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Jornal Paraná Junho 2015

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OPINIÃO<br />

Como um imposto verde acabou virando vermelho<br />

bem sintetiza os equívocos cometidos<br />

na economia no passado recente, o custo alto<br />

que se paga no presente e o enorme desafio de conseguir<br />

retomar o crescimento no futuro.<br />

Política fiscal verde é uma moderna tendência mundial<br />

em resposta às mudanças climáticas. Ela usa a tributação<br />

como meio para punir o que mais polui e<br />

premiar a energia limpa. Ainda que o Brasil tenha<br />

aderido a tais compromissos, adotou neste século<br />

uma política tributária perfeita, mas na direção exatamente<br />

oposta a tais objetivos.<br />

À custa das maiores renúncias tributárias conhecidas,<br />

da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados<br />

(IPI) à guerra fiscal do ICMS estadual, se reduziu<br />

a carga sobre a venda de automóveis, mas não sobre<br />

os transportes de massa - fora que neles os governos<br />

pouco investiram.<br />

Pior foi com os combustíveis fósseis, que muitos países<br />

passaram a tributar cada vez mais para fins ambientais,<br />

e o Brasil fez o contrário - mesmo tendo o que outros<br />

países não dispunham: o etanol como excelente alternativa<br />

energética.<br />

Já foi confessado que o governo administrou os preços<br />

da gasolina e do diesel para tentar frear a inflação. Fez<br />

isso sem separar dotação no Orçamento para cobrir os<br />

correspondentes subsídios. Estes, na prática, foram<br />

transformados em redução de tributos sobre aqueles<br />

bens e, depois, em prejuízos bilionários e já mensurados<br />

para a Petrobrás, de modo que o governo perdeu receita<br />

e também patrimônio.<br />

A Cide representava 14% do preço<br />

na bomba da gasolina em 2002,<br />

ante os atuais 2,2%, mesmo<br />

depois do reajuste<br />

O verde que virou vermelho<br />

O Brasil adotou neste século uma política tributária perfeita, mas na direção<br />

exatamente oposta aos objetivos da preservação ambiental JOSÉ ROBERTO AFONSO (*)<br />

Esse caminho tortuoso jogou na crise importantes setores<br />

da economia, do agronegócio à construção pesada,<br />

e tornou inglório repetir o ajuste fiscal tanto já feito<br />

no passado, porque nunca foi tão deprimida a arrecadação<br />

proveniente desse setor estratégico.<br />

A contribuição específica (Cide) representava 14% do<br />

preço na bomba da gasolina em 2002, ante os atuais<br />

2,2%, mesmo depois do reajuste do início do ano - se<br />

fosse mantida aquela proporção, a alíquota deveria subir<br />

de R$ 0,10 para R$ 0,62 por litro.<br />

Já o PIS/Cofins, também cobrado como um valor fixo<br />

por litro de combustível vendido, ficou congelado (em<br />

R$ 0,2616) por quase dez anos. Somados esses três<br />

tributos, a Petrobrás deveu R$ 16,2 bilhões em 2014,<br />

ante R$ 29,8 bilhões em 2006. Essa perda de receita<br />

equivale, por exemplo, a um ano do gasto com atenção<br />

básica à saúde no orçamento federal.<br />

Outro valor, equivalente, deve ser perdido com royalties<br />

sobre petróleo, em que o efetivamente arrecadado tem<br />

caído muito mais fortemente que os preços internacionais<br />

e apesar da produção agora em alta. A carga tributária<br />

total da Petrobrás caiu para o piso de 1,71% do<br />

Produto Interno Bruto (PIB) neste primeiro trimestre, 0,6<br />

ponto abaixo do mesmo há quatro anos. Nem é preciso<br />

dizer quanto faz falta tal receita para o ajuste fiscal.<br />

Há, ainda, o efeito colateral do menor uso de etanol.<br />

Já foram fechadas 70 usinas e 30 estão em recuperação<br />

judicial, com perda de 60 mil empregos diretos.<br />

A venda de máquinas para o setor caiu pela metade.<br />

Mesmo assim, estudos projetam que, depois<br />

do carro flex, se reduziu a emissão de gases de<br />

efeito estufa em 250 milhões/t de CO 2 e se evitaram<br />

9 mil internações por problemas respiratórios e cardíacos<br />

decorrentes da poluição.<br />

Para atender às metas mundiais com o meio ambiente,<br />

recuperar a receita, consolidar o ajuste fiscal<br />

e estimular a agroindústria nacional, é preciso recuperar<br />

paulatinamente a antiga proporção de tributos<br />

sobre derivados de petróleo e, depois, passar a reajustar<br />

as suas alíquotas automaticamente com os preços de<br />

revenda.<br />

Também royalties deveriam passar a ser cobrados ou<br />

fiscalizados pela Receita Federal (não é uma taxa para<br />

custeio de agência reguladora) e o cálculo da participação<br />

especial na extração de petróleo deveria ser corrigido<br />

para atender ao princípio legal.<br />

Vermelho, atual cor da moda na economia brasileira,<br />

pode e deve ser trocado pelo verde, a começar no seu<br />

imposto e na política fiscal.<br />

Neste campo dos combustíveis e do meio ambiente há<br />

uma boa oportunidade para avançar rumo ao passado,<br />

que conciliava disciplina e crescimento, mas que foi jogado<br />

fora em troca da inflação, da qual não se escapou,<br />

mas só se adiou para hoje.<br />

(*) José Roberto Afonso é economista, pesquisador<br />

do Ibre/FGV e professor do mestrado do IDP.<br />

Se fosse mantida aquela<br />

proporção, a alíquota deveria<br />

subir de R$ 0,10 para<br />

R$ 0,62 por litro<br />

2 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


SAFRA <strong>2015</strong>/16<br />

<strong>Paraná</strong> já colheu 29% do total previsto<br />

Expectativa é de que serão esmagados 43,08 milhões de toneladas de cana e produzidos<br />

3,058 milhões de toneladas de açúcar e 1,526 bilhões de litros de álcool MARLY AIRES<br />

O ano é de El Niño e as<br />

previsões climáticas apontam<br />

para a ocorrência de chuvas<br />

acima da média durante a<br />

safra <strong>2015</strong>/16 de cana de<br />

açúcar no <strong>Paraná</strong>, o que poderia<br />

atrapalhar o andamento<br />

desta. Por enquanto, entretanto,<br />

o ritmo da colheita<br />

continua acelerado, acima do<br />

registrado no ano passado no<br />

mesmo período, avalia o presidente<br />

da Alcopar, Miguel<br />

Tranin.<br />

“As chuvas têm ocorrido<br />

dentro da normalidade para<br />

o período, chegando mesmo<br />

as usinas a registrar um número<br />

maior de dias trabalhados,<br />

beneficiando a colheita<br />

e o desenvolvimento da lavoura”,<br />

afirma.<br />

Até o dia 15 de junho, as 25<br />

usinas paranaenses em funcionamento,<br />

das 30 existentes,<br />

já tinham colhido 29,2%<br />

do total previsto, cerca de<br />

12,561 milhões de toneladas<br />

de cana. No mesmo período<br />

do ano passado, o total esmagado<br />

era de 10,755 milhões<br />

de toneladas, 16,8 % a menos.<br />

A expectativa de moagem<br />

para esta safra no <strong>Paraná</strong><br />

é de 43,08 milhões de<br />

toneladas, volume que é semelhante<br />

ao colhido no ano<br />

passado.<br />

O clima menos chuvoso<br />

tem favorecido também a<br />

qualidade da matéria prima<br />

na indústria. A quantidade<br />

de Açúcares Totais Recuperáveis<br />

(ATR) por tonelada<br />

de cana no acumulado da<br />

safra ficou 4,6% acima do<br />

valor observado no mesmo<br />

período de 2014, totalizando<br />

130,07 kg de ATR/t<br />

de cana, contra 124,37 kg<br />

ATR/t. Até o momento, a<br />

previsão é de fechar a safra<br />

com média de 135,10 kg de<br />

ATR/t de cana.<br />

Com o preço do açúcar<br />

ainda não tão remunerativo,<br />

devido aos baixos preços praticados<br />

no mercado internacional,<br />

um percentual menor<br />

de matéria prima tem sido<br />

destinado à produção de<br />

açúcar, comenta Tranin.<br />

Mesmo assim, por conta do<br />

estágio adiantado da safra, o<br />

volume processado já é<br />

23,1% maior do que no<br />

mesmo período do ano anterior,<br />

785,6 mil toneladas<br />

contra 638,3 mil. Esse volume<br />

representa 25,7% do<br />

total esperado para a safra,<br />

O presidente da Alcopar, Miguel Tranin,<br />

ressalta que safra continua mais alcooleira,<br />

por conta das últimas medidas governamentais,<br />

que favoreceram o mercado de etanol,<br />

como o aumento do percentual do biocombustível<br />

misturado à gasolina, de 25% para<br />

27%, e a retomada da cobrança da Cide<br />

(Contribuição de Intervenção no Domínio<br />

Econômico) incidente sobre o combustível<br />

fóssil.<br />

Tranin alerta, entretanto, que, apesar da luta<br />

para o retorno da Cide, as usinas não têm se<br />

beneficiado da medida. “Estamos repassando<br />

para as distribuidoras e postos todo o<br />

esforço para a conquista da Cide. Em função<br />

da necessidade de fazer caixa e da produção<br />

de etanol em ritmo acelerado, a Cide<br />

acabou virando desconto. E o pior é que em<br />

alguns casos, esse não tem sido repassado ao<br />

consumidor. Esperamos que durante a safra<br />

isso deixe de ocorrer, pois estamos vendendo<br />

etanol abaixo do custo de produção”, afirma.<br />

Até a primeira quinzena de junho foram<br />

3,058 milhões de toneladas<br />

de açúcar.<br />

No ano passado, o <strong>Paraná</strong><br />

fechou a safra com 43,099<br />

Mais etanol<br />

milhões de toneladas de<br />

cana, que resultou em 2,923<br />

milhões de toneladas de açúcar<br />

e 1,612 bilhão de litros de<br />

etanol total.<br />

produzidos 473.3 milhões de litros de etanol,<br />

21,1% a mais em comparação com a<br />

safra 2014/15, quando tinham sido obtidos<br />

390,8 milhões de litros. Esse volume já representa<br />

31% do total previsto para a safra<br />

<strong>2015</strong>/16, que é de 1,526 bilhão de litros. Do<br />

total de etanol já produzido, 164 milhões de<br />

litros são de anidro e 309,2 milhões são de<br />

hidratado.<br />

O investimento aquém do necessário na<br />

reforma dos canaviais, devido à crise pela<br />

qual passa o setor sucroenergético brasileiro,<br />

levou a uma menor produtividade das lavouras.<br />

A média obtida tem ficado ao redor<br />

de 70,8 toneladas por hectare, bem menor<br />

quando comparada aos volumes colhidos hà<br />

10 anos, de 83 a 85 toneladas por hectare.<br />

Isso depois de ter chegado a 68 toneladas<br />

por hectare na safra 2012/13, afetada também<br />

por uma estiagem. Para este ano, tem<br />

se apostado em uma recuperação das lavouras,<br />

com possível melhora da média de produtividade<br />

e até da produção, devido às<br />

previsões climáticas favoráveis.<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

3


CONSCIENTIZAÇÃO<br />

Santa Terezinha comemora Semana do Meio Ambiente<br />

As unidades produtivas tiveram programação especial visando orientar as<br />

comunidades locais sobre a preservação da natureza DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

O cuidado com a conservação da<br />

natureza é uma das premissas da<br />

Usina Santa Terezinha, que se destaca<br />

entre as empresas brasileiras e<br />

as indústrias do setor sucroenergético<br />

pelo empenho com a responsabilidade<br />

social e comprometimento<br />

com o desenvolvimento<br />

sustentável.<br />

Como parte desse trabalho, as<br />

unidades produtivas da usina promoveram<br />

durante o mês de junho<br />

uma série de atividades em comemoração<br />

ao Dia Mundial do Meio<br />

Ambiente, celebrado em 5 de<br />

junho com o objetivo de conscientizar<br />

a população mundial sobre<br />

temas ambientais e de preservação.<br />

Na Unidade Ivaté foram promovidas<br />

atividades educativas com a<br />

distribuição de mudas de árvores<br />

nativas, frutíferas e ornamentais<br />

para colaboradores nos períodos de<br />

troca de turno e intervalos. Ainda<br />

em comemoração à data, colaboradores<br />

da unidade visitaram os alunos<br />

do 1º, 2º e 3º ano da Escola<br />

Municipal Professor Walter Bergman,<br />

que receberam informações<br />

sobre preservação ambiental. Também<br />

foram entregues mudas de árvores<br />

nativas e dada toda orientação<br />

necessária para o plantio correto.<br />

Em Tapejara, a ação foi realizada<br />

pelo departamento ambiental juntamente<br />

com os alunos do programa<br />

AAJ (Aprendizagem de<br />

Adolescentes e Jovens). Foram<br />

plantadas mudas de palmeirinhas<br />

no pátio da indústria e na entrada<br />

do Cars (Centro de Armazenamento<br />

de Resíduos Sólidos).<br />

Na Usina Rio <strong>Paraná</strong> foi firmada<br />

uma parceria com a Prefeitura<br />

Municipal de Eldorado (MS) para<br />

a realização da Campanha para Recolhimento<br />

do Lixo Eletrônico.<br />

Colaboradores voluntários participaram<br />

da distribuição de materiais<br />

informativos e da coleta dos materiais.<br />

A ação atingiu cerca de 2.600<br />

alunos de cinco escolas e recolheu<br />

aproximadamente 1,5 tonelada de<br />

lixo eletrônico.<br />

4<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


Alto Alegre no<br />

combate ao tabagismo<br />

SAÚDE<br />

Projeto chama atenção de funcionários para os males causados pelo cigarro DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Preocupada com a saúde e o bemestar<br />

de seus colaboradores, a Usina<br />

Alto Alegre desenvolve ações e programas<br />

que visam a adoção de hábitos<br />

saudáveis e a prevenção de<br />

doenças. O programa de tratamento<br />

a dependentes químicos com ênfase<br />

no tabagismo é um deles.<br />

Este teve início em 2011 na<br />

SIPAT (Semana Interna de Prevenção<br />

de Acidentes do Trabalho),<br />

tendo como tema “O cuidado de<br />

cada um é a segurança de todos”,<br />

sendo retomado e reforçado nas edições<br />

seguintes.<br />

Com o objetivo de orientar e ajudar<br />

quem tem o hábito de fumar, o<br />

programa chama a atenção para os<br />

males causados pela ingestão de<br />

substâncias prejudiciais à saúde contidas<br />

no cigarro e para a prevenção<br />

de doenças crônicas, como o câncer<br />

de pulmão e outras relacionadas ao<br />

hábito de fumar.<br />

A usina está empenhada na luta<br />

pela redução do número de mortes<br />

causadas pelo tabagismo e oferece<br />

todo o suporte necessário, buscando<br />

o envolvimento de seus funcionários<br />

junto ao programa, já que a resistência<br />

ao tratamento é comum entre os<br />

fumantes.<br />

Vários colaboradores<br />

estão em tratamento<br />

com apoio da usina<br />

Atualmente, a Unidade Floresta,<br />

no distrito de Ameliópolis, em Presidente<br />

Prudente (SP), tem nove<br />

funcionários com o tratamento em<br />

andamento, sendo que cinco estão<br />

no CAPS AD (Centro de Atenção<br />

Psicossocial Álcool de Drogas) na<br />

cidade de Martinópolis (SP), e quatro<br />

na UBS (Unidade Básica de<br />

Saúde) em Caiabu (SP).<br />

Os funcionários interessados em<br />

deixar o hábito de fumar podem entrar<br />

em contato com o departamento<br />

de Serviço Social (RHSS) da<br />

Unidade Floresta para receber mais<br />

informações sobre o programa.<br />

Dentre outros programas, a Usina<br />

Alto Alegre também realiza campanhas<br />

de Prevenção do Câncer do<br />

Colo do Útero com o objetivo de<br />

incentivar a prevenção entre as funcionárias,<br />

fornecendo informações e<br />

realizando exames para detecção<br />

precoce da doença.<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

5


PLANO SAFRA<br />

Setor tem R$ 3,5 bi, mas acesso é restrito<br />

Demanda é por ações mais efetivas que gerem soluções, como renegociação de dívidas,<br />

definições de metas no longo prazo e Cide integral DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Como parte dos recursos liberados<br />

pelo governo federal<br />

para o Plano Agrícola e Pecuário<br />

<strong>2015</strong>/16, o setor sucroenergético<br />

poderá acessar<br />

a R$ 2 bilhões que foram liberados<br />

para fazer a estocagem<br />

de etanol e R$ 1,5 bilhão<br />

voltado para o Programa<br />

de Apoio à Renovação e<br />

Implantação de Novos Canaviais,<br />

o Prorenova.<br />

O problema é o alto índice<br />

de endividamento das usinas<br />

brasileiras, que dificultam o<br />

acesso destas aos novos recursos,<br />

afirma o presidente<br />

da Alcopar, Miguel Tranin,<br />

que participou, no início do<br />

junho, da cerimônia de lançamento<br />

do plano, em Brasília<br />

(DF), junto com outras<br />

lideranças do agronegócio e<br />

políticos, dentre eles a presidente<br />

Dilma Rousseff e a<br />

ministra de Agricultura, Pecuária<br />

e Abastecimento,<br />

Kátia Abreu.<br />

Segundo Tranin, poucas<br />

são as usinas que poderão<br />

lançar mão desses recursos.<br />

“O setor demanda ações<br />

mais efetivas que gerem soluções”,<br />

afirma. O presidente<br />

da Alcopar reconhece que<br />

importantes medidas foram<br />

tomadas visando a recuperação<br />

do setor, como a retomada<br />

dos reajustes do preço<br />

da gasolina, o aumento da<br />

adição de etanol ao combustível<br />

fóssil (de 25% para<br />

27%), e a volta da Cide<br />

(Contribuição de Intervenção<br />

no Domínio Econômico),<br />

que ajudaram no balanço<br />

financeiro das usinas<br />

brasileiras.<br />

O presidente da Alcopar<br />

cita que desde 2010, quando<br />

começou a política de controle<br />

de preço da gasolina, o<br />

mercado de etanol não mostrava<br />

tanto fôlego, com o<br />

consumo crescendo 51% no<br />

País em março, sobre o mesmo<br />

mês de 2014. O reforço<br />

nas vendas puxou a produção<br />

e o biocombustível ganhou<br />

espaço na escolha de<br />

processamento nas usinas<br />

em detrimento do açúcar,<br />

chegando 28 bilhões de litros<br />

produzidos no Brasil na<br />

safra 2014/15. Mas a capacidade<br />

das usinas de mexer<br />

no mix de produção é limitada<br />

e a produção de açúcar<br />

continua sendo significativa,<br />

mas com preços baixos no<br />

mercado internacional.<br />

“Essas medidas melhoraram<br />

a competitividade do etanol e<br />

as expectativas, mas ainda são<br />

insuficientes para ajudar o<br />

setor a se reerguer e voltar a<br />

investir”, afirma Tranin. “Precisamos<br />

da negociação de dívidas<br />

vencidas e prorrogação<br />

do vencimento de dívidas nos<br />

próximos três anos, além da<br />

definição clara sobre a participação<br />

do etanol na matriz<br />

energética brasileira”, destaca.<br />

As dívidas das usinas já superam<br />

os R$ 50,5 bilhões.<br />

Outra reivindicação é a<br />

volta integral da Cide incidente<br />

sobre a gasolina,<br />

atualmente de R$ 0,22 por<br />

litro. Em 2012, antes de ser<br />

zerada, a alíquota estava em<br />

R$ 0,28 por litro, valor que<br />

hoje equivaleria a bem mais.<br />

“Também neste início de safra,<br />

por necessidade de caixa,<br />

as usinas acabaram repassando<br />

todo esse valor para<br />

as distribuidoras e postos.<br />

O litro de etanol tem sido<br />

vendido a R$ 1,35 a R$<br />

1,40, que é o custo de produção”,<br />

diz o presidente da<br />

Alcopar.<br />

O reflexo de toda essa situação<br />

pode ser sentido no baixo<br />

índice de renovação dos canaviais,<br />

tendência que vem se<br />

repetindo nos últimos anos<br />

no <strong>Paraná</strong> e em todo o Brasil.<br />

Neste ano, no Estado, este<br />

deve ficar em 15%, em vez de<br />

no mínimo 20% sobre a área<br />

total, que é o considerado<br />

ideal.<br />

Miguel Tranin com a presidente Dilma Roussef, no evento em Brasília<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


Mais recurso, porém, mais caro<br />

São R$ 187,7 bilhões, 20% a mais, mas juros controlados são mais altos e aumento<br />

no volume liberado se deu para financiamentos com juros livres<br />

O aumento de 20% no volume<br />

de recursos para financiar<br />

as operações de custeio,<br />

investimento e a comercialização<br />

da agricultura empresarial,<br />

dentro do Plano Agrícola<br />

e Pecuário <strong>2015</strong>/16 foi recebido<br />

de forma positiva por representantes<br />

de entidades<br />

ligadas ao setor agrícola. O<br />

valor anunciado pelo governo<br />

federal no início de junho foi<br />

R$ 187,7 bilhões contra R$<br />

156,1 bilhões na safra passada.<br />

No contraponto, entretanto,<br />

a elevação nos juros<br />

causou reações mais diversas,<br />

que foram da resignação à crítica.<br />

Do volume total, R$ 94,5<br />

bilhões são destinados ao financiamento<br />

de custeio, 7,5%<br />

a mais em comparação com o<br />

período anterior (R$ 87,9 bilhões)<br />

e reflete o crescimento<br />

dos custos de produção. Mas<br />

houve uma queda nos empréstimos<br />

para investimentos,<br />

R$ 33,3 bilhões, 24% a menos<br />

ante os 43,7 bilhões prometidos<br />

no plano 2014/15.<br />

Analistas destacam, entretanto,<br />

que o crédito disponível<br />

no Plano Safra <strong>2015</strong>/16 terá<br />

crescimento principalmente<br />

por conta de uma maior disponibilidade<br />

de financiamentos<br />

com juros livres de mercado,<br />

que passaram de 23 bilhões<br />

para 53 bilhões no plano<br />

atual, apontando para um<br />

sensível aumento de custos<br />

dos produtores. Em outras<br />

palavras, os recursos adicionais<br />

virão de linhas em que o<br />

governo não irá oferecer os<br />

subsídios considerados essenciais<br />

por muitos agricultores<br />

para viabilizar a produção de<br />

alimentos e energia no campo.<br />

De acordo com a ministra da<br />

Agricultura, Kátia Abreu, os<br />

juros mais altos acompanharam<br />

a curva acentuada da inflação<br />

do País e os ajustes que<br />

estão sendo implementados<br />

pela equipe econômica. As<br />

taxas de juros para os médios<br />

produtores ficarão em 7,75%<br />

ao ano (para custeio) e 7,5%<br />

ao ano (para investimento).<br />

Mas, no caso dos empréstimos<br />

de custeio para agricultura<br />

empresarial, a taxa<br />

definida do Plano Agrícola<br />

ficou em 8,75% ao ano, enquanto<br />

os demais programas<br />

de investimento terão taxas de<br />

7% a 8,75% ao ano. No plano<br />

anterior, a taxa média de juros<br />

de custeio era de 6,5%, caindo<br />

para até 5,5% em alguns<br />

casos.<br />

Lançamento oficial foi feito no início de junho, com a presença<br />

de políticos e lideranças do agronegócio<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

7


LEGISLAÇÃO<br />

Empresas sofrem para<br />

cumprir Lei da Aprendizagem<br />

Problema é maior onde há ambiente de risco, que impede a contratação de menores,<br />

e demanda por mão de obra altamente especializada, como nas usinas DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Há décadas, as empresas brasileiras<br />

têm sido uma das<br />

principais formadoras de mão<br />

de obra no País, isso independente<br />

de haver uma legislação<br />

as obrigando a capacitar o trabalhador.<br />

Apesar de todo trabalho<br />

que já é desenvolvido,<br />

com a Lei da Aprendizagem,<br />

que exige a contratação de jovens<br />

aprendizes, além da lei<br />

que determina cotas com percentuais<br />

variados de trabalhadores<br />

com alguma deficiência<br />

no quadro de pessoal das empresas,<br />

criou-se uma situação<br />

complicada.<br />

Em alguns setores, especialmente<br />

para empresas de<br />

maior porte ou as que oferecem<br />

ambientes de trabalho<br />

restritivos, de maior risco ou<br />

altamente especializadas, tornou-se<br />

impraticável cumprir<br />

os índices exigidos pela legislação.<br />

Vários fatores contribuem<br />

para dificultar o cumprimento<br />

dessas metas, expondo<br />

as empresas a risco de<br />

multas e outras sanções.<br />

A cota de aprendizes está fixada entre 5% e 15% dos funcionários<br />

Empresas, sindicatos, associações<br />

e demais representantes<br />

têm buscado discutir<br />

melhorias e encontrar forma<br />

de tornar a lei aplicável fazendo-se<br />

uma série de ajustes<br />

necessários para inserir essas<br />

pessoas no mercado de trabalho<br />

sem expô-las a riscos ou<br />

criar situações insustentáveis.<br />

Editada em 2000, a Lei da<br />

Aprendizagem estabelece<br />

que todas as médias e grandes<br />

empresas devem contratar<br />

jovens com idades de 14 a<br />

24 anos, por meio de um<br />

contrato especial, de até dois<br />

anos. A cota de aprendizes<br />

está fixada entre 5% e 15%,<br />

em relação ao número de<br />

funcionários efetivos, que<br />

ocupem funções que demandem<br />

formação profissional,<br />

definido no Código Brasileiro<br />

de Ocupação.<br />

Este também deve trabalhar<br />

em uma jornada limite de seis<br />

horas diárias e estar obrigatoriamente<br />

fazendo um curso<br />

de capacitação profissional<br />

compatível com a atividade<br />

fim da empresa, que deve ser<br />

oferecida por escolas técnicas,<br />

serviços nacionais de aprendizagem<br />

ou entidades sem<br />

fins lucrativos. Esse percentual<br />

fixo para todo tipo de<br />

empresa, sem avaliar riscos ou<br />

levar em conta a realidade de<br />

cada empresa e as particularidades<br />

de certos segmentos,<br />

criam dificuldades.<br />

Recentemente, a faixa de<br />

idade limite para jovem<br />

aprendiz foi ampliada por lei<br />

de 14/18 anos para 14/24<br />

anos, visando atender aos<br />

casos de empresas em que o<br />

ambiente de trabalho não permite<br />

o emprego de jovens<br />

com menos de 18 anos, como<br />

é o caso do setor sucroenergético.<br />

Mas, a dificuldade de<br />

conseguir pessoas para preencher<br />

a vaga continua porque<br />

acima dessa idade os jovens<br />

não são mais aprendizes, mas<br />

em sua maioria, já estão inseridos<br />

no mercado de trabalho.<br />

Segundo Waldomiro Baddini,<br />

gerente de Recursos Humanos<br />

da Usina Santa Terezinha,<br />

o que tem ocorrido é<br />

que as instituições que promovem<br />

cursos de aprendizagem<br />

tem tido dificuldade de<br />

atrair esses jovens para os cursos<br />

técnicos e que exigem a<br />

idade mínima de 18 anos.<br />

“Isso apesar desses cursos serem<br />

mais interessantes do<br />

ponto de vista de carreira para<br />

o aprendiz e principalmente<br />

para as próprias empresas, que<br />

podem aproveitar, ao fim do<br />

aprendizado, para contratar o<br />

aprendiz em uma função efetiva”,<br />

afirma Baddini.<br />

As empresas ligadas a<br />

agroindústria, como o setor<br />

sucroenergético, têm<br />

uma dificuldade muito<br />

maior que as demais, consideradas<br />

“urbanas”. Além<br />

de empregarem um contingente<br />

grande de mão de<br />

obra, a maior parte das atividades<br />

é rústica ou exige<br />

conhecimentos técnicos<br />

Dificuldade é maior para o setor<br />

específicos, envolvendo a<br />

operação de máquinas e<br />

veículos, o que não permite<br />

a contratação de menores<br />

de 18 anos.<br />

Outro problema enfrentado<br />

pelas usinas é a localização<br />

das empresas, geralmente<br />

na zona rural de<br />

pequenos municípios, onde<br />

dificilmente existem<br />

cursos de aprendizagem.<br />

Também, o que se observa<br />

atualmente é que,<br />

quase a totalidade dos cursos<br />

oferecidos é voltada<br />

para a área administrativa,<br />

pois possibilita as inscrições<br />

de candidatos menores<br />

de 18 anos. Isto tem<br />

causado grande dificuldade<br />

para as empresas absorverem<br />

tantos aprendizes<br />

exclusivamente para<br />

esta área, enquanto os demais<br />

segmentos não são<br />

atendidos.<br />

“Portanto, em que pese os<br />

esforços que as empresas<br />

fazem, a dificuldade no<br />

caso do percentual mínimo<br />

exigido de aprendizes<br />

é de encontrar jovens<br />

para preencher as vagas<br />

disponíveis para as atividades<br />

que são interessantes<br />

para as empresas”, ressalta<br />

Waldomiro Baddini, gerente<br />

de Recursos Humanos<br />

da Usina Santa Terezinha.<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


Santa Terezinha desenvolve<br />

programas de capacitação<br />

Preocupada em atender à<br />

legislação e diante da falta de<br />

cursos de aprendizagem nas<br />

localidades de suas filiais, a<br />

Usina Santa Terezinha firmou<br />

parcerias com o Senar<br />

(Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

Rural) e Senai<br />

(Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

Industrial) e há<br />

anos oferta, em todas as suas<br />

unidades, turmas do Programa<br />

de Aprendizagem de<br />

Adolescentes e Jovens na<br />

área agrícola, industrial e administrativa,<br />

ajudando a inseri-los<br />

no mercado de trabalho.<br />

Mas apesar de todo este esforço para manter os cursos e os aprendizes,<br />

isto não tem sido suficiente para atender o que a legislação exige<br />

Nesta parceria com a usina,<br />

as entidades entram com a<br />

remuneração do instrutor e o<br />

material didático, enquanto a<br />

empresa faz a seleção dos estudantes,<br />

assegura toda a estrutura<br />

física para a realização<br />

das aulas e mantém o<br />

vínculo empregatício com os<br />

jovens, explica Waldomiro<br />

Baddini, gerente de Recursos<br />

Humanos.<br />

De 2010 a 2014, a Usina<br />

Santa Terezinha já capacitou<br />

838 aprendizes, sendo que<br />

destes, 516 foram contratados<br />

em diversas funções nas<br />

De 2010 a 2014, já formou 838 jovens, sendo que destes, 516 foram contratados<br />

unidades da empresa, possibilitando<br />

o início da carreira<br />

profissional para estes jovens.<br />

Para isto, a usina investiu na<br />

adequação e construção de<br />

instalações apropriadas para<br />

a realização das aulas teóricas<br />

e práticas.<br />

Mas apesar de todo este esforço<br />

para manter os cursos<br />

e os aprendizes, Baddini<br />

destaca que isto não tem<br />

sido suficiente para atender<br />

o que a legislação exige. Para<br />

o cômputo da cota mínima<br />

exigida pela legislação, são<br />

excluídas poucas funções.<br />

Para Baddini, é necessária<br />

uma adequação da lei para<br />

prever exceções ou ter outras<br />

bases no caso de empresas<br />

que possuem atividades que<br />

são incompatíveis com os<br />

cursos de aprendizagem oferecidos.<br />

“O que deve ser alterada<br />

não é a obrigatoriedade<br />

em contratar aprendizes,<br />

mas sim a forma de<br />

cálculo da cota. Para que<br />

fosse mais coerente, justo e<br />

possível de ser cumprido<br />

pelas empresas, o cálculo da<br />

cota deveria se basear no número<br />

de funcionários existentes<br />

relativos ao curso de<br />

aprendizagem oferecido”.<br />

O gerente de RH exemplifica:<br />

se o curso de aprendizagem<br />

oferecido é de mecânico<br />

de tratores, o cálculo da<br />

cota legal deveria ser com<br />

base na quantidade de funcionários<br />

lotados na área de<br />

manutenção de tratores da<br />

empresa, o mesmo ocorrendo<br />

em relação aos demais<br />

cursos e áreas.<br />

Atualmente o cálculo é<br />

feito pelo total de funcionários<br />

existentes na empresa,<br />

independentemente da atividade<br />

desenvolvida, não sendo<br />

levada em consideração<br />

ainda a existência ou não de<br />

cursos e aprendizes disponíveis<br />

na localidade.<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

9


LEGISLAÇÃO<br />

Situação se repete quanto às<br />

cotas de pessoas com deficiência<br />

Não está sendo fácil cumprir as exigências devido a desequilíbrio entre a oferta<br />

e a demanda, falta de qualificação e adequação da norma à realidade<br />

O cumprimento da cota de<br />

contratação de pessoas com<br />

deficiência tem tido a<br />

mesma dificuldade, diz<br />

Waldomiro Baddini, gerente<br />

de Recursos Humanos<br />

da Usina Santa Terezinha.<br />

Apesar de a lei existir há<br />

quase 22 anos, as empresas<br />

do setor privado ainda encontram<br />

sérias dificuldades<br />

quanto à inserção de pessoas<br />

com deficiência.<br />

Situação é agravada no<br />

caso de empresas localizadas<br />

no meio rural, especialmente<br />

do setor sucroenergético,<br />

com funções rústicas,<br />

na maior parte dos casos, ou<br />

que exigem qualificação<br />

profissional específica, a<br />

exemplo dos cortadores de<br />

cana, operadores de colhedora,<br />

motoristas e tratoristas.<br />

A cota legal obedece a uma<br />

tabela cujo percentual exigido<br />

vai aumentando à medida<br />

que a empresa possui<br />

mais trabalhadores. “Não<br />

defendemos que a obrigatoriedade<br />

de contratação de<br />

pessoas com deficiência<br />

deva ser excluída, mas que a<br />

legislação seja adequada<br />

para corrigir uma distorção”,<br />

afirma Baddini.<br />

Segundo Waldomiro Baddini,<br />

gerente de Recursos<br />

Humanos da Usina Santa<br />

Terezinha, é imprescindível<br />

modificar a legislação que<br />

trata sobre o assunto para<br />

que se criem exceções, considerando<br />

as características<br />

de cada atividade. “Há um<br />

desequilíbrio entre a oferta e<br />

Nas agroindústrias, ambiente mais rústico não é adequado<br />

O gerente cita que o percentual<br />

aumenta à medida que a<br />

empresa oferece mais postos<br />

de serviço. Entretanto, acredita<br />

que este deveria ser<br />

único, independentemente da<br />

quantidade de funcionários.<br />

“Se já há dificuldade para<br />

uma empresa que emprega<br />

poucas pessoas cumprir o<br />

percentual mínimo, o que<br />

falar de uma que emprega<br />

mais de mil e o percentual<br />

mínimo exigido passa de 2%<br />

para 5%”, comenta. Este é de<br />

2% para as empresas com 100<br />

a 200 empregados, 3%, de<br />

201 a 500, 4% se tiver de 501<br />

a mil servidores e 5% se o<br />

número for superior.<br />

Outra questão fundamental<br />

diz respeito ao ambiente de<br />

trabalho, o que agrava a situação,<br />

como é o caso da<br />

maioria das usinas instaladas<br />

no Brasil, onde as funções<br />

existentes são rústicas, sem<br />

contar a localização das empresas,<br />

em pequenos municípios.<br />

“Numa propriedade<br />

rural ou numa agroindústria,<br />

nem sempre o ambiente é<br />

adequado para pessoas que<br />

apresentam dificuldades ou<br />

limitações físicas, fato que<br />

colocaria a vida dessas em<br />

risco, assim como de outras<br />

pessoas”, lembra Baddini.<br />

Tem que adaptar a lei<br />

a demanda de portadores de<br />

deficiência, seja pela falta de<br />

qualificação, adequação da<br />

norma à realidade, omissão<br />

de órgãos do governo, dentre<br />

outras dificuldades”, afirma.<br />

Assim sendo, afirma, a<br />

aplicação fria e literal da<br />

norma sem considerar a realidade<br />

das atividades empresariais<br />

e dos ambientes<br />

de trabalho pode representar<br />

injustiça. “Deve-se ter<br />

como objetivo a verdadeira<br />

finalidade da norma, que é<br />

a inclusão das pessoas deficientes<br />

no mercado de trabalho<br />

de forma digna, utilizando-se<br />

do bom senso e<br />

do conceito de justiça”, finaliza<br />

Baddini.<br />

Até o Tribunal Superior<br />

do Trabalho (TST) tem reconhecido<br />

a dificuldade de<br />

cumprimento da lei. Já há<br />

jurisprudência no caso de<br />

empresas que não conseguiram<br />

cumprir a lei, foram<br />

Para a função de motorista,<br />

por exemplo, o Departamento<br />

Nacional de Trânsito<br />

exige plena capacidade de<br />

trabalho além de habilitação<br />

profissional específica, principalmente<br />

para quem trabalha<br />

com veículos especiais,<br />

como no caso do<br />

transporte da cana.<br />

Aliado a tudo isto, o gerente<br />

destaca que há também<br />

a questão de que a<br />

busca de vagas por parte de<br />

candidatos que se enquadram<br />

como deficientes é<br />

muito pequena. E entre os<br />

poucos que aparecem,<br />

grande parte só pode ser<br />

aproveitada na área administrativa,<br />

que representa,<br />

em média, apenas 6% do<br />

total do quadro de colaboradores<br />

de uma usina. Outro<br />

ponto é a falta de qualificação<br />

de boa parte dos<br />

deficientes.<br />

“Não é pressionando, com<br />

discursos ou com multas,<br />

que se resolve a questão. É<br />

preciso ser razoável em relação<br />

à lei, adequando-a para<br />

que possibilite uma maior<br />

flexibilidade conforme a atividade,<br />

encontrando-se saídas<br />

em comum acordo”,<br />

defende Baddini.<br />

multadas por não preencher<br />

as vagas para deficientes<br />

e absolvidas por comprovarem<br />

que fizeram o<br />

possível para cumprir o<br />

percentual de 2% a 5% previsto<br />

no artigo 93 da Lei<br />

8.213/91, sem, entretanto,<br />

surgirem interessados em<br />

ocupar as vagas.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


Cogeração pode ajudar a<br />

tirar o setor da crise<br />

ENERGIA<br />

O presidente da Alcopar, Miguel Tranin, falou sobre o assunto durante o<br />

Fórum Nacional de Agronegócios CBN, em Maringá ROGÉRIO RECCO<br />

No último dia 16, ao participar<br />

do Fórum Nacional<br />

de Agronegócios CBN,<br />

promovido em Maringá<br />

pela Rádio CBN, o presidente<br />

da Alcopar, Miguel<br />

Rubens Tranin, disse aos<br />

cerca de 300 participantes,<br />

entre produtores e lideranças,<br />

que o segmento de<br />

bioenergia atravessa a pior e<br />

mais longa crise de sua história.<br />

No entanto, mesmo salientando<br />

que apenas 25 das 30<br />

unidades produtoras do Estado<br />

estão em atividade nesta<br />

safra, e que no restante do<br />

país outras 80 indústrias fecharam<br />

suas portas, acabando<br />

com mais de 100 mil<br />

postos de trabalho, há sinais<br />

de melhora, embora ainda<br />

tímidos.<br />

De acordo com Tranin, a<br />

maior demanda da população<br />

pelo etanol – agora mais<br />

competitivo frente à gasolina<br />

- cria um cenário um<br />

pouco mais favorável para o<br />

setor, apesar de que, por<br />

outro lado, os preços do<br />

açúcar continuam muito<br />

baixos. “O endividamento<br />

“Governo destruiu o segmento”, disse Alexandre Mendonça de Barros no evento<br />

das empresas, como resultado<br />

da crise, é outro entrave<br />

e não estamos conseguindo,<br />

sequer, renovar<br />

aos canaviais no percentual<br />

desejável de 20% ao ano”,<br />

disse.<br />

O presidente destacou que<br />

uma alternativa para as empresas<br />

seria a cogeração de<br />

energia elétrica, sendo que o<br />

setor apresenta potencial<br />

para produzir o equivalente<br />

a 20% da energia gerada<br />

pela usina de Itaipu.<br />

“Em recente reunião com o<br />

governador Beto Richa, expusemos<br />

essa oportunidade”,<br />

informou, lembrando<br />

que um dos desafios do País<br />

tem sido, justamente, acompanhar<br />

a demanda por energia<br />

elétrica, havendo constantes<br />

riscos de apagões. “Se<br />

conseguirmos avançar na<br />

cogeração, fornecendo para<br />

a Copel, será uma grande<br />

conquista”, avaliou.<br />

No mesmo evento, o economista<br />

Alexandre Mendonça<br />

de Barros, que palestrou<br />

sobre o tema “Cenário<br />

e tendências do mercado de<br />

commodities agrícolas”, explicou<br />

que nos últimos anos<br />

o governo federal fez justamente<br />

o contrário em relação<br />

ao governo americano.<br />

Enquanto nos EUA foi<br />

adotada uma política de<br />

produção de um combustível<br />

sustentável a partir do<br />

milho – que hoje absorve<br />

15% de todo o milho produzido<br />

no mundo – para<br />

depender menos dos derivados<br />

do petróleo, o governo<br />

brasileiro abandonou um<br />

programa de etanol que era<br />

considerado referência<br />

mundial.<br />

“Com isso, o governo brasileiro<br />

destruiu o setor”,<br />

pontuou Barros, salientando<br />

que existe agora a possibilidade<br />

de o Brasil venha a exportar<br />

etanol derivado da<br />

cana de açúcar para aquele<br />

país, uma vez que esse combustível<br />

é melhor e mais eficiente<br />

que o deles. Ou seja,<br />

os americanos planejam exportar<br />

o seu etanol e comprar<br />

o similar brasileiro.<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

11


FEIRA<br />

Fenasucro aposta na geração de<br />

energia para alavancar setor<br />

Evento acontece de 25 a 28 de agosto e contará com espaço destinado a expositores<br />

de produtos voltados para a otimização no uso do bagaço da cana DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

A geração de energia por<br />

meio da queima do bagaço<br />

da cana de açúcar é uma das<br />

principais alternativas para<br />

o retrofit do setor sucroenergético.<br />

De acordo com a<br />

Aneel (Agência Nacional<br />

de Energia Elétrica), o<br />

preço médio de leilão de<br />

energia ofertada por PCH<br />

(Pequenas Centrais Hidrelétricas)<br />

está a R$ 210 por<br />

megawatt/hora, já no mercado<br />

spot (à vista) o preço<br />

da energia de biomassa<br />

atingiu o pico em 2014 de<br />

R$ 822 e hoje está em torno<br />

de R$ 320. A valorização<br />

da bioenergia e a crise<br />

hídrica no país são apenas<br />

dois dos motivos que levaram<br />

as usinas a aumentarem<br />

a cogeração.<br />

Para a 23º Fenasucro &<br />

Agrocana - Feira Internacional<br />

de Tecnologia Sucroenergética<br />

- que vai acontecer<br />

de 25 a 28 de agosto,<br />

nos pavilhões do Centro de<br />

Eventos Zanini, em Sertãozinho<br />

(SP), a energia gerada<br />

a partir do bagaço e da<br />

palha da cana já confirmou<br />

ter capacidade de suprir<br />

parte da demanda de eletricidade<br />

no País e, consequentemente,<br />

consolidar o<br />

setor como a proposta mais<br />

rápida e eficiente na geração<br />

de energia limpa e renovável.<br />

No entanto, as<br />

usinas que já produzem ou<br />

que pretendem entrar nesse<br />

segmento, precisam ganhar<br />

eficiência.<br />

"A feira terá um setor exclusivo<br />

para a energia, onde<br />

vamos apresentar novas tecnologias<br />

voltadas à cogeração.<br />

Os visitantes contarão<br />

com uma plataforma de soluções<br />

e conhecimentos -<br />

desde a elaboração de projetos<br />

(engenharia) até a venda<br />

de produtos", afirma Paulo<br />

Montabone, gerente geral<br />

do evento.<br />

Outro diferencial na edição<br />

<strong>2015</strong> serão os eventos de<br />

conteúdo voltados para o<br />

segmento. Este ano, paralelo<br />

à feira ocorrerá a Conferência<br />

de Bioenergia junto com<br />

o V Seminário de Bioeletricidade<br />

Ceise Br e Unica,<br />

chancelado pela Unesco, e a<br />

Rodada de Negócios do Projeto<br />

Brazil Sugarcane Bioenergy.<br />

Integrando o calendário<br />

mundial de eventos de energia<br />

da Reed Exhibitions Alcantara<br />

Machado, a feira<br />

reúne os líderes do mercado<br />

e seus principais compradores<br />

vindos de todo o Brasil e<br />

de mais 50 países. Neste ano,<br />

a expectativa é receber mais<br />

Além de ser o centro para<br />

o encontro dos principais<br />

fornecedores e compradores<br />

do setor, a Fenasucro &<br />

Agrocana oferece aos seus<br />

visitantes acesso a debates<br />

e palestras com os mais<br />

atualizados conteúdos envolvendo<br />

mercado e também<br />

alta tecnologia.<br />

Outro destaque é a Rodada<br />

de Negócios Internacional,<br />

promovida pela<br />

APLA/APEX, que reúne<br />

fornecedores e compradores<br />

de alto potencial do exterior.<br />

Este ano, além da<br />

de 33 mil visitantes/compradores<br />

e chegar a uma geração<br />

de negócios de cerca de R$<br />

2,8 bilhões, concluídos até<br />

seis meses após o evento.<br />

Com foco em negócios, a<br />

Fenasucro & Agrocana estará<br />

dividida em cinco grandes<br />

setores: Agrícola, Fornecedores<br />

Industriais (pequenos,<br />

médios e grandes<br />

rodada internacional, o<br />

evento também oferecerá<br />

uma Rodada de Negócios<br />

Nacional que irá fomentar<br />

o encontro entre os principais<br />

compradores nacionais<br />

e os expositores.<br />

Também foram confirmados<br />

importantes eventos<br />

de conteúdo, reunindo<br />

especialistas que apresentarão<br />

soluções e alternativas<br />

para alavancar a<br />

qualidade e eficiência nas<br />

diferentes etapas do processo<br />

produtivo da cana.<br />

Além de possibilitar mais<br />

fornecedores de equipamentos,<br />

suprimentos e serviços<br />

industriais), Processos Industriais<br />

(vitrine do que há<br />

de mais moderno em tecnologias,<br />

máquinas, equipamentos<br />

e serviços para a<br />

indústria), Transporte e Logística<br />

e Energia.<br />

Mais informações:<br />

www.fenasucro.com.br<br />

Programação paralela<br />

oportunidades de negócios.<br />

Entre estes eventos estão:<br />

Prêmio Master Cana Centro-Sul,<br />

4ª Conferência<br />

Datagro Ceise Br, 3º<br />

Congresso de Automação<br />

e Inovação Sucroenergético,<br />

Seminário Agroindustrial<br />

STAB Fenasucro,<br />

Bioenergy Conference,<br />

Seminário GEGIS,<br />

Workshop Gerhai, Reunião<br />

Lide, Encontro de<br />

Produtores Canaoeste/Orplana<br />

e Seminário de Logística<br />

Esalq/Log/Pecege.<br />

12<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


4º Sugar & Ethanol Summit<br />

em Londres será em julho<br />

PALESTRAS<br />

Líderes e especialistas do mais alto nível vão discutir mercados<br />

globais de açúcar e etanol DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

O setor sucroenergético brasileiro<br />

e seu potencial de mercado serão<br />

discutidos no 4º Sugar & Ethanol<br />

Summit Brazil Day, que acontece<br />

no dia 10 de julho, no Instituto de<br />

Administração (IOD), em Pall<br />

Mall, Londres, na Inglaterra, um<br />

dos principais centros de executivos<br />

na Europa.<br />

Evento é organizado conjuntamente<br />

pela Datagro e pelo Ministério<br />

das Relações Exteriores e<br />

reúne convidados do mais alto nível<br />

para discutir sobre os mercados globais<br />

de açúcar e etanol, com um<br />

foco específico sobre o papel do<br />

Brasil - maior produtor de açúcar<br />

do mundo e o segundo maior produtor<br />

de etanol, e principal exportador<br />

de açúcar e etanol.<br />

Líderes empresariais do mundo e<br />

especialistas no assunto vão participar<br />

da conferência, que se destaca<br />

como uma excelente oportunidade<br />

para se engajar em debates sobre<br />

temas chave da indústria sucroenergética<br />

e para o trabalho em rede<br />

com os líderes do complexo industrial<br />

de açúcar e etanol e agromercados<br />

financeiros.<br />

O objetivo é levar aos representantes<br />

da comunidade financeira, líderes<br />

e investidores de Londres e dos países<br />

da Comunidade Europeia, informações<br />

sobre o potencial do açúcar<br />

e etanol do Brasil, atualmente, o<br />

maior país produtor de açúcar e o segundo<br />

maior em produção de etanol.<br />

Conferência Datagro CeiseBr<br />

Evento técnico oficial de abertura da tradicional feira de tecnologia e<br />

comércio do setor sucroalcooleiro, Fenasucro & Agrocana (25 a 28 de<br />

agosto), a Conferência Datagro CeiseBr acontece no mesmo local, no<br />

Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho (SP), no dia 25 de agosto.<br />

Com a presença de mais de 400 participantes dentre autoridades governamentais,<br />

empresários, especialistas, pesquisadores e representantes<br />

da indústria canavieira, em 2014 o evento superou todas as expectativas<br />

e contou com palestras de alto teor técnico sobre os desafios e perspectivas<br />

do segmento de etanol e açúcar, no Brasil e exterior.<br />

Serão 13 palestrantes distribuídos em cinco painéis em um dia de debates<br />

Com início às 9 e encerramento às<br />

17 horas, evento contará com 13 palestrantes<br />

e cinco painéis. No primeiro<br />

painel, especialistas convidados<br />

além dos presidentes das entidades<br />

representativas do setor discutirão<br />

políticas públicas para o<br />

açúcar e o etanol no Brasil. No segundo<br />

o tema é a força do mercado<br />

de etanol liderando o caminho para<br />

a recuperação, além de falar sobre a<br />

fabricação dos dois produtos no<br />

Nordeste do País.<br />

Sustentabilidade da produção é o<br />

assunto do terceiro painel, abordando<br />

bens de capital, avanços tecnológicos<br />

e a produção brasileira de açúcar e<br />

etanol. Diversificação e produtividade<br />

com foco na biotecnologia e cogeração<br />

de energia serão abordados no<br />

quarto painel e a percepção do<br />

mundo sobre o papel do Brasil em<br />

açúcar e etanol e uma apresentação<br />

sobre o andamento da safra <strong>2015</strong>/16<br />

serão objetos do quinto painel.<br />

Mais informações:<br />

www.datagroconferences.com.<br />

br/portugues/index.php<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 13


CAPACITAÇÃO<br />

Cuidado com o solo é tema<br />

do 1º Syntegração <strong>2015</strong><br />

O evento foi realizado dia 28 de maio, em Maringá e contou com palestra<br />

com o professor doutor Ricardo Ralisch, da UEL MARLY AIRES<br />

Cerca de 70% da frota de<br />

veículos com motor Ciclo<br />

Otto serão movidos a etanol<br />

em 2020 e o consumo saltará<br />

de 28,5 bilhões de litros<br />

atualmente, para 65,3 bilhões<br />

de litros em 2020, um<br />

aumento de 130%. E este<br />

pode ser maior se houver<br />

uma mudança na concepção<br />

da taxa de compressão do<br />

motor flex e na sua eficiência,<br />

aumentando a competitividade<br />

do etanol frente à<br />

gasolina, conforme aponta<br />

trabalho desenvolvido pelo<br />

pesquisador da Esalq, Antonio<br />

Sampaio Baptista, em<br />

parceria com a Unica. O relatório<br />

aponta ainda que o<br />

cenário é gigantesco quando<br />

se considera além do etanol<br />

e do açúcar, a produção de<br />

energia elétrica.<br />

Para atender a essa demanda,<br />

o professor doutor<br />

Ricardo Ralisch, da Universidade<br />

Estadual de Londrina<br />

(UEL), diz que o setor<br />

Na correria das operações no dia a dia das<br />

usinas, algum setor sempre sofre as consequências<br />

da dinâmica das operações. “Mais<br />

do que o desempenho da máquina, o que se<br />

tem que avaliar é o efeito sobre o solo, entender<br />

o que acontece, como este funciona, adequando<br />

as operações, visando não prejudicar<br />

o solo”, alerta o professor doutor da UEL, Ricardo<br />

Ralisch.<br />

Ele afirma que o resultado da interação de<br />

uma máquina com o solo nem sempre é o que<br />

se prevê, porque o solo reage de formas diversas<br />

do que se imagina. “Este é complexo<br />

como as pessoas. E da mesma forma que<br />

reagimos de formas diferentes ao mesmo estímulo,<br />

a reação do solo não é da forma como<br />

gostaríamos. Depende do tipo de solo, das<br />

Fertilidade está ligada a desenvolvimento biológico mais rico e com maior diversidade<br />

Solo é um ser vivo<br />

terá que crescer a uma média<br />

de 10% ao ano até 2020.<br />

“Isso é possível, pois já crescemos<br />

no período de 2000 a<br />

2009. Mas, enquanto no período<br />

o aumento foi em cima<br />

de expansão de área,<br />

desta vez terá que ser em<br />

cima de aumento de produtividade”,<br />

afirma, ressaltando<br />

que a qualidade do solo será<br />

fundamental para isso.<br />

suas características e de como está no momento<br />

da operação, o teor de água, a compactação<br />

e outros fatores”, cita, ressaltando a<br />

necessidade de se desenvolver máquinas<br />

pensando neste ser, que é imprevisível.<br />

“Tem que aprender a lidar com o solo como<br />

ser vivo. Aprender a reconhecer sua ‘personalidade’<br />

e que todos não podem ser tratados<br />

da mesma forma”, diz o professor doutor.<br />

Ele reconhece que isso é complexo, mas ressalta<br />

que é possível de ser feito usando as informações<br />

de que se dispõe. “O parâmetro é<br />

o solo natural, da floresta, porque o sistema<br />

de produção tem que entrar em equilíbrio.<br />

Tem que associar esse parâmetro a intensificação<br />

da exploração comercial”, ressalta.<br />

O professor doutor, especialista<br />

em solos, foi o palestrante<br />

do 1º Syntegração<br />

<strong>2015</strong>, evento realizado pela<br />

Syngenta em parceria com<br />

a Alcopar, dia 28 de maio<br />

em Maringá. Ele abordou<br />

temas como diagnóstico e<br />

manejo da compactação do<br />

solo em áreas canavieiras,<br />

considerando o desempenho<br />

e a qualidade operacional,<br />

a relação solo-máquina<br />

e o efeito das operações<br />

agrícolas na sustentabilidade<br />

do sistema de produção<br />

canavieiro.<br />

Atualmente, a cana de<br />

açúcar ocupa somente 2,2%<br />

da área agropecuária do<br />

Brasil e, ressalta Ralisch,<br />

não deve aumentar muito.<br />

“A produtividade, de cerca<br />

de 80 toneladas por hectare,<br />

é que tem que aumentar. A<br />

principal forma é melhorar<br />

a fertilidade do solo. Outra,<br />

é ampliar a vida útil do canavial”,<br />

destaca.<br />

Ralisch comenta que se<br />

tem o hábito de associar<br />

fertilidade ao uso de adubos<br />

e outros fertilizantes, à disponibilização<br />

de nutrientes<br />

ao solo, mas, ressalta que<br />

isso não é o mais importante.<br />

“A fertilização do solo<br />

está mais associada a<br />

propriedades biológicas, do<br />

que às químicas. Este é o<br />

fator mais importante”, diz.<br />

O professor explica que os<br />

solos tropicais são mais férteis<br />

do que os de clima<br />

temperado porque as condições<br />

tropicais propiciam<br />

um desenvolvimento biológico<br />

mais rico e com maior<br />

diversidade. Por isso a importância<br />

da rotação de culturas<br />

e de manter o solo<br />

estruturado, sem compactação.<br />

14<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


Rotação e descompactação é o caminho<br />

Tem que se reconstruir toda a estrutura, e isso maquinário nenhum faz. Solução<br />

está em plantas com raízes fortes, finas, bem distribuídas e em grande volume<br />

O professor doutor da UEL, Ricardo<br />

Ralisch lembra que para ter vida, tem<br />

que ter água, ar e comida, ressaltando<br />

que a matéria orgânica é o que alimenta<br />

a atividade biológica. E quanto<br />

mais diversificadas as plantas no solo,<br />

mais favorável à biodiversidade. É por<br />

isso que Ralisch destaca a importância<br />

de se adotar a rotação de culturas para<br />

aumentar a fertilidade do solo, recomendando<br />

fazer a reforma da cana<br />

com outras culturas. “Isso traz resultados<br />

excelentes”.<br />

Outro ponto fundamental destacado<br />

por Ralisch é que o ar e a água estão<br />

na porosidade do solo. “Sem isso, não<br />

tem atividade biológica nem ar para a<br />

raiz respirar. A maior parte das plantas<br />

depende de ar no solo para a raiz se<br />

desenvolver. Com a compactação, reduz<br />

a porosidade e tudo mais. Temos<br />

apenas a alteração de um componente<br />

do solo, mas que atinge a fertilidade<br />

porque afeta a estrutura do solo”,<br />

alerta.<br />

O professor afirma que em um grama<br />

de solo existem mais de 7 bilhões<br />

de indivíduos trabalhando num sistema<br />

perfeito. Quando um deles é privilegiado,<br />

quebra todo o equilíbrio e se<br />

torna problema. “Não digo que seja<br />

possível evitar a compactação, porque<br />

no momento que se tira a vegetação<br />

natural, começa a ação sobe o solo,<br />

rompe o equilíbrio. Mas é preciso buscar<br />

meios de conviver com ela”.<br />

O caminho é pensar a origem da<br />

compactação e as práticas que dão início<br />

a esta. Para Ralisch há duas formas<br />

de compactação mais importantes. A<br />

que mais se percebe é a compactação<br />

Professor diz que para ter vida, tem que<br />

ter água, ar e comida no ambiente<br />

por pressão do rodado, do peso do<br />

maquinário, diminuindo o espaço entre<br />

as partículas do solo e aumentando<br />

a densidade, ação que é potencializada<br />

quando se entra com os maquinários<br />

logo após a chuva, especialmente em<br />

solos argilosos.<br />

Já a segunda, afirma, é a compactação<br />

por rearranjamento, “que é terrível para<br />

corrigir”, alerta. Ocorre quando se<br />

desagrega os torrões, diminuindo muito<br />

as partículas do solo. Estas vão se acomodar<br />

por entre outras partículas maiores,<br />

reduzindo a porosidade. O processo<br />

natural de compressão e expansão do<br />

solo a partir da seca ou da umidade do<br />

solo ajuda a combater a compactação<br />

por compressão, mas no caso da por<br />

rearranjamento, isso não ocorre.<br />

A solução, aponta o professor, é a reconstrução<br />

da estrutura do solo. “E<br />

isso maquinário nenhum faz. Só a raiz.<br />

Tem que dar tempo para as plantas recuperarem<br />

o solo com raízes fortes,<br />

finas, bem distribuídas e em grande<br />

volume”, orienta. Ele diz que o implemento<br />

rompe a estrutura mas não<br />

descompacta. “Tem que entrar com<br />

uma raiz que recomponha o solo”.<br />

Ralisch cita que a cana de açúcar é<br />

uma das culturas apontadas como excelente<br />

para isso, mas com o cultivo<br />

comercial, mais intenso, onde com<br />

cinco anos já tem que replantar novamente,<br />

isso não é possível porque a<br />

natureza não tem tempo de recuperar<br />

naturalmente. “É por isso que aumentar<br />

a longevidade do canavial vai contribuir<br />

para a fertilidade do solo ao<br />

ajudar na estruturação física e biológica<br />

deste”, diz.<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15


CAPACITAÇÃO<br />

Sistematizar, mapear<br />

os diversos tipos<br />

de solo, conhecer,<br />

avaliar, entender<br />

o que compacta são as<br />

orientações básicas dadas<br />

pelo professor doutor da<br />

UEL, Ricardo Ralisch para<br />

diminuir os problemas com<br />

compactação. “É preciso<br />

conhecer, ver o que causa,<br />

qual o efeito. Aí, é só fazer<br />

a gestão de máquinas e tráfego<br />

e atentar para a pressão<br />

dos rodados, sabendo<br />

que a pressão interna é a<br />

mesma que a externa e que<br />

quanto mais velocidade,<br />

mais transmite peso para o<br />

solo”.<br />

O professor ressalta que<br />

nem sempre é necessário<br />

usar uma máquina para<br />

corrigir o solo, mas eventualmente<br />

pode ser usada.<br />

“Quem vai dizer é o nível<br />

de compactação e a raiz”.<br />

Durante a primeira edição<br />

do Syntegração <strong>2015</strong>, a<br />

Syngenta lançou oficialmente<br />

no <strong>Paraná</strong> o Ampligo,<br />

o novo aliado para o controle<br />

de broca da cana de açúcar.<br />

Segundo o engenheiro agrônomo<br />

Victor Hugo Silveira,<br />

da área de Desenvolvimento<br />

Técnico de Mercado Cana<br />

de Açúcar da empresa, as<br />

principais características do<br />

produto são rapidez na ação<br />

e o longo residual, fazendo<br />

um controle efetivo da praga<br />

em todas as fases de desenvolvimento<br />

“porque combina<br />

dois modos de ação sendo<br />

duplamente eficaz: choque<br />

mais residual”.<br />

Silveira lembrou que a infestação<br />

de broca da cana<br />

tem aumentado consideravelmente,<br />

se tornando um<br />

Para Ralischi, o penta<br />

(equipamento que tem feito<br />

sucesso entre as usinas),<br />

tem uma proposta interessante,<br />

porque gerencia e organiza<br />

com o tráfego controlado.<br />

A restrição do professor<br />

é quanto ao preparo<br />

do canteiro com rotativa,<br />

problema sério no Mato<br />

Grosso do Sul, São Paulo,<br />

Mato Grosso e vem ganhando<br />

força no <strong>Paraná</strong>,<br />

“talvez influenciado pela colheita<br />

de cana crua”.<br />

O ciclo da broca da cana<br />

depende da temperatura e<br />

umidade do ambiente, mas<br />

pode ter de quatro a cinco<br />

ciclos durante a safra. O<br />

agrônomo diz que a partir<br />

do momento que se identifica<br />

o problema, o produtor<br />

tem pouco tempo, quatro a<br />

oito dias, para agir e controlar,<br />

antes de a broca entrar na<br />

cana e provocar prejuízos.<br />

“Por isso o controle deve ser<br />

rápido para ter eficiência”.<br />

Cálculos mostram que com<br />

1% de infestação de broca já<br />

há uma redução de 0,8 t/ha<br />

O que fazer<br />

Professor da UEL especialista em solos orienta sobre como diminuir os problemas de compactação<br />

Ralischi alerta que equipamento é agressivo e não<br />

pode ser usado de forma generalizada<br />

que considera agressivo demais.<br />

A rugosidade do solo,<br />

os torrões são importantes,<br />

principalmente para cultivos<br />

como cana.<br />

“O equipamento não pode<br />

ser usado de forma generalizada,<br />

com escarificador,<br />

haste e rotativa na superfície.<br />

Isso desagrega muito as<br />

partículas promovendo um<br />

rearranjamento. Ao acomodar-se,<br />

compacta rápido,<br />

Ampligo no controle da broca<br />

na produtividade de cana e<br />

equivale a perda de 30 kg de<br />

açúcar e 30 litros de etanol.<br />

Num simulação, considerando<br />

a produção de 81<br />

TCH, a perda de 4% da produtividade<br />

por infestação em<br />

cana, etanol e açúcar significa<br />

R$ 616,00 por hectare.<br />

“A maior perda se dá na indústria,<br />

com o prejuízo causado<br />

à qualidade da cana”,<br />

comenta o agrônomo.<br />

Victor Silveira apresentou novo produto que combina<br />

dois modos de ação: choque mais residual<br />

vai selando os poros, especialmente<br />

a argila e a areia<br />

fina. Não é durável”, explica.<br />

Em pouco tempo, a<br />

compactação retorna e com<br />

maior intensidade.<br />

O professor diz que a máquina<br />

rompe o solo, mas se<br />

a usina não coloca outra<br />

planta no sistema, que<br />

aproveite as fissuras para<br />

reequilibrar, acaba desagregando<br />

e levando a compactação,<br />

deslocando esta dos<br />

10 cm de profundidade<br />

para 20 cm, dificultando a<br />

infiltração de água.<br />

Questionando se esse tipo<br />

de preparo seja realmente<br />

adequado, Ralisch diz que é<br />

preciso conhecer bem o<br />

ambiente onde será feito o<br />

trabalho e que o sistema<br />

precisa ser melhor investigado.<br />

“Do ponto de vista<br />

químico, é excelente, mas o<br />

efeito do ponto de vista<br />

biológico e físico do solo é<br />

questionável”, finaliza.<br />

A recomendação é fazer<br />

aplicação de Ampligo quando<br />

há maior infestação. Depois<br />

entrar com um fisiológico<br />

nos períodos de menor<br />

proliferação da população e<br />

fechar com o controle biológico<br />

usando a vespinha cotesia<br />

flavipes, para manutenção.<br />

A Syngenta é líder nacional<br />

no mercado de inseticidas<br />

para controle de pragas da<br />

cana. Há diversos trabalhos<br />

em desenvolvimento e novas<br />

moléculas devem ser lançadas<br />

em breve. A empresa<br />

também trabalha no desenvolvimento<br />

de softwares<br />

com mapas que avaliem a favorabilidade<br />

de determinadas<br />

pragas e doenças, gerando<br />

informações que ajudem<br />

as usinas, dentro do conceito<br />

de soluções integradas da<br />

Syngenta.<br />

16<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


Maringá sedia a 11ª Metalmecânica<br />

Em 13 mil metros quadrados serão expostas as últimas novidades em máquinas,<br />

equipamentos e serviços de mais de 150 marcas MARLY AIRES<br />

EVENTOS<br />

Maringá será sede da 11ª<br />

edição da Feira Metalmecânica,<br />

uma feira de negócios<br />

consagrada na região Sul do<br />

Brasil, realizada a cada dois<br />

anos. Com a expectativa de<br />

atrair mais de 15 mil visitantes,<br />

público profissional e qualificado,<br />

será realizada no período<br />

de 29 de julho a 1 de agosto,<br />

no Pavilhão Azul do Parque<br />

Internacional de Exposições<br />

Francisco Feio Ribeiro. De<br />

quarta-feira a sexta-feira, o<br />

horário de funcionamento será<br />

das 15h às 21h e ao sábado,<br />

das 10h às 16h.<br />

Em um espaço de 13 mil<br />

metros quadrados, o evento<br />

vai reunir as últimas novidades<br />

no segmento. Serão quatro<br />

dias onde empresários industriais,<br />

diretores, gerentes, supervisores,<br />

técnicos e visitantes<br />

terão a oportunidade de conhecer<br />

o que há de mais inovador<br />

em máquinas, ferramentas,<br />

equipamentos e serviços<br />

para os setores metal<br />

mecânico, de sucroenergia,<br />

biomassa e biocombustíveis,<br />

usinagem, soldagem, corte e<br />

conformação, manutenção,<br />

automação, softwares de gestão<br />

e engenharia.<br />

Já está confirmada a participação<br />

de 150 marcas, de mais<br />

de 70 expositores e de milhares<br />

de compradores, fortalecendo<br />

e gerando oportunidades<br />

de negócios à indústria regional.<br />

A expectativa é de que<br />

a feira gere de R$ 15 a R$ 20<br />

milhões em negócios durante<br />

e logo após o evento.<br />

Segundo o presidente do<br />

Sindimetal Maringá (Sindicato<br />

das Indústrias Metalúrgicas,<br />

Mecânicas e de Material<br />

Elétrico) e vice-presidente da<br />

Fiep (Federação da Indústria<br />

do Estado do <strong>Paraná</strong>), Carlos<br />

Walter Martins Pedro, a Metalmecânica<br />

de Maringá é a<br />

principal plataforma comercial,<br />

tecnológica e profissional<br />

da região Noroeste do Estado.<br />

Carlos Walter diz que o setor<br />

metal mecânico, principal destaque<br />

do evento, impulsiona a<br />

economia e incentiva os avanços<br />

tecnológicos, ao passo que<br />

o setor sucroenergético, parceiro<br />

na feira, investe na produtividade<br />

e inovações, gerando<br />

desenvolvimento em toda<br />

a região, aponta.<br />

Em 2013, mais de 10 mil visitantes passaram pela feira<br />

“É uma parceria de suma<br />

importância para alavancar o<br />

desenvolvimento regional e o<br />

trabalho conjunto na feira<br />

potencializa os resultados.<br />

Continuar buscando e desenvolvendo<br />

novas tecnologias<br />

é a saída para gerar negócios<br />

e impulsionar a economia,<br />

encontrando caminhos,<br />

soluções para voltar a<br />

crescer”, afirma o presidente<br />

do Sindimetal.<br />

A feira é promovida pelo<br />

Sindimetal de Maringá, Alcopar,<br />

Senai, Sociedade Rural de<br />

Maringá, Prefeitura Municipal<br />

e Diretriz Feiras e Eventos,<br />

com participação institucional<br />

da Fiep.<br />

Mais informações: eww. feirametalmecanica.com.br<br />

Pesquisa e setor produtivo frente a frente<br />

A rodada de inovação tecnológica em metalmecânica, promovida pelo Sistema Fiep, gerou oportunidades de negócios e tecnologia<br />

Inovação constante é uma<br />

das demandas do setor metalmecânico,<br />

frente à dinâmica<br />

de seus processos. Por<br />

outro lado, há muitas oportunidades<br />

em desenvolvimento<br />

no meio acadêmico,<br />

que conta com recursos humanos<br />

e laboratórios para<br />

atender a estas necessidades.<br />

Fazer a ligação entre os dois,<br />

aproximando as indústrias,<br />

especialmente as sucroenergéticas,<br />

e pesquisadores para<br />

o desenvolvimento de soluções<br />

inovadoras e sustentáveis<br />

no setor produtivo foi a<br />

proposta da primeira Rodada<br />

de Inovação Tecnológica<br />

da Rota Estratégica do<br />

Setor Metalmecânico.<br />

O evento, promovido pelos<br />

Observatórios Sesi, Senai e<br />

IEL, do Sistema Federação<br />

das Indústrias do <strong>Paraná</strong><br />

(Fiep), ocorreu no último dia<br />

24 de junho, das 13 às 18<br />

horas, no Instituto Senai de<br />

Tecnologia em Metalmecânica,<br />

em Maringá. A iniciativa<br />

é do Ministério da<br />

Ciência, Tecnologia e Inovação.<br />

Uma rodada semelhante<br />

foi realizado dia 23 de abril<br />

em Curitiba, no Câmpus da<br />

Indústria do Sistema Fiep.<br />

Durante toda a tarde, os<br />

pesquisadores apresentaram<br />

suas ofertas de pesquisa e as<br />

empresas suas demandas,<br />

alavancando oportunidades<br />

de negócios, networking,<br />

inovação e pesquisa nas<br />

áreas de mecânica, metalurgia,<br />

elétrica, eletrônica, sucroalcooleira<br />

e afins, com<br />

diversas parcerias firmadas.<br />

Participaram 13 empresas,<br />

20 pesquisadores e 13 moderadores,<br />

além de instituições<br />

de fomento, ensino e<br />

pesquisa, sindicatos, núcleos<br />

de inovação tecnológica e a<br />

equipe de coordenação.<br />

Dentre os vários temas<br />

abordados nas rodadas estão:<br />

análise experimental de<br />

tensões, desgaste e atrito de<br />

materiais, novos materiais,<br />

software para automação,<br />

robótica industrial/móbil,<br />

Proposta é aproximar os dois lados visando o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis<br />

instrumentação eletrônica,<br />

sistemas eletrônicos embarcados,<br />

além de fabricação de<br />

máquinas, equipamentos,<br />

dispositivos e circuitos industriais,<br />

o desenvolvimento<br />

de projetos mecânicos, manufatura<br />

de produto ferramental<br />

e instrumentação.<br />

Outros pontos discutidos<br />

foram balanceamento de linhas<br />

de produção e simulação<br />

de processos, sistema de<br />

geração de energia, eficiência<br />

energética, sistemas de<br />

potência, meio ambiente,<br />

saúde e segurança, gestão e<br />

tratamento de resíduos, tratamento<br />

de efluentes e metrologia.<br />

Também falou-se<br />

sobre metalurgia, tecnologia<br />

de usinagem, prototipagem,<br />

tratamento de superfícies,<br />

incluindo plasma, e soluções<br />

para o setor sucroenergético.<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 17


DOIS<br />

PONTOS<br />

Produtividade<br />

A safra <strong>2015</strong>/16 de cana<br />

no Centro-Sul, iniciada em<br />

abril, será caracterizada<br />

pela recuperação da produtividade<br />

agrícola que, na<br />

anterior, ficou abaixo da<br />

média histórica devido à<br />

estiagem nas principais<br />

áreas produtoras, segundo<br />

dados da Confederação da<br />

Para isso é preciso melhorar<br />

a eficiência energética,<br />

proibir o uso de carros ou<br />

eletrodomésticos pouco eficientes,<br />

vetar a construção<br />

de novas usinas de carvão e<br />

aumentar o investimento<br />

anual em energias renováveis<br />

de US$ 270 bilhões<br />

Empresas norte-americanas<br />

do setor de combustíveis<br />

estão correndo para<br />

importar etanol do Brasil<br />

Agricultura e Pecuária do<br />

Brasil. Mesmo com a esperada<br />

recuperação e a perspectiva<br />

de melhor remuneração<br />

para o produtor, a<br />

rentabilidade do setor sucroenergético<br />

continuará<br />

ainda abaixo das expectativas<br />

em função dos custos<br />

de produção.<br />

Combustível fóssil<br />

Setor de energia é responsável<br />

por 2/3 das emissões<br />

de gases atuais. O investimento<br />

em energias renováveis<br />

e a eliminação de<br />

subsídios aos combustíveis<br />

fósseis são a chave para reduzir<br />

as emissões de gasesestufa<br />

e limitar a temperatura<br />

global em 2ºC, de<br />

acordo com a Agência Internacional<br />

de Energia. Relatório<br />

visa contribuir para<br />

o debate das Nações Unidas<br />

de acordo para frear o<br />

aquecimento global, que<br />

Eficiência<br />

(2014) para US$ 400 bilhões<br />

em 2030. Também é<br />

preciso eliminar os subsídios<br />

aos combustíveis fósseis, orçados<br />

em US$ 500 bilhões<br />

anuais, destinados, principalmente,<br />

ao Oriente Médio<br />

e Ásia, e avaliar os compromissos<br />

de cada país para<br />

Etanol<br />

pela primeira vez neste ano<br />

depois que reguladores dos<br />

EUA aumentaram as metas<br />

de uso de biocombustíveis<br />

deverá ser assinado no fim<br />

do ano durante a COP 21,<br />

em Paris. A principal meta<br />

é baixar as emissões a partir<br />

de 2020, quando o total de<br />

gases lançados na atmosfera<br />

deverá atingir seu<br />

ápice.<br />

conter a emissão de gases a<br />

cada cinco anos, reduzir as<br />

emissões em escala global<br />

(entre 40% e 70%) e estabelecer<br />

um mecanismo de<br />

contabilidade para monitorar<br />

o progresso dos países no<br />

cumprimento de seus compromissos<br />

energéticos.<br />

avançados, abrindo uma<br />

ampla diferença de preços<br />

no mercado de créditos de<br />

mistura. O prêmio para créditos<br />

RIN, vinculados a<br />

biocombustíveis avançados<br />

- como o etanol brasileiro<br />

de cana - ante RINs de etanol<br />

de milho disparou ao<br />

maior patamar em mais de<br />

dois anos, desde que a<br />

Agência de Proteção Ambiental<br />

dos EUA propôs<br />

metas mais altas que as esperadas<br />

para o uso de combustíveis<br />

produzidos a partir<br />

de óleos vegetais e resíduos<br />

de plantas.<br />

Envelhecimento<br />

O envelhecimento dos<br />

canaviais preocupa. Safra<br />

<strong>2015</strong>/ 16 será marcada por<br />

um índice 3,1% menor na<br />

renovação dos canaviais em<br />

relação à temporada anterior,<br />

o que pode afetar diretamente<br />

os níveis de<br />

produtividade. O plantio<br />

de 2014, que terá o primeiro<br />

corte, representará<br />

Referência na produção de<br />

energia limpa e renovável, a<br />

biomassa totalizou em abril<br />

12.417 MW de potência<br />

instalada, representando a<br />

terceira fonte mais importante<br />

da matriz elétrica,<br />

atrás apenas da hidroeletricidade<br />

(66,1%) e do Gás<br />

Natural (9,5%). Nesse conjunto,<br />

a biomassa proveniente<br />

da cana de açúcar é o<br />

Biomassa<br />

14,5% da área total disponível<br />

para colheita, diante<br />

dos 17,6% atingidos nas lavouras<br />

do Centro Sul durante<br />

o ciclo de 2014/15.<br />

Estimativas do Centro de<br />

Tecnologia Canavieira<br />

(CTC) indicam queda de<br />

1,7% em produtividade<br />

apenas por conta do envelhecimento.<br />

principal destaque, com o<br />

recorde de 10 mil MW de<br />

capacidade instalada. Considerando<br />

todas as usinas a<br />

biomassa no Sistema Elétrico<br />

Brasileiro, que incluem<br />

a utilização de outros<br />

combustíveis além do bagaço<br />

de cana, a participação<br />

da biomassa na matriz de<br />

capacidade instalada brasileira<br />

em abril foi de 9,1%.<br />

Estrangeiros<br />

Apesar das frustrações, a presença estrangeira no segmento<br />

de etanol e açúcar no Brasil tem crescido de<br />

forma expressiva. Juntas, as 14 principais multinacionais<br />

que investiram em usinas ampliaram a moagem em 60%<br />

nas últimas cinco safras, somando 154 milhões de toneladas<br />

na 2014/15, o equivalente a 24% do total nacional,<br />

que alcançou 643 milhões de toneladas. O maior<br />

dinamismo estrangeiro não está diretamente relacionado<br />

à satisfação com o negócio, já que grande parte<br />

dessas companhias continua tendo prejuízos. A questão<br />

é que, depois que se compra uma usina, é praticamente<br />

obrigatório continuar investindo no ativo para ganhar<br />

escala ou otimizar o uso da capacidade.<br />

18<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> - <strong>Junho</strong> <strong>2015</strong>


Exportações<br />

A Associação das Indústrias<br />

Sucroenergéticas de<br />

Minas Gerais foi a vencedora<br />

da categoria Responsabilidade<br />

Ambiental <strong>2015</strong><br />

no 9º Prêmio da Associação<br />

Brasileira de Engenharia<br />

Automotiva, com um<br />

trabalho sobre o fim da<br />

queima da lavoura e a sustentabilidade<br />

da produção<br />

de cana em Minas Gerais,<br />

Sob a presidência do deputado<br />

federal Evandro<br />

Gussi (PV-SP), foi relançada<br />

a Frente Parlamentar<br />

Mista do Biodiesel. Gussi<br />

terá sob a sua responsabilidade<br />

legislar em favor de<br />

maior participação do biodiesel<br />

na matriz energética<br />

brasileira, de forma a valorizar<br />

esse biocombustível<br />

que contribui para reduzir a<br />

Biodiesel<br />

O peso das exportações de<br />

açúcar nos embarques totais<br />

do Brasil deverá atingir<br />

em <strong>2015</strong> seu mais baixo<br />

patamar desde 2008. O<br />

efeito baixista da alta do<br />

dólar sobre as cotações da<br />

commodity na bolsa de<br />

Nova York é a principal<br />

razão, além dos grandes estoques<br />

mundiais do produto.<br />

Em 2014, os embarques<br />

renderam US$ 9,5<br />

bilhões, queda de 20% em<br />

relação aos US$ 11,8 bilhões<br />

de 2013. Essa queda<br />

de receita seria suficiente<br />

para reduzir em mais de<br />

50% o déficit na balança<br />

comercial brasileira do ano<br />

passado, que totalizou US$<br />

4,4 bilhões. Entre janeiro e<br />

maio de <strong>2015</strong>, as vendas de<br />

açúcar ao exterior atingiram<br />

US$ 2,9 bilhões, 9,5%<br />

menos que em igual intervalo<br />

de 2014 e segundo a<br />

consultoria FCStone, a fatia<br />

se tornará ainda menor<br />

até o final do ano.<br />

Cana Ecológica<br />

que já alcançou um índice<br />

de 100% de mecanização<br />

nas áreas com declividade<br />

abaixo de 12%. Isso possibilitou<br />

a redução na emissão<br />

dos gases do efeito<br />

estufa e no uso da água na<br />

indústria, maior proteção<br />

ao solo com a palha que fica<br />

no campo, mão de obra<br />

mais qualificada e o retorno<br />

dos animais ao canavial.<br />

poluição ambiental e para<br />

beneficiar os produtores da<br />

agricultura familiar que<br />

plantam soja, a principal<br />

matéria-prima utilizada na<br />

fabricação de biodiesel.<br />

Estão em análise pelo governo<br />

opções como o B10<br />

(mistura de 10% de biodiesel<br />

ao diesel mineral), o BX<br />

Opcional e o B20 Metropolitano,<br />

usado em ônibus.<br />

A Organização Internacional<br />

do Açúcar projeta um<br />

déficit de 2,3 milhões de toneladas<br />

no mercado global<br />

do produto em <strong>2015</strong>/16 ,<br />

encerrando uma série de<br />

cinco anos de excedente. A<br />

média de crescimento na<br />

demanda global de açúcar<br />

deverá ficar em 3,7 milhões<br />

de toneladas e não haverá<br />

aumento considerável no<br />

El Niño<br />

As usinas do Centro Sul<br />

do Brasil possivelmente<br />

não conseguirão moer o<br />

volume projetado de 590<br />

milhões de toneladas da<br />

safra <strong>2015</strong>/16, caso o fenômeno<br />

climático El<br />

Niño se desenvolva na intensidade<br />

que está se prevendo,<br />

com um volume<br />

maior de chuvas no Sul<br />

do País e menos precipitação<br />

no Norte. Para a<br />

safra de cana, mais chuva<br />

significa dificuldade de<br />

colheita e menor quantidade<br />

de açúcar nas plantas.<br />

Ainda que as chuvas<br />

possam melhorar a condição<br />

das lavouras em<br />

desenvolvimento, elevando<br />

os volumes para a parte<br />

final do ano, as usinas<br />

talvez não consigam processar<br />

tudo.<br />

Açúcar<br />

nível de produção. O déficit<br />

em 2016/17 poderá ser de 6<br />

milhões de toneladas. Para o<br />

Departamento de Agricultura<br />

dos EUA, a oferta<br />

mundial de açúcar vai se<br />

igualar à demanda, 173,4<br />

milhões de toneladas. O estoque<br />

mundial de açúcar cai<br />

para 40,5 milhões de toneladas,<br />

4 milhões menos do<br />

que o de 2014/15.<br />

Os líderes políticos do G-<br />

7, cúpula dos chefes de Estado<br />

e de governo de EUA,<br />

Canadá, Japão, Alemanha,<br />

França, Reino Unido e Itália,<br />

anunciaram a intenção<br />

de até 2100 banir de seus<br />

países os combustíveis fósseis,<br />

carvão, petróleo e gás,<br />

que são hoje as grandes matrizes<br />

energéticas do mundo.<br />

Petróleo<br />

Gasolina<br />

Subsídios<br />

Brasil, Austrália,<br />

União Europeia, Tailândia<br />

e Colômbia<br />

demonstraram preocupação<br />

na Organização<br />

Mundial do<br />

Comércio diante de<br />

informações que o<br />

governo da Índia aumentou<br />

o subsídio à<br />

exportação de açúcar<br />

bruto do país – o que,<br />

no momento, garante<br />

preços domésticos<br />

20% maiores que a<br />

atual cotação de referência<br />

no mercado<br />

mundial. A Tailândia,<br />

que fez coro contra a<br />

Índia, também foi<br />

questionada sobre<br />

seus próprios programas<br />

de apoio à produção<br />

de açúcar.<br />

A medida é divulgada a seis<br />

meses da 21.ª Conferência<br />

do Clima (COP 21), que<br />

acontecerá em Paris, e deve<br />

resultar em um novo acordo<br />

climático para conter o<br />

aquecimento global. Os objetivos<br />

fixados são de reduzir<br />

as emissões em 40% a 70%<br />

em 2050, com base no total<br />

emitido em 2010.<br />

Vendas de gasolina caíram<br />

3,7% de janeiro a<br />

abril, na comparação com<br />

o mesmo período do ano<br />

passado, segundo a ANP,<br />

devido ao aumento do<br />

preço do combustível,<br />

mais de 9% em <strong>2015</strong>. Já<br />

no caso do etanol, na<br />

média do país, o consumo<br />

aumentou 32% até abril e<br />

a produção cresceu 4% em<br />

2014, atingindo 28,6 bilhões<br />

de litros. Expansão<br />

foi ocasionada pelo baixo<br />

preço internacional do<br />

açúcar, liberação de recursos<br />

públicos para o setor, o<br />

aumento do percentual de<br />

anidro na gasolina C, de<br />

25% para 27%, e o retorno<br />

da CIDE sobre a gasolina.<br />

<strong>Junho</strong> <strong>2015</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

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