolver capacidades diferenciadoras<br />

para servir os clientes da Accenture a nível global. Os<br />

nossos centros de tecnologias avançadas (do qual faz<br />

parte o recém-inaugurado centro de Coimbra), são<br />

uma componente importante desta estratégia, na<br />

medida em que representam a nossa aproximação aos<br />

polos de talento onde queremos atrair e formar os melhores<br />

profissionais para executar a nossa estratégia.<br />

Cerca de 50% do trabalho efetuado nos nossos centros<br />

é para o mercado nacional”.<br />

Os centros de Braga, Aveiro, Matosinhos (Cloud<br />

Security Center of Excellence), além de Lisboa foram<br />

projetos tão bem-sucedidos, que a palavra de ordem<br />

tornou-se continuar a expandir: “Cada uma das apostas<br />

que fomos fazendo tem<br />

sido um sucesso. Crescimentos<br />

sustentados,<br />

criação de capacidades<br />

diferenciadoras dentro da<br />

Accenture a nível global,<br />

muita qualidade no serviço<br />

que entregamos, e isso é<br />

amplamente reconhecido<br />

pelos nossos clientes nacionais<br />

e internacionais.<br />

Iremos continuar a crescer<br />

e a desenvolver capacidades<br />

diferenciadoras no nosso país”, confirma, com<br />

entusiasmo Manuela Vaz, a primeira mulher a ocupar<br />

a liderança da Accenture Portugal, mas com uma carreira<br />

desenvolvida dentro do ecossistema Accenture<br />

ao longo de 30 anos. Uma marca fora do comum, nos<br />

tempos que correm, mas que é motivo de muito orgulho:<br />

“Entrei nesta grande empresa pela primeira vez faz<br />

agora exatamente 30 anos – pelo meio estive fora cerca<br />

de cinco anos. Tenho imenso respeito e paixão por<br />

este negócio, que nos coloca permanentemente fora<br />

da zona de conforto e num processo de aprendizagem<br />

contínuo. O mercado e os clientes evoluem e transformam-se,<br />

e nós temos obrigação de ir à frente para podermos<br />

aportar valor e fazer a diferença. Eu sou uma<br />

pessoa naturalmente desassossegada pelo que não tenho<br />

(e nunca tive) dúvidas de que que este é o meu caminho.<br />

A função que ocupo hoje é uma consequência<br />

do trabalho que fui desenvolvendo ao longo do tempo.<br />

Sempre dei o máximo em qualquer responsabilidade<br />

que ao longo do tempo fui assumindo. Fiquei naturalmente<br />

muito orgulhosa e satisfeita por a empresa ter<br />

entendido que eu era a executiva certa para liderar a<br />

Accenture Portugal neste ciclo”.<br />

Um ciclo que prevê um crescimento continuado,<br />

baseado na otimização da relação com parceiros e<br />

clientes e a que não é alheia a construção desta rede de<br />

centros de excelência, de onde se espera cheguem respostas,<br />

cada vez mais surpreendentes. O papel de uma<br />

consultora é estar sempre um passo à frente, de forma<br />

a poder contribuir para a reinvenção dos negócios dos<br />

seus clientes a nível global. Isso faz-se aportando conhecimento<br />

e talento, com base no trabalho de equipas<br />

especializadas. Atualmente a Accenture tem cerca<br />

de 5 500 pessoas em Portugal, mas continua a investir<br />

e recrutar. Apesar das dificuldades que hoje se observam<br />

no mercado de trabalho: “Estamos a ser impactados,<br />

como todas as empresas, com esta dificuldade<br />

em contratar, tanto mais que o nosso principal ativo é<br />

o nosso talento. De facto,<br />

a vinda para Portugal de<br />

empresas internacionais<br />

para criar centros de tecnologia,<br />

os nossos talentos<br />

jovens a emigrar ou a<br />

trabalhar remotamente<br />

para empresas internacionais,<br />

colocam-nos diariamente<br />

desafios neste<br />

capítulo, especialmente se<br />

procuramos pessoas com<br />

capacidades mais diferenciadoras.<br />

Compete-nos, e é o que temos feito, repensar<br />

permanentemente a proposta de valor da nossa<br />

empresa aos mais diversos níveis (propósito, tipo de<br />

trabalho, compensação, etc…), e sermos a melhor escola<br />

para o talento recém-licenciado, usando as nossas<br />

diversas academias, sendo não só consumidores, mas<br />

acima de tudo criadores de talento”.<br />

SEMPRE A CRESCER<br />

Apesar de a Accenture, a nível global ter registado, na<br />

atual conjuntura, um crescimento moderado, a subsidiária<br />

nacional continua, segundo Manuela Vaz, com


um crescimento sólido. Na apresentação<br />

de resultados do último<br />

trimestre, a Accenture reportou<br />

o segundo maior crescimento de<br />

sempre em vendas a nível global,<br />

para o qual contribuíram as vendas<br />

relacionadas com IA Generativa.<br />

Isto prova que o interesse na tecnologia<br />

que veio antecipar o futuro<br />

é elevado e reforça na consultora a<br />

convicção de que a sua estratégia<br />

no sentido de apostar forte no desenvolvimento<br />

de soluções tecnológicas<br />

estava certa. Apesar da retração<br />

da economia e até por causa<br />

dela, é necessário investir, como<br />

nunca, em transformação digital:<br />

“O comportamento dos nossos<br />

principais clientes, ao contrário<br />

do que tínhamos inicialmente previsto,<br />

foi no sentido de priorizar os<br />

grandes investimentos transformacionais<br />

que é onde a Accenture é de<br />

facto um parceiro de referência. De<br />

facto, há um potencial tremendo<br />

na informação que podemos extrair<br />

dos dados para um sem número de<br />

casos de uso, seja do ponto de vista<br />

da eficiência, do crescimento, da<br />

inovação de produto, ou no âmbito<br />

de novos negócios. Por isso este<br />

tipo de investimento vai ter um<br />

enorme impacto nas organizações e<br />

nas pessoas. É um processo acelerado<br />

que vai, de facto, provocar muita<br />

transformação”, explica Manuela Vaz.<br />

A Administração Pública pelos vistos acompanhou<br />

este espírito, num momento em que, afortunadamente,<br />

a sua capacidade de investimento é fora do comum:<br />

“Ao nível da Administração Pública em geografias<br />

como a nossa e dada a força que tem um programa<br />

como o PRR, temos assistido a grande aumento de entidades<br />

públicas a quererem de facto transformar-se<br />

com vista a prestar um melhor serviço ao cidadão”,<br />

confirma a líder da consultora.<br />

Recentemente a Accenture envolveu-se no projeto<br />

da Fábrica de Inovação em IA, em parceria com a MSF,<br />

Avanade e Unicorn Factory Lisboa. Uma aposta que<br />

Manuela Vaz justifica alegando o interesse que a Accenture<br />

tem em fazer parte do ecossistema de inovação:<br />

“A Fábrica de Inovação em IA é um modelo e um<br />

“A Fábrica de Inovação em IA (a que a Accenture se associou) é um modelo e um espaço<br />

que nos vai permitir co-inovar com o ecossistema”, comenta Manuela Vaz<br />

espaço que nos vai permitir co-inovar com o ecossistema<br />

e com os nossos clientes trazendo para a mesa<br />

aquilo que cada um dos parceiros tem de melhor para<br />

transformar as empresas portuguesas. Não inovar não<br />

é uma opção num mundo em transformação. A IA está<br />

a transformar as empresas a um ritmo muito grande. A<br />

Fábrica de Inovação em IA é o espaço e a equipa onde<br />

converge o conhecimento da tecnologia e dos negócios<br />

e onde vamos seguramente co-criar os casos de<br />

uso mais relevantes colocando os dados ao serviço de<br />

cada um dos nossos clientes, ajudando-os a liderar nas<br />

suas indústrias/segmentos”. Em suma, o importante é<br />

estar no centro de tudo, de preferência também com<br />

centros próprios, redes de excelência onde se rastreia<br />

o futuro.•<br />

49


negocios<br />

50


O PO<strong>DE</strong>R <strong>DA</strong><br />

PLATAFORMA<br />

Portugal não é exceção<br />

ao fenómeno TikTok,<br />

o preferido dos mais jovens. O seu<br />

enorme potencial está a levar a<br />

um reforço da aposta no país. A<br />

plataforma de vídeos curtos é já<br />

muito mais que entretenimento. É<br />

um poderoso canal<br />

de compras, inovação<br />

e criatividade. Segurança e<br />

transparência são dois pilares<br />

críticos.<br />

TEXTO <strong>DE</strong> ISABEL TRAVESSA FOTOS <strong>DE</strong> VÍTOR GORDO/SYNCVIEW<br />

E DRAGOS CONDREA/ISTOCK<br />

51


negocios<br />

52<br />

Tornou-se um verdadeiro fenómeno, sobretudo<br />

entre as faixas etárias mais novas. Assume-se<br />

como uma plataforma de entretenimento, onde<br />

os utilizadores podem expressar a sua criatividade,<br />

aprender novas skills e divertirem-se. Rapidamente,<br />

tornou-se numa das redes sociais mais utilizadas do<br />

mundo. O TikTok veio para ficar e é hoje um dos alvos<br />

mais apetecidos das marcas e uma prioridade para os<br />

negócios. Incluindo em Portugal, onde já tem mais de<br />

3,3 milhões de utilizadores mensais. Agora, a plataforma<br />

está a apostar forte na sua presença no mercado<br />

nacional, que garante ter grande potencial.<br />

O TikTok foi lançado em 2018 e em 2020 conhecia<br />

uma verdadeira explosão, conquistando sobretudo a<br />

geração Z e os Millennials, ao permitir a criação e partilha<br />

de vídeos curtos, com grande aposta na música e<br />

nos desafios virais. No final de 2023, tinha mais de 1,6<br />

mil milhões de utilizadores globais, sendo 1,1 mil milhões<br />

utilizadores ativos mensais. Os rankings colocam<br />

a rede social na quinta posição entre as mais usadas, a<br />

seguir ao Facebook, Youtube, WhatsApp e Instagram.<br />

Na Europa, conta já<br />

com mais de 150 milhões<br />

de utilizadores mensais,<br />

dos quais 134 milhões na<br />

União Europeia. No final<br />

de outubro passado, a<br />

rede social anunciou ter já<br />

3,3 milhões de utilizadores<br />

mensais no mercado<br />

nacional, onde está agora<br />

a apostar de forma mais<br />

direta, embora não exista,<br />

pelo menos para já,<br />

qualquer intenção de criar<br />

uma subsidiária.<br />

Como refere Yasmina Laraudogoitia, diretora de<br />

Políticas Públicas e Relações Governamentais do Tik-<br />

Tok Portugal e Espanha, “acreditamos que Portugal é<br />

um mercado com potencial, como temos vindo a assistir.<br />

Mudámos a forma como os conteúdos são criados,<br />

descobertos e consumidos. E isso é bastante importante<br />

para as marcas, permitindo-lhes aprofundar a<br />

sua criatividade, gerar conteúdos diferentes e alcançar<br />

públicos a que, eventualmente, poderiam não chegar.<br />

Os rankings colocam a rede<br />

social na 5ª posição entre<br />

as mais usadas, a seguir<br />

ao Facebook, Youtube,<br />

WhatsApp e Instagram<br />

Vamos continuar a desenvolver com as marcas este<br />

trabalho”. É que a plataforma de vídeos curtos está,<br />

cada vez mais, a transformar-se num poderoso canal<br />

de compras.<br />

PARTILHA <strong>DE</strong> INTERESSES E DIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong><br />

Aliás, o TikTok garante mesmo que está a revolucionar<br />

o panorama do marketing digital nacional, criando “um<br />

centro dinâmico de envolvimento das empresas com<br />

consumidores”. Destacando que se trata de uma rede<br />

social de entretenimento aberta, “onde a criatividade<br />

e a autenticidade estão verdadeiramente no centro de<br />

tudo”, a responsável destaca que os conteúdos estão a<br />

deixar de ser “unidireccionais. Todos têm espaço para<br />

partilhar o seu interesse ou envolver-se com um interesse<br />

em comum, através do seu ponto de vista único,<br />

o que conduziu a uma comunidade democrática e diversificada,<br />

que é hoje a força do TikTok”.<br />

Yasmina Laraudogoitia mostra-se convicta de que<br />

“mudou a forma como os conteúdos são criados, descobertos<br />

e consumidos”, uma vez que tem um “sistema<br />

de recomendação<br />

único e uma abordagem<br />

de conteúdos gerados pela<br />

comunidade que permitem<br />

descobrir um leque<br />

diversificado de criadores,<br />

independentemente do<br />

local onde se encontram”.<br />

Por isso, destaca, “estamos<br />

constantemente a<br />

trabalhar no desenvolvimento<br />

da nossa plataforma,<br />

para dar mais ferramentas<br />

e funcionalidades<br />

aos nossos utilizadores a fim de que estes possam ampliar<br />

a sua criatividade. O TikTok é uma plataforma de<br />

entretenimento, onde os utilizadores podem expressar<br />

a sua criatividade, aprender novas skills, promover e<br />

desenvolver o seu negócio ou desfrutar de conteúdos<br />

divertidos”, acrescenta.<br />

ABOR<strong>DA</strong>GEM HOLÍSTICA AO PAÍS<br />

O reforço da segurança é uma aposta absolutamente<br />

prioritária, como destaca Yasmina Laraudogoitia:


“Desenvolvemos esforços<br />

constantes para que a nossa<br />

comunidade se sinta segura<br />

e possa explorar todo<br />

o seu potencial criativo.<br />

Mas também para que novos<br />

seguidores possam ver<br />

no TikTok o local seguro<br />

para se expressarem criativamente<br />

e fortalecerem as<br />

suas skills”.<br />

Sendo uma multinacional,<br />

tem várias sedes<br />

na Europa, nomeadamente<br />

na Irlanda, Reino Unido<br />

e França. Assim como<br />

fornecedores e parceiros,<br />

com quem trabalha de perto.<br />

É o que está a fazer em<br />

Portugal, nomeadamente<br />

para “enfrentar os desafios<br />

de longa data do setor em<br />

torno da segurança dos jovens”,<br />

numa “abordagem<br />

holística que engloba várias<br />

vertentes”, como destaca<br />

a responsável.<br />

O Tik Tok já estabeleceu<br />

no mercado nacional<br />

parcerias com a Linha Internet<br />

Segura e o projeto<br />

Miúdos Seguros na Net.<br />

“Consideramos fundamental<br />

ouvir o feedback local,<br />

o que nos vai permitir<br />

melhorar, bem como partilhar<br />

as melhores práticas,<br />

e acompanhar os desenvolvimentos emergentes no<br />

contexto local”, explica, adiantando que a MiudosSegurosNa.Net<br />

vai também adaptar vários materiais de<br />

segurança do TikTok, especificamente para o público<br />

português. Serão recursos distribuídos regularmente<br />

ao longo do ano às famílias e às instituições de ensino,<br />

para aumentar significativamente a sensibilização<br />

para todo um conjunto de recursos disponíveis que<br />

“Acreditamos que Portugal é um mercado com potencial, como temos vindo a assistir. Mudámos<br />

a forma como os conteúdos são criados, descobertos e consumidos. E isso é bastante importante<br />

para as marcas”, diz Yasmina Laraudogoitia<br />

garantem uma experiência online segura e responsável.<br />

Ainda no âmbito dessa parceria, o TikTok “vai desempenhar<br />

um papel central em grandes eventos em<br />

Portugal, focados no bem-estar e segurança digital,<br />

como a 2ª Conferência Internacional para o Bem-Estar<br />

Digital, ou uma presença significativa na Global Stop-<br />

Cyberbullying Telesummit. Acreditamos que a parceria<br />

com estes projetos faz todo o sentido e estamos muito<br />

53


negocios<br />

54<br />

contentes por ter parceiros locais, que nos ajudem na<br />

concretização da nossa missão de manter a nossa plataforma<br />

segura”.<br />

Na sequência do recente anúncio do grupo de que<br />

está a intensificar a luta contra as fake news nas eleições,<br />

o TikTok já tomou medidas para combater a desinformação<br />

nas recentes legislativas nacionais de 10<br />

de março. Assim, fez uma parceria com o Polígrafo, que<br />

ajudou a garantir que a informação da plataforma era<br />

fiável. “O Polígrafo ajudou-nos a compreender que tipo<br />

de conteúdo é desinformação e, assim, a remover de<br />

forma consistente e precisa a desinformação sobre as<br />

eleições”, refere a diretora de Políticas Públicas e Relações<br />

Governamentais do TikTok Portugal e Espanha.<br />

Tomaram ainda outras medidas, como informar os utilizadores<br />

sobre conteúdos não verificados, rotulando<br />

-os e pedindo-lhes que reconsiderassem antes de partilharem<br />

informações potencialmente enganadoras. Ou<br />

informar o criador para que soubesse que estava a criar<br />

conteúdos não verificados. Ou ainda a disponibilizar<br />

um “guia de pesquisa”, onde os utilizadores pudessem<br />

aceder a informações e recursos fiáveis em português.<br />

A plataforma não permitiu ainda promoção política<br />

paga, publicidade política<br />

ou angariação de fundos<br />

por parte de políticos e<br />

Para combater a<br />

desinformação nas recentes<br />

eleições legislativas, o<br />

TikTok fez uma parceria<br />

com o Polígrafo<br />

partidos políticos e uma<br />

“política robusta” para<br />

contas de políticos ou partidos,<br />

com várias restrições.<br />

“Em todos os momentos<br />

eleitorais, a nossa<br />

principal preocupação é<br />

combater a desinformação<br />

no contexto eleitoral,<br />

assegurando que o TikTok<br />

continua a ser um local criativo, seguro e civilizado<br />

para a nossa comunidade”, destaca Yasmina Laraudogoitia.<br />

Para preparar as eleições para o Parlamento Europeu,<br />

em junho, já foi criado na plataforma um Centro<br />

Eleitoral, de forma a que os utilizadores de cada Estado-membro<br />

possam perceber claramente o que é informação<br />

credível e fidedigna. Acrescem “as mais de 6 mil<br />

pessoas dedicadas à moderação de conteúdos, que são<br />

nativas nas línguas europeias. As nossas equipas trabalham<br />

em conjunto com a tecnologia, para garantir que<br />

estamos a aplicar de forma coerente as nossas regras<br />

para detetar e eliminar a desinformação, as operações<br />

de influência encobertas e outros conteúdos e comportamentos<br />

que podem aumentar durante um período<br />

eleitoral”.<br />

Continuarão ainda a trabalhar com organizações<br />

de verificação de factos em vários Estados-membros,<br />

assim como a investir em campanhas de literacia como<br />

estratégia de combate à desinformação. Como destaca,<br />

“em 2023, colaborámos com verificadores de factos<br />

para lançar campanhas de literacia mediática em 18<br />

países europeus, gerando mais de 220 milhões de impressões<br />

e atingindo cerca de 50 milhões de pessoas<br />

no TikTok. Este trabalho continuará este ano, estando<br />

previsto o lançamento de nove campanhas adicionais<br />

em 2024”.<br />

MAIS E MAIS SEGURANÇA E TRANSPARÊNCIA<br />

“A segurança e a transparência são dois pilares do Tik-<br />

Tok. São áreas em que trabalhamos constantemente<br />

para introduzir melhorias. Estamos muito confiantes<br />

no trabalho que temos estado a desenvolver e que vamos<br />

continuar a fazer. São<br />

áreas em constante mutação,<br />

que exigem dedicação<br />

permanente e é isso que<br />

estamos a fazer”, assegura<br />

a responsável, quando<br />

questionada sobre as novas<br />

regras europeias para<br />

as grandes plataformas,<br />

no âmbito do Digital Services<br />

Act (DSA), pelo qual<br />

foi designada como ‘Very<br />

Large Online Platform’<br />

(VLOP).<br />

Aliás, e para cumprir as regras, agora bastante mais<br />

apertadas, de proteção dos dados dos utilizadores europeus,<br />

o TikTok lançou há pouco mais de um ano o<br />

Projeto Clover. Representando um investimento de<br />

12 mil milhões de euros para a próxima década, com a<br />

abertura de três centros de dados, a sua implementação<br />

já mostra “progressos significativos”. O primeiro<br />

centro de dados foi aberto na Irlanda e está a decorrer a<br />

migração e a armazenagem dos dados dos utilizadores<br />

europeus. Também o centro da Noruega está numa fase


A responsável para Portugal e Espanha garante que “segurança e transparência são dois pilares.<br />

São áreas em que trabalhamos constantemente para introduzir melhorias. Estão em constante<br />

mutação, exigem dedicação permanente e é isso que estamos a fazer”<br />

de desenvolvimento avançada, prevendo-se que esteja<br />

em funcionamento ainda este ano.<br />

Mas a plataforma foi ainda mais longe e, no âmbito<br />

do Projecto Clover, anunciou ter contratado a NCC<br />

Group, líder em cibersegurança, como fornecedor independente<br />

de segurança. Tem como missão auditar<br />

os controlos e salvaguardas de dados, monitorizar os<br />

fluxos de dados, fornecer uma verificação independente<br />

aos protocolos de segurança e comunicar quaisquer<br />

incidentes.<br />

“O trabalho da NCC Group já começou. Para nós,<br />

esta supervisão independente e consistente, assim<br />

como as verificações dos nossos processos de segurança<br />

de dados, não terão precedentes entre os nossos<br />

concorrentes. E enquanto os nossos centros de dados<br />

ainda não estão totalmente concluídos, criámos um<br />

enclave seguro dedicado aos dados dos nossos utilizadores<br />

europeus, alojado nos EUA. Aplicamos ainda<br />

restrições adicionais ao acesso aos dados dos utilizadores<br />

europeus, incluindo o não acesso a dados restritos<br />

armazenados no nosso novo enclave de dados europeu<br />

por parte de funcionários na China”, assegura a responsável<br />

do TikTok.<br />

A plataforma está, desta forma, a responder não só<br />

às novas exigências no espaço comunitário, mas também<br />

aos receios, que surgiram, já em 2020, em torno<br />

da segurança de dados. É que, tendo em conta que é<br />

detida pelo grupo chinês ByteDance e as ligações deste<br />

a Pequim, os dados dos utilizadores poderão estar a ser<br />

partilhados com o governo chinês.<br />

Têm, desde então, surgido várias proibições à sua<br />

utilização, com destaque para os Estados Unidos, onde<br />

está em curso o processo de aprovação de um projeto<br />

de lei que visa obrigar a dona do TikTok a vender a plataforma<br />

num prazo de 180 dias, por colocar em causa<br />

a segurança nacional. Caso contrário, deixará de estar<br />

acessível naquele país. Para o TikTok, trata-se de uma<br />

proibição. E adverte para o impacto da decisão na economia,<br />

nos “sete milhões de pequenas empresas e nos<br />

170 milhões de americanos que utilizam o serviço”. É<br />

que, apesar de todas as medidas e receios, a adesão à<br />

plataforma não pára de crescer.•<br />

55


apdc news<br />

APDC & V<strong>DA</strong> | DIGITAL UNION: DIRETIVA NIS 2<br />

Ir além da teia regulatória<br />

É a mais abrangente legislação de sempre em matéria de cibersegurança no espaço europeu. Tem como prazo<br />

final de transposição o dia 17 de outubro e vai implicar alterações de tal forma profundas que as organizações<br />

têm de se preparar desde já para a mudança.<br />

Texto de Isabel Travessa<br />

56<br />

https://bit.ly/3vFqBeA<br />

Perante o acelerado desenvolvimento<br />

tecnológico e a crescente<br />

digitalização, que trouxeram<br />

consigo inúmeras vantagens, mas<br />

também muitas ameaças, Bruxelas<br />

avançou no final de 2020 com uma<br />

nova Estratégia de Cibersegurança<br />

para a Década Digital. Objetivo:<br />

criar uma economia digital segura,<br />

aumentar a ciber-resiliência na UE,<br />

melhorar a capacidade de resposta<br />

a incidentes e melhorar a proteção<br />

das infraestruturas críticas. A Diretiva<br />

NIS 2 faz parte desta “resposta<br />

legislativa” e implicará uma profunda<br />

alteração nas organizações. Mas não<br />

há tempo a perder.<br />

Na 9ª sessão do Digital Union, uma<br />

parceria entre a APDC e a VdA, que<br />

se realizou a 2 de abril em formato<br />

híbrido, a partir da sede da PT, em<br />

Lisboa, debateu-se a nova diretiva,<br />

a estratégia de cibersegurança<br />

do espaço europeu e os impactos<br />

esperados no mercado nacional. E<br />

as recomendações para as organizações<br />

portuguesas são claras: antecipar,<br />

capacitar e implementar. Estes<br />

são os passos necessários, num<br />

processo em que as empresas não<br />

deverão conseguir estar totalmente<br />

preparadas no prazo legal, mas já<br />

terão “identificado medidas realistas<br />

para capacitar a organização”, como<br />

afirmou no evento Inês Barros, sócia<br />

da Área de Comunicações, Proteção<br />

de Dados & Tecnologia da VdA.<br />

Num breve resumo da NIS 2 e da sua<br />

aplicação, esta responsável explicou<br />

que Bruxelas teve como meta,


Fernando Resina da Silva,<br />

Sócio da Área Comunicações, Proteção de Dados<br />

& Tecnologia, Sócio Responsável da Área PI<br />

Transacional, VdA<br />

Rogério Carapuça,<br />

Presidente APDC<br />

Inês Antas de Barros,<br />

Sócia da Área de Comunicações,<br />

Proteção de Dados & Tecnologia, VdA<br />

José Capote,<br />

Cyber Security and Privacy Officer (CSPO), Huawei<br />

André Baptista,<br />

Founder, Ethiack<br />

Joel Guerreiro,<br />

Diretor de Modernização Administrativa<br />

e Financeira, Município de Lagos<br />

Pedro Pinto,<br />

Responsável de Cibersegurança,<br />

Instituto Politécnico da Guarda<br />

Moderação:<br />

Sandra Fazenda Almeida,<br />

Diretora Executiva, APDC<br />

Moderação: Tiago Bessa,<br />

Sócio da Área de Comunicações, Proteção<br />

de Dados & Tecnologia e da Área de PI<br />

Transacional, VdA<br />

com a Estratégia de Cibersegurança<br />

para a Década Digital, responder a<br />

um contexto de utilização de novas<br />

tecnologias e ferramentas, crescente<br />

sofisticação dos incidentes e<br />

ciberataques, maior dependência de<br />

terceiros, ambientes<br />

de armazenamento<br />

e transferência de<br />

dados mais complexos,<br />

preservação<br />

de informação<br />

sensível e partilha<br />

de grandes volumes<br />

de dados e a sua<br />

transferência para<br />

países terceiros.<br />

Perante estes “catalisadores de<br />

risco”, a NIS 2, uma das diretivas do<br />

pacote, determina um alargamento<br />

As organizações têm<br />

de capacitar, planear<br />

e implementar as<br />

necessárias mudanças<br />

a nível estratégico,<br />

jurídico e tecnológico<br />

dos setores e empresas sujeitas a<br />

regulação, assim como um reforço<br />

sem paralelo das obrigações e da<br />

responsabilização.<br />

Aliás, Inês Barros advertiu: “As alterações<br />

provocadas por esta diretiva<br />

são de tal forma<br />

profundas que a<br />

preparação deve<br />

iniciar-se o mais<br />

cedo possível”.<br />

Trata-se de uma<br />

“complexa teia<br />

regulatória”, pelo<br />

que as organizações<br />

terão de antecipar,<br />

monitorizando e<br />

acompanhando todos os desenvolvimentos<br />

regulatórios e tecnológicos,<br />

assim como capacitar os stakeholders<br />

internos e planear e implementar as<br />

mudanças necessárias, a nível estratégico,<br />

jurídico e tecnológico.<br />

COMEÇAR, E JÁ!<br />

Entre as principais alterações que a<br />

NIS 2 vem introduzir estão o alargamento<br />

do seu âmbito de aplicação<br />

a mais setores e um novo conceito<br />

de operadores de serviços digitais,<br />

que se dividem em operadores de<br />

serviços essenciais, com regras mais<br />

apertadas, e entidades importantes.<br />

Há ainda um reforço dos requisitos<br />

de segurança, uma maior proteção<br />

das cadeias de abastecimento e<br />

relação com fornecedores. As regras<br />

de supervisão vão ser mais estritas e<br />

as sanções muito mais pesadas.<br />

Também José Capote, Cyber Se-<br />

57


apdc news<br />

58<br />

curity and Privacy Officer (CSPO) da<br />

Huawei, que deu a perspetiva de um<br />

provider tecnológico, defende que<br />

é preciso “começar a trabalhar de<br />

imediato”, determinando-se as obrigações<br />

que se aplicam à organização<br />

e aos seus fornecedores. A colaboração<br />

vertical é também estratégica<br />

e um “exemplo de como a indústria<br />

trabalha em domínios similares,<br />

partilhando os seus<br />

pontos de vista”.<br />

Mais: considera<br />

mesmo que a NIS<br />

2 representará<br />

“mudanças enormes<br />

e com um<br />

custo importante.<br />

As obrigações de<br />

compliance são duras e o seu custo<br />

não poderá ser canalizado para o<br />

investimento no mercado”. Por isso,<br />

defende uma abordagem de acordo<br />

com o risco, sendo que as certificações<br />

poderiam reduzir os níveis dos<br />

gastos. Mas, para isso, será necessário<br />

definir standards harmonizados<br />

ao nível europeu.<br />

No debate que se seguiu, moderado<br />

por Sandra Fazenda Almeida (APDC)<br />

e Tiago Bessa (VdA), foi dada a perspetiva<br />

de vários players de mercado,<br />

que confirmaram que implementar<br />

as regras da NIS 2 será tudo menos<br />

fácil. Neste processo, será essencial<br />

contar com o apoio total das lideranças<br />

das organizações, conhecer bem<br />

as novas regras, requisitos e obrigações<br />

e estabelecer um roadmap de<br />

implementação. Apostar na formação<br />

dos colaboradores é também<br />

essencial para a consciencialização<br />

e a tomada de medidas preventivas.<br />

Implementar a NIS 2<br />

será complexo e implica<br />

cortar com o apoio total<br />

das lideranças das<br />

organizações<br />

Assim como encontrar talento qualificado<br />

à altura.<br />

Na autarquia de Lagos, já se está a<br />

proceder à migração para a NIS 2.<br />

Joel Guerreiro, diretor de Modernização<br />

Administrativa e Financeira,<br />

admite que o que mais o preocupa é<br />

garantir capacidade<br />

de resposta às diferentes<br />

vulnerabilidades<br />

e os prazos de<br />

reporte, que serão<br />

muito mais curtos.<br />

Admitindo que “vamos<br />

todos precisar<br />

de ajuda, porque<br />

ninguém está a salvo em termos de<br />

cibersegurança”, destaca a importância<br />

de ter um executivo municipal<br />

que está presente e apoia a implementação<br />

das medidas. Acresce que<br />

há capacidade de<br />

investir.<br />

Já a experiência<br />

de Pedro Pinto,<br />

responsável de<br />

Cibersegurança do<br />

Instituto Politécnico<br />

da Guarda, é<br />

distinta. Admite que<br />

uma das maiores<br />

dificuldades é colocar os projetos no<br />

terreno, já que a gestão de topo não<br />

está envolvida. Uma vez que a NIS<br />

2 determina uma responsabilização<br />

das administrações, haverá muito a<br />

fazer, implicando um verdadeiro processo<br />

de “mudança de cultura nas<br />

organizações”.<br />

André Baptista, founder da Ethiack,<br />

As dificuldades são<br />

muitas, desde a falta de<br />

consciencialização para<br />

o tema, aos recursos<br />

limitados das empresas<br />

startup especializada na prevenção<br />

da cibersegurança e proteção de<br />

ativos digitais, confirma que a sua<br />

experiência mostra que existe ainda<br />

“distância entre as administrações<br />

e quem trabalha”, quando deveria<br />

haver proximidade e maior facilidade<br />

de comunicação. Só assim “as<br />

lideranças ficam mais conscientes<br />

relativamente aos riscos e as vulnerabilidades<br />

que possam surgir nos<br />

seus sistemas”.<br />

Mas as maiores dificuldades com<br />

que todos se defrontam são as<br />

humanas. Não só em encontrar<br />

talento qualificado<br />

em cibersegurança,<br />

para responder aos<br />

novos desafios de<br />

um mundo digital,<br />

mas também na<br />

capacitação das<br />

pessoas da organização,<br />

evitando-se<br />

erros. “Estamos a<br />

assistir a uma transição digital muito<br />

acelerada e focamo-nos muito no<br />

problema da indústria de identificar<br />

vulnerabilidades e corrigi-las. As dores<br />

ou dificuldades dos clientes são<br />

realmente muitas, desde a clara falta<br />

de consciencialização para o tema,<br />

aos recursos limitados na área”,<br />

salienta André Baptista.•


DOT TOPICS | COM CAPGEMINI PORTUGAL<br />

Experimentar em ecossistema<br />

As empresas de grande dimensão podem ajudar ativamente startups e PME a inovar em produtos e serviços.<br />

Contribuindo, desta forma, para reforçar a economia nacional. É a meta do Vodafone Boost Lab.<br />

Texto de Isabel Travessa<br />

https://bit.ly/3J7uRXt<br />

Foi anunciado há pouco mais de<br />

um ano, no lançamento da Rede<br />

Nacional de Test Beds, criada<br />

no âmbito do PRR para criar polos<br />

de inovação colaborativa. A lógica é<br />

incentivar empresas a disponibilizar<br />

infraestruturas e equipamentos que<br />

permitam a startups e PME testar e<br />

experimentar produtos e serviços,<br />

acelerando a sua disponibilização<br />

comercial. Vodafone, Capgemini e<br />

Ericsson juntaram-se no Vodafone<br />

Boost Lab, centrado no potencial do<br />

5G e das futuras gerações de redes<br />

de comunicações.<br />

O projeto, que nasceu a partir de um<br />

PowerLab detido pela Vodafone, foi<br />

debatido num Dot Topics APDC, realizado<br />

em parceria com a Capgemini.<br />

Como explica João Ribas, Innovation<br />

booster da Vodafone, a ideia foi dar<br />

acesso a uma infraestrutura onde as<br />

empresas podem desenvolver, codesenvolver<br />

ou testar os seus produtos<br />

e serviços em ambiente real,<br />

sem necessidade de investimentos.<br />

Pretende-se captar soluções “que<br />

sejam potenciadas ou melhoradas<br />

pela utilização do 5G.<br />

A tecnologia 5G “traz algumas características<br />

que a tornam única”, como<br />

a baixa latência, velocidade e capacidade<br />

de ligar vários dispositivos.<br />

“Só que não basta apenas disponibilizá-la<br />

para garantir o seu sucesso.<br />

É preciso fomentá-la, fazer um<br />

encontro entre oferta de tecnologia<br />

e procura e promover casos de uso”,<br />

acrescenta Luís Muchacho, Networks<br />

director da Ericsson. É exatamente<br />

59


apdc news<br />

60<br />

Inês Pacheco,<br />

Telecom Presales Lead, Capgemini<br />

João Ribas,<br />

Innovation Booster da Vodafone<br />

Luís Muchacho,<br />

Networks Director, Ericsson<br />

Moderação: Sandra Fazenda Almeida,<br />

Diretora Executiva, APDC<br />

isso que se pretende com o Boost<br />

Lab: “Juntar empresas e startups<br />

que querem desenvolver soluções<br />

para melhorar os seus problemas,<br />

nomeadamente a digitalização, e<br />

adaptar a tecnologia com sinergias”.<br />

A junção dos três parceiros permite,<br />

na opinião de Inês Pacheco, Telecom<br />

Presales lead da Capgemini, “oferecer<br />

um ecossistema completo em<br />

5G, necessário à experimentação<br />

deste tipo de tecnologia: a infraestrutura<br />

necessária para experimentar<br />

serviços de hosting e cloud<br />

computing, computer vision e serviços<br />

de aconselhamento, nomeadamente<br />

na área de analytics e soluções<br />

IoT”. Estão ainda envolvidas grandes<br />

empresas de referência, como a IP,<br />

Galp, EDP, Cuf, Lusíadas ou Brisa,<br />

numa lógica de agregar know-how<br />

específico. É que só falando com as<br />

várias indústrias é que se percebe a<br />

aplicabilidade dos casos.<br />

Luis Muchacho está convicto de que<br />

“tem existido um grande esforço de<br />

todas as entidades, nomeadamente<br />

as empresas envolvidas neste projeto,<br />

de expandir o 5G na componente<br />

da oferta da tecnologia”. Mas “ é necessário<br />

fazer uma<br />

aceleração ainda<br />

maior, nomeadamente<br />

quando nos<br />

comparamos com<br />

outras geografias<br />

na Europa e no<br />

resto do Mundo”.<br />

O ‘segredo do sucesso’<br />

passa pelo desenvolvimento de<br />

casos de uso que tirem partido da<br />

tecnologia para resolver problemas<br />

específicos, retirando assim valor<br />

económico. Esse “é o desafio, mas<br />

também a oportunidade, dos próximos<br />

anos”. Por isso, lança “um apelo<br />

às empresas: adiram, experimentem<br />

e testem”. Só assim se conseguirá<br />

reduzir ou encurtar o atraso face a<br />

Para acelerar é<br />

importante desenvolver<br />

casos de uso que<br />

tirem partido da nova<br />

tecnologia para resolver<br />

problemas específicos<br />

outras geografias. E vai mais longe,<br />

defendendo a criação de mais iniciativas<br />

como esta, num desafio que<br />

deverá ser nacional e que promova<br />

o desenvolvimento da economia. É<br />

que a digitalização é fundamental e<br />

os resultados do Vodafone Boost Lab<br />

mostram claramente que o mercado<br />

está a aderir. “Estamos a desbravar<br />

caminho que vale a pena continuar a<br />

fazer”, salienta.<br />

A responsável da Capgemini diz não<br />

ter dúvidas de que o que falta para<br />

as empresas adotarem a tecnologia<br />

é terem capacidade de investimento<br />

e competências tecnológicas. Ao<br />

permitir “mecanismos de fácil acesso<br />

a estas empresas, estamos a estimular<br />

a inovação e a disponibilizar<br />

soluções que integram tecnologias<br />

de última geração no mercado”, com<br />

todo o potencial de exportação que<br />

daí possa advir.<br />

No âmbito do Vodafone Boost Lab,<br />

foi lançado, entretanto, o Programa<br />

Open Innovation, uma call para startups<br />

e PME para acelerar o desenvolvimento<br />

e o teste de use cases,<br />

que acaba de fechar o processo de<br />

candidaturas. Os 22 projetos selecionados<br />

vão participar<br />

até10 de abril num<br />

bootcamp, fase<br />

destinada a identificar<br />

necessidades<br />

específicas a que os<br />

projetos devem dar<br />

resposta. Depois,<br />

será apresentado o<br />

desenho dos pilotos a desenvolver,<br />

a decorrer até junho, altura em que<br />

deverá ser organizado um Showcase<br />

Day com algumas soluções concretas<br />

que saíram do programa. Foi uma<br />

forma de dar a conhecer a oferta do<br />

test bed e mostrar que a porta está<br />

sempre aberta à inovação e à experimentação.•


DOT TOPICS | COM CAPGEMINI PORTUGAL<br />

Circularidade para garantir<br />

sustentabilidade<br />

Sendo uma componente essencial na estratégia de sustentabilidade das organizações, a aposta na circularidade<br />

já tem provas dadas. As soluções estão disponíveis e o exemplo da E-RE<strong>DE</strong>S, do grupo EDP, comprova o<br />

sucesso da sua aplicação.<br />

Texto de Isabel Travessa<br />

https://bit.ly/3TJdK37<br />

A<br />

sustentabilidade está na ordem<br />

do dia nas organizações e, no<br />

seu âmbito, a circularidade<br />

pode assumir-se como um motor<br />

para o futuro. Há ofertas que<br />

permitem seguir este caminho,<br />

com resultados claros em termos<br />

de melhoria de posicionamento, do<br />

processo de compras sustentáveis<br />

e do desempenho ambiental, maior<br />

competitividade e até reforço da<br />

estratégia de employer branding. É o<br />

caso do E-REDONDO, projeto inserido<br />

no programa “Close the Loop”<br />

do grupo EDP, que visa a promoção<br />

da economia circular e apresentado<br />

num Dot Topics APDC, realizado em<br />

parceria com a Capgemini.<br />

A meta da E-RE<strong>DE</strong>S era reduzir a<br />

pegada de carbono, induzir a mudança<br />

na cadeia de valor, aumentar<br />

a competitividade e responder às<br />

novas exigências regulatórias. Para<br />

a sua implementação, a empresa<br />

contou com a parceria tecnológica<br />

da Capgemini, que desenvolveu uma<br />

solução que permitiu classificar a<br />

circularidade dos ativos, a partir da<br />

avaliação de todo o seu ciclo de vida,<br />

tendo em conta critérios ambientais<br />

e económicos e a circularidade dos<br />

materiais.<br />

61


apdc news<br />

62<br />

Ana Silva,<br />

Senior Manager, Capgemini<br />

Inês Cândido Silva,<br />

Responsável pela área de Gestão<br />

da Sustentabilidade, E-RE<strong>DE</strong>S<br />

Moderação: Sandra Fazenda Almeida,<br />

Diretora Executiva, APDC<br />

Inês Cândido Silva, responsável pela<br />

área de gestão da sustentabilidade<br />

na E-RE<strong>DE</strong>S, diz que o projeto surgiu<br />

no âmbito da estratégia de sustentabilidade<br />

do grupo EDP. E visa responder<br />

a cinco grandes prioridades: a<br />

descarbonização, muito associada ao<br />

papel do setor energético; o impacto<br />

social nos territórios de atuação; os<br />

parceiros de negócio, agregando<br />

toda a cadeia de<br />

fornecimento num<br />

objetivo coletivo<br />

de criação de uma<br />

cultura ESG ((governança<br />

ambiental,<br />

social e corporativa),<br />

incluindo os colaboradores;<br />

e a defesa<br />

do planeta.<br />

“Estamos preocupados com tudo<br />

o que é eficiência associada aos<br />

recursos naturais. Tudo o que utilizamos<br />

atualmente e que colocamos<br />

na rede, que vem da extração de<br />

matérias-primas. Temos de perceber<br />

como é que o desenvolvimento de<br />

uma atividade como a da E-RE<strong>DE</strong>S<br />

pode ser efetivamente mais circular,<br />

utilizando melhor os produtos<br />

e materiais e tendo em atenção as<br />

matérias-primas críticas. Estamos<br />

também, obviamente, concentrados<br />

na proteção da biodiversidade”, explica<br />

a responsável da E-RE<strong>DE</strong>S.<br />

A gestora enumera as quatro<br />

fases essenciais do E-REDONDO: o<br />

diagnóstico do modelo circular da<br />

empresa e da sua pegada carbónica,<br />

onde a meta foi “avaliar, conhecer<br />

melhor, aprofundar toda esta temática<br />

do que já havia na rede”; a aposta<br />

em ‘valorizar’, ou seja, “perceber<br />

de que forma, ao conhecer melhor<br />

como é o modelo circular, este poderá<br />

ter melhorias, seja na gestão de<br />

Para aumentar a<br />

circularidade é preciso<br />

utilizar os materiais<br />

tendo em atenção<br />

matérias-primas<br />

críticas<br />

ativos, reutilização ou na reparação<br />

ou recondicionamento”; ‘capacitação’<br />

da organização; e desenvolvimento<br />

tecnológico.<br />

Ana Silva, senior manager da<br />

Capgemini, adianta que o projeto<br />

foi desenhado em duas grandes<br />

fases. Primeiro, identificaram-se os<br />

novos modelos de negócio. Depois,<br />

desenhou-se uma metodologia de<br />

avaliação da circularidade dos ativos,<br />

com uma solução<br />

assente em Microsoft<br />

PowerApps, que<br />

permitiu classificar<br />

a circularidade dos<br />

mesmos.<br />

Neste processo,<br />

ajudou o recurso a<br />

uma metodologia<br />

proprietária da Capgemini,<br />

o Sustainable Business Model<br />

Canvas, que permitiu “estruturar<br />

bastante as ideias e pensar quais as<br />

iniciativas que faria sentido implementar,<br />

face à realidade da E-RE<strong>DE</strong>S<br />

e para onde se gostaria de caminhar”.<br />

Foi com base neste processo<br />

que se “desenhou um roadmap de<br />

iniciativas, que permite agora ter a<br />

direção para onde a empresa deve<br />

caminhar”, acrescenta.<br />

E se o E-REDONDO se destina ao setor<br />

da energia, os seus pressupostos<br />

e metodologias aplicam-se e podem<br />

ser replicados por organizações de<br />

outros setores que tenham muitos<br />

ativos para gerir, como assegura<br />

Ana Silva. Até ao nível do reforço da<br />

estratégia de employer branding da<br />

empresa. Afinal, os consumidores<br />

estão cada vez mais atentos às práticas<br />

sustentáveis e às iniciativas de<br />

circularidade e preferem comprar a<br />

estes fornecedores de serviços.•


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64<br />

Para João Baracho, a inovação social passa por criar pontes e fomentar projetos win-win


cidadania<br />

que não te arrependes<br />

Não é uma ordem. Na pior das hipóteses, podemos dizer que será uma<br />

provocação o programa que o CDI Portugal concebeu para apresentar<br />

a jovens desempregados e a lojistas locais. @tualiza-te desafia uns e<br />

outros a caminhar em direção ao futuro.<br />

TEXTO <strong>DE</strong> TERESA RIBEIRO FOTO VÍTOR GORDO/ SYNCVIEW<br />

Foi no Centro de Cidadania Digital que o CDI Portugal<br />

tem a funcionar no concelho de Valongo que<br />

nasceu o projeto @tualiza-te. Desenhado para<br />

operar em parceria com o Instituto de Emprego<br />

e Formação profissional (IEFP) da zona, este programa<br />

faz o match improvável entre duas populações que<br />

à partida não associamos: a de jovens desempregados<br />

e a de comerciantes locais. Mas inovação social, a especialidade<br />

do CDI Portugal, é isto. Criar pontes e fomentar<br />

projetos win-win. Aos jovens é dada, pelos parceiros<br />

tecnológicos do CDI Portugal, formação em Marketing<br />

Digital e Tecnologia e aos lojistas apresenta-se um plano,<br />

a ser implementado por esses jovens, de transformação<br />

digital. No fim, os dois grupos saem a ganhar.<br />

João Baracho, diretor-executivo do CDI Portugal,<br />

está satisfeito. Já na terceira edição, o @tualiza-te atrai<br />

cada vez mais gente, tanto do lado da população desempregada<br />

(destina-se a pessoas até 35 anos de idade<br />

e pelo menos com o 9º ano de escolaridade), como por<br />

parte dos comerciantes: “A informação sobre o que estamos<br />

a fazer foi passando de boca em boca, até porque<br />

os resultados começaram a aparecer. Os empresários<br />

mostram-se satisfeitos, pois já podem fazer vendas online<br />

e apresentar um site diferente, e a maioria dos jovens<br />

conseguem emprego. Sabemo-lo porque trabalhamos<br />

a avaliação de impacto em todos os projetos que<br />

desenvolvemos”. Ao dar aos formandos competências<br />

novas, o programa “abre-lhes os olhos para oportunidades<br />

de trabalho que antes não tinham”, sublinha o<br />

gestor, salientando que também “houve quem tivesse<br />

optado por abrir o seu próprio negócio”.<br />

Em todas as edições, os projetos desenvolvidos no<br />

âmbito do @tualiza-te são apresentados no evento<br />

anual do CDI Portugal, o Switch to Innovation Summit,<br />

uma montra que abre uma nova etapa na vida das<br />

lojas intervencionadas e dos jovens que levaram a digitalização<br />

àqueles negócios. “Nesse evento, temos um<br />

market place onde são apresentadas as novas imagens<br />

dos negócios e se explica como funcionavam antes e<br />

o que mudou”, explica João Baracho. O efeito de toda<br />

esta intervenção, sublinha, “não se perde” e isso é um<br />

dado fundamental, pois só “quando o trabalho fica efetivo”<br />

é que se pode falar de verdadeira transformação.<br />

O sucesso do @atualiza-te não passou despercebido<br />

a outros municípios e já existem contactos para<br />

levar o programa a outros concelhos do país. De momento,<br />

o objetivo é aplicá-lo em mais três municípios.<br />

Para implementar o programa que o CDI Portugal<br />

desenhou há três anos em Valongo é preciso know-how.<br />

A seleção das lojas a beneficiar do @tualiza-te resulta<br />

de um trabalho de campo feito pela sua equipa. “É necessário<br />

fazer esta abordagem porta a porta, sensibilizar<br />

os pequenos comerciantes para este desígnio, pois<br />

numa primeira abordagem resistem à mudança, hesitam<br />

em dar acesso a certas informações sobre o seu negócio,<br />

duvidam das vantagens que vão ter com esta intervenção”,<br />

salienta o seu mentor. A organização está<br />

a especializar-se nesta forma de sedução. De tal forma<br />

que também já chamou a atenção do programa Bairros<br />

Comerciais Digitais, que está a ser implementado pelo<br />

Governo. João Baracho confirma que as conversações<br />

com vista a uma parceria já estão a decorrer. Tudo indica<br />

que haverá match. É uma questão de tempo.•<br />

65


ultimas<br />

O MAIOR PORTEFÓLIO<br />

<strong>DE</strong> PC COM IA <strong>DA</strong> INDÚSTRIA<br />

ASSUME-SE como o maior portfólio de PCs com IA<br />

da indústria, tirando partido da IA para melhorar<br />

a produtividade, a criatividade e as experiências<br />

do utilizador em ambientes de trabalho híbridos.<br />

Foi apresentado pela HP e inclui os novos PC HP<br />

Elite, os portáteis empresariais mais avançados<br />

do mundo para colaboração, e as workstations<br />

portáteis Z by HP, para definir uma nova referência<br />

em produtividade e criatividade. Foi ainda<br />

disponibilizado o AI Creation Center, a solução<br />

para estações de trabalho mais abrangente do<br />

mundo para o desenvolvimento de IA, incluindo<br />

o Z by HP AI Studio, concebido em conjunto com<br />

as bibliotecas NVIDIA NGC, permitindo a criação<br />

de IA. Assim como os primeiros PC empresariais<br />

do mundo concebidos para proteger o firmware<br />

contra os ataques de computadores quânticos,<br />

equipados com o chip HP Endpoint Security<br />

Controller (ESC), atualizado para proteger dados<br />

sensíveis no futuro. Sendo a missão da fabricante<br />

dar às empresas ferramentas para capitalizarem<br />

as potencialidades da IA e dar origem a um<br />

progresso ambicioso e significativo de todas as<br />

organizações, o lançamento deste porfólio responde<br />

a esta prioridade. Criando, ao tirar partido<br />

da IA como uma ferramenta pessoal, experiências<br />

de trabalho mais personalizadas e impactantes,<br />

revolucionando a forma como se interage com<br />

a tecnologia e uns com os outros no local de<br />

trabalho.•<br />

66<br />

INOVAÇÃO E <strong>DE</strong>SENHO <strong>DE</strong> EXPERIÊNCIAS<br />

OFERECER soluções que combinam tecnologia e sustentabilidade empresarial, para “facilitar o acesso das empresas<br />

a espaços de exploração, investigação, pensamento e a criação de ideias disruptivas com base digital”,<br />

foi o objetivo para a criação da Minsait Xtudio, uma nova unidade de inovação e desenho de experiências da<br />

Minsait em Portugal. O projeto reúne uma vasta gama de capacidades e experiências<br />

multissetoriais de inovação aplicadas ao negócio, entre estratégias phygital<br />

unicanal, desenho de produtos e serviços com base digital, ou ativação e dinamização<br />

da experiência de marca. E tem uma equipa de cerca de 150 profissionais com<br />

uma base multidisciplinar, da engenharia ao design. A Xtudio pretende ajudar a<br />

rentabilizar o investimento em transformação digital das empresas, reformulando<br />

a maneira de criar, entregar, medir e identificar o valor que as faz ser relevantes.<br />

Defende que qualquer nova tendência (tecnológica, de consumo, de valores ou<br />

comportamental) representa um espaço de oportunidade a explorar. E assume-se como um “companheiro de<br />

viagem” que ajudará a “explorar e identificar novas formas de crescimento de negócio onde a tecnologia seja<br />

um meio para impactar de forma sustentável as pessoas, a sociedade e o planeta”.•


ESTORIL OPEN EM TRANSMISSÃO TELEVISIVA HD<br />

O MAIOR evento de ténis do país foi o local escolhido para a demonstração dos benefícios e<br />

das vantagens que a tecnologia 5G oferece à transmissão de eventos desportivos, quando<br />

complementada por uma rede móvel privada virtual. O projeto resultou de uma parceria<br />

entre a MEO Empresas e a CNN Portugal, que protagonizaram a primeira<br />

transmissão televisiva HD, suportada numa rede móvel privada 5G, durante o<br />

jogo da final do Millennium Estoril Open. Face ao elevado número de dispositivos<br />

existentes no local, este foi o ambiente indicado para colocar em prova<br />

uma rede privada, especificamente desenhada e configurada para assegurar<br />

uma transmissão em direto, com condições de utilização intensiva da rede móvel,<br />

sem falhas e com altíssima qualidade. A Private Custom Network é a nova<br />

solução da MEO Empresas que suporta esta operação. Desenhada, planeada e<br />

implementada à medida das necessidades de cada empresa, permite combinar<br />

o melhor da rede móvel 5G com a exclusividade e segurança das redes<br />

privadas. Com esta solução, os clientes dos mais diversos setores – Indústria,<br />

Logística, Saúde ou Media – passam a beneficiar de uma rede 5G personalizada,<br />

integralmente dedicada às suas operações. A solução inclui ainda o acesso<br />

a um portal de self-care que vai permitir às empresas a configuração das características<br />

da conetividade em cada dispositivo ligado à rede, a parametrização<br />

de alertas e notificações, assim como a consulta de relatórios de comunicação<br />

e a execução de testes de diagnóstico de conetividade.•<br />

“AI-BELHA” AVALIA SAÚ<strong>DE</strong> <strong>DA</strong> COLMEIA ATRAVÉS DO SOM<br />

QUAL é a relação entre as abelhas e a IA? Toda, quando a tecnologia pode ajudar a monitorizar e avaliar a<br />

saúde das colmeias, através do som, contribuindo para combater o declínio das abelhas. O projeto está a<br />

ser desenvolvido pela NOS, com base numa solução inovadora, baseada em 5G e inteligência artificial (IA). A<br />

“AI-belha” é uma resposta direta ao preocupante declínio dos polinizadores em Portugal e já avançou para a<br />

fase de testes em ambiente real, com o apoio de apicultores nacionais. Trata-se de uma evolução do “Entusiasmómetro”,<br />

ferramenta lançada no NOS Alive, que mede o entusiasmo e emoção das audiências em espetáculos,<br />

através da rede 5G. Um novo desenvolvimento da mesma tecnologia pioneira de analítica de som,<br />

apoiada por IA, será agora utilizado para detetar a presença da abelha rainha e avaliar a saúde e comportamento<br />

das colmeias, um processo vital à reprodução das abelhas, os principais polinizadores do ecossistema.<br />

Os apicultores apenas têm de aproximar o<br />

seu smartphone 5G da colmeia e recolher o som<br />

emitido pelas abelhas, tal como se tratasse de<br />

uma chamada telefónica. O áudio recolhido é<br />

enviado, em tempo real, para um servidor na<br />

cloud, onde, através de IA são analisados os<br />

diversos tipos de ruído. O resultado será a identificação<br />

da presença ou ausência da abelha-rainha<br />

através do som emitido pelas abelhas, bem<br />

como a deteção de outros padrões sonoros que<br />

possam indicar sinais negativos na saúde da<br />

colmeia.•<br />

67


ultimas<br />

INOVAÇÕES<br />

TRANSFORMADORAS<br />

BASEA<strong>DA</strong>S EM <strong>DA</strong>DOS E IA<br />

AJU<strong>DA</strong>R as empresas, na era da IA, a empregarem totalmente<br />

o poder dos seus dados e obterem insights mais<br />

profundos, um crescimento mais rápido e mais eficiência<br />

é o objetivo de um conjunto de inovações transformadoras<br />

lançadas pela SAP. Os novos recursos da solução<br />

Datasphere, que incluem mais funcionalidades de IA<br />

generativa, transformam o planeamento das empresas,<br />

através de arquiteturas de dados simplificadas e interações<br />

de dados mais intuitivas. O grupo considera que<br />

estas inovações, com a parceria ampliada com a Collibra,<br />

representam um salto quântico na sua capacidade de ajudar<br />

os clientes a conduzirem transformações empresariais<br />

inteligentes através dos dados. No centro deste anúncio<br />

está a malha de dados das empresas, uma arquitetura<br />

que ajuda a garantir que os dados não são apenas um<br />

ativo, mas a base principal das iniciativas estratégicas. As<br />

inovações e a parceria anunciadas equipam as organizações<br />

para fornecerem dados expressivos aos consumidores<br />

de dados – com o contexto e a lógica de negócio intactos.<br />

Desde as novas capacidades de base de dados, de<br />

copilotos e vetores, que ajudam a garantir que o contexto<br />

da empresa permanece constante em resultados de IA<br />

generativa, a um novo gráfico de conhecimento que ajuda<br />

a ganhar perceções e padrões em dados complexos, as<br />

inovações de dados da SAP garantem que os clientes têm<br />

todo o poder dos seus dados na ponta dos dedos.•<br />

TECNOLOGIA 5G CHEGA <strong>À</strong> BARRAGEM <strong>DE</strong> CASTELO <strong>DE</strong> BO<strong>DE</strong><br />

É UM PROJETO pioneiro: um 5G Living Lab para testar a<br />

tecnologia e o seu potencial em ambiente industrial e<br />

em diferentes situações. Está instalado na barragem de<br />

Castelo de Bode, um dos mais importantes centros de<br />

produção de energia hidroelétrica do país, e resultou de<br />

uma parceria da Vodafone com a EDP. A barragem será<br />

equipada com conectividade total, envolvendo a central,<br />

a albufeira e ambiente exterior em redor de toda a<br />

instalação. Além de reforçar a cobertura e velocidade das<br />

ligações móveis, o 5G tem potencial para impulsionar uma<br />

série de novas tecnologias, incluindo realidade virtual e<br />

aumentada, ferramentas inteligentes, internet of things/<br />

everything, edge computing e automação industrial sustentável,<br />

entre outras aplicações. A transformação digital<br />

sobre conetividade 5G irá reforçar a eficiência operacional<br />

e a segurança, abrindo ainda caminho para a introdução<br />

de inovações tecnológicas que podem transformar a gestão<br />

e a manutenção destas infraestruturas críticas para<br />

a produção de energia. Os sistemas e dispositivos que já<br />

usem e possam beneficiar de tecnologias de comunicação<br />

fazem parte deste projeto-piloto, desde drones e câmaras<br />

de vídeo até sensores e óculos de realidade virtual. Com<br />

este laboratório vivo, a EDP quer criar uma montra de soluções<br />

tecnológicas e digitais que promovam e acelerem a<br />

transição energética que está a liderar.•<br />

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Sabe que o seu negócio<br />

pode ter a rede móvel mais<br />

rápida da Europa?<br />

Baseado em análise Ookla® de dados Speedtest Intelligence® 2T-3T 2023. As marcas comerciais Ookla® são usadas sob licença e reprodução autorizada.


Da consultoria estratégica<br />

às tecnologias de vanguarda,<br />

desenvolvemos experiências<br />

que transformam as organizações<br />

para o sucesso, reinventando<br />

as indústrias de forma positiva<br />

e dando forma a uma sociedade<br />

melhor para todos

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