Romantismo Contextualização histórica e das artes - Repositório ...
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Raquel Ribeiro<br />
anteriores ideias sinfónicas. Arte e ofício, que não estão inteiramente separa<strong>das</strong> em Mozart, estãono<br />
completamente em Beethoven, e a ideia da obra de arte única, inimitável, radicalmente<br />
individual, realiza-se ainda com mais pureza na música do que na pintura, apesar de esta se ter<br />
emancipado da obra de artífice havia já séculos.<br />
Também na literatura a intenção artística já se emancipara completamente da tarefa prática,<br />
no tempo de Beethoven, e tal facto tornara-se tão natural que Johann Goethe podia dizer que toda<br />
a sua poesia tinha uma origem ocasional. Em meados do século XVIII, o número de leitores aumenta.<br />
Há cada vez maior número de livros. Em finais do século, ler é uma <strong>das</strong> necessidades da vida <strong>das</strong><br />
classes superiores. De entre os meios de expressão cultural de que o novo público leitor se<br />
alimenta, os periódicos são os mais importantes. A corte deixou de desempenhar a sua anterior<br />
função cultural. Com o enriquecimento da classe média, esta adquire uma literatura própria,<br />
deixando de seguir a influência aristocrática <strong>das</strong> classes superiores. Usa uma linguagem própria que,<br />
só por mero antagonismo ao intelectualismo da aristocracia, evolui numa linguagem de<br />
sentimentalismo. Dá-se a revolta <strong>das</strong> emoções contra a frieza do intelecto. Luta-se contra o espírito<br />
de conservadorismo e contra a coerção <strong>das</strong> regras e <strong>das</strong> formas. A redistribuição do poder social<br />
leva à dissolução <strong>das</strong> ligações formais e produz uma súbita exaltação da sensibilidade. (HAUSER,<br />
1964, pág. 53 a 109)<br />
Científica<br />
No século XVIII, a Europa era um formigueiro de ideias e inovações. O progresso atingia todos<br />
os sectores: arte, ciência, técnica e pensamento. Com ele abriram-se novos horizontes. O grande<br />
número de novas invenções não pode explicar-se apenas pelo mero progresso <strong>das</strong> ciências exactas e<br />
pelo irromper súbito da eficiência <strong>das</strong> técnicas. Fazem-se invenções porque elas podem ser<br />
utiliza<strong>das</strong>, porque existe uma procura massiva de produtos industriais impossível de satisfazer<br />
dentro dos velhos métodos de produção, e porque se dispõe dos meios materiais para efectuar as<br />
alterações técnicas necessárias. Até aí as considerações da natureza industrial tinham afectado<br />
relativamente pouco as ciências. Só no último terço do século XVIII é que a investigação científica<br />
passa a estar dominada pelo ponto de vista tecnológico.<br />
Médicos e naturalistas puderam explicar com precisão científica muitos dos até então<br />
mistérios do corpo humano, dos organismos vegetais e dos elementos do reino mineral. Ao mesmo<br />
tempo, o francês Antoine Lavoisier (1743-1794) introduziu uma nova ciência - a química moderna -<br />
com a qual era possível explicar fenómenos obscuros, como, por exemplo, a combustão,<br />
desvendando assim segredos da composição da matéria. Johann Goethe, interessado pelas ciências,<br />
deve ser considerado o fundador da morfologia <strong>das</strong> plantas (1790). Por essa mesma época (1793), C.<br />
K. Sfrengel (1750-1816) descobre a fecundação <strong>das</strong> flores pelo pólen transportado pelos insectos.<br />
Por seu turno, em 1800, a palavra biologia é pela primeira vez empregue por Carl Friedrich<br />
Burdbach (1776-1847). Em 1827, o zoólogo Carl Ernst von Baer (1792-1876) descobre o ovo dos<br />
mamíferos e, onze anos depois, o botânico Mathias Jakob Schleinden (1804-1881) reconhece a