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Vigilância Epidemiológica I - CEAD - Unimontes

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e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Escola Técnica Aberta do Brasil<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

Joaquim Francisco de Lima<br />

Ministério da<br />

Educação


e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Escola Técnica Aberta do Brasil<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

Joaquim Francisco de Lima<br />

Patrícia Antônia de Brito<br />

Montes Claros - MG<br />

2011


Presidência da República Federativa do Brasil<br />

Ministério da Educação<br />

Secretaria de Educação a Distância<br />

Ministro da Educação<br />

Fernando Haddad<br />

Secretário de Educação a Distância<br />

Carlos Eduardo Bielschowsky<br />

Coordenadora Geral do e-Tec Brasil<br />

Iracy de Almeida Gallo Ritzmann<br />

Governador do Estado de Minas Gerais<br />

Antônio Augusto Junho Anastasia<br />

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia<br />

e Ensino Superior<br />

Alberto Duque Portugal<br />

Reitor<br />

João dos Reis Canela<br />

Vice-Reitora<br />

Maria Ivete Soares de Almeida<br />

Pró-Reitora de Ensino<br />

Anete Marília Pereira<br />

Diretor de Documentação e Informações<br />

Huagner Cardoso da Silva<br />

Coordenador do Ensino Profissionalizante<br />

Edson Crisóstomo dos Santos<br />

Diretor do Centro de Educação Profissonal e<br />

Tecnólogica - CEPT<br />

Juventino Ruas de Abreu Júnior<br />

Diretor do Centro de Educação à Distância<br />

- <strong>CEAD</strong><br />

Jânio Marques Dias<br />

Coordenadora do e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong><br />

Rita Tavares de Mello<br />

Coordenadora Adjunta do e-Tec Brasil/<br />

CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Eliana Soares Barbosa Santos<br />

Coordenadores de Cursos:<br />

Coordenador do Curso Técnico em Agronegócio<br />

Augusto Guilherme Dias<br />

Coordenador do Curso Técnico em Comércio<br />

Carlos Alberto Meira<br />

Coordenador do Curso Técnico em Meio<br />

Ambiente<br />

Edna Helenice Almeida<br />

Coordenador do Curso Técnico em Informática<br />

Frederico Bida de Oliveira<br />

Coordenador do Curso Técnico em<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde<br />

Simária de Jesus Soares<br />

Coordenador do Curso Técnico em Gestão<br />

em Saúde<br />

Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim<br />

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA I<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Elaboração<br />

Joaquim Francisco de Lima<br />

Patrícia Antônia de Brito<br />

Projeto Gráfico<br />

e-Tec/MEC<br />

Supervisão<br />

Wendell Brito Mineiro<br />

Diagramação<br />

Hugo Daniel Duarte Silva<br />

Marcos Aurélio de Almeda e Maia<br />

Impressão<br />

Gráfica RB Digital<br />

Designer Instrucional<br />

Angélica de Souza Coimbra Franco<br />

Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira<br />

Revisão<br />

Maria Ieda Almeida Muniz<br />

Patrícia Goulart Tondineli<br />

Rita de Cássia Silva Dionísio


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Apresentação e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong><br />

Prezado estudante,<br />

Bem-vindo ao e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong>!<br />

Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola<br />

Técnica Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro<br />

2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público,<br />

na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre<br />

o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distancia<br />

(SEED) e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e<br />

escola técnicas estaduais e federais.<br />

A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e<br />

grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas<br />

ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento<br />

da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente<br />

ou economicamente, dos grandes centros.<br />

O e-Tec Brasil/<strong>Unimontes</strong> leva os cursos técnicos a locais distantes<br />

das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando<br />

os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas<br />

instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em<br />

escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais.<br />

O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico,<br />

seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional<br />

qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – não só<br />

é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também<br />

com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social,<br />

familiar, esportiva, política e ética.<br />

Nós acreditamos em você!<br />

Desejamos sucesso na sua formação profissional!<br />

Ministério da Educação<br />

Janeiro de 2010<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

3<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Indicação de ícones<br />

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas<br />

de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.<br />

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.<br />

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou<br />

“curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado.<br />

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada<br />

no texto.<br />

Mídias integradas: possibilita que os estudantes desenvolvam atividades<br />

empregando diferentes mídias: vídeos, filmes, jornais, ambiente AVEA e<br />

outras.<br />

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis<br />

de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu<br />

domínio do tema estudado.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

5<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Sumário<br />

Palavra do professor conteudista ........................................... 11<br />

Projeto instrucional ........................................................... 13<br />

Aula 1 – Epidemiologia - conceito de saúde e do processo de saúdedoença<br />

.................................................................... 17<br />

1.1 Introdução ............................................................ 17<br />

1.2 Saúde como direito ................................................ 17<br />

1.3 Teorias do processo de saúde-doença e seus condicionantes 18<br />

Resumo ................................................................... 22<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 23<br />

Aula 2 - Epidemiologia – conceitos, objetivos e tríades epidemiológicas. . 25<br />

2.1 Introdução ........................................................... 25<br />

2.2 Conceitos ............................................................ 25<br />

2.3 Objetivos ............................................................. 28<br />

2.4 Tríades epidemiológicas ........................................... 30<br />

2.5 Conceitos epidemiológicos de doenças .......................... 31<br />

2.6 Medidas preventivas ................................................ 33<br />

Resumo ................................................................... 37<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 37<br />

Aula 3 - Quadro demográfico e sanitário brasileiro ....................... 39<br />

3.1 Introdução ........................................................... 39<br />

3.2 População ............................................................ 39<br />

3.3 Água, esgoto e lixo ................................................. 42<br />

3.4 Mortalidade infantil ................................................. 43<br />

3.5 Moradia ..............................................................44<br />

Resumo .................................................................. 45<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 45<br />

Aula 4 - Organização do Sistema de Saúde no Brasil ..................... 47<br />

4.1 Introdução ........................................................... 47<br />

4.2 O processo histórico do SUS ....................................... 47<br />

4.3 Princípios e diretrizes do SUS ..................................... 50<br />

4.4 Os níveis de atenção à saúde ..................................... 51<br />

Resumo ................................................................... 53<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 54<br />

Aula 5 - Noções básicas sobre <strong>Vigilância</strong> Sanitária - VISA ............... 55<br />

5.1 Conceito ............................................................. 55<br />

5.2 Origem da VISA ...................................................... 55<br />

5.3 Objetivo .............................................................. 56<br />

5.4 Estrutura VISA no Brasil ............................................ 56<br />

5.5 Funções da VISA ..................................................... 56<br />

5.6 Áreas de atuação da VISA .......................................... 58<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

7<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Resumo ................................................................... 59<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 59<br />

Aula 6 - <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental - VISA ........................... 61<br />

6.1 Introdução ........................................................... 61<br />

6.2 <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental relacionada à qualidade<br />

da água para o consumo humano – VIGIAGUA ....................... 62<br />

6.3 <strong>Vigilância</strong> em Saúde de populações expostas à poluição<br />

do ar - VIGIAR ........................................................... 65<br />

6.4 Programa de <strong>Vigilância</strong> Ambiental em Saúde de populações<br />

expostas ou sob o risco de exposição a solos contaminados -<br />

VIGISOLO ................................................................. 70<br />

Resumo ................................................................... 72<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 73<br />

Aula 7 - <strong>Vigilância</strong> epidemiológica - procedimentos técnicos da vigilância<br />

epidemiológica........................................................... 75<br />

7.1 Introdução ............................................................ 75<br />

7.2 Propósito da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> .......................... 76<br />

7.3 Funções da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> ............................ 76<br />

7.4 Coleta de dados e informações ................................... 77<br />

7.5 Notificação ........................................................... 78<br />

7.6 Investigação epidemiológica de casos ............................ 78<br />

7.7 Imprensa e população .............................................. 79<br />

7.8 Estudos epidemiológicos ........................................... 79<br />

7.9 Diagnóstico de casos ................................................ 79<br />

7.10 Normatização ....................................................... 79<br />

7.11 Retroalimentação do sistema ..................................... 80<br />

7.12 Investigação de casos de uma doença .......................... 80<br />

7.13 Roteiro da investigação de casos ................................ 81<br />

Resumo ................................................................... 83<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 84<br />

Aula 8 – Cólera ................................................................. 85<br />

8.1 Descrição ............................................................. 85<br />

8.2 Agente etiológico ................................................... 85<br />

8.3 Reservatório ......................................................... 86<br />

8.4 Modo de transmissão ............................................... 86<br />

8.5 Período de incubação .............................................. 86<br />

8.6 Período de transmissibilidade ..................................... 86<br />

8.7 Suscetibilidade e imunidade ....................................... 86<br />

8.8 Aspectos clínicos e laboratoriais - manifestações clínicas .... 86<br />

8.9 Diagnóstico diferencial ............................................. 87<br />

8.10 Diagnóstico laboratorial........................................... 87<br />

8.11 Tratamento ......................................................... 87<br />

8.12 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> e ambiental .......................... 89<br />

8.13 Saneamento Ambiental ........................................... 89<br />

8.14 Educação em saúde ............................................... 90<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 8<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Resumo ................................................................... 91<br />

Atividades de aprendizagem ........................................... 91<br />

Aula 9 - Doença de Chagas ................................................... 93<br />

9.1 Introdução ............................................................ 93<br />

9.2 Descrição ............................................................. 93<br />

9.3 Etiologia .............................................................. 94<br />

9.4 Transmissão .......................................................... 95<br />

9.6 Período de incubação .............................................101<br />

9.7 Aspectos clínicos ...................................................102<br />

9.8 Diagnóstico laboratorial ...........................................104<br />

9.9 Tratamento ..........................................................105<br />

9.10 Aspectos epidemiológicos .......................................105<br />

9.11 Objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> ........................106<br />

9.12 Notificação .........................................................106<br />

9.13 Fluxos de notificação .............................................106<br />

9.14 Medidas de controle e prevenção...............................107<br />

Resumo ..................................................................108<br />

Atividades de aprendizagem ..........................................109<br />

Aula 10 - Esquistossomose .................................................. 111<br />

10.1 Introdução ......................................................... 111<br />

10.2 Descrição .......................................................... 111<br />

10.3 Sinonímia .......................................................... 111<br />

10.4 Agente etiológico ................................................. 112<br />

10.5 Reservatório ....................................................... 112<br />

10.6 Modo de transmissão ............................................. 113<br />

10.7 Período de incubação ............................................ 115<br />

10.8 Período de transmissibilidade ................................... 115<br />

10.9 Suscetibilidade e imunidade .................................... 115<br />

10.10 Aspectos clínicos e laboratoriais .............................. 115<br />

10.11 Diagnóstico laboratorial ........................................ 116<br />

10.12 Tratamento ....................................................... 117<br />

10.13 <strong>Vigilância</strong> epidemiológica - VE ................................. 117<br />

Resumo .................................................................. 118<br />

Atividades de aprendizagem .......................................... 119<br />

Aula 11 – Leishmanioses - visceral e cutânea mucosa ................... 121<br />

11.1 Leishmaniose Visceral - LV ou Calazar ......................... 121<br />

11.2 Leishmaniose tegumentar americana – LTA - ou ferida brava 126<br />

Resumo .................................................................. 129<br />

Atividades de aprendizagem .......................................... 130<br />

Aula 12 - Dengue ............................................................. 131<br />

12.1 Introdução ......................................................... 131<br />

12.2 Descrição .......................................................... 131<br />

12.3 Agente etiológico ................................................. 131<br />

12.4 Reservatório ....................................................... 132<br />

12.5 Vetores ............................................................. 132<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 9<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


12.6 Modo de transmissão ............................................. 133<br />

12.7 Período de incubação ............................................ 133<br />

12.8 Período de transmissibilidade ................................... 133<br />

12.9 Ciclo intrínseco....................................................134<br />

12.10 Ciclo extrínseco ..................................................134<br />

12.11 Suscetibilidade e imunidade ...................................134<br />

12.12 Aspectos clínicos e laboratoriais .............................. 135<br />

12.13 Tratamento ....................................................... 136<br />

12.14 Aspectos epidemiológicos ...................................... 136<br />

12.15 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> ...................................... 138<br />

Resumo ..................................................................140<br />

Atividades de aprendizagem .......................................... 141<br />

Aula 13 – Influenza - H1N1 ................................................... 143<br />

13.1 Introdução ......................................................... 143<br />

13.2 Descrição .......................................................... 143<br />

13.3 Sinonímia ..........................................................146<br />

13.4 Agente etiológico .................................................146<br />

13.5 Reservatório .......................................................146<br />

13.6 Modo de transmissão .............................................146<br />

13.7 Período de incubação ............................................ 149<br />

13.8 Período de transmissibilidade ...................................149<br />

13.9 Suscetibilidade e imunidade .....................................149<br />

13.10 Aspectos clínicos e laboratoriais ..............................150<br />

13.11 Tratamento ....................................................... 152<br />

13.12 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> ...................................... 152<br />

13.13 Instrumentos disponíveis para controle ...................... 153<br />

13.14 Medidas adicionais de prevenção e controle .................154<br />

Resumo ..................................................................158<br />

Atividades de aprendizagem ..........................................158<br />

Referências .................................................................... 159<br />

Currículo do professor conteudista ........................................ 163<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 10<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Palavra do professor conteudista<br />

Futuro Técnico em <strong>Vigilância</strong> em Saúde seja bem-vindo ao eixo<br />

temático do Curso de Técnico em <strong>Vigilância</strong> em Saúde: <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

I.<br />

Imagino a expectativa de cada um em relação a este eixo temático,<br />

espero corresponder a boa parte desta expectativa, pois sei o quanto é capaz<br />

de desenvolver conhecimentos e o quanto vai continuar desenvolvendo,<br />

juntamente com os colegas, tutores e professor conteudista, o processo de<br />

ensino-aprendizagem.<br />

Saiba que a Epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição de<br />

doenças ou enfermidades e os seus determinantes na população humana,<br />

portanto, todas as informações que você obtiver nestes estudos serão utilizadas,<br />

juntamente com as informações já adquiridas para melhor entendimento<br />

da etiologia (causa) e da história natural de enfermidades, compreendendo<br />

e explicando o mecanismo de ação das doenças, além de entender o<br />

estado de saúde das populações, as intervenções ou os programas de saúde.<br />

Para adquirir essa capacidade, estudaremos o processo de<br />

saúde-doença: conceitos, objetivos, tríades epidemiológicas (agente, hospedeiro<br />

e meio ambiente), Conceitos Epidemiológicos de Doenças, medidas<br />

preventivas, noções básicas sobre doenças transmissíveis, doenças e<br />

agravos não transmissíveis e os três componentes da <strong>Vigilância</strong> Ambiental:<br />

água, solo e ar.<br />

Certo de que ampliará os conhecimentos em prol da promoção da<br />

saúde e do fortalecimento do Sistema Único de Saúde, desejo-lhe bons estudos.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

11<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Projeto instrucional<br />

Disciplina: Epidemiologia I (carga horária: 63h).<br />

Ementa: <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>; fundamentos de saúde pública;<br />

processo e conceito de saúde e doença; mecanismo de transmissão; conceitos<br />

e objetivos da epidemiologia; quadro demográfico e sanitário brasileiro;<br />

organização do sistema de saúde no Brasil; importância das variáveis;<br />

noções básicas das vigilâncias sanitária, ambiental e epidemiológica e seus<br />

procedimentos técnicos e doenças transmissíveis: cólera, doença de Chagas,<br />

esquistossomose, as leishmanioses – visceral e tegumentar mucosa -, dengue<br />

e influenza.<br />

AULA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM MATERIAIS CARGA<br />

HORÁRIA<br />

1. Conceito<br />

de saúde e do<br />

processo de<br />

saúde-doença<br />

2. Epidemiologia<br />

– conceitos,<br />

objetivos<br />

e tríades<br />

epidemiológicas.<br />

3.Quadro<br />

demográfico<br />

e sanitário<br />

Brasileiro<br />

4.<br />

Organização<br />

do sistema<br />

de saúde no<br />

Brasil<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

• Conceituar saúde e doença;<br />

• identificar a saúde como direito<br />

social;<br />

• citar as teorias do conhecimento<br />

do processo de saúde-doença;<br />

• reconhecer os agentes etiológicos<br />

das doenças.<br />

• Conceituar a epidemiologia;<br />

• diferenciar a epidemiologia como<br />

disciplina e como ciência;<br />

• descrever os objetivos da epidemiologia<br />

e a aplicabilidade destes<br />

conhecimentos;<br />

• citar a tríade epidemiológica, a<br />

transmissibilidade, a forma de<br />

disseminação em populações<br />

humanas e a porta de entrada no<br />

hospedeiro humano.<br />

• Conhecer os dados demográficos<br />

e sanitários do Brasil;<br />

• refletir sobre os indicadores de<br />

saúde e a mortalidade infantil;<br />

• descrever os índices de cobertura<br />

populacional e/ou de domicílios<br />

em relação ao abastecimento de<br />

água, esgoto, lixo e de moradia.<br />

• Descrever o processo histórico<br />

do SUS;<br />

• identificar os princípios e diretrizes<br />

do SUS;<br />

• conceituar os níveis de atenção à<br />

saúde.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

2h/aulas<br />

6h/aulas<br />

3h/aulas<br />

3h/aulas<br />

13<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


5. Noções<br />

básicas sobre<br />

<strong>Vigilância</strong><br />

Sanitária -<br />

VISA<br />

6. <strong>Vigilância</strong><br />

em Saúde<br />

Ambiental –<br />

VSA.<br />

7. <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong><br />

- procedimentos<br />

técnicos da<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

• Conceituar a <strong>Vigilância</strong> Sanitária;<br />

• identificar o seu objetivo;<br />

• descrever as tarefas da <strong>Vigilância</strong><br />

Sanitária;<br />

• listar as áreas de atuação da<br />

VISA.<br />

• Conhecer a importância do envolvimento<br />

do setor da saúde nas<br />

questões ambientais;<br />

• identificar as ações dos principais<br />

componentes da VSA.<br />

• Conceituar a expressão <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong>;<br />

• identificar o propósito e a função<br />

da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>;<br />

• descrever os dados e as informações<br />

que alimentam o Sistema de<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>;<br />

• relatar as etapas de uma investigação<br />

epidemiológica.<br />

8. Cólera • Identificar o agente causador,<br />

bem como os sinais e os sintomas<br />

da cólera;<br />

• descrever a forma de transmissão<br />

do vibrião colérico;<br />

• citar as formas de tratamento e<br />

controle da doença;<br />

• propor ações preventivas e promocionais<br />

à saúde.<br />

9.Doença de<br />

Chagas<br />

10. Esquistossomose<br />

11.<br />

Leishmanioses<br />

– visceral<br />

e cutânea<br />

mucosa.<br />

• Conceituar a doença de Chagas;<br />

• descrever o ciclo evolutivo da<br />

doença;<br />

• definir os vetores;<br />

• citar os aspectos clínicos e<br />

epidemiológicos da doença, bem<br />

como as medidas de prevenção<br />

e de controle preconizadas pela<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

• Conceituar a esquistossomose;<br />

• identificar o seu ciclo evolutivo;<br />

• citar os conceitos usados na <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong>;<br />

• descrever os aspectos clínicos e<br />

epidemiológicos da doença, bem<br />

como as medidas de prevenção e<br />

controle.<br />

• Conceituar as leishmanioses,<br />

visceral ou calazar, e tegumentar<br />

americana ou ferida brava;<br />

• descrever a cadeia de transmissão;<br />

• identificar os principais sinais e<br />

sintomas do calazar no homem e<br />

no cão;<br />

• relacionar as formas de controle.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

4h/aulas<br />

4h/aulas<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual. 7h/aulas<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual. 4h/aulas<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual. 4h/aulas<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

4h/aulas<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual. 4h/aulas<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 14<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


12. Dengue • Conceituar a dengue;<br />

• descrever a transmissão da doença<br />

via vetor e o ciclo biológico do<br />

Aedes aegypti;<br />

• identificar o agente etiológico e<br />

os ciclos no homem e no inseto;<br />

• descrever as manifestações<br />

clínicas da infecção por dengue e<br />

as medidas a tomar diante de um<br />

caso suspeito.<br />

13. Influenza –<br />

H1N1<br />

• Conceituar a doença influenza;<br />

• descrever o agente causador, as<br />

formas de contágio, os sinais e<br />

sintomas, o tratamento e a profilaxia<br />

ou as medidas preventivas;<br />

• identificar as ações da <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong> diante de casos<br />

suspeitos e/ou confirmados.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

Apostila,<br />

computador<br />

e<br />

ambiente<br />

virtual.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 15<br />

4h/aulas<br />

4h/aulas<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 1 – Epidemiologia Digital - conceito de<br />

saúde e do processo de saúde-doença<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja<br />

capaz de:<br />

• conceituar saúde e doença;<br />

• identificar a saúde como direito social;<br />

• citar as teorias do conhecimento do processo de saúde-doença;<br />

• reconhecer os agentes etiológicos das doenças.<br />

1.1 Introdução<br />

Antes de aprofundar nos conceitos da Epidemiologia, faz-se necessário<br />

compreender melhor o processo de saúde-doença, em sua complexidade<br />

e abrangência, e os determinantes das condições de saúde da população,<br />

saúde como direito social garantido na Constituição, bem como elencar o<br />

conjunto de relações e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde<br />

e doença de uma população, observando as teorias do conhecimento do<br />

processo de saúde-doença.<br />

1.2 Saúde como direito<br />

Como foi visto em aulas dos módulos anteriores deste curso, a palavra<br />

saúde deve ser compreendida de forma abrangente, não se referindo somente<br />

à ausência de doenças, mas sim ao completo bem-estar físico, mental<br />

e social de um indivíduo. Esta é a orientação extraída do artigo 3º da Lei nº<br />

8.080/90: “a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre<br />

outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o<br />

trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e<br />

serviços essenciais”.<br />

Assim, o termo saúde engloba uma série de condições que devem<br />

estar apropriadas para o bem-estar completo do ser humano, incluindo o<br />

meio ambiente equilibrado.<br />

Deste modo, a saúde deve ser entendida em sentido mais amplo,<br />

como componente da qualidade de vida.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

17<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Cidadania<br />

É a qualidade<br />

ou estado do cidadão;<br />

entende-se por<br />

cidadão “o indivíduo<br />

no gozo dos direitos<br />

civis e políticos de<br />

um estado, ou no<br />

desempenho de seus<br />

deveres para com<br />

este”. No sentido<br />

etimológico da palavra,<br />

cidadão deriva da<br />

palavra civita, que,<br />

em latim, significa<br />

cidade, e que tem<br />

seu correlato grego<br />

na palavra politikos -<br />

aquele que habita na<br />

cidade.<br />

No sentido<br />

ateniense do termo,<br />

cidadania é o direito<br />

da pessoa em<br />

participar das decisões<br />

nos destinos da cidade<br />

através da Ekklesia -<br />

reunião dos chamados<br />

de dentro para fora, na<br />

Ágora - praça pública<br />

onde se agonizava<br />

para deliberar sobre<br />

decisões de comum<br />

acordo. (FERREIRA,<br />

1993).<br />

Figura 1: Casal andando de bicicleta em ambiente saudável e aparentemente<br />

gozando de boa saúde.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 10 de abril de 2011.<br />

Segundo Almeida (1998), a saúde não é um “bem de troca”, mas um<br />

“bem comum”, um bem e um direito social, em que cada um possa ter assegurado<br />

o exercício e a prática do direito à saúde, a partir da aplicação e da utilização<br />

de toda a riqueza disponível (conhecimentos e tecnologias adequados às suas<br />

necessidades), alcançando a promoção e a proteção da saúde, a prevenção,<br />

o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação dos acometidos por doenças ou<br />

traumas.<br />

Esse direito está garantido no Artigo 6º da Constituição Federal de 1988.<br />

São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer,<br />

a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade<br />

e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta<br />

Constituição. (CF, 1988).<br />

Como trata de um direito, cabe ao cidadão exercer a cidadania e<br />

participar junto ao poder público para que tenha boa gestão dos recursos e<br />

dos serviços de saúde.<br />

1.3 Teorias do processo de saúde-doença e seus<br />

condicionantes<br />

Você deve estar se perguntando: afinal, o que significa processo<br />

de saúde-doença e quais as suas relações com a saúde e com o sistema de<br />

serviços de saúde?<br />

Segundo Almeida (1998), se levarmos em consideração a determinação<br />

causal a ser estudada a seguir, pode-se dizer que o processo de saúde-<br />

-doença representa o conjunto de relações e variáveis que produz e condiciona<br />

o estado de saúde e de doença de uma população, que se modifica<br />

nos diversos momentos históricos e nos do desenvolvimento científico da<br />

Humanidade.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 18<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Assim, houve a TEORIA MÍSTICA sobre a doença. De acordo com<br />

esta teoria, os nossos antepassados julgavam a doença como um fenômeno<br />

sobrenatural, ou seja, ela (a doença) estava além da sua compreensão do<br />

mundo, superada, posteriormente, pela teoria de que a doença era um fato<br />

decorrente das alterações ambientais no meio físico e concreto em que o<br />

homem vivia. Em seguida, surge a TEORIA DOS MIASMAS (gazes), na qual as<br />

pessoas acreditavam que as doenças surgiam do ar, do mau cheiro e da sujeira,<br />

teoria esta que predominou por muito tempo.<br />

Figura 2: No século XIX, era comum o acúmulo de sujeira em frente às fábricas.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em 05/05/2011.<br />

A teoria do miasma fez sentido às reformas sanitárias inglesas do<br />

século XIX. O miasma explicou porque a cólera e outras doenças eram epidêmicas<br />

nos lugares onde a água estava muito suja e, às vezes, com mau<br />

cheiro. A teoria conduziu às melhorias nos sistemas de saúde ou sanitários,<br />

o que conduziu os trabalhos na diminuição dos episódios da cólera.<br />

Mesmo que a teoria do miasma fosse desprovida pelo conhecimento<br />

dos vírus e das bactérias, fez-se a conexão entre o acaso e as doenças e as<br />

reformas da saúde pública. Mudanças estas que aconteceram contrapondo<br />

ao pensamento e às atitudes de alguns doutores (médicos) que não lavavam<br />

as suas mãos entre o atendimento aos pacientes, acreditando que algo que<br />

causava doença era somente transportado por via aérea, e não seriam transportados<br />

em suas mãos.<br />

Um bom exemplo desse descrédito foi a epidemia de Cholera (cólera),<br />

em Londres, em 1854; por causa da teoria do miasma, foi ignorada a<br />

descoberta do parasita causador da doença por Filippo Pacini e, somente<br />

trinta anos depois, confirmado por Robert Koch.<br />

Foi baseando-se nesta teoria que deram o nome de MALÁRIA, nome<br />

originário do italiano aria do mala (ar mau).<br />

Fonte: Texto baseado na publicação de Eurivaldo Sampaio de Almeida, Cláudio Gastão<br />

Junqueira de Castro, Carlos Alberto Lisboa Vieira. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da<br />

Universidade de São Paulo, 1998. (Série Saúde & Cidadania).<br />

Bom, você já ouviu falar que “há males que vêm para bem”? Acreditar<br />

que as doenças vinham do ar pode ter sido um mal, mas, para as conquistas<br />

no campo da saúde, foi um bem, pois, durante o século XVIII e início<br />

do século XIX, houve grande melhora da saúde pública, não por novos conhecimentos<br />

médicos na área da saúde, mas por medidas sanitárias inspiradas<br />

pelas velhas ideias da teoria dos miasmas.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 19<br />

Filippo Pacini nasceu<br />

em 25 de maio de<br />

1812 e faleceu em<br />

9 de julho de 1883.<br />

Era um anatomista<br />

italiano, famoso por<br />

isolar o bacilo da<br />

cólera cholerae de<br />

Vibrio, em 1854, bem<br />

paga das descobertas<br />

amplamente aceitadas<br />

de Robert Koch trinta<br />

anos depois.<br />

Figura 3: Filippo Pacini<br />

Fonte: Disponível em<br />

. Acesso em 20 de<br />

abril de 2011.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 4: Robert Koch<br />

Fonte: Disponível em<br />

. Acesso em 20 de<br />

abril de 2011.<br />

Robert Koch, nascido<br />

em 11 de dezembro<br />

de 1843, em Clausthal,<br />

e finado no dia 27<br />

de maio de 1910, em<br />

Baden-Baden. Médico<br />

alemão. É célebre<br />

por descobrir a<br />

bactéria responsável<br />

pela tuberculose que<br />

leva o seu nome :<br />

« bacilo de Koch ». É<br />

um dos fundadores da<br />

bacterioloxia. Recebeu<br />

o Prêmio Nobel de<br />

Fisioloxia e Medicina<br />

no ano de 1905. Em<br />

1883, descobriu - ou<br />

redescobriu, segundo<br />

alguns autores - o<br />

vibrião colérico.<br />

Louis Pasteur, cientista<br />

Francês, nasceu em Dole,<br />

em 27 de dezembro de<br />

1822, e faleceu em 28<br />

de setembro de 1895.<br />

Suas descobertas tiveram<br />

enorme importância na<br />

história da Química e da<br />

Medicina.<br />

Esse entendimento dos profissionais da área de saúde e da população<br />

prevalece até, com os estudos de Louis Pasteur na França, com a descoberta<br />

dos micróbios (vírus e bactérias), portanto, do agente etiológico, ou<br />

seja, daquele que causa a doença.<br />

Figura 5: Louis Pasteur em seu laboratório na França, onde identificou os agentes etiológicos<br />

(vírus e bactérias) causadores de doenças.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 06 de janeiro de 2011.<br />

É lembrado por suas notáveis descobertas das causas e prevenções<br />

de doenças. Entre seus feitos mais notáveis, podem-se citar a redução<br />

da mortalidade por febre puerperal e a criação da primeira vacina<br />

contra a raiva.<br />

Seus experimentos deram fundamento para a teoria microbiológica<br />

da doença. Foi mais conhecido do público em geral por inventar um<br />

método para impedir que o leite e o vinho causem doenças, um processo<br />

que veio a ser chamado de pasteurização. Ele é considerado um dos três<br />

principais fundadores da Microbiologia, juntamente com Ferdinand Cohn<br />

e Robert Koch. Pasteur também fez muitas descobertas no campo da<br />

Química, principalmente a base molecular para a assimetria de certos<br />

cristais. Seu corpo está enterrado sob o Instituto Pasteur em Paris, em<br />

um mausoléu decorado por mosaicos em estilo bizantino que lembram as<br />

suas realizações.<br />

Fonte: (Disponível em: Acessado em 06 de janeiro de 2011).<br />

Mesmo descobrindo os vírus e as bactérias, não foi possível explicar<br />

a ocorrência de uma série de doenças e de outros agravos à saúde do<br />

homem, portanto, a TEORIA DA UNICAUSALIDADE é complementada por uma<br />

série de conhecimentos produzidos pela EPIDEMIOLOGIA, como o modelo<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 20<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


epidemiológico baseado nos três componentes: agente, hospedeiro e meio,<br />

considerados como fatores causais ou que demonstram a MULTICAUSALIDADE<br />

como determinante da doença, e não apenas a presença exclusiva de um<br />

agente etiológico. Conhecimentos confirmados principalmente pelos estudos<br />

da EPIDEMIOLOGIA social, em meados do século XX, que esclarecem melhor a<br />

determinação e a ocorrência das doenças em termos individuais e coletivos.<br />

A partir desses conhecimentos, passa-se a considerar a saúde e a<br />

doença como estados de um mesmo processo, composto por fatores BIO-<br />

LÓGICOS, FÍSICOS E SOCIAIS, portanto, nem todas as pessoas que contraem<br />

(pegam) uma bactéria ou um vírus desenvolvem a doença, bem como, dentre<br />

aqueles que desenvolvem a doença, a minoria tem complicações graves e<br />

vem a óbito. Tudo isto depende do ambiente em que a pessoa vive, da situação<br />

econômica e social. Depende da resistência orgânica de cada um, se<br />

é bem alimentado ou não, das condições de moradia, sem se esquecer dos<br />

hábitos e dos costumes que podem influenciar, e muito, no desenvolvimento<br />

da doença.<br />

Figura 6: Água contaminada, lixo exposto, contato com vetores (exposição a<br />

riscos biológicos), situação socioeconômica, cultural e social. Demonstração da<br />

multicausalidade de doenças.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

Para você confirmar esta hipótese, basta observar a frequência de<br />

doenças e os óbitos entre as pessoas menos favorecidas economicamente, que<br />

vivem em situações precárias, em comunidades pobres rurais e urbanas da sua<br />

região. Isto não descarta as comunidades que têm um bom poder econômico<br />

de adoecerem e morrerem; pode acontecer, porém, em menor proporção, pelo<br />

menos por algumas doenças, como o sarampo, entre outras.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 21<br />

Não se esqueça de que<br />

o estilo de vida pode<br />

estar condicionado a<br />

fatores econômicos,<br />

sociais, culturais, entre<br />

outros. De qualquer<br />

modo, o importante<br />

é saber e reconhecer<br />

essa abrangência e<br />

complexidade causal:<br />

saúde e doença<br />

não são estados<br />

estanques, isolados<br />

ou que acontecem<br />

aleatoriamente – não<br />

se está com saúde ou<br />

doente por acaso. Há<br />

uma determinação<br />

permanente, um<br />

PROCESSO CAUSAL,<br />

que se identifica com<br />

o modo de organização<br />

da sociedade. Daí,<br />

dizer-se que há uma<br />

“produção social da<br />

saúde e/ou da doença”<br />

(ALMEIDA, 1998).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Voltaremos a este assunto na próxima aula, na qual falaremos sobre<br />

as tríades epidemiológicas.<br />

O Técnico em <strong>Vigilância</strong> em Saúde deve ter compreensão em relação<br />

ao processo de saúde-doença, e o conceito do que é ser ou estar doente,<br />

ou o que é ser ou estar saudável, pois, em toda população, há indivíduos<br />

sujeitos aos fatores de risco, adoencendo com maior ou menor frequência,<br />

e com maior ou menor gravidade, como já vimos nesta aula. Além do que,<br />

há diferenças de possibilidades, entre eles, de produzir condições para a sua<br />

saúde e de ter acesso aos cuidados no estado da doença. Vai depender, e<br />

muito, da informação que cada um tem a este respeito.<br />

Segundo Almeida (1998), há grupos informados dos seus direitos,<br />

que exigem ações e serviços de natureza e complexidade variadas. O saber<br />

e o fazer em relação à saúde da população, mediante um sistema de saúde,<br />

são tarefas que implicam na concorrência de várias disciplinas do conhecimento<br />

humano e na ação das diversas profissões da área de saúde, bem<br />

como na ação articulada entre os diversos setores e atores que são convocados<br />

para a produção da saúde, representados nos conselhos de saúde - nacional,<br />

estaduais e municipais - e nas conferências de saúde das três esferas.<br />

Como vimos, o entendimento do processo de saúde-doença avançou<br />

no decorrer da história por vários séculos, mas, na ciência, não tem<br />

nada acabado, o que se passa como uma verdade hoje não se pode afirmar<br />

amanhã, a cada dia são realizadas novas pesquisas e sempre surgem coisas<br />

novas. O exemplo disto é o aparecimento do novo vírus da AIDS (HIV2) e da<br />

circulação do vírus DENGUE IV no Brasil. O importante é que o Técnico em<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde se mantenha atualizado para adequar o dia a dia entre<br />

as informações recebidas e a realização das atividades/ações.<br />

Podemos finalizar esta aula reafirmando o conceito ampliado da<br />

Organização Mundial de Saúde – OMS -: “Saúde é o estado de completo bem-<br />

-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”, ou “saúde<br />

é um estado de harmonia entre o homem e o ambiente em que ele vive,<br />

influenciado pelos fatores físico, biológico e social, e doença é a relação natural<br />

do organismo que pode levar o homem ao estado de enfraquecimento<br />

e até à morte, quando não é tratada.” (Funasa, 2008).<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• que saúde deve ser compreendida de forma abrangente, não se<br />

referindo somente à ausência de doenças, mas sim a um estado<br />

de harmonia entre o homem e o ambiente em que ele vive, influenciado<br />

pelos fatores físico, biológico e social;<br />

• a saúde é um direito social e constitucional, como reza o artigo<br />

6º da Constituição Federal de 1988, reafirmado no artigo 3º da<br />

Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080/90;<br />

• o processo de saúde-doença sempre foi sustentado em várias<br />

teorias: mística - doença como um fenômeno sobrenatural -;<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 22<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


miasma – acreditava-se que as doenças vinham do ar -; unicausal<br />

– causada por um vírus, uma bactéria, por um fungo, etc. -; e<br />

a teoria da multicausalidade, como determinante da doença, e<br />

não apenas a presença exclusiva de um agente etiológico;<br />

• que o processo de saúde-doença representa o conjunto de relações<br />

e variáveis que produz e condiciona o estado de saúde e de<br />

doença de uma população, que se modifica nos diversos momentos<br />

históricos e no desenvolvimento científico da Humanidade, e<br />

que está relacionado com os determinantes sociais, econômicos<br />

e culturais.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. Baseado nesta aula e na sua vivência diária, o que é ter saúde?<br />

2. O que é doença?<br />

3. A saúde é um direito social, em qual lei você encontra esta afirmação?<br />

4. Citar as teorias do conhecimento do processo de saúde-doença.<br />

5. Qual a diferença entre a teoria mística e a do miasma?<br />

6. Quais os agentes etiológicos que você conhece e que podem desenvolver<br />

doenças no homem?<br />

7. O processo de saúde-doença, no modelo epidemiológico, é baseado em<br />

três componentes, quais são eles?<br />

8. Todas as pessoas que contraem um micróbio (bactéria ou um vírus) desenvolvem<br />

a doença? Por quê?<br />

9. Qual é o papel do Técnico em <strong>Vigilância</strong> em Saúde em relação ao processo<br />

de saúde-doença?<br />

10. O que você tem feito para a produção da sua saúde e a da comunidade?<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 23<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 2 - Epidemiologia Digital – conceitos, obje-<br />

tivos e tríades epidemiológicas.<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja<br />

capaz de:<br />

• conceituar a Epidemiologia;<br />

• diferenciar a Epidemiologia como disciplina e como ciência;<br />

• descrever os objetivos da Epidemiologia e a aplicabilidade desses<br />

conhecimentos;<br />

• citar a tríade epidemiológica, a transmissibilidade, a forma de<br />

disseminação em populações humanas e a porta de entrada no<br />

hospedeiro humano.<br />

2.1 Introdução<br />

Após conhecermos um pouco sobre as descobertas dos agentes etiológicos<br />

e seus determinantes que causam as doenças, hoje, vamos aprofundar<br />

os nossos conhecimentos sobre a Epidemiologia, como ciência que se<br />

fundamenta no raciocínio causal e como disciplina, essencial para os estudos<br />

de doenças e agravos, bem como o planejamento e as intervenções na saúde<br />

pública, definições estas dadas por alguns autores.<br />

Para iniciarmos, é preciso refletir sobre estas perguntas:<br />

O que é epidemiologia? Quais são os seus objetivos e quando<br />

usamos esses conhecimentos?<br />

2.2 Conceitos<br />

Epidemiologia<br />

Baseado no Guia Epidemiológico - Brasil (2009), a Epidemiologia é<br />

uma ciência que estuda quantitativamente a distribuição dos fenômenos de<br />

saúde/doença e seus fatores condicionantes, nas populações humanas.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

25<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 7: A Epidemiologia vista como ciência e como disciplina.<br />

Fonte: Disponível em .<br />

Acesso em 13 de maio de 2011.<br />

Alguns autores também incluem na definição que a Epidemiologia<br />

permite a avaliação da eficácia das intervenções realizadas no âmbito da<br />

saúde pública.<br />

Nos últimos 60 anos, a definição de Epidemiologia vem se ampliando,<br />

desde a sua preocupação com as doenças infectocontagiosas e outras doenças<br />

transmissíveis - o estudo das epidemias - até abarcar, presentemente,<br />

todos os fenômenos relacionados com a saúde das populações.<br />

Até o momento, desconhece-se qual o estudioso que utilizou a Epidemiologia<br />

pela primeira vez. Você pode pesquisar e vai perceber que este<br />

termo é bem mais antigo do que se pensa; o certo é que a sua origem é do<br />

grego clássico: epi (sobre) + demos (povo) + logos (conhecimento).<br />

Segundo Waldman & Rosa (1998), Epidemiologia é uma disciplina<br />

básica da saúde pública voltada para a compreensão do processo de saúde-<br />

-doença no âmbito de populações, bem como para o desenvolvimento de<br />

estratégias para as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da<br />

população em questão. Como ciência, a Epidemiologia fundamenta-se no<br />

raciocínio causal que vimos na aula anterior. O objetivo é a melhoria das<br />

condições de saúde da população humana, o que demonstra o vínculo indissociável<br />

da pesquisa epidemiológica com o aprimoramento da assistência<br />

integral à saúde.<br />

A Epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento<br />

de políticas no setor da saúde. Sua aplicação, neste caso, deve levar<br />

em conta o conhecimento disponível, adequando-o às realidades locais.<br />

Espere! Realidades locais! Este termo é bem familiar, não é<br />

verdade?<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 26<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 8: Demonstra várias realidades locais.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

Sim, vimos isto no módulo Fundamentos de educação em saúde,<br />

onde estudamos território e planejamento em saúde.<br />

Voltando aos conceitos de Epidemiologia, existem várias formas de<br />

defini-la, como vimos anteriormente, mas tem uma definição que é bem<br />

ampla e nos dá uma boa ideia da sua abrangência e aplicação em saúde<br />

pública, veja: “Epidemiologia é a disciplina que estuda a distribuição e os<br />

determinantes de saúde e doença nas populações, e o desenvolvimento de<br />

estratégias para melhorar a saúde e a produtividade nessas populações”<br />

(BRASIL, 2009).<br />

Essa definição de Epidemiologia inclui uma série de termos que<br />

refletem alguns princípios da disciplina e que merecem ser destacados: a)<br />

estudo, b) fatores determinantes, c) estados e ou eventos relacionados à<br />

saúde.<br />

a) Estudo - a Epidemiologia como disciplina básica da saúde pública<br />

tem seus fundamentos no método científico: frequência e distribuição.<br />

• - A frequência inclui o número dos eventos – acontecimentos/<br />

doenças e as taxas ou riscos de doença na população. Dentro da<br />

Epidemiologia, conhecer as taxas é de fundamental importância,<br />

uma vez que isto permite comparações válidas entre diferentes<br />

populações.<br />

• - O padrão de ocorrência diz respeito à distribuição dos eventos<br />

segundo características: do tempo - tendência num período, variação<br />

sazonal etc. -, do lugar - distribuição geográfica, distribuição<br />

urbano-rural e outros -, e da pessoa - sexo, idade, profissão,<br />

etnia etc.b) Fatores determinantes - é a busca da causa e dos<br />

fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados<br />

ao processo de saúde-doença. Os determinantes são conhecidos<br />

como fatores de risco. Além de enfermidades, características<br />

fisiológicas - hipertensão arterial, nível sanguíneo de glicose,<br />

etc. -; atualmente, as doenças sociais - acidentes de trânsito,<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 27<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Atenção!<br />

O estudo da frequência<br />

envolve a colheita,<br />

o processamento,<br />

a análise e a<br />

interpretação de dados<br />

acerca da doença e<br />

dos determinantes<br />

- fatores da doença<br />

e fazer inferências<br />

biológicas e<br />

econômicas com<br />

base nesses dados.<br />

Vamos aprofundar<br />

melhor neste assunto<br />

na aula de <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong>.<br />

Fatores de risco! O que<br />

isto significa?<br />

O risco refere-se<br />

às condições de<br />

susceptibilidade<br />

individual que<br />

determinam o<br />

comportamento<br />

epidêmico das doenças<br />

infecciosas; o risco não<br />

qualifica uma condição<br />

populacional, mas,<br />

sim, indica uma relação<br />

entre fenômenos<br />

individuais e coletivos.<br />

É a probabilidade de<br />

uma pessoa ou de<br />

um grupo qualquer<br />

desenvolver uma<br />

determinada doença,<br />

de acordo com o<br />

grau de exposição a<br />

determinados agentes.<br />

violência urbana e doméstica, sexual e outras violências -, estabelecidas<br />

pela Portaria/MS 104 de 25/01/2011, são consideradas<br />

objeto de estudo da Epidemiologia.<br />

Estados ou eventos relacionados à saúde - originalmente, a Epidemiologia<br />

preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. No entanto,<br />

sua abrangência ampliou-se e, atualmente, sua área de atuação estende-se<br />

a todos os agravos à saúde.<br />

2.3 Objetivos<br />

O objetivo principal da Epidemiologia é a promoção da saúde através<br />

da prevenção de doenças, em grupos populacionais. Estes grupos populacionais<br />

podem ser os habitantes de uma área geográfica definida (município,<br />

estado ou país), os indivíduos de uma determinada faixa etária, os trabalhadores<br />

de uma indústria ou os indivíduos que estejam expostos a um fator de<br />

risco específico.<br />

O termo risco é usado para definir a chance de uma pessoa sadia,<br />

exposta a determinados fatores, ambientais ou hereditários, adquirir uma<br />

doença. Os fatores associados ao aumento do risco de se desenvolver uma<br />

doença são chamados fatores de risco. Em contrapartida, há fatores que dão<br />

ao organismo a capacidade de se proteger contra determinada doença, daí<br />

serem chamados fatores de proteção.<br />

Dois pontos devem ser enfatizados em relação aos fatores de risco:<br />

primeiro, que o mesmo fator pode ser de risco para várias doenças, por<br />

exemplo, o tabagismo, que é fator de risco para diversos cânceres e doenças<br />

cardiovasculares e respiratórias; segundo, que vários fatores de risco podem<br />

estar envolvidos na origem – gênese - de uma mesma doença (agentes causais<br />

múltiplos). O estudo dos fatores de risco, isolados ou combinados, tem<br />

permitido estabelecer relações de causa-efeito entre eles e determinados<br />

tipos de câncer.<br />

Fonte: Disponível em: http://www.sescsp.org.br/sesc/convivencia/ler/02_1_fatores.<br />

htm#Fatores. Acessado em 05 de março de 2011.<br />

A Epidemiologia aborda a ocorrência de doenças em relação:<br />

• à pessoa, procurando identificar quem adoece e determinar por<br />

que adoece;<br />

• ao lugar, procurando identificar onde a doença ocorre e determinar<br />

por que ocorre especificamente naquele lugar;<br />

• ao tempo, procurando determinar quando a doença ocorre e por<br />

que ocorre em determinada época.<br />

No que se refere à pessoa, o objetivo é identificar quais, como e<br />

por que as características de pessoas enfermas diferem das características<br />

de pessoas não enfermas. As características estudadas são:<br />

a. demográficas - sexo, idade, grupo étnico etc.;<br />

b. biológicas - nível socioeconômico, escolaridade, ocupação etc.;<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 28<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


c. hábitos pessoais - dieta, exercícios físicos, uso de álcool, uso de<br />

fumo etc.; ou<br />

d. genéticos - grupo sanguíneo, fator RH, tipo de hemoglobina etc.<br />

Com relação ao lugar, o objetivo é determinar por que, em uma<br />

área geográfica, uma enfermidade ou um grupo de enfermidades ocorre com<br />

maior frequência, quando comparadas a outras áreas geográficas.<br />

Em relação ao tempo, o interesse é determinar se ocorrem<br />

mudanças - aumento ou decréscimo - na frequência de determinada doença<br />

através do tempo, bem como compreender os mecanismos desta variação.<br />

Exemplo: maior incidência de dengue no verão, período chuvoso.<br />

Casos de leptospirose são frequentes após as enchentes etc.<br />

Figura 9: Enchente, fenômeno comum no verão, que traz vários riscos para a saúde<br />

pública.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em 18 de maio de 2011.<br />

2.3.1 Uso dos conhecimentos da Epidemiologia<br />

As informações obtidas em estudos epidemiológicos são utilizadas,<br />

juntamente com as informações de outras áreas do conhecimento, como<br />

Medicina, Genética, Biologia, Cociologia e Demografia, com os seguintes objetivos:<br />

• explicar a etiologia – causa de enfermidades -: procurar compreender<br />

e explicar o mecanismo de ação das doenças;<br />

• estudar a história natural das enfermidades: procurar entender<br />

o curso ou a sequência das diversas etapas de desenvolvimento<br />

de uma doença através do tempo;<br />

• descrever o estado de saúde das populações: a descrição é feita<br />

através das medidas de doença ou morte. Estas medidas podem<br />

ser expressas em números absolutos, proporções ou taxas;<br />

• avaliar as intervenções ou programa de saúde: investigar se<br />

ocorreram mudanças no nível de saúde da população, em decorrência<br />

do emprego de intervenções ou programas.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 29<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


2.4 Tríades epidemiológicas<br />

Figura 10: Tríades epidemiológicas.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

O agente é o fator cuja presença é essencial para a ocorrência de<br />

doenças; hospedeiro é o organismo capaz de ser infectado por um agente<br />

(doenças infecciosas); e meio ambiente é o conjunto de fatores que interage<br />

com o agente e com o hospedeiro.<br />

O processo interativo entre estes três componentes é que determinará<br />

o aparecimento e a manutenção de doenças. As interações existentes<br />

em doenças infecciosas também são observadas para as doenças não infecciosas<br />

ou não transmissíveis, como as diabetes, a hipertensão e as de causas<br />

externas (acidentes e traumas), porém os seus cuidados estão relacionados<br />

com as causas aqui citadas.<br />

Os fatores associados aos hospedeiros afetam sua suscetibilidade;<br />

os fatores associados ao meio ambiente influenciam a exposição dos hospedeiros<br />

aos agentes.<br />

2.4.1 Agente<br />

Os agentes de doenças podem ser classificados em:<br />

1. elementos nutritivos (excesso de gorduras/colesterol, deficiência,<br />

vitaminas e proteínas);<br />

2. agentes químicos (veneno, monóxido de carbono, alérgenos:<br />

medicamentos);<br />

3. agentes físicos (radiações);<br />

4. agentes infecciosos (metazoários, protozoários, bactérias, fungos<br />

e vírus).<br />

2.4.2 Hospedeiro<br />

As características dos hospedeiros que favorecem o desencadeamento<br />

de doenças estão relacionadas aos fatores demográficos (idade, sexo,<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 30<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


grupo étnico etc.), biológicos (fadiga, stress, estado nutricional etc.), sociais<br />

(dieta, exercício físico, ocupação, acesso ao serviço de saúde etc.) e à resistência,<br />

à suscetibilidade e à resposta imune.<br />

2.4.3 O meio ambiente<br />

Conjunto de fatores que mantém relações interativas entre o homem<br />

e o agente etiológico, pode ser classificado em biológico, social e físico.<br />

• Biológico - inclui reservatórios de infecção, vetores que transmitem<br />

doenças (moscas, baratas, mosquitos, triatomíneos), plantas<br />

e animais.<br />

• Social - definido em termos de organização política e econômica<br />

e da inserção do indivíduo dentro da sociedade.<br />

• Físico - situação geográfica, recursos hídricos, poluentes químicos,<br />

agentes físicos e ambientais. Temperatura, umidade e<br />

pluviosidade são variáveis climáticas que mais de perto se relacionam<br />

com as doenças.<br />

2.5 Conceitos epidemiológicos de doenças<br />

As doenças infecciosas são usualmente classificadas de acordo com<br />

o agente etiológico: protozoários, vírus, bactérias etc. Esta classificação,<br />

baseada em características biológicas do agente, é adequada sob vários aspectos,<br />

incluindo a prevenção. Entretanto, é possível classificar as doenças<br />

por suas características epidemiológicas e, muitas vezes, esta classificação<br />

apresenta vantagens na identificação de medidas preventivas.<br />

De acordo com as características epidemiológicas, as doenças infecciosas<br />

podem ser classificadas de quatro formas, dadas a seguir.<br />

2.5.1 Forma de disseminação em populações humanas<br />

Veículo comum: o agente etiológico pode ser transferido por fonte<br />

única, como a água, os alimentos e o ar; pode ser resultante de exposição<br />

simples ao agente ou de exposições continuadas por um determinado<br />

período de tempo. Exemplo: cólera, infecções alimentares. A propagação<br />

é de pessoa a pessoa - o agente é disseminado através de contatos entre<br />

indivíduos infectados e suscetíveis por via respiratória, oral-anal, genital<br />

ou por vetores; podemos citar, como exemplos, a malária, o sarampo e<br />

a AIDS.<br />

2.5.2 Porta de entrada no hospedeiro humano<br />

Trato respiratório, gastrointestinal, geniturinário, cutânea - tuberculose,<br />

febre amarela, leishmaniose, AIDS.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 31<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Doenças transmissíveis<br />

são aquelas que<br />

passam de pessoa ou<br />

animal doente para<br />

uma pessoa sadia.<br />

Doenças não<br />

transmissíveis, como<br />

o nome já diz, não<br />

passam de uma pessoa<br />

doente para a sã; é o<br />

caso do reumatismo,<br />

do câncer, da<br />

asma, das doenças<br />

cardiovasculares ou do<br />

coração.<br />

Endemia:<br />

é definida como a<br />

presença constante de<br />

uma doença em uma<br />

população definida,<br />

em uma determinada<br />

área geográfica; pode<br />

também se referir à<br />

prevalência usual de<br />

uma doença em um<br />

grupo ou em uma área.<br />

Epidemia é conceituada<br />

como a ocorrência de<br />

uma doença em uma<br />

população; caracterizase<br />

por uma elevação<br />

progressiva, inesperada<br />

e descontrolada,<br />

ultrapassando os<br />

valores endêmicos ou<br />

esperados. Nos dias de<br />

hoje, um único caso de<br />

varíola excede o valor<br />

esperado, uma vez que<br />

a doença foi erradicada<br />

2.5.3 Reservatórios dos agentes<br />

• Homens antroponoses<br />

Ex.: gripe, sarampo.<br />

• Homens e outros vertebrados: zoonoses.<br />

Ex.: as leishmanioses.<br />

2.5.4 Ciclos de agentes infecciosos na natureza<br />

• homem → homem<br />

Ex.: sarampo.<br />

• homem → hospedeiro(s) intermediário(s) → homem<br />

Ex.: malária.<br />

• Outros mais complexos incluem formas de vida livre.<br />

Ex.: esquistossomose.<br />

Figura 11: Vírus influenza, shistosoma mansoni, trypanossoma cruzi, nas formas<br />

trypomastigota e amastigota, vibrio colérico (bacilo) e o caramujo.<br />

Fonte: Arquivo do autor ; já citada a fonte neste trabalho.<br />

Uma importante característica epidemiológica de doenças é o período<br />

de incubação, definido como o intervalo entre a exposição ao agente<br />

– contato - e o aparecimento da enfermidade. As doenças infecciosas apresentam<br />

um período de incubação específico, que depende diretamente da<br />

taxa de crescimento do organismo no hospedeiro e de outros fatores, como<br />

a dose do agente infeccioso, a porta de entrada do agente e o grau de resposta<br />

imune do hospedeiro. Este mesmo conceito é aplicável às doenças não<br />

infecciosas.<br />

A dinâmica da distribuição de doenças em populações pode ocorrer<br />

em períodos epidêmicos, em períodos interepidêmicos ou esporádicos e em<br />

períodos endêmicos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 32<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


2.6 Medidas preventivas<br />

A história natural, entendida como a sequência de eventos que<br />

acontecem no desenvolvimento de uma doença, pode ser esquematizada<br />

didaticamente em quatro frases, conforme dado na figura 12.<br />

Figura 12: Representa o desenvolvimento da doença no ser humano.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

Os conhecimentos citados têm aplicações práticas, não só no emprego<br />

de terapêutica especifica como também na definição dos métodos de<br />

prevenção e de controle. As medidas preventivas podem ser divididas em<br />

três níveis, descritos a seguir.<br />

2.6.1 Prevenção primária<br />

Medidas que procuram impedir que o indivíduo adoeça, controlando<br />

os fatores de risco. Essas medidas atuam na fase em que o indivíduo<br />

encontra-se sadio ou suscetível. Podem ser:<br />

• primordiais - moradia adequada, alimentação em qualidade e<br />

quantidade suficiente para manter o estado nutricional, saneamento<br />

ambiental – tratamento de água, esgoto e lixo, escolas,<br />

áreas de lazer; e<br />

• específicas – imunização, equipamentos de segurança, uso de<br />

camisinha, proteção contra acidentes, medidas de controle de<br />

vetores e outras .<br />

2.6.2 Prevenção secundária<br />

Medidas aplicáveis a indivíduos que já se encontram sob a ação<br />

do agente patogênico - fase subclínica ou clínica. Essas medidas procuram<br />

impedir que a doença desenvolva-se para estágios mais graves, que deixe<br />

sequelas ou que provoque morte; inclui diagnóstico e tratamento precoces.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 33<br />

Algumas doenças<br />

endêmicas podem,<br />

eventualmente,<br />

manifestarem-se em<br />

surtos epidêmicos.<br />

Surto:<br />

tipo de epidemia<br />

em que os casos<br />

restringem-se a uma<br />

área geográfica pequena<br />

e bem delimitada<br />

ou a uma população<br />

institucionalizada<br />

(creches, quartéis,<br />

escolas etc.).<br />

As epidemias, quando<br />

ocorrem ao mesmo<br />

tempo em vários<br />

países, são conhecidas<br />

como pandemias.<br />

A peste bubônica,<br />

na Idade Média, e a<br />

gripe espanhola são<br />

exemplos de pandemias<br />

que ocorreram<br />

na Humanidade.<br />

Atualmente, a AIDS<br />

e a H1N1, por serem<br />

epidêmicas em vários<br />

países, são consideradas<br />

pandemias.<br />

Suscetibilidade:<br />

falta de defesas de<br />

um hospedeiro, em<br />

grau adequado, contra<br />

um agente etiológico<br />

particular.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Transmissão aerógena<br />

realiza-se por meio de<br />

pequenas partículas,<br />

entre dois e dez micra<br />

de tamanho, contendo<br />

um ou dois bacilos.<br />

2.6.3 Prevenção terciária<br />

Consiste na prevenção da incapacidade por meio de medidas destinadas<br />

à reabilitação, aplicadas na fase em que esteja ocorrendo ou já tenha<br />

ocorrido a doença. Entende-se como o processo de reeducação e readaptação<br />

de pessoas acometidas por acidentes ou que estejam com sequelas<br />

decorrentes de alguma doença; inclui reabilitação - impedir incapacidade<br />

total, fisioterapia e terapia ocupacional.<br />

2.6.4 Conceitos básicos em Epidemiologia<br />

Suscetibilidade, resistência do hospedeiro, imunidade, infectividade,<br />

patogenicidade, virulência, capacidade imunogênica, resistência do<br />

agente, infecção, infestação, período de incubação, período pré-patente,<br />

período de transmissibilidade, período prodrômico, fonte de infecção, portador,<br />

reservatório, vias de eliminação, vias de transmissão, vetor, vetor biológico,<br />

portas de entrada, prevenção, controle, erradicação, vacina, soro<br />

hiperimune, incidência, prevalência, promoção da saúde, vigilância epidemiológica,<br />

zoonose e antropozoonose.<br />

I. Resistência do hospedeiro - conjunto de defesas específicas<br />

e inespecíficas do hospedeiro contra a entrada, a multiplicação<br />

e a ação lesiva de um agente etiológico ou de seus<br />

produtos tóxicos.<br />

II. Imunidade - estado de resistência específico de um hospedeiro<br />

contra um determinado agente, ligado a fatores<br />

humorais - mediados por anticorpos -, fatores teciduais -<br />

mediado por células - ou a ambos.<br />

III. Infectividade - é a habilidade de um micro-organismo instalar-se<br />

e multiplicar-se ou desenvolver-se no organismo de<br />

um hospedeiro, independentemente da ação lesiva que lhe<br />

possa acarretar.<br />

IV. Patogenicidade - é a capacidade de um agente infeccioso<br />

causar doença num hospedeiro suscetível.<br />

V. Virulência - capacidade do agente etiológico de produzir<br />

doença com maior ou menor gravidade. É avaliada em<br />

termos do grau de severidade do agravo provocado pelo<br />

agente da doença.<br />

VI. Capacidade imunogênica - é o potencial do agente em<br />

provocar, no hospedeiro, um estímulo imunitário específico.<br />

VII. Resistência do agente - é a habilidade do agente em<br />

superar as adversidades do ambiente, especificamente<br />

as influências deletérias do meio exterior, quando em<br />

ausência de parasitismo, isto é, fora do organismo do<br />

hospedeiro.<br />

VIII. Infecção - processo caracterizado pela invasão do organismo<br />

do hospedeiro por um agente biológico e sua subsequente<br />

multiplicação.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 34<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


IX. Infestação - processo caracterizado pela colonização de<br />

agentes de doença, uni ou pluricelulares, na superfície<br />

do corpo dos hospedeiros, inclusive mucosas.<br />

X. Período de incubação - intervalo de tempo que decorre<br />

desde o momento em que o agente etiológico se instala<br />

no organismo do hospedeiro até o início dos primeiros<br />

sinais ou sintomas clínicos da doença.<br />

XI. Período pré-patente - espaço de tempo entre o momento<br />

em que se deu a infecção ou a infestação do hospedeiro<br />

e a detecção do agente em seus tecidos, secreções<br />

ou excreções.<br />

XII. Período de transmissibilidade - intervalo de tempo durante<br />

o qual um indivíduo infectado é capaz de eliminar<br />

o agente etiológico ao meio externo, seja qual for o mecanismo<br />

de transmissão envolvido, contanto que torne<br />

possível a sua transmissão a outro hospedeiro.<br />

XIII. Período prodrômico - espaço de tempo que se estende<br />

desde o momento em que surgem as primeiras manifestações<br />

ainda pouco definidas da doença até que os sinais<br />

e os sintomas característicos da doença tornem-se claramente<br />

definidos, possibilitando o diagnóstico.<br />

XIV. Fonte de infecção - hospedeiro vertebrado que alberga em<br />

seu organismo um agente infeccioso e é capaz de eliminá-lo<br />

e, consequentemente, transmiti-lo a outro hospedeiro.<br />

XV. Portador - hospedeiro que está albergando e eliminando um<br />

agente de doença em ausência de qualquer manifestação<br />

que possa ser caracterizada como indicativo de alteração<br />

da saúde, atribuível à presença do aludido agente infeccioso<br />

em seu organismo.<br />

XVI. Reservatório - considerada uma espécie principal, objeto<br />

da ação sanitária; os demais vertebrados capazes de atuar<br />

como fonte de infecção no processo de disseminação de<br />

uma determinada doença são considerados como reservatórios.<br />

XVII. Vias de eliminação - meio através do qual o agente abandona<br />

seu hospedeiro para alcançar o meio exterior e, assim, o<br />

novo hospedeiro. Ex: secreções oro nasais, secreção láctea,<br />

fezes etc.<br />

XVIII. Vias de transmissão - mecanismos dos quais se valem os<br />

agentes das doenças transmissíveis para se transferirem de<br />

um hospedeiro fonte da infecção a um hospedeiro suscetível.<br />

Ex: contágio; transmissão aerógena; transmissão pelo<br />

solo, pela água, por alimentos, por vetores etc.<br />

XIX. Transmissão aerógena realiza-se por meio de pequenas partículas,<br />

entre 2 e 10 micra de tamanho, contendo 1 ou 2<br />

bacilos.<br />

XX. Vetor - é um invertebrado que transfere, de forma ativa,<br />

um agente infeccioso de uma fonte de infecção a um hospedeiro<br />

suscetível.<br />

XXI. Vetor biológico - é um invertebrado que tem participação<br />

ativa no processo de transmissão, retira o agente da fonte<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 35<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


de infecção, oferece-lhe condições de sobrevivência (abrigo,<br />

multiplicação e/ou evolução) e, por fim, o conduz ao<br />

novo hospedeiro, colocando-o em sua superfície ou inoculando-o.<br />

Ele é essencial no processo epidemiológico. Uma<br />

vez erradicado, desaparece a doença que transmite.<br />

XXII. Portas de entrada - são os pontos ou locais de penetração<br />

do agente no hospedeiro. Ex: mucosas do trato respiratório,<br />

digestivo, geniturinário e conjuntiva ocular; pele, feridas etc.<br />

XXIII. Prevenção - conjunto de medidas que visa prevenir ou<br />

atenuar as doenças, suas complicações e consequências.<br />

XXIV. Controle - conjunto de medidas ou ações empregadas<br />

com o objetivo de reduzir a frequência da ocorrência<br />

de uma doença já presente na população, até que esta se<br />

detenha em níveis compatíveis com a realidade existente.<br />

XXV. Erradicação - extirpar-se, de arrancar, conjunto de ações<br />

dirigidas com fins específicos de eliminar uma doença de<br />

um determinado território.<br />

XXVI. Vacina - substância contendo micro-organismos completos,<br />

vivos ou inativados, frações deles dotadas de propriedade<br />

antigênicas ou de produtos de seus metabolismos. A vacina<br />

é utilizada com a finalidade de provocar no hospedeiro uma<br />

resposta imunitária específica contra um agente infeccioso<br />

em particular.<br />

XXVII. Soro hiperimune - soro sanguíneo de animais imunizados,<br />

contendo teor elevado de anticorpos contra determinado<br />

agente, empregado em terapêutica para produzir imunidade<br />

passiva.<br />

XXVIII. Incidência - número de casos novos de uma doença constatado<br />

dentro de uma determinada população durante um<br />

período de tempo especificado, dando uma ideia da dinâmica<br />

de sua propagação.<br />

XXIX. Prevalência - número de casos clínicos ou de portadores<br />

existentes em um determinado momento em uma comunidade,<br />

dando uma ideia estática da ocorrência do fenômeno.<br />

XXX. Promoção da saúde - conjunto de ações inespecíficas de<br />

prevenção que busca, em essência, a melhoria da qualidade<br />

de vida e, portanto, o bem-estar social.<br />

XXXI. <strong>Vigilância</strong> epidemiológica - conjunto de procedimentos de<br />

natureza sistemática e permanente, por meio do qual tomamos<br />

conhecimento dos eventos relacionados à presença<br />

de doenças e aos respectivos meios de combate em uma<br />

determinada área geográfica.<br />

XXXII. Zoonose - doenças e infecções que são naturalmente transmitidas<br />

entre animais vertebrados e o homem.<br />

XXXIII. Antropozoonose - doença primária de animas que pode ser<br />

transmitida ao homem. Ex: brucelose, raiva, leishmaniose etc.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 36<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• que a Epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública<br />

voltada para a compreensão do processo de saúde-doença de<br />

populações, bem como para o desenvolvimento de estratégias<br />

por meio de ações voltadas para a proteção, a promoção, o tratamento<br />

e a recuperação da saúde;<br />

• como ciência, a Epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal;<br />

• o termo Epidemiologia é originário de grego clássico: epi = sobre<br />

+ demos = povo + logos = conhecimento;<br />

• o objetivo principal da Epidemiologia é a promoção da saúde por<br />

meio da prevenção de doenças em grupos populacionais;<br />

• que a tríade epidemiológica compreende o agente, o hospedeiro<br />

e o meio ambiente;<br />

• as formas de disseminação das doenças pode ser por veículo comum<br />

- a água, os alimentos, o ar -; por exposição simples ao agente<br />

ou por exposições continuadas; pela propagação de pessoa a pessoa<br />

- o agente é disseminado por meio de contatos entre indivíduos<br />

infectados e suscetíveis;<br />

• a porta de entrada no hospedeiro humano pode ser pelo trato<br />

respiratório, gastrointestinal, geniturinário ou cutâneo;<br />

• que as medidas preventivas podem ser: primárias, secundárias<br />

e terciárias.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. Diante de tantos conceitos de Epidemiologia, qual você descreve?<br />

2. Qual a diferença entre Epidemiologia como disciplina e como ciência?<br />

3. Qual o objetivo da Epidemiologia?<br />

4. As informações obtidas em estudos epidemiológicos são utilizadas juntamente<br />

com as informações de outras áreas do conhecimento, como Medicina,<br />

Genética, Biologia, Sociologia e Demografia, com quais objetivos?<br />

5. A tríade epidemiológica compreende quais elementos?<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 37<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


6. Como os agentes de doenças podem ser classificados?<br />

7. Quais são os agentes químicos?<br />

8. Cite os agentes infecciosos.<br />

9. Como se dá a transmissão das doenças?<br />

10. Quais as formas de disseminação dos agentes nas populações humanas?<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 38<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 3 - Quadro Digital demográfico e sanitário<br />

brasileiro<br />

Objetivos<br />

• Conhecer os dados demográficos e sanitários do Brasil.Refletir<br />

sobre indicadores de saúde e de mortalidade infantil.Descrever<br />

os índices de cobertura populacional e/ou de domicílios em relação<br />

ao abastecimento de água, esgoto, lixo e de moradia.<br />

3.1 Introdução<br />

É preciso conhecer as informações demográficas e sanitárias de<br />

determinado território (continente, país, região, município, vila ou povoado,<br />

entre outros) para planejar e desenvolver as políticas públicas de intervenção<br />

local. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, por meio<br />

dos censos demográficos, produz informações fidedignas que permitem conhecer<br />

essas realidades locais. Essas informações são imprescindíveis para a<br />

definição de políticas públicas e para a tomada de decisões de investimento,<br />

sejam eles oriundos da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo.<br />

3.2 População<br />

Segundo o IBGE, censo 2010, a população brasileira é de 190.755.799<br />

habitantes e encontra-se irregularmente distribuída em um território de 8,5<br />

milhões de Km 2 , com um quantitativo de municípios em cada estado e em<br />

cada região muito variável. A região mais populosa é o Sudeste, que concentra<br />

80.864.410 habitantes (42,39% da população total do país). As menos populosas<br />

são o Norte, com 15.864.454 habitantes, e o Centro-Oeste, com um<br />

pouco mais de 12 milhões de habitantes. O Nordeste, segunda região mais<br />

populosa, tem 53.081.950 habitantes, e o Sul tem 27,3 milhões habitantes, o<br />

que representa 14,9% da população total do país.<br />

Com essa população, o Brasil está entre os países mais populosos<br />

do mundo, ocupando o 5º lugar, ficando atrás da China - 1,3 bilhões -, da<br />

Índia - 1,1 bilhões -, dos Estados Unidos – 314 milhões - e da Indonésia, com<br />

229 milhões.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

39<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 13: A população do Brasil continua crescendo, porém, em menor ritmo.<br />

Fonte: Disponível em http://www.brasilescola.com/brasil/a-popula. Acesso em 19 de maio de 2010.<br />

Com a melhoria da qualidade de vida determinada por vários fatores,<br />

a população brasileira está vivendo mais. O idoso com 80 anos ou mais<br />

chega aos 2.935.585, deste total, 1.802.463 (61,4%) são mulheres; isto prova<br />

que elas estão vivendo mais, pois, quando buscamos os dados de menos de<br />

um ano, os homens são a maioria, 1.378.532 (50,8%), e 1.334.712 são do sexo<br />

feminino (49,2%).<br />

Minas Gerais é o estado com maior número de pessoas que estão<br />

vivendo 80 anos ou mais, 330.042 pessoas, sendo 202.348 mulheres e 127.694<br />

homens.<br />

Veja na figura a seguir a evolução da população brasileira nos últimos<br />

12 censos demográficos realizados pelo IBGE; a população residente e a<br />

taxa média de crescimento anual.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 40<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 14: Datas de realização dos censos, população residente e taxa média de<br />

crescimento anual encontradas.<br />

Fonte: Disponível em < http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.<br />

php?id_noticia=1866&id_pagina=1>. Acesso em 19 de maio de 2011.<br />

Como mostra a figura 14, de 1872 a 1960, a taxa de crescimento<br />

oscilou, mas sempre no sentido crescente; de 1960 a 2010, esta taxa tem<br />

decrescido de 2,99 a 1,17, respectivamente. Isto nos mostra que as famílias<br />

brasileiras estão menores a cada dia e, se continuar neste ritmo, em poucas<br />

décadas, teremos um decrescimento populacional, ou seja, o país terá<br />

população de idosos maior do que as crianças e, naturalmente, vai se morrer<br />

mais e se nascer menos.<br />

As informações demográficas produzidas pelos censos permitiram<br />

e permitem conhecer a distribuição territorial e as principais características<br />

das pessoas e dos domicílios, bem como acompanhar a sua evolução ao<br />

longo do tempo; é baseando-se nestas informações que os gestores públicos<br />

e privados planejaram e devem continuar planejando adequadamente o uso<br />

sustentável dos recursos.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 41<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


3.3 Água, esgoto e lixo<br />

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE -,<br />

apenas 62,6% dos domicílios urbanos brasileiros têm acesso à rede de água,<br />

de esgoto e à coleta de lixo, simultaneamente.<br />

Quando se trata exclusivamente do abastecimento de água, o índice<br />

é bem melhor do que 93,5%.<br />

Figura 15: Reservatório de água para distribuição em domicílios.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

A coleta de lixo, feita diretamente em 98,5% dos domicílios, está<br />

presente em todos os municípios brasileiros, com pouca variação entre as<br />

regiões, com exceção do Nordeste, que fica abaixo da média nacional, com<br />

95,8% de acesso ao serviço. Você pode observar em sua cidade que a coleta<br />

é feita, porém a destinação é muito ruim, a maioria dos aterros sanitários,<br />

hoje, não passa de lixão, fonte geradora de doenças.<br />

Figura 16: “Aterro sanitário” (lixão) da maioria das cidades brasileiras.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 42<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


A partir do momento em que associamos esses serviços à qualidade<br />

de vida da população, percebemos que é preciso melhorar, e muito, para<br />

alcançar níveis altos dessa qualidade de vida que o Brasil almeja.<br />

Os estudos confirmam que, quanto menor o rendimento da família, pior<br />

é a situação em que ela se encontra em termos de acesso ao saneamento básico.<br />

Apesar de o Brasil ter alcançado a meta do milênio de levar água<br />

potável a praticamente todos os brasileiros (93,5% dos domicílios contam com<br />

água canalizada), ainda faltam cinco anos para atingir a meta prevista para<br />

o acesso à rede de esgoto. As melhorias na área de saneamento ambiental,<br />

nos últimos anos, têm recebido recursos da Fundação Nacional de Saúde e<br />

da Caixa Econômica Federal, porém está ocorrendo de foram desigual entre<br />

as regiões do país, tendo beneficiado mais famílias de renda mais elevadas e<br />

brancos, segundo o IPEA (2007 -http://desafios2.ipea.gov.br/003/00301009).<br />

3.4 Mortalidade infantil<br />

Figura 17: Crianças vivendo em condições sub-humanas.<br />

Fonte: Arquivo do autor. Joaquim Francisco de Lima<br />

A taxa de mortalidade infantil é obtida por meio do número de<br />

crianças de um determinado território que morre antes de completar 1 ano<br />

de idade, a cada mil nascidas vivas. Dado importante para avaliar a qualidade<br />

de vida, pois, por meio dele, é possível obter informações sobre a eficácia<br />

dos serviços públicos, tais como: saneamento básico, sistema de saúde,<br />

disponibilidade de remédios e vacinas, acompanhamento médico, educação<br />

maternidade, alimentação adequada, entre outros (IBGE, 2010).<br />

A mortalidade infantil é um problema social que ocorre em todo o<br />

mundo, sendo de maior intensidade nas regiões mais pobres, e está ligada<br />

aos fatores citados no parágrafos anteriores.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 43<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Para consultar a tabela<br />

de mortalidade infantil<br />

nos estados em 2010<br />

acesse: .<br />

http://www.bbc.co.uk/<br />

portuguese/noticias<br />

/2010/05/100524_<br />

mortalidadeinfantil_<br />

ba.shtml.<br />

Para maiores<br />

informações, acesse o<br />

resultado da pesquisa<br />

do Ipea. http://<br />

gazetadejoinville.<br />

blogspot.com/2008/10/<br />

um-raio-x-alarmanteda-moradia-dos.<br />

html e .<br />

Os países que conquistaram as menores taxas de mortalidade infantil<br />

são desenvolvidos – Finlândia, Islândia, Japão, Noruega e Suécia -, com 3<br />

mortes a cada mil nascidos, e os piores são os países pobres com destaque<br />

para o Afeganistão, com pior taxa média, de 154 óbitos por mil nascidos<br />

vivos.<br />

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –<br />

IBGE -, a mortalidade infantil no Brasil está em declínio; na última década, a<br />

média passou de 33,5, em 1998, para 19,88 crianças mortas por mil nascidas<br />

vivas, em 2010. A pior região é a Nordeste, com 33,2, e a de melhor taxa é<br />

a Sudeste, com 15,5.<br />

Não precisa analisar muito para perceber que a região Nordeste,<br />

que se encontra com a maior taxa de mortalidade, tem uma enorme diversidade<br />

sociopolítica e econômica. Faz-se necessárias políticas públicas mais<br />

igualitárias (saneamento ambiental, geração de emprego e renda, entre outros)<br />

para alcançar índices aceitáveis.<br />

Segundo o estudo, apesar da redução da taxa de mortalidade, o<br />

Brasil está distante de atingir a média estipulada para as Metas de Desenvolvimento<br />

do Milênio, desenvolvidas pela Organização das Nações Unidas – ONU<br />

-, que preconiza, em 2015, ano de divulgação dos resultados do documento,<br />

que a taxa de mortalidade infantil brasileira será de 18 crianças mortas por<br />

mil nascidas vivas, sendo que a meta a ser atingida é de 15 crianças.<br />

Dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH)/SUS indicam<br />

que, nos últimos dez anos, ocorreram, no Brasil, cerca de 700.000 internações<br />

hospitalares anuais provocadas por doenças relacionadas com a falta<br />

ou com a inadequação de saneamento, e a diarreia é a principal doença<br />

relacionada ao saneamento inadequado. Conforme dados do Sistema de Monitorização<br />

das Doenças Diarreicas Agudas (MDDA) da Secretaria de <strong>Vigilância</strong><br />

em Saúde – SVS/MS - são monitoradas, em média, anualmente, cerca de<br />

1,5 milhões de casos de diarreias agudas.<br />

3.5 Moradia<br />

Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad -, divulgado<br />

pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea -, em 2007, em<br />

todo o Brasil, 54 milhões de pessoas, o equivalente a 34,5% da população<br />

urbana, ainda vivem em condições de moradia inadequadas.<br />

Os principais problemas habitacionais, segundo o Ipea, estão relacionados<br />

ao grande adensamento de pessoas, ao ônus excessivo com o pagamento<br />

de aluguel, à proliferação de assentamentos precários e aos casos de<br />

mais de uma família vivendo em uma mesma residência.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 44<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu que:<br />

• a população brasileira é de 190.755.799 habitantes;<br />

• a região mais populosa é o Sudeste, que concentra 42,39% dos<br />

habitantes da população total do país, e a menos populosa é o<br />

Centro-Oeste, com um pouco mais de 12 milhões de habitantes;<br />

• o Brasil é o 5º país mais populosos do mundo;<br />

• 93,5% da população brasileira conta com rede de abastecimento<br />

de água; 60% conta com esgoto; e, em 98,5% dos domicílios urbanos,<br />

a coleta de lixo é feita diretamente nos domicílios;<br />

• a taxa de mortalidade infantil é obtida por meio do número de<br />

crianças de um determinado território que morre antes de completar<br />

1 ano de idade, a cada mil nascidas vivas, e que a média<br />

da taxa brasileira é de 19,8%;<br />

• a mortalidade infantil é um problema social que ocorre em todo<br />

o mundo, sendo de maior intensidade nas regiões mais pobres,<br />

e estão ligadas aos fatores sociais, como: falta de água potável,<br />

esgotamento sanitário e coleta de lixo adequados, baixa escolaridade<br />

dos pais, deficiência na atenção à saúde, entre outros);<br />

• no Brasil, 54 milhões de pessoas ainda vivem em condições de<br />

moradia inadequadas.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. Conforme o censo 2010, qual é a população brasileira?<br />

2. Minas Gerais é o estado com mais de 2002 mil mulheres com 80 anos ou<br />

mais; no seu ponto de vista, o que tem favorecido as mulheres viverem<br />

mais do que os homens?<br />

3. Observando o quadro demográfico da população e a taxa média geométrica,<br />

em sua opinião, o que tem levado ao decrescimento dessas taxas?<br />

4. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE -, apenas<br />

62,6% dos domicílios urbanos brasileiros têm acesso à rede de água e<br />

esgoto e à coleta de lixo, simultaneamente, e, na sua cidade, qual é este<br />

índice? (Faça uma visita ao setor de serviços urbanos, SAAE, Copasa,<br />

setor de epidemiologia etc.; lembrem-se de que o sistema de fossa também<br />

conta como destinação de esgoto).<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 45<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


5. Qual a taxa de mortalidade infantil em seu município?<br />

6. Quais os fatores que têm influenciado nesses resultados referentes à<br />

“mortalidade infantil” em seu município?<br />

7. Quais os principais problemas habitacionais segundo o IPEA?<br />

8. Na sua cidade, existe déficit habitacional?<br />

9. Quais os problemas relacionados?<br />

10. Vá até a plataforma virtual, entre em contato com seus colegas e verifique<br />

como é esta situação em seus municípios, em relação ao conteúdo<br />

da aula.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 46<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 4 - Organização Digital do Sistema de Saú-<br />

de no Brasil<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja<br />

capaz de:<br />

• descrever o processo histórico do SUS;<br />

• identificar os princípios e as diretrizes do SUS;<br />

• conceituar os níveis de atenção à saúde.<br />

4.1 Introdução<br />

Antes da criação do Sistema Único de Saúde – SUS -, a saúde não era<br />

considerada um direito social. O modelo de saúde adotado até então dividia<br />

os brasileiros em três categorias:<br />

• os que podiam pagar pelos serviços de saúde privados;<br />

• os que tinham direito à saúde pública por serem segurados pela<br />

Previdência Social - trabalhadores com carteira assinada e seus<br />

dependentes; e<br />

• os que não possuíam direito algum, que eram assistidos nos casos<br />

extremos nas santas casas de misericórdia.<br />

4.2 O processo histórico do SUS<br />

O processo do SUS começou em meado dos anos 1970 e inicio dos<br />

anos 1980, com o movimento sanitário, que reuniu diferentes lideranças e<br />

organizações sindicais, populares, associações de classe, comunidades religiosas<br />

e outras entidades que lutavam pela democratização do país; tinha<br />

como proposta a restauração do estado de direito. Estado que garantisse as<br />

liberdades democráticas e assegurasse os direitos do cidadão, entre os quais,<br />

o direito à saúde (SUS, 2003).<br />

Essa mobilização ficou conhecida como Movimento pela Reforma<br />

Sanitária Brasileira.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

47<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Movimento Sanitário:<br />

Concebia a construção<br />

de uma política de<br />

saúde que construísse<br />

um sistema de<br />

acesso universal,<br />

descentralizado e<br />

regionalizado, e que<br />

fosse controlado<br />

democraticamente pela<br />

população organizada.<br />

Figura 18: Reunião do Movimento Sanitário em Brasília.<br />

Fonte: Disponível em . Acessado em 20 de maio de 2011.<br />

Em 1986, em Brasília, 4 mil delegados, representantes do governo<br />

federal, dos estados e dos municípios, além de muitos delegados indicados<br />

pelos movimentos sociais, fizeram parte da 8ª Conferência Nacional de Saúde<br />

e aprovaram o relatório final com as propostas idealizadas e/ou concebidas<br />

anteriormente. Relatório este que subsidiou os parlamentares, eleitos<br />

em 1986, nos debates na Assembleia Nacional Constituinte.<br />

Figura 19: Plenária da 8ª Conferência Nacional de Saúde em Brasília – DF.<br />

Fonte: disponível em < www.google.com.br/search?tbm=isch&hl=pt> sejarealista.wordpress.com>.<br />

Acessado em 24 de maio de 2011.<br />

1987 - Inicia-se a criação do Sistema Unificado e Descentralizado de<br />

Saúde – SUDS -, com experiência em algumas cidades, como Londrina (PR),<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 48<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Campinas (SP) e Niterói (RJ), concretizando o primeiro movimento na direção<br />

da descentralização e da hierarquização.<br />

1988 - A Constituição Federal estabelece os princípios de universalização<br />

do direito à saúde e ao atendimento médico gratuito como deveres do Estado.<br />

Rede regionalizada e hierarquizada. Criação do Fundo de Seguridade Social.<br />

1990 - Criação do Conselho Nacional de Saúde (7 de agosto de 1990).<br />

Figura 20: Reunião do Conselho Nacional de Saúde.<br />

Fonte: Disponível em < http://www.google.com.br/search?tbm=isch&hl=pt-BR&source=hp&biw=13<br />

66&bih=668&q=conselho+nacional+de+sa%C3%BAde&gbv=2&aq=1&aqi=g10&aql=&oq=conselho+na.<br />

Acesso em 24 de maio de 2011.<br />

1990 – Cria-se a Lei Orgânica da Saúde – LOS - (Lei 8.080/90), que<br />

dispõe sobre a criação do Serviço Único de Saúde – SUS - e estabelece o<br />

conjunto de ações que deve ser seguido por instituições públicas, federais,<br />

estaduais e municipais. Ainda em 1990, a Conferência de Saúde e o Conselho<br />

de Saúde regulamentam a participação da comunidade na gestão do SUS -<br />

Lei 8142/90.<br />

Figura 21: Logomarca do Sistema Único de Saúde.<br />

Fonte: Disponível em < www.google.com.br/search?tbm=isch&hl=pt->


O SUS vem se consolidando em um dos maiores sistemas públicos de<br />

saúde do mundo, constituindo um projeto social único que se materializa por<br />

meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros<br />

(www.saude.gov.br).<br />

4.3 Princípios e diretrizes do SUS<br />

O SUS está sustentado em seus princípios finalísticos e em suas diretrizes<br />

estratégicas:<br />

• a universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os<br />

níveis de assistência;<br />

• a equidade, que implica em identificar as necessidades sociais<br />

e de serviços de saúde dos diversos grupos da população, bem<br />

como em reorganizar os serviços e redistribuir os recursos de<br />

forma que atendam aos diversos grupos; a integralidade - diz<br />

respeito às ações possíveis para a promoção da saúde, prevenção<br />

de riscos e agravos e assistência a doentes. Entendida<br />

também como conjunto articulado e contínuo das ações e dos<br />

serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos<br />

para cada caso, em todos os níveis de complexidade do<br />

sistema;<br />

• a descentralização – processo de transferência de poder e responsabilidades<br />

do nível central para os níveis estaduais, municipal<br />

e distrital. Trata também da transferência de recursos financeiros,<br />

de materiais e de pessoas;<br />

• a participação social – garantida mediante a atuação dos conselhos<br />

e nas conferências de saúde em todos os níveis (nacional,<br />

estadual e municipal).<br />

Aos princípios e às diretrizes estratégicas para o processo de<br />

construção do SUS, acrescentam:<br />

• a regionalização – que implica na delimitação de uma base<br />

territorial que leva em conta a divisão político-administrativa<br />

do país, da região, do estado, do município, da localidade, do<br />

espaço para a organização das ações de saúde;<br />

• a hierarquização – forma de organização das unidades de<br />

saúde de acordo com o grau de complexidade tecnológica dos<br />

serviços e implica no estabelecimento de uma rede que articula<br />

as unidades mais simples às mais complexas, por meio<br />

de um sistema de referência e contra a referência do usuário<br />

e de informações; e<br />

• a integração entre as ações promocionais, preventivas e curativas.<br />

Articulação entre as vigilâncias sanitária, epidemiológica,<br />

ambiental e atenção à saúde (SUS, 2003).<br />

O SUS é organizado como uma rede regionalizada e hierarquizada e<br />

com as diretrizes de descentralização, com direção única em cada esfera de<br />

governo (CF. Art. 198).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 50<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


O Ministério da Saúde - MS - é o órgão máximo que, em linhas gerais,<br />

comanda e delega funções às demais secretarias para a implantação das<br />

decisões do governo federal. E, para melhor funcionamento do SUS, foram<br />

criadas várias secretarias no MS.<br />

Para conhecê-las, acesse o site www.saude.gov.br, assim, você irá<br />

entender melhor a hierarquia do SUS, até chegar às unidades básicas de saúde,<br />

onde funcionam as equipes de Estratégia de Saúde da Família.<br />

4.4 Os níveis de atenção à saúde<br />

4.4.1 Atenção primária à saúde ou nível primário<br />

Centros de saúde, postos de saúde, unidades e saúde da família<br />

constituem o primeiro nível de atenção à saúde, de acordo com o modelo<br />

adotado pelo SUS. Engloba um conjunto de ações de caráter individual<br />

ou coletivo, que envolve a promoção da saúde, a prevenção de doenças,<br />

o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação dos pacientes. Neste nível<br />

da atenção à saúde, o atendimento aos usuários deve seguir uma cadeia<br />

progressiva, garantindo o acesso aos cuidados e às tecnologias necessárias<br />

e adequadas à prevenção e ao enfrentamento das doenças, para o<br />

prolongamento da vida.<br />

Figura 22: Atendimento na atenção primária - estratégia da Saúde da Família.<br />

Fonte: Disponível em fiocruz.br>. Acesso em 24 de maio de 2011.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 51<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 23: Saúde bucal.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em 22 de maio de 2011.<br />

4.4.2 Média complexidade ou nível secundário<br />

Compõe-se por ações e serviços que visam atender aos principais<br />

problemas de saúde e agravos da população, cuja prática clínica demande<br />

disponibilidade de profissionais especializados e o uso de recursos tecnológicos<br />

de apoio diagnóstico e terapêutico. Policlínicas, NASF, hospitais locais,<br />

laboratórios, bancos de sangue, dentre outras referências municipais.<br />

Figura 24: Unidade Primária de Atenção à Saúde, que funciona 24 horas com várias<br />

especialidades.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em 24 de maio de 2011.<br />

4.4.3 Alta complexidade ou nível terciário<br />

Policlínicas especializadas, hospitais gerais, hospitais de base, diagnóstico<br />

por imagens. Referência estadual e nacional. Lugares estes que realizam<br />

um conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta<br />

tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população acesso a serviços<br />

qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde - atenção<br />

primária e de média complexidade (SUS, 2003).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 52<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 25: Hospital de referência em Fortaleza - CE.<br />

Fonte: Disponível em < WWW.google.com.br> . Acesso em 24 de<br />

maio de 2011.<br />

4.4.4 Nível quaternário<br />

Hospitais universitários, hospitais especializados, laboratórios de<br />

engenharia genética, entre outros. Aqui, trata-se de referência nacional e<br />

internacional (SUS, 2003).<br />

O SUS é um sistema de saúde em construção, porém, existem alguns<br />

gargalos a serem superados, começando pelo financiamento que está<br />

dependendo da regulamentação da Emenda Constitucional 29; a correção da<br />

tabela de pagamento dos serviços/procedimentos; o plano nacional de carreira<br />

do SUS para todos os trabalhadores da rede; a construção de hospitais<br />

regionais com economia de escala 100% SUS, para se libertar das algemas dos<br />

conveniados e filantrópicos; a capacitação e a formação dos profissionais em<br />

humanização e cidadania, em especial os profissionais médicos que, hoje,<br />

aparecem nos centros dos debates, como o profissional com maior dificuldade<br />

para integrar a rede por não aderir os princípios do SUS; inverter a prioridade<br />

do modelo de assistência do curativo para o preventivo, fortalecendo,<br />

assim, a atenção primária à saúde e às vigilâncias.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• que o SUS surgiu do movimento sanitário, que reuniu diferentes<br />

lideranças e organizações sindicais, populares, associações de<br />

classe e comunidades religiosas;<br />

• que o SUS está garantido na Constituição Federal de 88, na Lei<br />

Orgânica 8080/90 e na Lei 8142/90;<br />

• que o Sistema Único de Saúde sustenta-se nos princípios da universalidade,<br />

da equidade e da integralidade e nas diretrizes da<br />

descentralização, da participação social, da regionalização, da<br />

hierarquização e da integração;<br />

• que o sistema de saúde está organizado em quatro níveis: primário,<br />

secundário, terciário e quaternário;<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 53<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


• que o SUS é uma política de governo em construção e que precisa<br />

resolver alguns gargalos, entre eles, o financiamento, a gestão<br />

de pessoas e o plano de carreira do SUS.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. Descreva os fatos que você acredita serem mais importantes no processo<br />

histórico do SUS.<br />

2. Quais são os princípios finalísticos do SUS?<br />

3. Quais as diretrizes que implicam na delimitação do território e na organização<br />

das unidades de saúde?<br />

4. A participação social é garantida em quais órgãos e em qual esfera de<br />

governo?<br />

5. No seu entendimento, o Conselho Municipal de Saúde do seu município é<br />

atuante ou não, por que?<br />

6. Descreva os níveis de atenção à saúde.<br />

7. No seu município, onde ocorre a atenção primária à saúde?<br />

8. A alta complexidade são os serviços especializados; onde esses serviços<br />

são oferecidos para os usuários do seu município?<br />

9. Descreva os pontos positivos do SUS (você deve pensar desde os agentes<br />

comunitários de saúde, os agentes de controle das endemias, os postos<br />

de saúde até o hospital de referência).<br />

10. O que poderia ser melhorado? (Entre na plataforma virtual, participe<br />

dos fóruns para debater o assunto com seus colegas e com o professor<br />

formador).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 54<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 5 - Noções Digital básicas sobre <strong>Vigilância</strong><br />

Sanitária - VISA<br />

Objetivos<br />

• Conceituar a <strong>Vigilância</strong> Sanitária.Identificar o seu objetivo.Descrever<br />

as tarefas da <strong>Vigilância</strong> Sanitária.<br />

• Listar as áreas de atuação da VISA.<br />

5.1 Conceito<br />

<strong>Vigilância</strong> Sanitária - VISA - é um conjunto de ações capaz de eliminar,<br />

diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários<br />

decorrentes do meio ambiente, da produção e da circulação de bens e<br />

da prestação de serviços de interesse da saúde.<br />

5.2 Origem da VISA<br />

A <strong>Vigilância</strong> Sanitária teve a sua origem na Europa, entre os séculos<br />

XVII e XVIII, e chegou ao Brasil no inicio do século XX, com destaque nas<br />

campanhas de vacinação contra a febre amarela e a varíola.<br />

Figura 27: Campanha contra febre amarela no Rio de Janeiro, em 1907.<br />

Fonte: Disponível em: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.<br />

htm?infoid=114&sid=6>. Acesso em 27 de maio de 2011.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

55<br />

Poderíamos dizer que<br />

<strong>Vigilância</strong> Sanitária é<br />

um trabalho realizado<br />

por governo e pelo<br />

cidadão, com o<br />

objetivo de evitar a<br />

fabricação, a venda<br />

e o uso de alimentos,<br />

medicamentos,<br />

cosméticos, saneantes<br />

e produtos para a<br />

saúde adulterados;<br />

a prestação de<br />

serviços de saúde sem<br />

qualidade; e, ainda,<br />

fazer a vigilância nas<br />

fronteiras, portos e<br />

aeroportos do país<br />

(Copyri@, 2003).<br />

Saneante<br />

Produtos usados<br />

na limpeza e na<br />

conservação de<br />

ambientes. Ex.:<br />

desinfetante,<br />

detergente líquido e em<br />

pó, sabão em pó, água<br />

sanitária, inseticidas,<br />

repelentes de insetos,<br />

raticidas, entre outros.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Poder de polícia<br />

É aquele poder que<br />

a administração<br />

pública tem para<br />

determinar limitações<br />

à propriedade e<br />

à liberdade em<br />

prol do coletivo. A<br />

termologia “poder<br />

de polícia” é usada<br />

no direito brasileiro<br />

como atividade<br />

administrativa<br />

limitadora de direitos<br />

e de liberdades em<br />

favor do interesse<br />

público adequado<br />

(Anvisa, 2010).<br />

5.3 Objetivo<br />

O objetivo da VISA é proteger e promover a saúde, evitando incapacidades<br />

e doenças.<br />

5.4 Estrutura VISA no Brasil<br />

A VISA está organizada por meio do Sistema Nacional de <strong>Vigilância</strong><br />

Sanitária - SNVS. Em nível federal, estão a Agência Nacional de <strong>Vigilância</strong><br />

Sanitária - ANVISA - e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde<br />

da Fundação Oswaldo Cruz - INCQS/Fiocruz -; no nível estadual, estão o<br />

órgão da VISA e o Laboratório Central – Lacen -, de cada uma das 27 Unidades<br />

da Federação (26 estados e o Distrito Federal), e, em nível municipal, estão<br />

os serviços ou setores de <strong>Vigilância</strong> Sanitária. Lembrando que nem todos os<br />

municípios de pequeno porte contam com a estrutura da VISA. Nestes, as<br />

ações ficam a cargo dos técnicos da VISA estadual.<br />

5.5 Funções da VISA<br />

Figura 28: Fiscais da VISA fiscalizam e apreendem carne em feira livre.<br />

Fonte: Disponível em: Dep imprensa. Acesso em 28/07/2008.<br />

Como mostra a figura 28, a <strong>Vigilância</strong> Sanitária mantém funções com<br />

características antigas, do poder de polícia, como a forma de atuar na fiscalização,<br />

na observação do fato, no licenciamento de estabelecimentos, no julgamento<br />

de irregularidades e na aplicação de penalidades. Porém, vem agregando<br />

a essas características as funções normativas e educativas, que estimulam a<br />

consciência sanitária para a defesa do direito do consumidor e da cidadania,<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 56<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


fortalecido pela Constituição Federal de 1988, consolidado pelo Código de Defesa<br />

do Consumidor, regulamentado pela Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990.<br />

Contribui também nesta direção a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro<br />

de 1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS.<br />

O usuário, objeto de proteção da <strong>Vigilância</strong> Sanitária, passa a ser um aliado<br />

importante da transformação das condições de saúde, reforçando o papel<br />

educativo e estimulador da VISA.<br />

Figura 29: Ação educativa junto a escolares e comunidade em geral.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 28 de maio de 2011.<br />

A <strong>Vigilância</strong> Sanitária faz intervenções nas relações entre produtores<br />

e consumidores, expressadas de duas formas:<br />

• no controle das práticas de produção, determinando as normas<br />

técnicas e os padrões de produção, e exercendo a fiscalização<br />

para o cumprimento dessas normas para prevenir e evitar o dano<br />

no ato do consumo;<br />

• no estabelecimento do direito básico do consumidor e da disponibilização<br />

do Estado ao seu serviço, seja na explicação dos processos<br />

que motivaram um dano, seja no aparato legal necessário<br />

à reparação do dano ao consumidor.<br />

Sendo assim, a VISA baseia-se em dois conceitos importantes:<br />

• controle interno, ou seja, o prestador/fornecedor é responsável<br />

pelo que produz e deve manter controle sobre a sua produção,<br />

respondendo pelos seus desvios, suas imperfeições ou nocividades;<br />

• controle externo, exercido pelo Estado ou pelas sociedades organizadas<br />

na vigilância do processo e na defesa do consumidor.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 57<br />

O agente da VISA tem<br />

o papel de inspecionar,<br />

fiscalizar, julgar,<br />

notificar o infrator,<br />

autuar, lavrar termos<br />

de aplicação de<br />

penalidades, licenciar<br />

estabelecimentos,<br />

expedindo ou cassando<br />

alvarás, dentre outras<br />

atividades.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Para detalhar cada<br />

uma delas, você deve<br />

acessar www.anvisa.<br />

gov.br/serviços/index.<br />

htn.<br />

Alguns destes campos<br />

de atuação, pela<br />

sua natureza, dizem<br />

respeito apenas à<br />

Anvisa . Ex.: relações<br />

internacionais.<br />

Figura 30: As normas de segurança e as condições de higiene são checadas pelos<br />

fiscais da VISA nos serviços prestados à população para prevenir e evitar os danos.<br />

Fonte: Extraído da reportagem do G1.globo.com < Disponível em: . Acesso<br />

em 27 de maio de 2011.<br />

5.6 Áreas de atuação da VISA<br />

• Agrotóxico e toxicologia.Alimentos.Cosméticos.<br />

• Derivados do tabaco.<br />

• Medicamentos.<br />

• Saneantes.<br />

• Sangue, tecidos e órgãos (transplantes).<br />

• Serviços de saúde.<br />

• Produtos para a saúde.<br />

• Monitoração de propaganda.<br />

• Portos, aeroportos e fronteiras.<br />

• Rede brasileira de laboratórios.<br />

• Regulação de mercado.<br />

• Relações internacionais.<br />

• <strong>Vigilância</strong> pós-comercialização.<br />

Figura 31: Fiscalização/inspeção em produtos alimentícios em supermercados.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 27 de maio de 2011.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 58<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


A ação da <strong>Vigilância</strong> Sanitária, para ser eficaz, requer a interação<br />

com vários órgãos intra e extragoverno, tais como o Ministério Público, a<br />

Polícia de Defesa do Consumidor, o Poder Judiciário, os conselhos de classe<br />

e outros órgãos de defesa do consumidor.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• que a <strong>Vigilância</strong> Sanitária atua no controle da prestação de serviços<br />

e de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se<br />

relacionem com a saúde, em todos os processos, da produção<br />

ao consumo;<br />

• que a atuação da <strong>Vigilância</strong> Sanitária tem implicações legais na<br />

proteção à saúde da população, desenvolvendo ação educativa e<br />

normativa, estabelecendo obrigatoriedades ou recomendações,<br />

até exercendo o seu papel de polícia, na aplicação de medidas<br />

que podem representar algum tipo de punição;<br />

• que são tradicionalmente tarefas da Anvisa: inspecionar, julgar,<br />

notificar o infrator, autuar, lavrar termos de aplicação de penalidades,<br />

licenciar estabelecimentos, expedindo ou cassando<br />

alvarás, dentre outras atividades.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. O que é <strong>Vigilância</strong> Sanitária - VISA?<br />

2. Qual o objetivo da VISA?<br />

3. O que significa ter “poder de polícia”?<br />

4. A <strong>Vigilância</strong> Sanitária faz intervenções nas relações entre produtores e<br />

consumidores, expressadas de duas formas. O que faz no controle das<br />

práticas de produção?<br />

5. Como a VISA está organizada em nível federal?<br />

6. A VISA baseia-se em dois conceitos importantes, quais são?<br />

7. Descrever as tarefas da <strong>Vigilância</strong> Sanitária.<br />

8. Quais são os órgãos governamentais e não governamentais que contribuem<br />

para a eficácia das ações da VISA?<br />

9. No seu município, tem o setor de <strong>Vigilância</strong> Sanitária? Quais são as suas<br />

tarefas que encaixam nas ditas aqui como tradicionais?<br />

10. Listar cinco das áreas de atuação da VISA em seu município.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 59<br />

Aula baseada nos<br />

textos retirados do site:<br />

Saúde e cidadania<br />

e www.anvisa.gov.br/<br />

serviços/index.htn.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 6 - <strong>Vigilância</strong> Digital em Saúde Ambiental<br />

- VISA<br />

Objetivos<br />

• conhecer a importância do envolvimento do setor de saúde nas<br />

questões ambientais;<br />

• determinar as ações dos principais componentes da VISA.<br />

6.1 Introdução<br />

Quando o assunto é meio ambiente, normalmente, pensamos em<br />

áreas naturais, como florestas, matas, rios, lagos e mares. Mas meio ambiente<br />

é mais do que isto, é definido como o conjunto de condições, leis, influências<br />

e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e<br />

rege a vida em todas as suas formas. Neste sentido, tradicionalmente, seus<br />

elementos constituintes são divididos segundo os meios: físico, biótico (ou<br />

biológico) e antrópico (ou socioeconômico) (Castro, Eignotti e Hacon, 2009).<br />

Assim, meio ambiente engloba também o local em que vivemos,<br />

como as cidades, com toda a complexidade de fatores envolvidos, sejam eles<br />

pessoas, animais, plantas, ar, água, solo, indústria, entre outros.<br />

Há muito tempo, conhece-se a relação existente entre as alterações<br />

do meio ambiente, a degradação dos recursos naturais e o surgimento<br />

dos fatores ambientais de risco. Como exemplo, podemos citar a água, pois<br />

a degradação dos mananciais, devido à ocupação humana, altera a qualidade<br />

desta para o consumo humano (degradação do recurso), mas também a<br />

poluição por esgoto doméstico pode levar à transmissão de doenças, como<br />

cólera e hepatite (surgimento de fator ambiental de risco).<br />

Dentro deste contexto, e com o intuito de garantir e promover a<br />

saúde humana nos mais diversos ambientes onde ocorre a presença do homem,<br />

surge o conceito de <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental. A <strong>Vigilância</strong> Ambiental<br />

em Saúde é um conjunto de ações que proporciona o conhecimento e<br />

a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes<br />

do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de<br />

identificar as medidas de prevenção e de controle dos fatores de risco ambientais<br />

relacionados às doenças ou outros agravos à saúde (BRASIL, 2003).<br />

São componentes da <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental:<br />

• VIGIÁGUA – vigilância da qualidade da água de consumo humano;<br />

• VIGISOLO – vigilância de populações expostas a solos contaminados;<br />

• VIGIAR – vigilância de populações expostas à poluição do ar;<br />

• VIGIDESASTRES - vigilância de populações expostas a desastres<br />

naturais (enchentes, seca, abalos sísmicos entre outros);<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

61<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


• VIGIFISI – vigilância de populações expostas a fatores físicos (radiações<br />

eletromagnéticas);<br />

• VIGIAPP – vigilância de populações expostas a acidentes com<br />

produtos perigosos;<br />

• VIGIQUIM – vigilância de populações expostas a contaminantes<br />

ambientais e substâncias químicas;<br />

• VIGIAMBT – vigilância relacionada ao ambiente de trabalho.<br />

Em virtude de processos de implantação mais avançados, exploraremos<br />

apenas os três primeiros componentes: ar, água e solo.<br />

Figura 32: Contaminantes ambientais da água, ar e solo.<br />

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema Nacional de <strong>Vigilância</strong> Ambiental em Saúde. Editora MS.<br />

Brasília, DF. 2003. p. 20.<br />

6.2 <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental relacionada<br />

à qualidade da água para o consumo humano –<br />

VIGIAGUA<br />

A água é de fundamental importância para a vida de todas as espécies.<br />

Aproximadamente 80% de nosso organismo é composto por água. A<br />

ingestão de água tratada é um dos mais importantes fatores para a conservação<br />

da saúde; é considerada o solvente universal, auxilia na prevenção das<br />

doenças (cálculo renal, infecção de urina etc.) e na proteção do organismo<br />

contra o envelhecimento.<br />

O consumo de água segura é de importância fundamental para a<br />

sadia qualidade de vida e para a proteção contra as doenças, sobretudo<br />

aquelas evitáveis, relacionadas a fatores ambientais e que têm afligido<br />

populações em todo o mundo. A existência de água em condições sanitárias<br />

adequadas à utilização para o abastecimento humano está relacionada à manutenção<br />

das condições do ciclo hidrológico e ao impedimento de qualquer<br />

contaminação (BUENO, 2009).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 62<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


A contaminação das águas pode ter duas origens: a natural ou a<br />

produzida por atividades humanas, a antropogênica. A contaminação natural<br />

é mínima e refere-se aos componentes que ficam na crosta terrestre e são<br />

prejudiciais à água. Normalmente, as fontes de contaminação natural não<br />

provocam grandes concentrações de agentes contaminadores. Já a contaminação<br />

antropogênica é muito mais perigosa do que a natural. Existem várias<br />

fontes, entre elas: industriais, resíduos urbanos (lixo e esgotos), navegação<br />

(derramamentos acidentais de petróleo) e agricultura (agrotóxicos).<br />

Figura 33: Córrego contaminado por esgotos e lixo.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 09 de maio de 2011.<br />

A vigilância da qualidade da água para consumo humano é uma<br />

atribuição do setor de saúde e está estruturado no âmbito do Ministério da<br />

Saúde há cerca de 10 anos, consistindo em um conjunto de ações a serem<br />

adotadas pelas autoridades de saúde pública, objetivando garantir que a<br />

água consumida pela população atenda ao padrão e às normas estabelecidas<br />

na legislação vigente (ALONZO, et al., 2009).<br />

A avaliação dos riscos à saúde humana, representada pela água<br />

utilizada para o consumo humano, também constitui uma premissa da<br />

vigilância da qualidade da água. As atividades da vigilância devem ser<br />

rotineiras e preventivas sobre os sistemas e as soluções alternativas de<br />

abastecimento de água, a fim de garantir a redução das enfermidades<br />

transmitidas pela água de consumo humano.<br />

6.2.1 Objetivos<br />

De acordo com o Ministério da Saúde (2011), os objetivos específicos<br />

do programa VIGIAGUA são:<br />

• reduzir a morbi mortalidade por doenças e agravos de transmissão<br />

hídrica, por meio de ações de vigilância sistemática da<br />

qualidade da água consumida pela população;<br />

• buscar a melhoria das condições sanitárias das diversas formas<br />

de abastecimento de água para o consumo humano;<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 63<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


• avaliar e gerenciar o risco à saúde das condições sanitárias das<br />

diversas formas de abastecimento de água;<br />

• monitorar sistematicamente a qualidade da água consumida pela<br />

população, nos termos da legislação vigente;<br />

• informar a população sobre a qualidade da água e sobre os riscos<br />

à saúde;<br />

• apoiar o desenvolvimento de ações de educação em saúde e de<br />

mobilização social;<br />

• coordenar o Sistema de Informação de <strong>Vigilância</strong> da Qualidade<br />

da Água (SISAGUA).<br />

6.2.2 Portaria 518/2004<br />

A Portaria MS nº 518, de 25 de março de 2004, define o padrão<br />

de potabilidade da água para o consumo humano no país e estabelece que<br />

o controle da qualidade da água é de responsabilidade de quem oferece<br />

o abastecimento coletivo ou de quem presta serviços alternativos de distribuição.<br />

No entanto, cabe às autoridades de saúde pública das diversas<br />

instâncias de governo a missão de verificar se a água consumida pela<br />

população atende às determinações dessa portaria, inclusive no que se<br />

refere aos riscos que os sistemas e as soluções alternativas de abastecimento<br />

de água representam para a saúde pública.<br />

Esta portaria procura estabelecer uma melhor delimitação para<br />

as formas de abastecimento, fornecimento e consumo de água, que devem<br />

estar sujeitas às ações de vigilância e de controle da qualidade da água para<br />

o consumo humano. O sistema de abastecimento de água para o consumo<br />

humano é a instalação composta pelo conjunto de obras civis com materiais<br />

e equipamentos, destinada à produção e à distribuição canalizada de<br />

água potável para as populações, sob a responsabilidade do poder público,<br />

mesmo que administrada em regime de concessão ou de permissão. Já a<br />

solução alternativa de abastecimento de água para o consumo humano é<br />

toda a modalidade de abastecimento coletivo de água distinta do sistema de<br />

abastecimento, incluindo, entre outras, fonte, poço comunitário, distribuição<br />

por veículo transportador, instalações condominiais horizontal e vertical<br />

(BRASIL, 2006).<br />

O padrão de potabilidade brasileiro é composto pelos parâmetros:<br />

• padrão microbiológico;<br />

• padrão de turbidez;<br />

• padrão para substâncias químicas que representam riscos à saúde<br />

(inorgânicas, orgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos<br />

secundários da desinfecção);<br />

• padrão de aceitação para o consumo humano (odor e gosto);<br />

• padrão de radioatividade.<br />

A potabilidade da água é aferida pelo atendimento, simultaneamente,<br />

dos valores máximos permitidos (VMP – concentrações limite) estabelecidos<br />

para cada parâmetro. Guardada a importância relativa e específica de<br />

cada um, em termos gerais, a garantia da qualidade microbiológica da água<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 64<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


deve receber prioridade absoluta por causarem riscos de curto prazo e grande<br />

impacto (BRASIL, 2006).<br />

A identificação dos micro-organismos patogênicos na água é, normalmente,<br />

morosa, complexa e onerosa. Por essa razão, tradicionalmente,<br />

recorre-se à identificação dos organismos indicadores de contaminação,<br />

na interpretação de que sua presença indicaria a introdução de matéria de<br />

origem fecal (humana ou animal) na água e, portanto, o risco potencial da<br />

presença de organismos patogênicos; como exemplo pode-se citar, como indicador<br />

de contaminação fecal, a bactéria Escherichia coli. Entre os organismos<br />

patogênios de veiculação hídrica, podemos citar: Salmonela typhii<br />

(febre tifoide) Vibrio Cholerae (cólera), rotavírus, protozoários, entre outros<br />

(BRASIL, 2006).<br />

6.3 <strong>Vigilância</strong> em Saúde de populações expostas<br />

à poluição do ar - VIGIAR<br />

A atmosfera é um meio propício para a disseminação de agentes<br />

químicos, físicos e biológicos capazes de causar impactos sobre a saúde humana<br />

e aos demais seres vivos; possui capacidade finita de assimilação desses<br />

agentes. O processo de desenvolvimento humano, com a concentração<br />

populacional em centros urbanos, com a industrialização crescente e com<br />

a expansão agrícola, representa um fator importante para o aumento das<br />

emissões de poluentes atmosféricos e, como consequência, a contaminação<br />

do ar que respiramos (Hadicchi e Lemos, 2009).<br />

O Programa Nacional de <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental relacionada<br />

à qualidade do ar constitui-se como um marco teórico orientador para<br />

as instituições e os técnicos envolvidos nesta vigilância. Trata-se de um<br />

instrumento abrangente contendo suas diretrizes, seus objetivos e seu modelo<br />

de atuação, indispensável para a sua implementação em âmbito nacional<br />

(BRASIL, 2011).<br />

O VIGIAR começou a sua estruturação em 2001 e tem como objetivo<br />

a promoção da saúde da população exposta aos fatores ambientais relacionados<br />

aos poluentes atmosféricos. Seu campo de atuação prioriza as regiões<br />

onde existam diferentes atividades de natureza econômica ou social que gerem<br />

poluição atmosférica, de modo a caracterizar um fator de risco para as<br />

populações expostas, denominadas Áreas de Atenção Ambiental Atmosférica<br />

de interesse para a saúde - 4AS (ALONZO, et al, 2009).<br />

Os objetivos específicos de sua atuação são:<br />

• prevenir e reduzir os agravos à saúde da população exposta aos<br />

fatores ambientais relacionados aos poluentes atmosféricos;<br />

• avaliar os riscos à saúde decorrentes da exposição aos poluentes<br />

atmosféricos;<br />

• identificar e avaliar os efeitos agudos e crônicos decorrentes da<br />

exposição aos poluentes atmosféricos;<br />

• estimular a intersetorialidade e a interdisciplinaridade entre os<br />

órgãos que possuam interface com a saúde, no que diz respeito<br />

às questões de qualidade do ar;<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 65<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


• subsidiar o Setor Ambiental na formulação e na execução de<br />

estratégias de controle da poluição do ar, tendo em vista a proteção<br />

da saúde da população;<br />

• fornecer elementos para orientar as políticas nacionais e locais<br />

de proteção à saúde da população frente aos riscos decorrentes<br />

da exposição aos poluentes atmosféricos.<br />

Em 2007, o VIGIAR apresentou a proposta de pactuação, em âmbito<br />

nacional, para a Programação das Ações Prioritárias da <strong>Vigilância</strong> em Saúde,<br />

com a ação de identificar os municípios de risco para a <strong>Vigilância</strong> Ambiental<br />

em Saúde relacionada à qualidade do ar – VIGIAR -, por meio do preenchimento<br />

do Instrumento de Identificação dos Municípios de Risco – IIMR -,<br />

sendo avaliados Indicadores de Saúde/ Morbidade, como:<br />

• taxa de internação por doenças respiratórias (J00 a J99) em<br />

crianças menores do que 5 anos (indicador de gravidade).<br />

• taxa de doenças cardiovasculares (I00 a I99) – adultos maiores<br />

com mais de 60 anos;<br />

• prevalência de doenças respiratórias em atendimentos ambulatoriais<br />

(J00 a J99) em crianças menores do que 5 anos.<br />

E Indicadores de Saúde/Mortalidade:<br />

• doenças respiratórias em crianças menores do que 5 anos e<br />

adultos com mais de 60 anos, entre outras variáveis.<br />

Vale registrar a atividade de acompanhamento da possível associação<br />

entre doenças respiratórias e poluentes atmosféricos em andamento nas<br />

secretarias de saúde do Acre, da Bahia, do Mato Grosso, do Rio de Janeiro,<br />

de São Paulo, do Rio Grande do Sul e do Tocantins, por meio da implantação<br />

de pilotos de Unidades Sentinelas para o VIGIAR.<br />

Figura 34: Evolução do VIGIAR.<br />

Fonte: Ministério da Saúde. Secretaria de <strong>Vigilância</strong> em Saúde. Painel de informações em Saúde<br />

Ambiental e do Trabalhador. Disponível em: .<br />

Acesso em 07 de maio de 2011.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 66<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


A emissão de poluentes para a atmosfera dá-se por meio da queima<br />

de biomassa, automóveis e atividades industriais.<br />

De acordo com Galindo e Macedo (2009), externalidades negativas<br />

do transporte geram efeitos ambientais e consequentes impactos na<br />

saúde e na qualidade de vida de usuários e de não usuários, têm-se como<br />

exemplo os acidentes e a poluição atmosférica. Neste último, os gases<br />

que geram essa poluição podem ser classificados em gases de efeito local<br />

– GEL - e gases de efeito estufa - GEE. Os GEE são gases naturais ou<br />

provindos de atividades antrópicas que absorvem a radiação infravermelha<br />

e a reemitem, gerando aquecimento atmosférico. Dentre os GEE, a<br />

atividade de transporte tem responsabilidade no aumento de dióxido de<br />

carbono, metano e óxido nitroso. Os GEL são poluentes cujos efeitos são,<br />

em geral, relacionados a problemas no sistema respiratório (GALINDO;<br />

MACEDO 2009).<br />

São considerados GEL: material particulado (MP); compostos orgânicos<br />

voláteis, à exceção do metano; monóxido de carbono (CO); óxidos<br />

de nitrogênio; óxidos de enxofre. Os GEL podem causar também chuva<br />

ácida e irritações nos olhos, problemas cardiorrespiratórios e até mesmo<br />

câncer. Os GEE óxido nitroso e monóxido de carbono contribuem com o<br />

aquecimento (GALINDO; MACEDO 2009).<br />

Figura 35: Poluição do ar.<br />

Fonte: Disponível em : . Acesso em 09 de maio de 2011.<br />

Para que haja um sistema de transporte ambientalmente sustentável,<br />

deve-se priorizar o transporte não motorizado em detrimento do motorizado,<br />

e o coletivo em lugar do individual. As medidas mitigadoras, para<br />

diminuir os efeitos negativos, devem aproveitar a vantagem de cada modo<br />

de transporte.<br />

Para reduzir a poluição, é necessário também reduzir o consumo<br />

energético e utilizar fontes menos poluentes. Para que essa medida seja<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 67<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


sustentável, é necessário também utilizar fontes renováveis. Por sua vez,<br />

para reduzir os acidentes, é necessária uma política de segurança por<br />

meio de moderação de tráfego e da compatibilização entre os diversos<br />

modos de transporte (GALINDO; MACEDO 2009).<br />

Há quatro diretrizes que devem permear a preocupação do setor<br />

de transporte com a poluição: a necessidade racional de gasto; o consumo<br />

consciente; a matriz energética menos poluente e renovável; a eficiência<br />

energética. Cada uma delas retrata uma forma de se mitigar os efeitos negativos<br />

do setor.<br />

A matriz energética mais limpa e renovável relaciona-se ao uso<br />

de fontes energéticas de baixa emissão de carbono e outros poluentes e<br />

que possuam rápida taxa de renovação. Por fim, a eficiência energética<br />

retrata a tecnologia utilizada para se deslocar de acordo com o rendimento<br />

da fonte por unidade transportada no espaço.<br />

A queima de biomassa ocorre em maior extensão e intensidade<br />

na Amazônia Legal, situada ao Norte do país. Segundo o inventário brasileiro<br />

de emissões de carbono, 74% das emissões ocorrem por meio de<br />

queimadas na Amazônia, em contraste com 23% das emissões do setor<br />

energético (CASTRO, EIGNOTTI; HACON; 2009).<br />

As queimadas dessa região decorrem do modelo de ocupação e uso<br />

do solo, com o desmatamento de grandes áreas e, consequentemente, a<br />

queima da vegetação, levando à liberação de gases e de material particulado.<br />

Diferente do que acontece nos centros urbanos, onde a poluição do ar<br />

caracteriza-se por um processo de exposição crônica, na região da Amazônia<br />

Legal, observa-se uma exposição aguda por um período relativamente curto,<br />

de 3 a 5 meses.<br />

As queimadas na Amazônia ocorrem essencialmente numa área definida<br />

como “arco do desmatamento”. Os níveis de poluição durante o período<br />

de seca, quando os focos de queimadas são mais frequentes, variam<br />

de ano para ano, havendo registros de níveis elevados de poluição nas duas<br />

últimas décadas. Ainda que os níveis de poluentes variem de um município<br />

para outro nessa região, sem dúvida, esses costumam apresentar picos mais<br />

elevados do que as áreas de regiões metropolitanas do Brasil. Além disso,<br />

os efeitos da poluição atmosférica na Amazônia relacionam-se fortemente<br />

com os períodos de seca e de chuva intensa na região (CASTRO; EIGNOTTI;<br />

HACON; 2009).<br />

Os indicadores de saúde e ambiente atualmente utilizados<br />

pelo VIGIAR foram definidos em 2005, durante as reuniões temáticas<br />

do VIGIAR.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 68<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 36: Limites da Amazônia Legal Brasileira e a distribuição espacial do<br />

desmatamento, com destaque para o “arco do desmatamento”. Ocupação humana<br />

e transformação das paisagens na Amazônia brasileira.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em 08 de maio de 2011.<br />

6.3.1 Protocolo de Montreal e proteção à camada de<br />

ozônio<br />

O Ministério da Saúde é parte integrante do Comitê Interministerial<br />

para Proteção da Camada de Ozônio, constituído por Decreto desde<br />

1995, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e constituído também<br />

por representantes do Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Fazenda,<br />

Ministério do Desenvolvimento e do Comércio Exterior, Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e Ministério da Ciência e Tecnologia,<br />

com a finalidade de estabelecer diretrizes e coordenar ações relativas à proteção<br />

da camada de ozônio, buscando implementar o Protocolo de Montreal<br />

(BRASIL, 2011).<br />

As ações de proteção da camada de ozônio concentraram-se, ao<br />

longo dos últimos 20 anos, na eliminação da produção e do consumo de substâncias<br />

destruidoras da camada, entre as quais, os cloroflourcarbonos – CFCs<br />

-, que deixaram de ser produzidos no Brasil desde 1999 e não mais estarão<br />

sendo produzidos no mundo a partir de 1° de janeiro de 2010.<br />

Os inaladores de dose medida – MDIs -, utilizados no tratamento de<br />

pacientes com asma de doenças obstrutivas crônicas, são medicamentos que<br />

contêm CFCs. O Ministério da Saúde vem adotando medidas visando à sensibilização<br />

de médicos, pacientes e demais envolvidos para a necessidade de<br />

substituição de MDI que contém CFC por aqueles livres dessas substâncias.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 69<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Neste sentido, é responsabilidade do Ministério da Saúde, em sua<br />

política de atenção à saúde, adotar ações de curto, médio e longo prazo,<br />

para a sensibilização de todos os segmentos envolvidos, de modo que:<br />

• o processo de substituição dos MDI com CFC ocorra de forma<br />

segura e com o menor impacto socioeconômico possível, até 1º<br />

de janeiro de 2010;<br />

• o desenvolvimento da indústria de fármacos atenda às necessidades<br />

nacionais e coloque-se de forma competitiva no mercado<br />

internacional, face à insuficiência mundial de CFC, em qualidade<br />

farmacêutica e quantidade requerida, a partir de 2010;<br />

• sejam adotadas medidas de prevenção à saúde, considerando<br />

que a recuperação da camada de ozônio, aos níveis de 1980,<br />

ocorrerá em meados de 2060.<br />

6.4 Programa de <strong>Vigilância</strong> Ambiental em Saúde<br />

de populações expostas ou sob o risco de exposição<br />

a solos contaminados - VIGISOLO<br />

O uso da terra para centros urbanos, para as atividades agrícola,<br />

pecuária e industrial, tem tido como consequência elevados níveis de contaminação.<br />

De fato, aos usos referidos, associam-se, geralmente, descargas<br />

acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e nas águas, deposição<br />

não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixões e/ou<br />

aterros sanitários não controlados, deposições atmosféricas resultantes das<br />

várias atividades etc. Assim, ao longo dos últimos anos, têm sido detectados<br />

numerosos casos de contaminação do solo em zonas urbanas e rurais.<br />

A contaminação do solo por substâncias químicas apresenta riscos<br />

à saúde pública, em decorrência de sua mobilidade ou de seu transporte,<br />

influenciando, dessa forma, a qualidade da água, do ar e da biota.<br />

O VIGISOLO começou a ser estruturado em 2004 e tem por objetivo<br />

desenvolver ações de <strong>Vigilância</strong> em Saúde de populações expostas a áreas<br />

contaminadas por contaminantes químicos, visando recomendar e instituir<br />

medidas de promoção da saúde, prevenção dos fatores de risco e atenção<br />

integral à saúde das populações expostas, conforme preconizado no SUS<br />

(ALONZO, et al, 2009).<br />

A partir de experiências pilotos e atividades desenvolvidas em parceria<br />

com estados, municípios, academia, controle social e outros setores, o<br />

VIGISOLO desenvolveu um modelo de atenção integral que inclui promoção,<br />

proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação,<br />

manutenção e vigilância à saúde de acordo com as especificidades<br />

dos territórios. Além disso, foram elaborados os documentos, os manuais, as<br />

diretrizes e a proposta de uma portaria ministerial para a sua operacionalização<br />

nos SUS. São objetivos específicos do programa (BRASIL, 2008):<br />

• identificação de áreas com populações expostas ou sob o risco<br />

de exposição a solo contaminado;<br />

• desenvolver ações de <strong>Vigilância</strong> Ambiental em Saúde, estabelecendo<br />

parcerias intra e intersetoriais;<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 70<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


• aplicar metodologia de avaliação de risco à saúde humana;<br />

• desenvolver e apoiar ações de educação em saúde, relativa a<br />

solos contaminados;<br />

• implantar e implementar o Sistema de Informação de <strong>Vigilância</strong><br />

em Saúde em áreas com populações expostas a solos contaminados<br />

(SISSOLO);<br />

• treinamento de profissionais de saúde.<br />

O campo de atuação do VIGISOLO deve ocorrer em áreas onde exista<br />

exposição ou risco de exposição da população a solos contaminados por<br />

substâncias químicas, que possam produzir efeitos na saúde. A atuação acontece<br />

a partir da identificação e da avaliação de risco em áreas com solos contaminados,<br />

buscando a construção de uma proposta de intervenção, cujas<br />

ações sejam sistematizadas e articuladas às diferentes esferas e aos setores<br />

governamentais e da sociedade (SECRETARIA DE SAÚDE DA BAHIA, 2011).<br />

Para a adoção de medidas de controle e de gerenciamento de risco,<br />

faz-se necessária a socialização dos dados, o conhecimento do meio ambiente<br />

e as relações estabelecidas entre este e a população exposta ou sob<br />

o risco de exposição, buscando utilizar metodologias e instrumentos mais<br />

adequados em cada situação.<br />

De acordo com a lógica de atuação do VIGISOLO, inicialmente, é realizada<br />

a identificação das áreas com populações expostas ao solo contaminado<br />

utilizando uma ficha de campo e cadastro no SISSOLO. Na ficha de campo,<br />

é classificado o tipo de área que está sendo cadastrada, entre eles: área<br />

desativada, área industrial, área de disposição de resíduos industriais, área<br />

de mineração, depósito de agrotóxicos, contaminação natural, área agrícola,<br />

unidade de postos de abastecimento e serviços, e área de disposição final<br />

de resíduos urbanos. Além de se determinar também a população potencialmente<br />

exposta - distância do ponto, número de famílias/pessoas e rotas de<br />

exposição da população aos contaminantes ambientais -, se são populações<br />

susceptíveis, as atividades realizadas na área e no seu entorno, a presença<br />

de curso de água, os tipos de abastecimento de água e seus usos. Entre os<br />

contaminantes, temos os agrotóxicos, derivados de petróleo, metais, resíduos<br />

de serviços de saúde, resíduos urbanos, solventes, entre outros.<br />

Figura 37: Solo contaminado por resíduos urbanos.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 09 de maio de 2011.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 71<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


O banco de dados representa o ponto de partida para desencadear<br />

as ações de curto, médio e longo prazo do setor saúde. Por exemplo,<br />

em curto prazo, deve ser realizada a interrupção do acesso à água para a<br />

população que se abasteça de uma fonte comprovadamente contaminada,<br />

como também a busca de informações complementares junto a outros<br />

órgãos competentes. A vigilância em saúde de populações expostas a áreas<br />

contaminadas perpassa diferentes setores. O fluxo de atuação da vigilância<br />

e atenção contempla atividades de promoção, prevenção e atenção à saúde<br />

que requerem o envolvimento de diversas áreas do setor de saúde (BRASIL,<br />

2008).<br />

Atualmente, todas as Secretarias de Estado da Saúde – SES - e a<br />

maioria das capitais desenvolvem ações do VIGISOLO, particularmente a<br />

identificação de populações expostas a áreas contaminadas por contaminantes<br />

químicos, atividades de capacitação e atividades iniciais de articulação<br />

intra e intersetorial, e acompanhamento da saúde da população exposta. Até<br />

2008, mais de 500 municípios tinham identificado e registrado pelo menos<br />

uma área com população potencialmente exposta a contaminantes químicos,<br />

totalizando 2.182 em todo o país (BRASIL, 2008).<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• que a <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental proporciona o conhecimento<br />

e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes<br />

e condicionantes do meio ambiente que interferem na<br />

saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de<br />

prevenção e de controle dos fatores de risco ambientais relacionados<br />

às doenças ou a outros agravos à saúde;<br />

• que o VIGIÁGUA tem como objetivo verificar se a água distribuída<br />

para a população obedece a padrões de potabilidade conforme<br />

a Portaria 518/2004;<br />

• que o VIGIAR visa prevenir e reduzir os agravos à saúde da população<br />

exposta aos fatores ambientais relacionados aos poluentes<br />

atmosféricos, entre eles, GEL, GEE e material particulado;<br />

• que o VIGISOLO visa a identificação de áreas com populações expostas<br />

ou sob o risco de exposição a solo contaminado e propor<br />

ações de promoção e de proteção da saúde dessas populações.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 72<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Atividades de aprendizagem<br />

O que é <strong>Vigilância</strong> em Saúde Ambiental?<br />

1. Quais os componentes da VISA?<br />

2. Quais os objetivos do VIGIÁGUA?<br />

3. Quais parâmetros compõem o padrão de potabilidade da água no Brasil?<br />

4. Quais os patógenos que podem ser transmitidos para o homem através<br />

da água?<br />

5. Quais os objetivos do VIGIAR e as variáveis de saúde utilizadas na identificação<br />

da população de risco?<br />

6. De que forma o material particulado, os gases de efeito local e os gases<br />

de efeito estufa podem afetar a saúde do ser humano?<br />

7. Quais os objetivos do VIGISOLO?<br />

8. Descreva a lógica de atuação do VIGISOLO.<br />

9. Quais as áreas que podem ser cadastradas no VIGISOLO?<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 73<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 7 - <strong>Vigilância</strong> Digital epidemiológica -<br />

procedimentos técnicos da vigilância<br />

epidemiológica<br />

Objetivos<br />

• Conceituar a expressão vigilância epidemiológica.<br />

• Identificar o propósito e a função da vigilância epidemiológica.<br />

• Descrever os dados e as informações que alimentam o Sistema<br />

de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

• Relatar as etapas de uma investigação epidemiológica.<br />

7.1 Introdução<br />

Segundo o Guia de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> (Brasil, 2009), a expressão<br />

vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle das doenças<br />

transmissíveis na década de 1950, para designar uma série de atividades<br />

subsequentes à etapa de ataque da Campanha de Erradicação da Malária.<br />

Essa expressão significava “a observação sistemática e ativa de casos suspeitos<br />

ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos”. Tratava-<br />

-se, portanto, da vigilância de pessoas, com base em medidas de isolamento<br />

ou de quarentena, aplicadas individualmente, e não de forma coletiva.<br />

Na década de 1960, o programa de erradicação da varíola também<br />

instituiu uma fase de vigilância epidemiológica, que se seguia à de vacinação<br />

em massa da população. Simultaneamente, porém, o programa disseminou<br />

a aplicação de novos conceitos que se firmavam no âmbito internacional e<br />

não se vinculavam à prévia realização de uma fase de ataque. Pretendia-se,<br />

mediante a busca ativa de casos de varíola, a detecção precoce de surtos e<br />

o bloqueio imediato da transmissão da doença.<br />

Essa metodologia alcançou a erradicação da varíola em escala mundial<br />

e serviu de base para a organização de sistemas nacionais de vigilância<br />

epidemiológica; a partir da 21ª Assembleia Mundial de Saúde, realizada em<br />

1968, ficou estabelecido o conceito não apenas às doenças transmissíveis,<br />

mas a vários problemas de saúde pública, a exemplo das malformações congênitas,<br />

dos envenenamentos na infância, da leucemia, dos abortos, dos<br />

acidentes, das doenças profissionais, dos comportamentos como fatores de<br />

risco, dos riscos ambientais, dentre outros.<br />

No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola – CEV - (1966-1973)<br />

é reconhecida como marco da institucionalização das ações de vigilância no<br />

país, tendo fomentado e apoiado a organização de unidades de vigilância<br />

epidemiológica na estrutura das secretarias estaduais de saúde. O modelo<br />

da CEV inspirou a Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP) a organi-<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

75<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Vale lembrar que as<br />

profundas mudanças no<br />

perfil epidemiológico<br />

das populações, no<br />

qual se observa o<br />

declínio das taxas<br />

de mortalidade por<br />

doenças infecciosas<br />

e parasitárias e o<br />

crescente aumento<br />

das mortes por causas<br />

externas e doenças<br />

crônicas degenerativas,<br />

têm implicado na<br />

incorporação de<br />

doenças e agravos<br />

não transmissíveis<br />

na <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong>.<br />

zar, em 1969, um sistema de notificação semanal de doenças selecionadas<br />

e a disseminar informações pertinentes em um boletim epidemiológico de<br />

circulação quinzenal. Tal processo fundamentou a consolidação, nos níveis<br />

nacional e estadual, de bases técnicas e operacionais que possibilitaram o<br />

desenvolvimento de ações de grande impacto no controle de doenças evitáveis<br />

por imunização. Ex.: controle da poliomielite no Brasil, na década de<br />

1980, que abriu perspectivas para a erradicação da doença no continente<br />

americano, em 1994 (BRASIL, 2009).<br />

Em 1975, o Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong> (SNVE), Lei n° 6.259/75 e Decreto n° 78.231/76. Esses<br />

instrumentos tornaram obrigatória a notificação de doenças transmissíveis<br />

selecionadas, constantes na relação estabelecida por Portaria.<br />

O Sistema Único de Saúde – SUS - incorporou o SNVE, definindo, em<br />

seu texto legal (Lei n°8.080/90), a <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> como “um conjunto<br />

de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção<br />

de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde<br />

individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas<br />

de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Com este conceito ampliado,<br />

as ações de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> passaram a ser operacionalizadas<br />

num contexto de profunda reorganização do Sistema de Saúde Brasileiro, caracterizada<br />

pela descentralização de responsabilidades, pela universalidade,<br />

integralidade e equidade na prestação de serviços.<br />

7.2 Propósito da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

Qual é o propósito da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>?<br />

Fornecer orientação técnica para os profissionais de saúde que têm<br />

a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças<br />

e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, área geográfica<br />

e/ou população definida. Essas informações subsidiam o planejamento e a<br />

operacionalização dos serviços de saúde.<br />

7.3 Funções da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

Quais são funções da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>?<br />

• Coleta de dados;<br />

• processamento de dados coletados;<br />

• análise e interpretação dos dados processados;<br />

• recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas;<br />

• promoção das ações de prevenção e controle indicadas;<br />

• avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;<br />

• divulgação de informações pertinentes.<br />

As funções da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> são de competência de<br />

cada um dos níveis do sistema de saúde – municipal, estadual e federal -, porém<br />

com graus de especificidade variáveis. As ações executivas são inerentes<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 76<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


ao nível municipal, e seu exercício exige conhecimento analítico da situação<br />

de saúde local. Por sua vez, cabe aos níveis nacional e estadual conduzir<br />

ações de caráter estratégico, de coordenação em seu âmbito de ação e de<br />

longo alcance, além da atuação de forma complementar ou suplementar aos<br />

demais níveis.<br />

7.4 Coleta de dados e informações<br />

A qualidade da informação depende da adequada coleta de dados,<br />

gerados no local onde ocorre o evento. É também neste nível que os dados<br />

devem, primariamente, serem tratados e estruturados.<br />

Tratando-se de doenças transmissíveis, é fundamental o diagnóstico<br />

e a realização de investigações epidemiológicas.<br />

O fluxo, a periodicidade e os tipos de dados coletados devem corresponder<br />

às necessidades de utilização previamente estabelecidas, com<br />

base em indicadores adequados às características próprias de cada doença<br />

ou agravo sob vigilância. A prioridade de conhecimento do dado sempre será<br />

concedida à instância responsável pela execução das medidas de prevenção<br />

e controle. Quando for necessário o envolvimento de outro nível do sistema,<br />

o fluxo deverá ser suficientemente rápido para que não ocorra atraso na<br />

adoção de medidas de prevenção e controle.<br />

7.4.1 Tipos de dados<br />

Os dados e informações que alimentam o Sistema de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

são os dados a seguir.<br />

7.4.1.1 Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos<br />

Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais,<br />

com vistas à definição de denominadores para o cálculo de taxas. O número<br />

de habitantes, de nascimentos e de óbitos deve ser discriminado segundo<br />

características de sua distribuição por sexo, idade, situação do domicílio,<br />

escolaridade, ocupação, condições de saneamento, entre outras.<br />

7.4.1.2 Dados de morbidade<br />

Correspondem à distribuição de casos segundo a condição de portadores<br />

de infecções ou de patologias específicas, como também de sequelas.<br />

Tratam-se, em geral, de dados oriundos da notificação de casos e surtos, da<br />

produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigações epidemiológicas,<br />

da busca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos,<br />

entre outras fontes.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 77<br />

Evento – manifestação<br />

de uma doença ou uma<br />

ocorrência que cria um<br />

potencial para causar<br />

doença.<br />

Dados sobre aspectos<br />

climáticos e ecológicos<br />

também podem ser<br />

necessários para<br />

a compreensão do<br />

fenômeno analisado.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Atrasos na<br />

disponibilidade desses<br />

dados dificultam a sua<br />

utilização na <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong>.<br />

A listagem das<br />

doenças de notificação<br />

nacional (notificação<br />

compulsória) é<br />

estabelecida pelo<br />

Ministério da Saúde,<br />

entre as consideradas<br />

de maior relevância<br />

sanitária para o país.<br />

A atual Portaria está<br />

disponível no site da<br />

saúde:<br />

(http://portal.saude.<br />

gov.br/portal/saude/<br />

Gestor/area.cfm?id_<br />

area=962).<br />

O Sistema Nacional de<br />

Agravos de Notificação<br />

(Sinan) é o principal<br />

instrumento de coleta<br />

dos dados de notificação<br />

compulsória.<br />

7.4.1.3 Dados de mortalidade<br />

Referem-se a casos fatais. Sua obtenção provém de declarações<br />

de óbitos padronizadas e processadas nacionalmente. Algumas dificuldades<br />

podem ser encontradas pela subenumeração elevada de óbitos e pela proporção<br />

significativa de registros sem causa definida.<br />

7.5 Notificação<br />

Mas o que é notificação?<br />

Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença<br />

ou agravo à saúde feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou<br />

qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes.<br />

A notificação compulsória tem sido a principal fonte da <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong>, a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o<br />

processo informação-decisão-ação.<br />

A escolha dessas doenças obedece a alguns critérios, razão pela<br />

qual essa lista é periodicamente revisada, tanto em função da situação epidemiológica<br />

da doença como pela emergência de novos agentes, por alterações<br />

no Regulamento Sanitário Internacional e também devido a acordos<br />

multilaterais entre países.<br />

Os dados coletados sobre as doenças de notificação compulsória<br />

são incluídos no Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (Sinan). Estados e<br />

municípios podem adicionar à lista outras patologias de interesse regional ou<br />

local, justificada a sua necessidade e definidos os mecanismos operacionais<br />

correspondentes.<br />

7.5.1 Aspectos que devem ser considerados na notificação<br />

• Notificar a simples suspeita da doença ou do evento. Não se<br />

deve aguardar a confirmação do caso para se efetuar a notificação,<br />

pois isso pode significar perda da oportunidade de intervir<br />

eficazmente.<br />

• A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora<br />

do âmbito médico-sanitário em caso de risco para a comunidade,<br />

respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos.<br />

• O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito<br />

mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se denomina<br />

notificação negativa, que funciona como um indicador de<br />

eficiência do sistema de informações.<br />

7.6 Investigação epidemiológica de casos<br />

Consiste em um estudo de campo realizado a partir de casos notificados<br />

(clinicamente declarados ou suspeitos) e seus contatos. Destina-se a<br />

avaliar as implicações da ocorrência para a saúde coletiva, tendo como obje-<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 78<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


tivos: confirmar o diagnóstico, determinar as características epidemiológicas<br />

da doença ou do evento, identificar as causas do fenômeno e orientar as medidas<br />

de prevenção e controle. É utilizada na ocorrência de casos isolados e<br />

também em emergências, surtos e epidemias, por tratar-se de uma atividade<br />

de fundamental importância para o processo de decisão-ação da <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong> que exige conhecimento e competência profissional.<br />

7.7 Imprensa e população<br />

Muitas vezes, informações oriundas da imprensa e da própria comunidade<br />

são fontes importantes de dados, devendo ser sempre consideradas<br />

para a realização da investigação pertinente. Podem ser o primeiro<br />

alerta sobre a ocorrência de uma epidemia ou de um agravo inusitado,<br />

principalmente quando a vigilância em determinada área é insuficientemente<br />

ativa.<br />

7.8 Estudos epidemiológicos<br />

Além das fontes regulares de coleta de dados e informações para<br />

analisar do ponto de vista epidemiológico a ocorrência de eventos, pode ser<br />

necessário, em determinado momento ou período, recorrer diretamente à<br />

população ou aos serviços de saúde para obter dados adicionais ou mais representativos.<br />

Esses dados podem ser coletados por inquérito, investigação<br />

ou levantamento epidemiológico.<br />

7.9 Diagnóstico de casos<br />

A credibilidade do sistema de notificação depende, em grande parte,<br />

da capacidade dos serviços locais de saúde – que são responsáveis pelo<br />

atendimento dos casos – diagnosticarem corretamente as doenças e os agravos.<br />

Para isto, os profissionais deverão estar tecnicamente capacitados e disporem<br />

de recursos complementares para a confirmação da suspeita clínica.<br />

Diagnóstico e tratamento feitos correta e oportunamente asseguram a confiança<br />

da população em relação aos serviços, contribuindo para a eficiência<br />

do sistema de vigilância.<br />

7.10 Normatização<br />

A definição de normas técnicas é imprescindível para a uniformização<br />

de procedimentos e para a comparação de dados e informações produzidos<br />

pelo sistema de vigilância. Essas normas devem primar pela clareza<br />

e constar de manuais, ordens de serviço, materiais instrucionais e outros,<br />

disponíveis nas unidades do sistema.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 79<br />

Inquérito<br />

epidemiológico<br />

Estudo seccional,<br />

geralmente realizado<br />

em amostras da<br />

população, levado<br />

a efeito quando as<br />

informações existentes<br />

são inadequadas ou<br />

insuficientes.<br />

Levantamento<br />

epidemiológico<br />

Estudo realizado<br />

com base nos dados<br />

existentes nos<br />

registros dos serviços<br />

de saúde ou de<br />

outras instituições.<br />

Não é um estudo<br />

amostral e destinase<br />

a coletar dados<br />

para complementar<br />

as informações já<br />

existentes. Recuperação<br />

de séries históricas para<br />

análises de tendências<br />

e a busca ativa de<br />

casos para aferir a<br />

eficiência do sistema de<br />

notificação.<br />

Caso<br />

Pessoa ou animal<br />

infectado ou doente,<br />

apresentando<br />

características clínicas,<br />

laboratoriais e/<br />

ou epidemiológicas<br />

específicas. Em<br />

geral, os casos são<br />

classificados como<br />

suspeitos, compatíveis<br />

ou confirmados.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


7.11 Retroalimentação do sistema<br />

Um dos pilares do funcionamento do sistema de vigilância, em qualquer<br />

de seus níveis, é o compromisso de responder aos informantes de forma<br />

adequada e oportuna. Fundamentalmente, essa resposta – ou retroalimentação<br />

– consiste no retorno regular de informações às fontes produtoras,<br />

demonstrando a sua contribuição no processo. O conteúdo da informação<br />

fornecida deve corresponder às expectativas criadas nas fontes, podendo<br />

variar desde a simples consolidação dos dados até a análises epidemiológicas<br />

complexas relacionadas com ações de controle.<br />

7.12 Investigação de casos de uma doença<br />

Os pacientes que apresentam quadro clínico compatível com doença<br />

incluída na lista de notificação compulsória ou com algum agravo inusitado<br />

necessitam de atenção especial, tanto da rede de assistência à saúde quanto<br />

dos serviços de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>, os quais devem ser prontamente<br />

disponibilizados. Salientam-se, aqui, quatro procedimentos.<br />

1. Assistência médica ao paciente – é a primeira providência a ser<br />

tomada no sentido de minimizar as consequências do agravo<br />

para o indivíduo. Quando a doença for de transmissão pessoa a<br />

pessoa, o tratamento contribui para reduzir o risco de transmissão.<br />

Portanto, dependendo da magnitude do evento, a equipe<br />

de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> deve buscar articulação com os responsáveis<br />

pela rede de assistência à saúde para que seja organizado<br />

o atendimento à população.<br />

2. Qualidade da assistência – verificar se os casos estão sendo atendidos<br />

em unidade de saúde com capacidade para prestar assistência<br />

adequada e oportuna, de acordo com as características<br />

clínicas da doença.<br />

3. Proteção individual – quando necessário, adotar medidas de isolamento<br />

(entérico, respiratório, reverso etc.), considerando a<br />

forma de transmissão da doença.<br />

4. Proteção da população – logo após a suspeita ser diagnosticada,<br />

adotar as medidas de controle coletivas específicas para cada<br />

tipo de doença.<br />

Os fundamentos de uma investigação de campo são aplicados tanto<br />

para o esclarecimento de ocorrência de casos como para o de epidemias.<br />

Várias etapas são comuns a ambas as situações, sendo que, para a segunda,<br />

alguns procedimentos complementares são necessários. Para facilitar o trabalho<br />

dos profissionais, apresenta-se, em primeiro lugar, o roteiro de investigação<br />

de casos, identificando as atividades comuns a qualquer investigação<br />

epidemiológica de campo, inclusive de epidemias. Posteriormente, são descritas<br />

as etapas específicas para esta última situação.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 80<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


7.13 Roteiro da investigação de casos<br />

Neste item, encontram-se descritas, de forma sucinta, as várias<br />

etapas de uma investigação epidemiológica. Embora apresentadas em sequência,<br />

algumas delas são desenvolvidas paralela e simultaneamente, visto<br />

tratar-se de um processo dinâmico.<br />

Etapa 1 – Coleta de dados sobre os casos<br />

Os formulários padronizados (ficha de investigação epidemiológica),<br />

da maioria das doenças incluídas no sistema de vigilância epidemiológica,<br />

encontram-se disponíveis no Sinan.<br />

O preenchimento dessa ficha deve ser muito cuidadoso, registrando-se,<br />

com o máximo de exatidão possível, as informações de todos<br />

os seus campos. O investigador poderá acrescentar novos itens que<br />

considere relevantes. O espaço reservado para “observações” deve ser<br />

utilizado para anotar informações adicionais que possam ajudar no esclarecimento<br />

do evento.<br />

Dados que são obtidos mediante a entrevista com o paciente, os<br />

familiares, os médicos e outros informantes:<br />

• identificação do paciente – nome, idade, sexo, estado civil, profissão,<br />

local de trabalho e de residência, com ponto de referência;<br />

• anamnese e exame físico – data de início dos primeiros sintomas,<br />

história da moléstia atual, antecedentes mórbidos, antecedentes<br />

vacinais, mudanças de hábitos nos dias que antecederam aos<br />

sintomas e dados de exame físico;<br />

• suspeita diagnóstica – na pendência de dados complementares<br />

para firmar o diagnóstico, devem ser formuladas as principais<br />

suspeitas e, assim, possibilitar a definição de medidas de controle<br />

preliminares e a solicitação de exames laboratoriais;<br />

• meio ambiente – depende do tipo de doença investigada. Por<br />

exemplo, se a suspeita é de doença de veiculação hídrica, são<br />

essenciais as informações sobre o sistema de abastecimento e o<br />

tratamento de água, o destino de resíduos líquidos, dos sólidos<br />

e do lixo, os alagamentos, as chuvas; em outros casos, podem<br />

estar envolvidos insetos vetores, inseticidas, pesticidas etc.;<br />

• exames laboratoriais – esses exames devem ser solicitados com<br />

vistas ao esclarecimento do diagnóstico do paciente e das fontes<br />

de contaminação, do veículo de transmissão e da pesquisa de<br />

vetores, conforme cada situação.<br />

Etapa 2 – Busca de pistas<br />

Esta é uma etapa essencial da investigação epidemiológica, pois<br />

visa buscar subsídios que permitirão responder a várias questões formuladas.<br />

Cabe ao investigador, considerando os dados já coletados nas etapas anteriores,<br />

estabelecer que outras informações são importantes para o esclarecimento<br />

do evento, sendo relevante para esse raciocínio identificar:<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 81<br />

Quando se tratar de<br />

evento inusitado, uma<br />

ficha de investigação<br />

especial deverá<br />

ser elaborada,<br />

considerando-se as<br />

características clínicas<br />

e epidemiológicas da<br />

doença ou do agravo<br />

suspeito.<br />

É importante salientar<br />

que, embora os<br />

exames laboratoriais<br />

representem uma<br />

importante contribuição<br />

para a conclusão<br />

diagnóstica, em muitas<br />

ocasiões, não se faz<br />

necessário aguardar os<br />

seus resultados para<br />

dar início às medidas de<br />

controle. Ex.: Dengue.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Oligossintomáticos:<br />

aqueles que apresentam<br />

poucos ou nenhum sinal<br />

ou sintomas.<br />

• fontes de infecção (a exemplo de água, alimentos, ambiente insalubre<br />

etc.);<br />

• período de incubação do agente;<br />

• modos de transmissão (respiratória, sexual, vetorial etc.);<br />

• faixa etária, sexo, raça e grupos sociais mais acometidos (características<br />

biológicas e sociais);<br />

• presença de outros casos na localidade (abrangência da transmissão);<br />

• possibilidade da existência de vetores ligados à transmissão da<br />

doença;<br />

• fatores de risco:<br />

– época em que ocorreu (estação do ano);<br />

– ocupação do indivíduo;<br />

– situação de saneamento na área de ocorrência dos casos (fonte<br />

de suprimento de água, destino dos dejetos e do lixo etc.);<br />

– outros aspectos relevantes das condições de vida na área<br />

de procedência dos casos (hábitos alimentares, aspectos<br />

socioeconômicos etc.);<br />

– potenciais riscos ambientais (físicos, químicos, biológicos etc.).<br />

As equipes de outras áreas devem ser acionadas para a troca de<br />

informações e para a complementação de dados a serem utilizados nas análises<br />

(parciais e finais), no sentido de permitir uma caracterização mais abrangente<br />

do evento e orientar os passos seguintes da investigação. Ou seja, a<br />

avaliação dessas e de outras variáveis, em seu conjunto, fornecerá as pistas<br />

que contribuirão para a identificação do problema e para a tomada de medidas<br />

mais específicas, orientadas para o seu controle.<br />

Etapa 3 – Busca ativa de casos<br />

O propósito desta etapa é identificar casos adicionais (secundários<br />

ou não) ainda não notificados, ou aqueles oligossintomáticos, que não buscaram<br />

atenção médica. Tem como finalidade:<br />

• tratar adequadamente esses casos;<br />

• determinar a magnitude e a extensão do evento;<br />

• ampliar o espectro das medidas de controle.<br />

Para isso, deve-se identificar e proceder a investigação de casos<br />

similares no espaço geográfico onde houver suspeita da existência de contatos<br />

e/ou fonte de contágio ativa. Essa busca de casos pode ser restrita a um<br />

domicílio, a uma rua ou a um bairro, e/ou ser realizada em todas as unidades<br />

de saúde (centros, postos de saúde, consultórios, clínicas privadas, hospitais,<br />

laboratórios etc.). Ou, ainda, ultrapassar barreiras geográficas de municípios<br />

ou estados, conforme as correntes migratórias ou as características dos veículos<br />

de transmissão.<br />

Etapa 4 – Processamento e análises parciais dos dados<br />

Na medida em que se for dispondo de novos dados e novas informações,<br />

deve-se sempre proceder a análises parciais, a fim de se definir o passo<br />

seguinte, até a conclusão da investigação, em que as medidas de controle<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 82<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


tenham se mostrado efetivas. A consolidação, a análise e a interpretação dos<br />

dados disponíveis devem considerar as características de pessoa, tempo, lugar<br />

e os aspectos clínicos e epidemiológicos para a formulação de hipóteses quanto<br />

ao diagnóstico clínico, à fonte de transmissão, aos potenciais riscos ambientais e<br />

à efetividade das medidas de controle adotadas até aquele momento.<br />

Quando a investigação não se referir a casos isolados, os dados<br />

colhidos deverão ser consolidados em tabelas, gráficos, mapas da área em<br />

estudo, fluxos de pacientes, entre outros. Essa disposição fornecerá uma<br />

visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo com as variáveis<br />

de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?), possível relação causal<br />

(por quê?), e deverá ser comparada com a informação referente aos períodos<br />

semelhantes de anos anteriores.<br />

Uma vez processados, os dados deverão ser analisados criteriosamente.<br />

Quanto mais oportuna e adequada for a análise, maior será a efetividade<br />

dessa atividade, pois orientará com mais precisão o processo de decisão-ação.<br />

Etapa 5 – Encerramento de casos<br />

Nesta etapa da investigação epidemiológica, as fichas epidemiológicas<br />

de cada caso devem ser analisadas, visando definir qual critério (clínico-<br />

-epidemiológico-laboratorial; clínico-laboratorial; clínico-epidemiológico) foi ou<br />

será empregado para o diagnóstico final, considerando as definições de caso<br />

específicas para cada doença, contidas no Guia de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

Etapa 6 – Relatório final<br />

Os dados da investigação deverão ser sumarizados em um relatório<br />

que inclua a descrição do evento (todas as etapas da investigação),<br />

destacando-se:<br />

• causa da ocorrência, indicando, inclusive, se houve falha da <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong> e/ou dos serviços de saúde e quais providências<br />

foram adotadas para a sua correção;<br />

• se as medidas de prevenção implementadas em curto prazo estão<br />

sendo executadas;<br />

• descrição das orientações e recomendações, a médio e longo<br />

prazo, a serem instituídas, tanto pela área de saúde quanto de<br />

outros setores.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• que, em 1975, o Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional<br />

de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> – SNVE -;<br />

• que, com as profundas mudanças no perfil epidemiológico das<br />

populações, houve o declínio das taxas de mortalidade por doenças<br />

infecciosas e parasitárias e o crescente aumento das mortes<br />

por causas externas e doenças crônicas degenerativas no<br />

escopo da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>;<br />

• que o propósito da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> é fornecer orientação<br />

técnica para os profissionais de saúde, subsidiando-os no<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 83<br />

Em situações de eventos<br />

inusitados, após a<br />

coleta dos dados dos<br />

primeiros casos, deve-se<br />

padronizar o conjunto<br />

de manifestações<br />

clínicas e as evidências<br />

epidemiológicas,<br />

definindo-se o que<br />

será considerado como<br />

“caso”.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


planejamento e na execução de ações de controle de doenças<br />

e agravos, bem como dos fatores que a condicionam e área geográfica;<br />

• que as funções da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> compreendem:<br />

coleta, processamento, análise e interpretação dos dados, recomendação<br />

das medidas de promoção, prevenção e controle,<br />

avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas, bem<br />

como a divulgação de informações pertinentes;<br />

• que, na notificação, devem-se considerar os seguintes aspectos:<br />

notificar a simples suspeita da doença ou do evento, o sigilo e o<br />

envio da informação, que deve ser feito mesmo na ausência de<br />

casos (notificação negativa);<br />

• que, para fazer uma investigação de caso, deve-se seguir um<br />

roteiro com seis fases distintas: coleta de dados sobre os casos,<br />

busca de pistas, busca ativa de caso, processamento e análises<br />

parciais dos dados, encerramento de casos e relatório final.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. O que significa a expressão <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>?<br />

2. Em que ano foi instituido o SNVE?<br />

3. O que levou a inclusão das doenças crônicas degenerativas e das causas<br />

externas no escopo da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>?<br />

4. Diante do exposto, qual o propósito da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>?<br />

5. Cite as funções da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

6. Diante de uma notificação, quais os aspectos que devem ser observados?<br />

7. Descreva a etapa três do roteiro de investigação.<br />

8. O que deve constar no relatório final de uma investigação epidemiológica?<br />

9. Faça uma visita ao setor de epidemiologia da sua cidade e converse com<br />

os profissionais que trabalham na <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>, levantando<br />

questões que ficaram pendentes nesta aula.<br />

10. Adquira uma ficha de investigação epidemiológica e procure preencher<br />

todos os campos (simule uma investigação de um caso fictício).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 84<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 8 – Cólera<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo desta aula, você seja capaz de:<br />

• identificar o agente causador, bem como os sinais e os sintomas<br />

da cólera;<br />

• descrever a forma de transmissão do vibrião colérico;<br />

• citar as formas de tratamento e de controle da doença;<br />

• propor ações preventivas e promocionais à saúde.<br />

8.1 Descrição<br />

Doença infecciosa intestinal aguda causada pelo enterotoxina do<br />

Vibrio cholerae.<br />

8.2 Agente etiológico<br />

Bacilo gram-negativo - V. cholerae do sorogrupo O1, biótipo clássico,<br />

ou El Tor, sorotipos Inaba e o V. cholerae O139, também conhecido como<br />

Bengal.<br />

Figura 38: Agente etiológico da cólera - V. cholerae do sorogrupo O1.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em 10 de maio de 2011.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

85<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Acreditava-se<br />

que, entre todos<br />

os sorogrupos<br />

conhecidos, apenas<br />

o O1 era patogênico.<br />

Em março de 1993,<br />

contudo, o V. cholerae<br />

O139 foi identificado<br />

como responsável<br />

por uma epidemia no<br />

sul da Ásia. Outros<br />

sorogrupos não O1 do<br />

V. cholerae já foram<br />

identificados em todo<br />

o mundo e podem<br />

ocasionar patologias<br />

extraintestinais<br />

ou diarreias com<br />

desidratação severa,<br />

semelhante à cólera.<br />

No entanto, estão<br />

associados a casos<br />

isolados ou surtos<br />

limitados.<br />

A resistência do biotipo<br />

El Tor é maior, o que<br />

lhe dá condições<br />

de sobreviver por<br />

mais tempo no meio<br />

ambiente. Multiplica-se<br />

melhor e mais rápido<br />

em meios de cultura,<br />

além de apresentar<br />

menor suscetibilidade<br />

aos agentes químicos<br />

e maior tendência<br />

à endemização, ou<br />

seja, tornar a doença<br />

endêmica (BRASIL,<br />

2009.p.312).<br />

Assintomático:<br />

no caso cólera, são<br />

aquelas pessoas que,<br />

apesar de serem<br />

portadoras do vibrião,<br />

não manifestam<br />

os sintomas da<br />

doença, porém são<br />

responsáveis pela<br />

contaminação de<br />

objetos, de ambientes<br />

e de outras pessoas.<br />

8.3 Reservatório<br />

O homem é o reservatório usual de V. cholerae, toxigênico dos sorogrupos<br />

O1 e O139. Contudo, vários estudos têm demonstrado que o V.<br />

cholerae O1 pode ser isolado de ambientes aquáticos. Estudos indicam que<br />

animais marinhos, como moluscos e crustáceos, podem ser reservatórios naturais<br />

do V. cholerae.<br />

8.4 Modo de transmissão<br />

Ocorre principalmente pela ingestão de água ou de alimentos contaminados<br />

por fezes ou vômitos de doente ou portador. Os alimentos e utensílios<br />

podem ser contaminados pela água, pelo manuseio ou por insetos -<br />

moscas. A contaminação pessoa a pessoa é também importante na cadeia<br />

epidemiológica.<br />

Há elevada ocorrência de assintomáticos.<br />

8.5 Período de incubação<br />

De algumas horas a 5 dias. Na maioria dos casos, de 2 a 3 dias.<br />

8.6 Período de transmissibilidade<br />

Perdura enquanto houver eliminação do vibrião nas fezes, o que<br />

ocorre, na maioria dos casos, até poucos dias após a cura. Para fins de vigilância,<br />

o período aceito como padrão é de 20 dias.<br />

Alguns doentes tornam-se portadores crônicos, eliminando o vibrião<br />

de forma intermitente por meses e até anos.<br />

8.7 Suscetibilidade e imunidade<br />

A suscetibilidade é variável e aumenta na presença de fatores que<br />

diminuem a acidez gástrica. A infecção produz elevação de anticorpos e<br />

confere imunidade por tempo limitado, em torno de 6 meses. Repetidas<br />

infecções tendem aumentar a resposta imunológica, o que leva à imunidade<br />

de longa duração. Esse mecanismo pode explicar a resistência demonstrada<br />

pelos adultos em áreas endêmicas.<br />

8.8 Aspectos clínicos e laboratoriais - manifestações<br />

clínicas<br />

A cólera manifesta-se de forma variada, desde infecções inaparentes<br />

até diarreia aquosa profusa e grave. Além da diarreia, podem surgir vômitos,<br />

dor abdominal e, nas formas severas, câimbras, desidratação e choque.<br />

Febre não é uma manifestação comum.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 86<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Nem sempre a cólera aparece de forma súbita, com diarreia aquosa,<br />

apenas em 10% dos casos.<br />

A diarreia e os vômitos determinam uma extraordinária perda de<br />

líquidos, o que leva à desidratação; não corrigida, levará a uma deterioração<br />

progressiva da circulação, da função renal e do balanço hidroeletrolítico,<br />

produzindo dano a todos os sistemas do organismo.<br />

Figura 39: Mãe haitiana cuida do filho em estado de choque causado pela cólera.<br />

Fonte: Disponível em


Via oral – boca.<br />

Parenteral – venosa/<br />

veia. Antibioticoterapia<br />

– tratamento com<br />

antibiótico.<br />

A observação dos<br />

sinais e dos sintomas é<br />

fundamental para que<br />

se possa classificar o<br />

paciente quanto ao seu<br />

estado de hidratação<br />

no decorrer da diarreia<br />

de qualquer etiologia,<br />

inclusive a causada pela<br />

cólera, com a finalidade<br />

de identificar o grau de<br />

desidratação e decidir<br />

o plano de reposição.<br />

O paciente que inicia<br />

o seu tratamento com<br />

reposição venosa,<br />

devido à gravidade<br />

da desidratação,<br />

ao passar para<br />

hidratação oral, deve<br />

ficar sob a constante<br />

avaliação clínica,<br />

considerando, inclusive,<br />

a possibilidade de seu<br />

retorno à reidratação<br />

endovenosa.<br />

Maiores informações,<br />

consultar o Guia<br />

de <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong>, página<br />

514. Caderno 05.<br />

• Formas leves e moderadas – hidratação oral, com soro de reidratação<br />

oral -SRO.<br />

• Formas graves – hidratação venosa + antibioticoterapia, como<br />

está ilustrada na figura a seguir.<br />

Figura 40: Acampamento no Haiti durante uma epidemia de cólera que matou mais<br />

de 2000 pessoas.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em<br />

10 de maio de 2011.<br />

Um pouco de história!<br />

A cólera, apesar de todo o conhecimento acumulado, continua impondo<br />

desafios, não apenas em função das características de seu agente,<br />

mas, principalmente, pela vulnerabilidade de grande parcela da população<br />

mundial que vive em condições precárias de saneamento. A chegada desta<br />

doença, em áreas indenes e de baixo nível das condições de vida, sempre<br />

teve índices alarmantes.<br />

Até 1991, o Brasil era uma área indene para cólera. A introdução<br />

da doença aconteceu pela selva amazônica, no Alto Solimões. A partir daí,<br />

alastrou-se progressivamente pela região Norte, seguindo o curso do rio Solimões/Amazonas<br />

e seus afluentes, principal via de deslocamento de pessoas<br />

na região. Posteriormente, atingiu as regiões Nordeste e Sudeste, através<br />

dos principais eixos rodoviários. A partir daí, passou-se a observar alternância<br />

de períodos de silêncio epidemiológico e de recrudescimento da epidemia.<br />

Atualmente, o comportamento da cólera sugere um padrão endêmico,<br />

definido pela ocorrência regular de casos e por flutuações cíclicas de<br />

maior ou de menor gravidade, na dependência de condições locais que favoreçam<br />

a circulação do V. cholerae.<br />

Segundo os registros do Ministério da Saúde (Brasil, 2009), a ocorrência<br />

de casos é maior nos períodos mais secos do ano, quando a baixa do<br />

volume de água nos reservatórios e mananciais proporciona a concentração<br />

de vibriões.<br />

A deficiência do abastecimento de água tratada, o destino inadequado<br />

dos dejetos, a alta densidade populacional, a carência de habitação,<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 88<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


a higiene inadequada, a alimentação precária e a educação insuficiente favorecem<br />

a ocorrência da doença.<br />

Os indicadores de morbidade, de mortalidade e de letalidade são<br />

diferenciados de acordo com as condições socioeconômicas, com a densidade<br />

populacional, com os meios de transporte, com o acesso aos serviços de<br />

saúde e com outras situações de risco.<br />

No período de 1991 a 1999, a cólera atingiu todas as regiões do<br />

país, produzindo um total de 167.885 casos e 2.015 óbitos, com registro de<br />

grandes epidemias na região Nordeste. Entre os anos de 2000 e 2008, ocorreu<br />

uma redução significativa no número de casos e de óbitos por cólera no<br />

Brasil, sendo registrados, nesse período, 766 casos e 20 óbitos. Todos os casos<br />

foram registrados na região Nordeste, e o estado de Pernambuco liderou<br />

o número de registros - 511 casos e 12 óbitos.<br />

A taxa de letalidade, em casos graves de cólera sem tratamento<br />

adequado, pode atingir 50%, porém, quando este é instituído correta e precocemente<br />

a taxa pode cair para menos de 2% (BRASIL, 2009).<br />

8.12 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> e ambiental<br />

A <strong>Vigilância</strong> desenvolve as suas ações no sentido de reduzir a incidência<br />

e a letalidade, de impedir ou de dificultar a propagação da doença e<br />

de controlar os surtos.<br />

É de fundamental importância que as equipes de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

locais implantem ou implementem a Monitorização das Doenças<br />

Diarreicas Agudas - MDDA - em sua área de abrangência, acompanhando o<br />

seu comportamento no tempo e a sua distribuição por faixa etária. Uma<br />

elevação do número de casos de diarreia, em determinado local e período e<br />

na faixa etária de maiores de 15 anos, é sugestiva de surto de cólera. A participação<br />

do laboratório é necessária para a confirmação dos primeiros casos.<br />

A monitorização ambiental de pontos estratégicos é outra medida<br />

que deve ser imediatamente adotada, com vistas à detecção precoce da<br />

circulação do V. cholerae. Consiste na coleta periódica do material de meio<br />

ambiente para a realização do diagnóstico laboratorial, atividade esta que<br />

deverá ser coordenada pela <strong>Vigilância</strong> Ambiental.<br />

8.13 Saneamento Ambiental<br />

O Saneamento Ambiental deverá ofertar água de boa qualidade –<br />

ÁGUA POTÁVEL - e em quantidade suficiente. Em locais sem sistema de abastecimento,<br />

a <strong>Vigilância</strong> deverá fornecer e orientar o tratamento domiciliar<br />

com hipoclorito de sódio. Outro método recomendado é a fervura da água,<br />

mas pouco acessível, na prática, às condições da maior parte da população.<br />

O acondicionamento da água já tratada deve ser feito em recipientes<br />

higienizados, preferencialmente, de boca estreita, para evitar a contaminação<br />

posterior pela introdução de copos/canecos, conchas e outros para<br />

a retirada da água. É recomendado usar o filtro ou colocar torneira em pote,<br />

moringa e botija.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 89<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 41: Demonstra a falta de saneamento básico, situação que favorece a<br />

proliferação do Vibrio cholerae.<br />

Fonte: Disponível em . Acessado em 10 de maio de 2011.<br />

O tratamento dos dejetos e a disposição adequada do lixo são alternativas<br />

viáveis para reduzir a contaminação ambiental.<br />

8.14 Educação em saúde<br />

O maior enfoque deverá ser dado à ação participativa, observando<br />

e respeitando a diversidade sociocultural, uma vez que os casos da doença<br />

podem ocorrer de processos ou de em situações variadas.<br />

A parceria da comunidade com a equipe de saúde e outros é de<br />

vital importância no controle das doenças e de seus agravos, bem como na<br />

busca de soluções sustentáveis de saneamento, educação e saúde ambiental.<br />

Figura 42: Comunidade quilombola de Buriti do Meio, São Francisco/MG, depois<br />

da implantação do sistema de abastecimento de água, as melhorias sanitárias e as<br />

ações de educação em saúde voltadas para as práticas de higiene reduziram em<br />

mais de 90 % os casos de doenças diarreicas agudas.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 90<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu que:<br />

• cólera é uma doença infecciosa intestinal aguda causada pelo<br />

agente etiológico “Vibrio cholerae”;<br />

• a transmissão do vibrião colérico é feita através da água e de<br />

alimentos contaminados por fezes e vômitos dos portadores do<br />

bacilo;<br />

• os sintomas da cólera são diarreia aquosa, vômitos, dor abdominal,<br />

câimbras, desidratação e choque;<br />

• a informação, a higienização dos alimentos, a ingestão de água<br />

potável, a destinação correta dos dejetos e dos resíduos sólidos<br />

– lixo - são as melhores formas de se prevenir contra a doença.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. O que é cólera?<br />

2. Qual o agente ou os agentes causadores?<br />

3. Descreva a forma de transmissão da doença.<br />

4. Relacione os sintomas da doença.<br />

5. Como deve ser o tratamento e por quê?<br />

6. Cite três objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

7. Cite ações que impedem a disseminação do vibrião.<br />

8. O Brasil, até 1991, era uma área indene para a cólera, e, hoje, não pode<br />

falar o mesmo, por quê?<br />

9. O que você observa em sua localidade que pode contribuir para o surgimento<br />

da cólera?<br />

10. Dentro do contexto, cite algumas ações de educação que devem ser desenvolvidas<br />

na prevenção e ou promoção da saúde.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 91<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 9 - Doença de Chagas<br />

Objetivos<br />

• Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você<br />

seja capaz de:<br />

• conceituar a doença de Chagas;<br />

• descrever o ciclo evolutivo da doença;<br />

• definir os vetores;<br />

• citar os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença, bem<br />

como as medidas de prevenção e de controle preconizadas pela<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

9.1 Introdução<br />

Você já ouviu falar em doença de Chagas? Com certeza sim, e já<br />

tem bastante informação a respeito desta doença, porém, vamos aprofundar<br />

os nossos conhecimentos em relação a esta endemia que tem incapacitado<br />

muita gente para o trabalho, sem falar nos milhares que morrem todos os<br />

anos acometidos por este mal. Vamos conhecer os conceitos, a etiologia,<br />

a transmissão, o vetor, os aspectos clínicos e epidemiológicos, a <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong> e as medidas de controle.<br />

9.2 Descrição<br />

Podemos definir doença de Chagas - DC - como uma doença infecciosa<br />

causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi; de curso clínico<br />

crônico, caracteriza-se por fase inicial aguda, com sinais ou sintomas quase<br />

sempre inespecíficos, quando presentes, e que pode evoluir para a fase crônica,<br />

com o comprometimento cardíaco – cardiopatia chagásica, ou digestiva<br />

– megaesôfago e megacólon (BRASIL, 2002).<br />

No Brasil, atualmente, predominam os casos crônicos decorrentes<br />

de infecção por via vetorial, com aproximadamente três milhões de indivíduos<br />

infectados. No entanto, nos últimos anos, a ocorrência da doença de Chagas<br />

aguda - DCA - tem sido observada em diferentes estados, em especial,<br />

na região da Amazônia Legal.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

93<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Você sabia que esta doença<br />

tem este nome em homenagem<br />

ao seu descobridor Carlos<br />

Justiniano Ribeiro Chagas?<br />

Foi chefe da comissão de<br />

estudos sobre a profilaxia<br />

da malária em Minas Gerais<br />

(1907). Em 1909, concluiu<br />

as pesquisas destinadas a<br />

debelar a tripanossomíase,<br />

posteriormente conhecida<br />

como doença de Chagas.<br />

Identificou o agente causador<br />

dessa doença, ao qual deu o<br />

nome de Trypanosoma cruzi,<br />

em homenagem a Osvaldo Cruz.<br />

Seu trabalho abrange todos os<br />

aspectos da doença: anatomia<br />

patológica, epidemiologia,<br />

etiologia, formas clínicas, meios<br />

de transmissão, patogenia,<br />

profilaxia e sintomatologia.<br />

Um ano depois de sua<br />

descoberta, recebeu o<br />

reconhecimento dos meios<br />

científicos internacionais.<br />

Criou-se, para ele, uma vaga<br />

especial na Academia Nacional<br />

de Medicina (1910). Os dois<br />

anos seguintes, passou-os<br />

Carlos Chagas em viagem pelo<br />

vale amazônico, levantando<br />

carta epidemiológica da<br />

região. Em 1912, um júri<br />

internacional conferiu-lhe o<br />

prêmio Schaudinn, concedido<br />

ao melhor estudo sobre<br />

protozoologia e microbiologia.<br />

http://www.brasilescola.<br />

com/biografia/carlosribeiro-justiniano-da-chagas.<br />

htm. Acessado em 18<br />

de abril de 2011. http://<br />

www.diariodojequi.com.<br />

br/files.php?file=carlos_<br />

chagas_295792605.j<br />

9.3 Etiologia<br />

Como vimos na descrição, a doença de Chagas é causada pelo protozoário<br />

Trypanosoma cruzi, caracterizado pela presença de um flagelo. No<br />

sangue dos vertebrados, o T. cruzi apresenta-se sob a forma de tripomastigota,<br />

que é extremamente móvel, e, nos tecidos, em forma arredonda,<br />

amastigotas. No tubo digestivo dos insetos vetores, ocorre um ciclo com<br />

a transformação dos tripomastigostas sanguíneos em epimastigotas, dando<br />

origem às formas infectantes presentes nas fezes do inseto, trypomastigostas<br />

metacíclicos.<br />

Figura 43: O Trypanosoma cruzi apresenta-se sob a forma de tripomastigota,<br />

no sangue dos vertebrados; à esquerda e à direita, amastigota encontrado nos<br />

tecidos.<br />

Fonte: Retirado da figura “Ciclo de transmissão”, Dsponível em . Acesso em 17 de abril de 2011.<br />

Figura 44: Ciclo de vida do Trypanossoma cruzi no homem e no inseto<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 14 de abril de 2011.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 94<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


9.4 Transmissão<br />

A doença pode ser transmitida de uma pessoa para outra, de um<br />

animal para outro ou dos animais para as pessoas. Veja, a seguir, como acontece<br />

essa transmissão.<br />

9.4.1 Formas de transmissão<br />

As formas conhecidas de transmissão da doença de Chagas para<br />

o homem são: a vetorial, a transfusional, a transplacentária – congênita -,<br />

de mãe para o filho e, mais recentemente, a transmissão pela via oral, pela<br />

ingestão de alimentos contaminados pelo T. cruzi, como foi o caso anunciado<br />

nos jornais de todo país do suco de açaí, no Pará, e no caldo de cana, no<br />

litoral Norte de Santa Catarina. Podem acontecer transmissões de outras<br />

formas, menos comuns, que envolvem acidente de laboratório, manejo de<br />

animais infectados, transplante de órgãos sólidos e leite materno.<br />

a. Transmissão vetorial<br />

Figura 45: Ciclo de transmissão vetorial, silvestre e doméstico da doença de<br />

Chagas.<br />

Fonte: Joaquim Francisco de Lima, retirado do livro “Texto de Apoio Doença de Chagas” (MS,<br />

1989. P.13).<br />

A doença de Chagas, primitivamente uma enzootia - doença que<br />

circulava entre os animais silvestres -, passou a representar um grave problema<br />

de saúde pública com a domiciliação e colonização de vetores, pro-<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 95<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Para haver a<br />

transmissão do T.<br />

cruzi para o homem<br />

por meio de um<br />

vetor – o triatomíneo<br />

(BARBEIRO) -, é<br />

necessário que o<br />

Triatomíneo esteja<br />

contaminado/<br />

infectado, ou seja, que<br />

já tenha adquirido o<br />

T. Cruzi alimentado de<br />

sangue contaminado;<br />

que elimine as fezes<br />

próximas do local da<br />

picada; que a pessoa<br />

coce e que ela seja<br />

susceptível. Por isso,<br />

nem todos que tiveram<br />

contato ou que já<br />

foram picados por<br />

barbeiros pegaram<br />

ou desenvolveram a<br />

doença de Chagas.<br />

Pode ser que centenas<br />

de barbeiros tenham<br />

picado uma pessoa,<br />

porém todos eles<br />

estejam sadios, sem a<br />

presença do T. Cruzi<br />

no seu intestino.<br />

vocadas pelo desequilíbrio ambiental, devido à ocupação do homem ao seu<br />

habitat natural.<br />

Portanto, quando a transmissão só acontecia entre os animais da<br />

floresta, tínhamos um ciclo silvestre; depois da colonização dos barbeiros,<br />

alimentando-se do sangue humano e do de animais que vivem próximos ou<br />

dentro de casa, deu-se o ciclo doméstico.<br />

Mas como o barbeiro transmite essa doença para as pessoas?<br />

Figura 46: Ciclo de transmissão vetorial da doença de Chagas e ciclo biológico do T.<br />

Cruzi.<br />

Fonte: Disponível em: ; www.saude.gov/svs.<br />

Acesso em 14 de abril de 2011.<br />

Veja bem, quando os triatomíneos, também conhecidos como “barbeiros”<br />

ou “chupões”, sugam o sangue, têm o hábito de eliminar as excretas<br />

(fezes) próximas à picada. Sentindo coceira neste local, a tendência é de a<br />

pessoa, mesmo inconscientemente, sem querer, se coçar; nesta ação, ela<br />

leva as fezes com T. cruzi para o local da picada, para arranhaduras provocadas<br />

pelas unhas ou para a mucosa do nariz e dos olhos. Nestes locais, é que<br />

o parasita (formas infectantes de tripomastigotas metacíclicos) vai penetrar<br />

no corpo.<br />

b) Transmissão transfusional<br />

Será que as pessoas pegam a doença de Chagas recebendo sangue?<br />

A transmissão transfusional da doença de Chagas é a segunda via<br />

mais importante de propagação da doença nos centros urbanos, sendo considerada<br />

a principal forma de transmissão em países não endêmicos, como<br />

o Canadá, a Espanha, os EUA e outros, e em países latino-americanos que<br />

estejam em processo de erradicação do vetor (BRASIL, 2002).<br />

O Brasil, que, nos anos 1980, apresentava prevalência média de<br />

7,03% em candidatos à doação de sangue, teve esse coeficiente diminuído<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 96<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


para 3,18%, na década de 90, atualmente, para 0,6% na hemorrede pública, e<br />

de 0,7%, na rede privada. Esses índices refletem a efetividade dos programas<br />

de combate ao vetor e maior controle do sangue e hemoderivados, por meio<br />

de uma rigorosa triagem clínica e da doação voluntária de sangue. Também<br />

a atuação mais efetiva da <strong>Vigilância</strong> Sanitária sobre os serviços de hemoterapia<br />

públicos e privados tem contribuído para o aumento da segurança transfusional<br />

e, consequentemente, para a eliminação da transmissão sanguínea<br />

dessa doença. Além da transmissão por meio da transfusão de sangue, existe<br />

a transmissão vertical.<br />

c) Transmissão vertical<br />

A principal via da transmissão vertical é a transplacentária, e pode<br />

ocorrer em qualquer fase da doença materna: aguda, indeterminada ou crônica.<br />

A transmissão também pode se dar em qualquer época da gestação<br />

ou ocorrer no momento do parto, pelo contato das mucosas do feto com o<br />

sangue da mãe infectada.<br />

A transmissão congênita deve ser considerada em crianças nascidas<br />

de mãe com sorologia positiva para T. cruzi.<br />

d) Transmissão por via oral<br />

A transmissão do T. cruzi por via oral é comum entre animais mamíferos,<br />

por meio da ingestão de vetores e reservatórios infectados. É esporádica<br />

e circunstancial em humanos, porém ocorre quando alimentos são<br />

contaminados com o parasito, principalmente a partir de triatomíneo ou de<br />

suas fezes. Também pode ocorrer por meio da ingestão de carne crua ou<br />

mal cozida e por acidentes em laboratório, na ação de retirada das fezes do<br />

inseto para exame.<br />

As mais recentes contaminações investigadas pela <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

foram o caso do suco do açaí no Pará e do caldo de cana no litoral<br />

Norte de Santa Catarina.<br />

Este tipo de transmissão ocorre em locais definidos, em um determinado<br />

tempo, por diferentes tipos de alimentos manuseados de formas<br />

inadequadas.<br />

A transmissão oral pode ocorrer a partir de formas tripomastigotas<br />

e epimastigotas.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 97<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 47: O açaí, em áreas endêmicas, com presença de triatomíneos, deve ser<br />

bem manuseado e higienizado antes de ser consumido, para evitar a transmissão<br />

via oral da doença de Chagas.<br />

Fonte: Disponível em: .; www.<br />

sobiologia.com.br. Acesso em 14 de abril de 2011.<br />

Veja as reportagens transcritas na íntegra.<br />

Açaí faz 1 vítima de doença de Chagas a cada 4 dias na Amazônia<br />

A cada quatro dias, em média, uma pessoa é infectada com doença<br />

de Chagas ao beber suco de açaí na Amazônia. Tem sido assim nos últimos 15<br />

meses, quando 15 surtos da doença foram registrados no Pará, no Amazonas<br />

e no Amapá.<br />

Neste mês, já há dois surtos notificados: um em Breves (PA) e outro<br />

em Abaetetuba (PA). Quinze pessoas foram diagnosticadas com a enfermidade.<br />

Uma morte é investigada...<br />

Desde junho do ano passado, 116 pessoas pegaram a doença após<br />

ingerir sucos típicos da região (principalmente açaí e bacaba -chamado de<br />

açaí branco) triturados com o barbeiro.<br />

De acordo com o Instituto Evandro Chagas, de 1968 até 2005, foram<br />

registrados, em média, 12 casos por ano na região amazônica por via oral.<br />

Ou seja, houve aumento de 867%.<br />

THIAGO REIS da Agência Folha. Em 18/08/2007-09h01.<br />

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u321060.<br />

shtml. Acessado em 26-04-2011.<br />

A maioria das pessoas até recentemente conhecia apenas uma forma<br />

ou mecanismo de transmissão da doença de Chagas, que era o contato<br />

das fezes dos percevejos triatomíneos infectados com a pele lesada ou mucosas.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 98<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Agora estamos acompanhando pela imprensa o caso trágico ocorrido<br />

no Litoral Norte de Santa Catarina, onde aproximadamente 40 pessoas,<br />

das quais 6 já morreram, foram contagiadas pela doença de Chagas, quando<br />

ingeriram caldo de cana, o que confirma a possibilidade de transmissão também<br />

pela via oral.<br />

Acredita-se na possibilidade de o inseto ter sido moído em meio à<br />

cana ou de contaminação da bebida pela presença de fezes infectadas. Um<br />

estudo de laboratório feito no Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM),<br />

da Fiocruz, em Salvador, na Bahia, comprovou que a transmissão da doença<br />

de Chagas pode ocorrer por via oral.<br />

Fontes: Terra Notícias e Agência Brasil. Disponível em: . Acesso em 26 de abril de 2011.<br />

e) Transmissão por leite materno<br />

Em gestante ou lactante com diagnóstico de doença de Chagas aguda<br />

- DCA - ou coinfecção T. cruzi-HIV, recomenda-se não oferecer amamentação<br />

no peito, em virtude da possibilidade de transmissão por meio do leite<br />

ou pela fissura mamilar. Até a presente data, foram pouquíssimos os casos<br />

confirmados de transmissão da doença de Chagas por este meio.<br />

f) Transmissão por acidentes laboratoriais<br />

Acidentes laboratoriais também podem ocorrer devido ao contato<br />

com culturas de T. cruzi, à exposição às fezes infectadas de triatomíneos ou<br />

ao sangue de paciente ou animal contendo formas tripomastigotas.<br />

g) Transmissão por transplante de órgãos<br />

Segundo o guia epidemiológico, nas duas últimas décadas, com o<br />

aumento do número de transplantes, essa via de transmissão tem adquirido<br />

relevância. A doença de Chagas aguda, que ocorre após este mecanismo<br />

de transmissão, apresenta-se mais grave, uma vez que os receptores estão<br />

imunocomprometidos, e os pacientes infectados apresentam manifestações<br />

clínicas de doença aguda: febre, nódulos cutâneos eritematosos - ínguas,<br />

hepatoesplenomegalia –, aumento do fígado e do baço, mialgias e cefaleia.<br />

9.5 Vetores e reservatórios<br />

A maioria das espécies conhecidas vive no meio silvestre, associadas<br />

a uma diversidade de fauna e flora. É importante ter em mente que essa<br />

associação ao habitat é dinâmica, ou seja, uma espécie, hoje considerada<br />

exclusivamente silvestre, pode se tornar domiciliada se as condições em que<br />

vive forem alteradas.<br />

Das 140 espécies de triatomíneos conhecidas atualmente, 69 foram<br />

identificadas no Brasil e são encontradas em vários estratos florestais, de<br />

todos os biomas.<br />

Com a interrupção e/ou diminuição da transmissão vetorial por Triatoma<br />

infestans no país, quatro outras espécies de triatomíneos têm especial<br />

importância na transmissão da doença ao homem: T. brasiliensis, Panstrongylus<br />

megistus, T. pseudomaculata e T. sordida.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 99<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 48: Alguns triatomíneos importantes na transmissão vetorial da doença de<br />

Chagas. Da esquerda para a direita, Panstrongylus megistus, Triatoma infestans e<br />

T. sórdida.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

As espécies do gênero Rhodnius encontram-se predominantemente<br />

associadas às palmeiras, enquanto as espécies do gênero Triatoma e Panstrongylus<br />

vivem preferencialmente em associação com hospedeiros terrestres.<br />

Algumas poucas espécies, ao longo de seu processo evolutivo, adaptaram-se<br />

aos domicílios e às estruturas construídas no peridomicílio, como<br />

galinheiros e chiqueiros, e tornaram-se mais importantes na transmissão da<br />

doença ao homem.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 100<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 49: Fases evolutiva do triatomíneo (T. sordida) até chegar à fase adulta.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 17 de abril de 2011.<br />

A maioria das espécies de triatomíneos deposita seus ovos livremente<br />

no ambiente, entretanto, algumas possuem substâncias adesivas que<br />

fazem com que os ovos fiquem aderidos ao substrato.<br />

Essa é uma característica muito importante, uma vez que ovos aderidos<br />

às penas de aves e a outros substratos podem ser transportados passivamente<br />

por longas distâncias, promovendo a dispersão da espécie.<br />

A introdução no domicílio de materiais com ovos aderidos (como<br />

folhas de palmeiras para a cobertura de casas e lenha) pode favorecer o<br />

processo de colonização.<br />

A oviposição ocorre de 10 a 30 dias após a cópula, e o número de<br />

ovos varia de acordo com a espécie, principalmente em função do estado<br />

nutricional da fêmea. Uma fêmea fecundada e alimentada pode realizar posturas<br />

por todo o seu período de vida adulta.<br />

Alguns animais silvestres, como quatis, mucuras (ganbás) e tatus,<br />

aproximam-se das casas, frequentando galinheiros, currais e depósitos, na<br />

zona rural e na periferia das cidades. Em alguns casos, como os morcegos,<br />

compartilham ambientes com o homem e os animais domésticos. Deste<br />

modo, essas espécies podem servir como fonte de infecção aos insetos vetores<br />

que ocupam o mesmo habitat dos humanos.<br />

9.6 Período de incubação<br />

• Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias.<br />

• Transmissão transfusional – de 30 a 40 dias ou mais.<br />

• Transmissão vertical – pode ser transmitida em qualquer período<br />

da gestação ou durante o parto.<br />

• Transmissão oral – de 3 a 22 dias.<br />

• Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 101<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


9.7 Aspectos clínicos<br />

Após a entrada do Trypanossoma cruzi no organismo, basicamente,<br />

ocorrem duas etapas fundamentais na infecção humana, descritas a seguir.<br />

Fase aguda (inicial) – pode durar até 12 semanas; aparece um inchaço no<br />

local da picada, como uma espécie de furúnculo - Chagoma de inoculação -,<br />

inchaço das pálpebras de um olho - Sinal de Romaña -, febre baixa, por vários<br />

dias, mal-estar, falta de apetite, aumento do baço e do fígado. Nesta fase, o<br />

parasito é circulante na corrente sanguínea, em quantidades expressivas. A<br />

doença pode progredir para formas agudas graves, que podem levar ao óbito<br />

ou evoluir para a fase crônica.<br />

Figura 50: Criança apresentando inchaço no olho esquerdo , “sinal de Romaña”,<br />

um dos sinais da contaminação pelo Typanossoma cruzi.<br />

Fonte: Disponível em . .<br />

a. Fase crônica – existem raros parasitas circulantes na corrente<br />

sanguínea. Inicialmente, esta fase é assintomática e sem sinais de comprometimento<br />

cardíaco e/ou digestivo. Pode apresentar-se como uma das seguintes<br />

formas:<br />

• forma indeterminada;<br />

• forma cardíaca;<br />

• forma digestiva;<br />

• forma associada (cardiodigestiva).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 102<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 51: Coração acometido pelos Trypanossoma cruzi; o órgão cresce tanto que<br />

a doença é também conhecida com coração de boi.<br />

Fonte: Disponível em .<br />

Figura 52: Forma digestiva – acometimento do aparelho digestivo que,<br />

frequentemente, evolui para megacólon ou megaesôfago. Ocorre em cerca de 10%<br />

dos casos.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 28 de abril de 2011.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 103<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


9.8 Diagnóstico laboratorial<br />

9.8.1 Fase aguda<br />

São considerados critérios parasitológicos e sorológicos.<br />

a) O parasitológico é definido pela presença de parasitos circulantes,<br />

demonstráveis no exame direto do sangue periférico. Por sua vez, o critério<br />

sorológico é baseado na presença de anticorpos anti-T. cruzi da classe<br />

IgM no sangue periférico, particularmente quando associada a alterações<br />

clínicas e epidemiológicas sugestivas.<br />

b) Exames sorológicos têm utilidade complementar aos exames parasitológicos<br />

e devem sempre ser colhidos em casos suspeitos ou confirmados<br />

de doença de Chagas aguda – DCA - e enviados ao Laboratório Central de<br />

Saúde Pública - Lacen. O método mais utilizado é o imunoenzimático - ELISA.<br />

A reação de fixação de complemento - reação de Guerreiro-Machado - não é<br />

mais utilizada pelos laboratórios da rede do Sistema Único de Saúde.<br />

Figura 53: Sorologia de Chagas, no município de Lassance/MG, em 1996. Coleta de<br />

sangue em papel filtro.<br />

Fonte: Arquivo do autor. Joaquim Francisco<br />

9.8.2 Fase crônica<br />

a) Exames parasitológicos<br />

Devido a raros parasitos circulantes na corrente sanguínea na fase<br />

crônica, os métodos parasitológicos convencionais são de pouco eficácia, o<br />

que implica em pouco valor diagnóstico.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 104<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


) Exames sorológicos<br />

O diagnóstico na fase crônica é essencialmente sorológico e deve<br />

ser realizado utilizando-se um teste de elevada sensibilidade, em conjunto<br />

com outro de alta especificidade. Os testes de HAI, IFI e ELISA são os indicados<br />

para determinar o diagnóstico.<br />

c) Exames complementares<br />

É importante realizar exames laboratoriais complementares para o<br />

seguimento dos casos e do manejo clínico de eventuais complicações. Ressalta-se<br />

que o início do tratamento etiológico independe da realização de<br />

tais exames.<br />

Exames sugeridos: hemograma completo com plaquetas, urinálise<br />

(EAS), provas de função hepática, radiografia de tórax, eletrocardiograma,<br />

provas de coagulação (TTPA), endoscopia digestiva alta, ecodopplercardiograma<br />

e exame do líquor.<br />

9.9 Tratamento<br />

O Benznidazol é a droga de escolha disponível para o tratamento<br />

específico da DC. O Nifurtimox pode ser utilizado como alternativa em casos<br />

de intolerância ao Benznidazol, embora seja um medicamento de difícil<br />

obtenção. Na fase aguda, o tratamento deve ser realizado em todos os casos<br />

e o mais rápido possível após a confirmação diagnóstica. O tratamento<br />

específico é eficaz na maioria dos casos agudos (>60 %) e congênitos (>95%),<br />

apresentando ainda boa eficácia em 50% a 60% de casos crônicos recentes.<br />

Atenção! Todo tratamento deve ser sob a orientação médica.<br />

9.10 Aspectos epidemiológicos<br />

A distribuição espacial da doença é limitada primariamente ao<br />

continente americano, em virtude da distribuição do vetor estar restrito a<br />

esse continente, daí ser também denominada de tripanossomíase americana.<br />

Entretanto, são registrados casos em países não endêmicos, por outros<br />

mecanismos de transmissão. Os fatores que determinam e condicionam a sua<br />

ocorrência refletem a forma como a população humana ocupa e explora o<br />

ambiente em que vive. Questões como migrações humanas não controladas,<br />

degradação ambiental e precariedade de condições socioeconômicas, como<br />

habitação, educação, dentre outras, inserem-se nesses fatores.<br />

A área com risco de transmissão vetorial da doença de Chagas no<br />

país, conhecida no final dos anos 1970, incluía 18 estados com mais de 2.200<br />

municípios, e, destes, 711 municípios com a presença do T. infestans. Até<br />

então, a região amazônica estava excluída dessa área de risco, em virtude<br />

da ausência de vetores domiciliados.<br />

A partir de 1975, foram instituídas, no Brasil, ações sistematizadas<br />

de controle químico, focalizadas nas populações de T. infestans, principal<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 105<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


vetor e estritamente domiciliar, e mantidas em caráter regular até os dias<br />

atuais, acompanhadas de educação em saúde e ambiental. Elas levaram a<br />

uma expressiva redução da presença de T. infestans e de outras espécies<br />

no intradomicílio e, simultaneamente, da transmissão do T.cruzi ao homem.<br />

Podemos destacar, aqui, a melhoria da qualidade dos domicílios, as mudanças<br />

de hábitos dos moradores, a maior concentração da população em áreas<br />

urbanas e a melhor compreensão da dinâmica de transmissão.<br />

Hoje, o perfil epidemiológico da doença apresenta um novo cenário,<br />

com a ocorrência de casos e surtos na Amazônia Legal por transmissão<br />

oral e vetorial.<br />

No período de 2000 até 02/10/2010, foram registrados, no Brasil,<br />

1007 casos de doença de Chagas aguda. Destes, 736 (73%) foram por<br />

transmissão oral; 18 (1,8%), por transmissão vetorial; e, em 252 (25%), não se<br />

definiu a forma de transmissão.<br />

9.11 Objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

• Detectar precocemente casos de doença de Chagas, com vistas<br />

à aplicação de medidas de prevenção secundária.<br />

• Proceder à investigação epidemiológica de todos os casos agudos,<br />

por transmissão vetorial, oral, transfusional, vertical e por<br />

transplante de órgãos, visando a adoção de medidas adequadas<br />

de controle.<br />

• Monitorar a infecção na população humana por meio de inquéritos<br />

sorológicos periódicos.<br />

• Monitorar o perfil de morbimortalidade e a carga médico-social<br />

da doença, em todas as suas fases.<br />

• Manter eliminada a transmissão vetorial por T. infestans e, sob o<br />

controle, as outras espécies importantes na transmissão humana<br />

da doença.<br />

• Incorporar ações de saneamento, educação e saúde ambiental<br />

para o controle de vetores e reservatórios.<br />

9.12 Notificação<br />

A DCA é um agravo de notificação compulsória, e todos os casos<br />

devem ser imediatamente notificados ao Sistema de Informação de Agravos<br />

de Notificação - Sinan. Os casos de reativação da doença, que ocorrem nos<br />

quadros de imunodeficiência - HIV - e os casos crônicos não devem ser notificados.<br />

9.13 Fluxos de notificação<br />

A doença de Chagas aguda como agravo de notificação imediata<br />

deve ser prontamente notificada a partir dos municípios, via fax, telefone ou<br />

e-mail, às secretarias estaduais de saúde, com interface das gerências regio-<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 106<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


nais de saúde e/ou superintendências de saúde, as quais deverão informar o<br />

evento imediatamente à Secretaria de <strong>Vigilância</strong> em Saúde, por meio do correio<br />

eletrônico notifica@saude.gov.br ou chagas@saude.gov.br, ao Programa<br />

Nacional de Controle de Doença de Chagas e à Secretaria de <strong>Vigilância</strong> em<br />

Saúde, www.saude.gov.br/svs, do Ministério da Saúde.<br />

A unidade de saúde notificadora deve utilizar a ficha de notificação/<br />

investigação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan<br />

-, encaminhando-a para ser processada conforme o fluxo estabelecido pela<br />

Secretaria Municipal de Saúde. Segundo a Portaria SVS/MS nº 2472, de 31 de<br />

agosto de 2010, “todo caso de doença de Chagas aguda é de notificação obrigatória<br />

às autoridades locais de saúde e a investigação deverá ser encerrada<br />

até 60 dias após a notificação” (BRASIL, 2009).<br />

9.14 Medidas de controle e prevenção<br />

• Visitas domiciliares para pesquisa de triatomíneos no intra<br />

e peridomicílio. Encontrando o vetor, faz-se o controle<br />

químico com inseticida de poder residual. Municípios<br />

em vigilância implantam Postos de Informação de Triatomíneos<br />

– PIT - que são visitados periodicamente pelos<br />

profissionais de saúde.<br />

• Em áreas de alto risco, susceptíveis à domiciliação do<br />

triatomíneos, recomenda-se a melhoria habitacional,<br />

hoje, financiada pela Fundação Nacional de Saúde, com<br />

uma pequena contrapartida do município proponente.<br />

• Identificação de gestantes chagásicas durante o pré-<br />

-natal ou por meio de exames de triagem neonatal de<br />

recém-nascidos para tratamento precoce.<br />

• Controle rigoroso da qualidade dos hemoderivados transfundidos<br />

por meio de triagem sorológicas dos doadores.<br />

• Cuidados higiênicos na produção e na manipulação artesanal<br />

de alimentos de origem vegetal.<br />

• Utilização rigorosa de equipamentos de biossegurança.<br />

• Ações de educação em saúde, comunicação, mobilização<br />

social e saúde ambiental.<br />

Acredita-se que as ações de prevenção e de controle implicam na<br />

adoção de medidas efetivas que envolvam a participação popular, aumentando<br />

o conhecimento das pessoas e a demanda pela prevenção e pelo controle<br />

da doença.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 107<br />

No caso de encontrar<br />

triatomíneos (barbeiros)<br />

no domicílio, devemse<br />

seguir as seguintes<br />

orientações:<br />

não se deve pegálos<br />

com a mão<br />

“desprotegida”,<br />

esmagar, apertar, bater<br />

ou danificar o inseto.<br />

Para manusear os<br />

triatomíneos, deve-se<br />

proteger a mão com<br />

luva ou saco plástico;<br />

os insetos deverão ser<br />

acondicionados em<br />

recipientes plásticos,<br />

com tampa de rosca<br />

para evitar a fuga;<br />

as amostras coletadas<br />

em diferentes<br />

ambientes - quarto,<br />

sala, cozinha,<br />

anexo - deverão<br />

ser acondicionadas,<br />

separadamente, em<br />

frascos rotulados,<br />

com as seguintes<br />

informações: data e<br />

nome do responsável<br />

pela coleta, local de<br />

captura e endereço;<br />

encaminhar para o<br />

Posto de Informação de<br />

Triatomíneo – PIT - mais<br />

próximo.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 54: Projeto de saneamento ambiental e educação em saúde - melhoria<br />

habitacional para o controle da doença de Chagas, em Porteirinha e Pai Pedro/MG;<br />

convênio dos municípios e da Fundação Nacional de Saúde - Funasa.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu que a Doença de Chagas – DC:<br />

• é uma doença infecciosa causada pelo protozoário flagelado, o<br />

Trypanosoma cruzi;<br />

• a doença passa por duas fases distintas, a inicial ou aguda e a<br />

crônica, com o comprometimento do coração, do esôfago e do<br />

intestino;<br />

• é transmitida ao homem de várias formas: vetorial, transfusional,<br />

transplacentária (congênita, por transplante de órgãos), acidental<br />

e por via oral (pela ingestão de alimentos contaminados<br />

pelo T. cruzi);<br />

• os fatores que determinam e condicionam a sua ocorrência refletem<br />

a forma como a população humana ocupa e explora o<br />

ambiente em que vive;<br />

• é doença de notificação compulsória e deve-se manter em alerta<br />

para o controle e a vigilância.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 108<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Atividades de aprendizagem<br />

1. Conceitue doença de Chagas.<br />

2. Descreva o ciclo silvestre e doméstico da doença.<br />

3. Quais os vetores da doença de Chagas?<br />

4. Em sua região, quais as espécies encontradas? (Converse com alguém<br />

da Epidemiologia do seu município antes de responder).<br />

5. Quais as medidas de controle e prevenção desenvolvidas pelos órgãos<br />

de saúde e a população?<br />

6. Quais os sinais e sintomas da doença na fase aguda?<br />

7. Por que é pouca a eficácia do exame parasitológico de pacientes na<br />

fase crônica?<br />

8. Pesquise e descreva sucintamente a distribuição da doença no Brasil.<br />

9. Cite quatro objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

10. Descreva o fluxo de uma notificação da doença de Chagas aguda.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 109<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 10 - Esquistossomose<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo desta aula, você seja capaz de:<br />

• conceituar a esquistossomose;<br />

• identificar o ciclo evolutivo;<br />

• citar os conceitos usados na <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>;<br />

• descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença,<br />

bem como as medidas de prevenção e controle.<br />

10.1 Introdução<br />

O Brasil, palco de muitas vitórias e de muitas belezas construídas e<br />

naturais, ainda não conseguiu se livrar de determinadas doenças e, para muitas<br />

delas, serve de bom laboratório, a exemplo da esquistossomose, que se<br />

adaptou com certa facilidade devido ao clima tropical que aqui se encontra<br />

e à diversidade socioeconômica e cultural do seu povo.<br />

Mas o que é a esquistossomose? Como se pega? Como<br />

combater este mal?<br />

ta aula.<br />

Estas e outras perguntas, vamos tentar responder no decorrer des-<br />

10.2 Descrição<br />

A esquistossomose mansônica é uma doença parasitária, causada<br />

por um verme denominado Schistosoma mansoni, cujas formas adultas habitam<br />

os vasos mesentéricos do hospedeiro definitivo, e as formas intermediárias<br />

desenvolvem-se em caramujos aquáticos do gênero Biomphalaria.<br />

Trata-se de uma doença, inicialmente, assintomática, que pode<br />

evoluir para formas clínicas extremamente graves e pode levar o paciente<br />

ao óbito.<br />

10.3 Sinonímia<br />

Xistose, xistosa, sistosomose, barriga d’água, doença dos caramujos<br />

e doença de Manson-Pirajá da Silva.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

111<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


10.4 Agente etiológico<br />

O Schistosoma mansoni é um helminto pertencente à classe dos<br />

trematódea, família Schistossomatidae e gênero Schistosoma. Tem forma<br />

delgada, de coloração branca e com sexos separados, onde a fêmea adulta,<br />

mais alongada, encontra-se alojada em uma fenda do corpo do macho, denominada<br />

de canal ginecóforo; veja na figura a seguir.<br />

Figura 55: Schistosoma mansoni, macho e fêmea acasalados.<br />

Fonte: Joaquim Francisco, desenho baseado na figura disponível em . Acesso em 08 de maio de 2011.<br />

10.5 Reservatório<br />

No ciclo da doença, estão envolvidos dois hospedeiros: um definitivo<br />

e o intermediário.<br />

10.5.1 Hospedeiro definitivo<br />

O homem é o principal hospedeiro definitivo. Nele, o parasita apresenta<br />

a forma adulta, reproduz-se sexuadamente e, por meio da eliminação<br />

dos ovos do S. mansoni no ambiente, pelas fezes, ocasiona a contaminação<br />

das coleções hídricas.<br />

Os primatas, os marsupiais - caminheiros e gambás, ruminantes- bovinos,<br />

roedores e lagomorfos - lebres e coelhos são considerados hospedeiros<br />

permissivos ou reservatórios, porém não há pesquisa cientifica que comprove<br />

a importância epidemiológica desses animais na transmissão da xistosa, apesar<br />

da comprovação da capacidade que todos têm de eliminar ovos nas fezes.<br />

10.5.2 Hospedeiro intermediário<br />

Os caramujos gastrópodes aquáticos, pertencentes à família Planorbidae<br />

e do gênero Biomphalaria são os organismos que possibilitam a<br />

reprodução assexuada do helminto.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 112<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


10.6 Modo de transmissão<br />

As pessoas portadoras do verme, ao defecar, eliminam ovos do parasita<br />

com as fezes.<br />

Figura 56: Ovo do Schistosoma mansoni.<br />

Fonte: Fundação Wikpédia projetos. Retirado do Caderno de atenção Básica, p.51 (Brasil, 2008).<br />

Essas fezes são levadas para as coleções hídricas por meio das águas<br />

da chuva – enxurrada -, pelos animais e, muitas vezes, são eliminadas pelo<br />

próprio portador da xistosa às margens dos rios, dos córregos, das represas,<br />

dos riachos e das lagoas. Quando essas fezes entrarem em contato com a<br />

água, os ovos se abrem e, deles, saem larvas chamadas de miracídios.<br />

Figura 57: Miracídio saindo do ovo, pronto para penetrar no caramujo.<br />

Fonte: Disponível em < bvsalutz.coc.fiocruz.br.<br />

Os miracídios penetram nos caramujos que, após 4 a 7 semanas,<br />

liberam pequenas larvas, as “cercárias”.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 113<br />

Os planorbídeos são<br />

caramujos pulmonados<br />

e hermafroditas, que<br />

habitam coleções<br />

de água doce, com<br />

pouca correnteza ou<br />

paradas. No Brasil, as<br />

espécies Biomphalaria<br />

glabrata, Biomphalaria<br />

straminea e<br />

Biomphalaria<br />

tenagophila estão<br />

envolvidas na<br />

disseminação da<br />

esquistossomose.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figuras 58: Cercárias de Schistosoma mansoni.<br />

Fonte: Disponível no Manual de Malacologia, 2007 – SVS/Fiocruz/MS.<br />

As cercárias penetram na pele das pessoas que entram em contato<br />

com esses lugares para tomar banho, lavar roupa, brincar, regar plantações etc.<br />

Ao penetrar nas pessoas, as cercárias caem na corrente sanguínea,<br />

passam pelo coração, pulmão e fígado, onde passam um tempo enquanto<br />

jovem e, depois, vão morar dentro das veias do mesentério - paredes do<br />

intestino -, transformando em verme adulto o ESQUISTOSSOMA que copulam,<br />

dando origem aos ovos e o início de um novo ciclo. Para entender melhor,<br />

observe a figura a seguir.<br />

Figura 59: Ciclo de transmissão do Schistosoma mansoni. Homem doente<br />

eliminando ovos do verme por meio das fezes ao miracído, que infecta o caramujo;<br />

este libera cercarias que penetram nas pessoas sadias, fechando o ciclo.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 114<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


10.7 Período de incubação<br />

Em média, é de 1 a 2 meses após a infecção, que corresponde à<br />

fase de penetração das cercarias, do seu desenvolvimento até a instalação<br />

dos vermes adultos no interior do hospedeiro definitivo.<br />

10.8 Período de transmissibilidade<br />

A transmissão da esquistossomose não ocorre por meio do contato<br />

direto homem doente – homem suscetível. Também não ocorre “autoinfecção”,<br />

como na estrongiloidíase e em outras verminoses.<br />

O homem infectado pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni a partir<br />

de 5 semanas após a infecção e por um período de 6 a 10 anos, podendo<br />

chegar a até mais de 20 anos.<br />

10.9 Suscetibilidade e imunidade<br />

A suscetibilidade humana ao verme é universal, embora apresente<br />

variações individuais. Portanto, qualquer pessoa, independente de idade,<br />

sexo ou grupo étnico, que entre em contato com as cercárias, pode vir a<br />

contrair a infecção.<br />

Existem evidências de que certo grau de resistência à esquistossomose<br />

faz-se presente na maioria dos indivíduos expostos em áreas hiperendêmicas,<br />

embora esse mecanismo não esteja perfeitamente esclarecido.<br />

Essa resistência, em grau variável, faz com que grande parte das pessoas<br />

continuamente expostas não desenvolva infecções com grandes cargas parasitárias.<br />

Por isso,é reduzido o número de pessoas com manifestações clínicas<br />

severas em relação ao total de portadores.<br />

10.10 Aspectos clínicos e laboratoriais<br />

A evolução clínica da esquistossomose mansônica depende da resposta<br />

imunológica de cada um; a maioria das pessoas infectadas pode permanecer<br />

assintomática, dependendo da intensidade da infecção.<br />

10.10.1 Fase inicial<br />

Corresponde à penetração das cercarias através da pele. Nesta<br />

fase, as manifestações alérgicas eritematosas e pruriginosas, semelhantes<br />

a picadas de inseto e a eczema de contato, podem durar até 5 dias após a<br />

infecção. São mais intensas nos indivíduos hipersensíveis e nas reinfecções.<br />

A febre pode ocorrer após 3 a 7 semanas de exposição. É comum aparecer<br />

também cefaleia, anorexia, dor abdominal e, com menor frequência, o paciente<br />

pode referir diarreia, náuseas, vômitos e tosse seca.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 115<br />

O horário no qual as<br />

cercárias são vistas<br />

em maior quantidade<br />

na água e com maior<br />

atividade é entre 10<br />

e 16h, quando a luz<br />

solar e o calor são mais<br />

intensos.<br />

Ambientes de água<br />

doce, de pouca<br />

correnteza ou parada,<br />

utilizados para<br />

atividades profissionais<br />

ou de lazer, com<br />

presença de caramujos<br />

infectados pelo S.<br />

mansoni, constituem<br />

os locais adequados<br />

para se adquirir a<br />

esquistossomose.<br />

Os hospedeiros<br />

intermediários<br />

começam a eliminar<br />

cercárias após 4 a 7<br />

semanas da infecção<br />

pelos miracídios. Os<br />

caramujos infectados<br />

eliminam cercárias<br />

por toda a vida, que é<br />

aproximadamente de<br />

um a dois anos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


O fígado e o baço aumentam discretamente de volume e o indivíduo<br />

apresenta um sensível comprometimento do seu estado geral, podendo, em<br />

alguns casos, chegar ao óbito.<br />

10.10.2 Fase tardia<br />

As formas crônicas iniciam-se a partir dos 6 meses após a infecção,<br />

podendo durar vários anos. Podem surgir os sinais de progressão da doença<br />

para diversos órgãos, chegando a atingir graus extremos de severidade,<br />

como hipertensão pulmonar e portal, ascite, ruptura de varizes do esôfago.<br />

Figura 60: Paciente com esquistossomose na forma hepatoesplênico -<br />

manifestações clínicas severas. Comprometimento do fígado e baço. Ao lado<br />

direito, ovos do esquistossomo e a cercária.<br />

Fonte: Disponível no acervo Dr. J. R. Lambertucci (Brasil, 2008.p.52 e a II disponível em: . Montada pelo autor Joaquim Francisco<br />

10.11 Diagnóstico laboratorial<br />

Os métodos laboratoriais utilizados no diagnóstico da esquistossomose<br />

podem ser classificados em diretos e indiretos.<br />

• Os métodos diretos detectam o parasito, suas partes e os ovos -<br />

exames de fezes e biopsia retal e epática.<br />

• Os métodos indiretos dependem de marcadores bioquímicos e<br />

imunológicos associados à infecção, dentre os quais, destacam-<br />

-se os exames ultrassonográficos, que são de grande auxílio no<br />

diagnóstico da fibrose de Symmers e nos casos de hepatoesplenomegalia,<br />

e os testes imunológicos de reação intradérmica ou<br />

sorológica.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 116<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


10.12 Tratamento<br />

O tratamento da esquistossomose consiste na utilização de medicamentos<br />

específicos para a cura da infecção. Existem dois medicamentos<br />

disponíveis para o tratamento de crianças e de adultos portadores de S.<br />

mansoni: o praziquantel 600mg, via oral, em dose única de 50mg/kg de peso<br />

para adultos e 60mg/kg de peso para crianças, e a oxaminiquina – mansil, em<br />

cápsulas, com 250mg e solução de 50mg/ml para o uso pediátrico. A dose recomendada<br />

é de 20mg/kg para crianças e de 15mg/kg para adultos, tomadas<br />

de uma só vez, cerca de 1 hora após uma refeição.<br />

A distribuição dos medicamentos esquistossomicidas é gratuita e<br />

repassada para as secretarias de estado da saúde – SES - pela Secretaria de<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde, do Ministério da Saúde. Estão disponíveis na rede de<br />

Atenção Básica de Saúde dos municípios ou nas unidades de referência para<br />

tratamento da esquistossomose.<br />

10.13 <strong>Vigilância</strong> epidemiológica - VE<br />

10.13.1 Objetivos<br />

Reduzir a ocorrência de formas graves e óbitos; reduzir a prevalência<br />

da infecção e reduzir o risco de expansão geográfica da doença. No intuito<br />

de evitar a instalação de focos urbanos, fazer notificação; definir os casos<br />

suspeitos, confirmados e descartados, tanto pelo critério clinico laboratorial<br />

como pelo epidemiológico.<br />

10.13.2 Notificação<br />

A esquistossomose é doença de notificação compulsória; os casos<br />

confirmados devem ser notificados e investigados por meio da ficha de investigação<br />

de caso de esquistossomose, do Sinan.<br />

10.13.3 Medidas profiláticas<br />

Confirmação laboratorial, investigação dos casos, tratamento ambulatorial<br />

e acompanhamento de cura; ações de educação e saúde ambiental;<br />

saneamento domiciliar e ambiental – água encanada e tratada, banheiros<br />

e destinação correta do lixo -; identificação, inspeção e tratamento químico<br />

ou biológico dos criadouros de caramujos; proteção individual para evitar a<br />

propagação da transmissão.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 117<br />

A biópsia retal ou<br />

hepática, apesar de não<br />

indicada para utilização<br />

na rotina, pode ser útil<br />

em casos suspeitos e<br />

na presença de exame<br />

parasitológico de fezes<br />

negativo.<br />

A técnica de Kato-Katz<br />

é a mais utilizada pelos<br />

programas de controle<br />

da esquistossomose.<br />

Além da visualização<br />

dos ovos, permite<br />

que seja feita a<br />

sua contagem por<br />

grama de fezes,<br />

fornecendo um<br />

indicador quantitativo<br />

que permite avaliar<br />

a intensidade da<br />

infecção e a eficácia<br />

do tratamento. É o<br />

método de escolha<br />

para inquéritos<br />

coproscópicos<br />

de rotina e em<br />

investigações<br />

epidemiológicas.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Informações a respeito<br />

da doença e das formas<br />

para evitar a xistosa,<br />

acesse: Secretaria de<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde;<br />

www.saude.gov.br/svs;<br />

Biblioteca Virtual em<br />

Saúde do Ministério da<br />

Saúde; www.saude.gov.<br />

br/bvs.<br />

Educação e saúde ambiental<br />

As ações de educação e saúde ambiental devem preceder e acompanhar<br />

todas as atividades de controle e serem baseadas em estudos do<br />

comportamento das populações em risco. A orientação à população quanto<br />

às maneiras pelas quais se previnem as doenças transmissíveis é um fator<br />

indispensável para o sucesso de qualquer programa de controle. Essa ações<br />

devem ser realizadas pelos agentes de controle das endemias, educadores<br />

em saúde, agentes comunitários de saúde e por profissionais das unidades<br />

básicas, além de outros profissionais das equipes de estratégia de saúde da<br />

família. Devem ser direcionadas à população em geral, priorizando aos escolares<br />

residentes nas áreas endêmicas.<br />

Seguem algumas orientações à população para áreas endêmicas:<br />

mobilizar e buscar parcerias para implementar e/ou ampliar o sistema de<br />

abastecimento de água; melhorias sanitárias – construção de banheiros, destino<br />

correto do lixo e orientar para as pessoas para não entrar em contato<br />

com as fontes contaminadas por cercarias -; usar banheiros; tomar água fervida<br />

ou tratada; higienizar adequadamente os alimentos ingeridos crus; usar<br />

botinas nas irrigações, entre outras medidas.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu :<br />

• que a esquistossomose mansônica é uma doença parasitária,<br />

causada por um verme denominado Schistosoma mansoni;<br />

• que a asquistossomose mansônica é também conhecida como:<br />

xistose, xistosa, sistosomose, barriga d’água, doença dos caramujos<br />

e doença de Manson-Pirajá da Silva;<br />

• sobre o ciclo de vida do Schistosoma mansoni – ovo -, miracídio,<br />

caramujo, cercaria e verme adulto;<br />

• que o diagnóstico pode ser realizado por meio dos métodos, diretos<br />

- fezes e biopsia retal - ou indiretos - exames ultrassonográficos<br />

e os testes imunológicos de reação intradérmica ou<br />

sorológica;<br />

• que xistosa tem tratamento;<br />

• que, para evitar o Schistosoma mansoni, deve-se interromper o<br />

seu ciclo evolutivo com ações de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> e ambiental,<br />

saneamento ambiental e educação e saúde ambiental.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 118<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Atividades de aprendizagem<br />

1. O que é esquistossomose?<br />

2. Descreva o ciclo evolutivo da doença.<br />

3. Como a esquistossomose é conhecida?<br />

4. Descreva os aspectos clínicos da doença, por fase.<br />

5. Os casos da doença devem ser notificados em qual sistema de informação?<br />

6. Cite dois objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

7. Quem deve realizar as ações de educação e saúde ambiental junto à<br />

população?<br />

8. Cite três medidas de controle da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

9. Em sua região, já foi notificado caso de esquistossomose?<br />

10. Quais as medidas tomadas para evitar o avanço da doença?<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 119<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Aula Alfabetização 11 – Leishmanioses Digital - visceral e<br />

cutânea mucosa<br />

Objetivos<br />

• Conceituar as leishmanioses, visceral ou calazar e tegumentar<br />

americana ou ferida brava.<br />

• Descrever a cadeia de transmissão.<br />

• Identificar os principais sinais e sintomas do calazar no homem<br />

e no cão.<br />

• Relacionar as formas de controle.<br />

11.1 Leishmaniose Visceral - LV ou Calazar<br />

11.1.1 Definição<br />

A leishmaniose visceral - LV - é uma doença grave que acomete as<br />

pessoas e alguns animais; era mais frequente na área rural – zoonose -, porém<br />

vem aumentando o número de casos nos centros urbanos. A LV é uma endemia<br />

que vem se expandindo no Brasil e em outras áreas do continente americano,<br />

tornando-se grande problema de saúde pública.<br />

Podemos dizer que calazar é uma doença de manifestação crônica;<br />

quando não tratada, pode evoluir para o óbito em mais de 90% dos casos.<br />

11.1.2 Sinonímia<br />

Calazar, esplenomegalia tropical, febre dundun, doença de cachorro,<br />

entre outras.<br />

11.1.3 Agente etiológico<br />

Os agentes etiológicos da LV são protozoários tripanosomatídeos do<br />

gênero Leishmania, parasita intracelular sob a forma amastigota - aflagelada.<br />

Dentro do tubo digestivo do vetor, as formas amastigotas diferenciam-<br />

-se em promastigotas - flageladas. Nas Américas, a Leishmania chagasi é o<br />

agente causador do calazar.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

121<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 61: Lâmina com a presença de leishmania, agente causador da leishmaniose<br />

visceral ou calazar.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em 02 de<br />

maio de 2011.<br />

11.1.4 Reservatório<br />

Na área urbana, o cão é a principal fonte de infecção. A enzootia<br />

canina tem precedido a ocorrência de casos humanos, e a infecção em cães<br />

tem sido mais prevalente do que no homem. No ambiente silvestre, os reservatórios<br />

são as raposas - Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous - e os marsupiais<br />

- Didelphis albiventris.<br />

Figura 62: O cão é a principal fonte de infecção ou reservatório na área urbana; na<br />

área rural, divide esta importância com as raposas e os marsupiais.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 122<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


11.1.5 Vetores<br />

O flebótomo, que é um inseto que mede de um a três milímetros.<br />

Os flebotomíneos, conhecidos popularmente como mosquito palha, cangalhinha,<br />

tatuquiras, birigui, asa dura, entre outros.<br />

No Brasil, duas espécies, até o momento, estão relacionadas com a<br />

transmissão da doença: Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. A primeira<br />

é considerada a principal espécie transmissora da Leishmania chagasi, mas<br />

a L. cruzi também é identificada como vetora em uma área específica do<br />

estado do Mato Grosso do Sul.<br />

A distribuição geográfica de L. longipalpis é ampla e está em expansão.<br />

Essa espécie é encontrada nas cinco regiões geográficas do país, sendo que,<br />

na região Sul, o primeiro registro ocorreu em dezembro de 2008 (BRASIL, 2009).<br />

Figura 63 :Flebótomo ou mosquito palha, transmissor da LV.<br />

Fonte: Disponível em . Acesso em 02 de maio<br />

de 2011.<br />

11.1.6 Transmissão<br />

Como é que o mosquito palha transmite esta doença?<br />

Como já falamos, o calazar é causado pela Leishmania, que é encontrada<br />

no sangue de animais doentes, como o cão. Quando o mosquito flebótomo<br />

– mosquito palha - pica o cão doente, pode se infectar, ou seja, adquirir<br />

a Leishmania; ao picar uma pessoa sadia, ele pode repassar o parasita.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 123<br />

Os flebotomíneos<br />

adaptam-se facilmente<br />

ao peridomicílio e a<br />

variadas temperaturas,<br />

podendo ser<br />

encontrados no<br />

interior dos domicílios<br />

e em abrigos de<br />

animais domésticos.<br />

Há indício de que<br />

o período de maior<br />

transmissão da<br />

leishmaniose visceral<br />

ocorra durante e<br />

logo após a estação<br />

chuvosa, quando há o<br />

aumento da densidade<br />

populacional do inseto.<br />

Prioritariamente, sua<br />

alimentação é noturna;<br />

durante o dia, ficam<br />

em repouso, em<br />

lugares sombreados<br />

e úmidos, protegidos<br />

do vento e de<br />

predadores naturais.<br />

Pesquisa realizada pela<br />

Universidade Federal<br />

de Minas Gerais - UFMG<br />

-, em Montes Claros/<br />

MG, confirmaram<br />

que os mosquitos<br />

têm maior facilidade<br />

em transmitir a<br />

leishmaniose para cães<br />

que têm o pelo curto.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Não há estudos que<br />

provem a transmissão<br />

da leishmaniose visceral<br />

de pessoa a pessoa.<br />

O mosquito também pode fazer a transmissão entre um animal doente<br />

e o sadio por meio da sua picada.<br />

Observe a figura seguinte, orientando-se pelas setas amarelas e<br />

vermelhas. A seta verde significa que o mosquito sadio pode se alimentar<br />

do homem, porém não irá transmitir nem adquirir o parasita causador da<br />

doença.<br />

Figura 64: Transmissão da leishmaniose visceral – o mosquito infecta-se ao picar os cães,<br />

roedores ou raposas portadores da leishmania e transmitem-na ao homem ou a outro animal<br />

através de sua picada.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

11.1.7 Sinais e sintomas<br />

11.1.7.1 No homem<br />

Os principais sintomas da doença são: febre de longa duração,<br />

perda de apetite e emagrecimento, palidez, tosse seca, fraqueza, anemia,<br />

dentre outras manifestações. Com o passar do tempo, o doente apresenta<br />

desnutrição - cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca -, aumento<br />

do fígado e do baço e hemorragias.<br />

11.1.7.2 No cão<br />

O cão pode ser portador da leishmania sem apresentar nenhum<br />

sinal ou sintomas, porém alguns sinais são bem frequentes em boa parte dos<br />

cães infectados, como: emagrecimento, queda do pelo, queda do trem traseiro,<br />

crescimento das unhas, apatia e feridas nas orelhas.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 124<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


11.1.8 Período de incubação da LV<br />

É bastante variável, tanto para o homem como para o cão. No homem,<br />

é de 10 dias a 24 meses, com média entre 2 a 6 meses, e, no cão, varia<br />

de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses.<br />

11.1.9 Diagnóstico laboratorial<br />

O diagnóstico laboratorial, na rede básica de saúde, baseia-se principalmente<br />

em exames imunológicos – pesquisas de anticorpos e parasitológicos<br />

–, mielograma/punção medular ou epática.<br />

11.1.10 Tratamento<br />

No Brasil, os medicamentos utilizados para o tratamento da LV são<br />

o antimonial pentavalente e a anfotericina B, que devem ser ministrados<br />

sob a orientação médica conforme o peso, a idade e o estado de saúde do<br />

paciente.<br />

Para o cão, ainda não tem vacina nem tratamento eficaz.<br />

11.1.11 Controle<br />

O controle da transmissão da doença é coordenado pelas secretarias<br />

municipais e estaduais de saúde/superintendências e gerências regionais de<br />

saúde por meio de inquéritos caninos, eliminação de cães comprovadamente<br />

infectados, borrifações com inseticidas à base de priretroides em domicílios<br />

com cães doentes. Em casos humanos notificados e confirmados, visando<br />

combater os mosquitos palha, ação de limpeza do domicílio e peridomicílio,<br />

tratamento das pessoas doentes, orientação à população em relação aos<br />

cuidados pessoais e ambientais e outros.<br />

11.1.12 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

A <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> da leishmaniose visceral é um dos componentes<br />

do Programa de Controle da Leishmaniose Visceral- PCLV -, cujos<br />

objetivos são: reduzir as taxas de letalidade e o grau de morbidade por meio<br />

do diagnóstico e tratamento precoces dos casos, bem como diminuir os riscos<br />

de transmissão, mediante o controle da população de reservatórios e do<br />

agente transmissor.<br />

A vigilância da LV compreende a vigilância entomológica de casos humanos<br />

e de casos caninos.<br />

Objetivos operacionais da vigilância:<br />

• identificar as áreas vulneráveis e/ou receptivas para transmissão<br />

da LV;<br />

• avaliar a autoctonia referente ao município de residência;<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 125<br />

Você sabia que, por ser<br />

uma doença de notificação<br />

compulsória e com<br />

características clínicas<br />

de evolução grave, o<br />

diagnóstico deve ser<br />

feito de forma precisa<br />

e o mais precocemente<br />

possível?<br />

Atenção! As rotinas de<br />

diagnóstico, tratamento<br />

e acompanhamento dos<br />

pacientes necessitam ser<br />

implantadas ou implementadasobrigatoriamente<br />

em todas as áreas<br />

com transmissão ou em<br />

risco de transmissão!<br />

Olha! Os níveis de complexidade<br />

de atendimento<br />

dentro do Sistema<br />

Único de Saúde – SUS<br />

- contemplam os três<br />

níveis de atendimento<br />

ao paciente: atendimento<br />

primário – unidade<br />

de atenção primária à<br />

saúde/UAPS -, secundário<br />

- centros de saúde e<br />

policlínicas - e terciário<br />

- hospitais gerais ou de<br />

referência.<br />

O calazar, quando não tratado,<br />

pode evoluir para o óbito<br />

em mais de 90% dos casos.<br />

(BRASIL, 2009).<br />

Leishmaniose visceral é<br />

uma doença de notificação<br />

compulsória, em que<br />

todos os casos confirmados<br />

devem ser notificados<br />

e investigados pelos serviços<br />

de saúde por meio<br />

da ficha de investigação<br />

padronizada pelo Sistema<br />

de Informação de Agravos<br />

de Notificação - Sinan.<br />

A análise da situação<br />

epidemiológica indicará as<br />

ações de prevenção e controle<br />

a serem adotadas.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


A leishmaniose<br />

tegumentar americana<br />

– LTA - é também<br />

conhecida como Úlcera<br />

de Baurú e nariz de<br />

tapir.<br />

• investigar o local provável de infecção - LPI-;<br />

• conhecer a presença, a distribuição e monitorar a dispersão do<br />

vetor;<br />

• dar condições para que os profissionais da rede de saúde possam<br />

diagnosticar e tratar precocemente os casos;<br />

• dar condições para a realização do diagnóstico e a adoção de<br />

medidas preventivas, de controle e destino adequado do reservatório<br />

canino;<br />

• investigar todos os supostos óbitos de LV;<br />

• monitorar a tendência da endemia, considerando a distribuição<br />

no tempo e no espaço;<br />

• indicar as ações de prevenção de acordo com a situação epidemiológica;<br />

• desencadear e avaliar o impacto das ações de controle;<br />

• monitorar os eventos adversos aos medicamentos;<br />

• desenvolver ações de comunicação, de educação em saúde e de<br />

mobilização social, de forma intersetorial e interinstitucional,<br />

visando ao controle da LV.<br />

11.2 Leishmaniose tegumentar americana – LTA<br />

- ou ferida brava<br />

11.2.1. Definição<br />

É uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoários<br />

do gênero Leishmania, de transmissão vetorial, que provoca úlceras na pele<br />

e nas mucosas.<br />

11.2.2 Agente etiológico<br />

A Leishmaniose tegumentar é causada por protozoários do gênero<br />

Leishmania. Há, no Brasil, sete espécies de leishmanias envolvidas na ocorrência<br />

de casos de LTA, sendo as mais importantes: Leishmania (Leishmania)<br />

amazonensis, L. (Viannia) guyanensis e L.(V.) braziliensis.<br />

11.2.3 Sintomas<br />

As lesões podem ocorrer na pele e/ou nas mucosas. As lesões de pele<br />

podem ser únicas, múltiplas, disseminadas ou difusas. Apresentam aspecto de<br />

úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 126<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 65: Algumas lesões características da leishmaniose tegumentar americana<br />

ou ferida brava, na orelha, no braço, na perna/coxa e na face.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, na boca e na garganta.<br />

Quando atingem o nariz, podem ocorrer entupimentos, sangramentos,<br />

coriza e o aparecimento de crostas e feridas. Na garganta, dor ao engolir,<br />

rouquidão e tosse.<br />

Figura 66: Leishmaniose mucosa (LM) ou muco cutânea. Estima-se que, de 3 a 5%<br />

dos casos de LC, desenvolvam lesão mucosa. Clinicamente, a LM expressa-se por<br />

lesões destrutivas localizadas nas mucosas das vias aéreas superiores.<br />

Fonte: Disponível em: < http://www.projis.famerp.br/grp07/default.asp?id=7&mnu=7>. Acesso em<br />

30 de abril de 2011.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 127<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Autóctone:<br />

caso que tem origem na<br />

localidade da residência<br />

do paciente.<br />

Caso importado:<br />

aquele no qual<br />

o paciente foi<br />

contaminado ou<br />

infectado em outra<br />

localidade ou região.<br />

11.2.4 Transmissão<br />

A transmissão ocorre pela picada de flebotomíneos fêmeas<br />

infectadas. Não há casos de transmissão de pessoa a pessoa.<br />

11.2.5 Tratamento<br />

É oferecido na rede do Sistema Único de Saúde – SUS. O paciente<br />

deve fazer uso de medicamentos específicos à base de antimônio pentavalente,<br />

repouso e uma boa alimentação. Atualmente, a prioridade no tratamento<br />

da LTA é o antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime®), que só poderá<br />

ser administrado sob a orientação médica, e nunca por automedicação.<br />

11.2.6 Ações de prevenção e controle.<br />

• Desenvolver ações de comunicação, de educação em saúde e de<br />

mobilização social, de forma intersetorial e interinstitucional,<br />

visando ao controle da LTA.<br />

• Incentivar as pessoas a fazerem a proteção individual, como usar<br />

repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do<br />

vetor, que tem seus hábitos alimentares preferencialmente ao<br />

entardecer e à noite, e, se possível, evitar os ambientes onde<br />

possam ser encontrados o flebotomíneos.<br />

• Fazer o manejo ambiental, através da limpeza, de quintais e<br />

terrenos, a fim de alterar as condições do meio que propiciam o<br />

estabelecimento de criadouros para formas imaturas do vetor;<br />

manter a casa limpa e arejada, evitando que os mosquitos adultos<br />

escondam-se com facilidade.<br />

11.2.7 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

A <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> visa diagnosticar e tratar precocemente<br />

os casos, visando a reduzir as complicações e deformidades provocadas pela<br />

doença; para isto, fazem-se necessárias:<br />

• notificação e<br />

• vigilância de casos humanos.<br />

11.2.7.1 Notificação e investigação de casos<br />

A LTA é uma doença de notificação compulsória, em que todo caso<br />

confirmado deve ser notificado e investigado pelos serviços de saúde, por<br />

meio da ficha de investigação padronizada pelo Sistema de Informação de<br />

Agravos de Notificação - Sinan.<br />

O seu registro é importante para o conhecimento, bem como para<br />

a classificação epidemiológica, caso autóctone ou importado e o acompanhamento<br />

dos mesmos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 128<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


11.2.7.2 Conduta frente a um caso suspeito<br />

Segundo o Guia epidemiológico (Brasil, 2009), caderno 11, o caso<br />

suspeito deve ser submetido à investigação clínica e epidemiológica e, se<br />

disponível, aos métodos auxiliares de diagnóstico. Caso seja confirmado,<br />

iniciam-se a investigação epidemiológica e o tratamento preconizado, acompanhando-se,<br />

mensalmente, para avaliação da cura clínica, durante 3 meses,<br />

após conclusão do esquema terapêutico. Cabe-se ressaltar a importância da<br />

continuidade do acompanhamento do paciente durante 6 a 12 meses, após<br />

o término do tratamento, visando avaliar a possibilidade de ocorrência de<br />

recidiva.<br />

Após a detecção do caso de LTA, a investigação epidemiológica faz-<br />

-se necessária, de modo geral, para:<br />

• conhecer as características epidemiológicas do caso (forma clínica,<br />

idade e sexo) e a atividade econômica relacionada com a<br />

transmissão;<br />

• identificar se o paciente é proveniente de área endêmica ou se<br />

é um novo foco de transmissão;<br />

• realizar busca ativa de casos novos e caracterizá-los clínica e<br />

laboratorialmente;<br />

• realizar, se necessário, a pesquisa entomológica para a definição<br />

das espécies de flebotomíneos envolvidas com a transmissão;<br />

• avaliar o local provável de infecção – LPI - para verificar a necessidade<br />

de adoção de medidas de controle químico.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu que:<br />

• a leishmaniose visceral – LV - ou calazar é uma doença grave que<br />

acomete o fígado, baço e a medula óssea das pessoas e de alguns<br />

animais, e que a leishmaniose tegumentar americana – LTA<br />

-, ou ferida brava, é uma doença infecciosa, não contagiosa, que<br />

provoca úlceras na pele e nas mucosas; ambas são de notificação<br />

compulsória;<br />

• as leishmanioses são transmitidas dos animais doentes às pessoas<br />

por meio do flebotomíeo fêmea infectada.<br />

• a LTA são úlceras na pele e na mucosa, enquanto a LV manifesta-<br />

-se, como o nome já diz, nas “vísceras”, no fígado, no baço e na<br />

medula óssea, deixando as pessoas com febre de longa duração,<br />

perda de apetite e emagrecimento, palidez, tosse seca, fraqueza,<br />

anemia, debilitação e, se não tratada, pode evoluir para hemorragias<br />

digestivas e icterícia; muitas vezes, levam ao óbito;<br />

• tanto os casos suspeitos da LTA como da LV devem ser submetidos<br />

à investigação clínica e epidemiológica e, após confirmados,<br />

são de notificação obrigatória;<br />

• as medidas de controle direcionadas ao homem é a proteção<br />

individual, ao vetor, o saneamento ambiental, e à população<br />

canina o controle da população canina errante e a eliminação de<br />

cães positivos para Leihsmania.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 129<br />

A detecção de casos de<br />

LTA pode ocorrer por<br />

meio de:<br />

• demanda espontânea<br />

às unidades de saúde;<br />

• busca ativa de<br />

casos em áreas de<br />

transmissão;<br />

• visitas domiciliares<br />

dos profissionais do<br />

Programa de Agentes<br />

Comunitários de Saúde<br />

– PACS -, Estratégia<br />

da Saúde da Família –<br />

ESF - e do controle das<br />

endemias;<br />

• encaminhamentos de<br />

suspeitos feitos pela<br />

rede básica de saúde.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Atividades de aprendizagem<br />

1. Qual a diferença entre a leishmaniose visceral – LV - e a tegumentar americana<br />

– LTA?Descreva a transmissão da leishmaniose visceral.<br />

2. Cite os principais sinais e sintomas do calazar no homem.<br />

3. Você já teve a oportunidade de ver um cão com sinais suspeitos do calazar?<br />

Descreva-os.<br />

4. Quais os exames recomendados para diagnosticar a leishmaniose?<br />

5. Quais são os reservatórios da leshmania chagasi?<br />

6. Qual o transmissor da leishmaniose visceral?<br />

7. Cites os agentes etiológicos da leishmaniose tegumentar americana.<br />

8. Em seu município, já foi realizado algum trabalho para identificar e<br />

controlar as leishmanioses? Descreva as ações desenvolvidas.<br />

9. Quais são os objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> no controle da LV.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 130<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 12 - Dengue<br />

Objetivos<br />

• Conceituar a dengue.<br />

• Descrever a transmissão da doença via vetor e o ciclo biológico<br />

do Aedes aegypti.<br />

• Identificar o agente etiológico e os ciclos no homem e no inseto.<br />

• Descrever as manifestações clínicas da infecção por dengue e<br />

as medidas a serem tomadas diante de um caso suspeito.<br />

12.1 Introdução<br />

Nesta aula, vamos falar de uma doença que é conhecida de todos,<br />

pois, desde 1986 vêm sendo registradas epidemias em diversos estados brasileiros,<br />

fazendo muitas vítimas graves. Estou falando da Dengue, doença bastante<br />

divulgada nos meios de comunicações e pela maioria dos trabalhadores<br />

em saúde. Atualmente, a maior parte da população brasileira tem informações<br />

suficientes para se prevenir contra o seu transmissor, o mosquito Aedes<br />

aegypiti, porém falta mudança de atitude, isto é, agir antes que o mosquito<br />

faça mais uma vítima.<br />

12.2 Descrição<br />

Doença infecciosa febril aguda, que pode ser de manifestação leve<br />

ou grave, dependendo da forma como se apresenta: infecção inaparente,<br />

dengue clássico (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome do<br />

choque da dengue (SCD). Atualmente, é a mais importante arbovirose que<br />

afeta o ser humano, constituindo-se em sério problema de saúde pública no<br />

mundo. Ocorre e se dissemina especialmente nos países tropicais, onde as<br />

condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação<br />

do Aedes aegypti, principal mosquito vetor (BRASIL, 2009 p.514).<br />

12.3 Agente etiológico<br />

É um vírus RNA. Arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente<br />

à família Flaviviridae. São conhecidos quatro sorotipos: Dengue viral 1<br />

-DENV 1, Dengue viral 2 – DENV 2, Dengue viral 3 - DENV 3 e Dengue viral<br />

4 - DENV 4.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

131<br />

Mas o que é Dengue?<br />

Quem é o seu<br />

transmissor e qual<br />

o agente causador<br />

deste mal? Como é<br />

feita a transmissão?<br />

Como investigar um<br />

caso? Quais são os<br />

objetivos da <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong> para<br />

controlar esta doença?<br />

Estas e outras perguntas<br />

é o que vamos tentar<br />

responder a seguir.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


No Brasil e em outros<br />

países, o reservatório<br />

vertebrado do DENV<br />

é o homem, porém<br />

foi descrito, na Ásia<br />

e na África, um ciclo<br />

selvagem envolvendo<br />

macacos.<br />

O mosquito aedes<br />

aegypti é originário<br />

da África; possui cor<br />

escura, rajado de<br />

branco nas patas e no<br />

corpo, em tamanho, é<br />

um pouco menor do que<br />

um pernilongo comum.<br />

O mosquito Aedes<br />

albopictus, já presente<br />

nas Américas, com<br />

ampla dispersão em<br />

todas as regiões do<br />

Brasil, é o vetor de<br />

manutenção da dengue<br />

na Ásia, mas, até o<br />

momento, não foi<br />

associado à transmissão<br />

da dengue nas<br />

Américas.<br />

12.4 Reservatório<br />

A fonte da infecção e reservatório vertebrado é o ser humano.<br />

12.5 Vetores<br />

São fêmeas dos mosquitos do gênero Aedes. A espécie Aedes aegypti<br />

é a mais importante na transmissão dos DENV e também pode ser<br />

transmissora do vírus amarílico, causador da febre amarela urbana.<br />

Figura 67: Fêmea do Aedes aegypti fazendo o repasto, alimentação indispensável<br />

para a maturação dos ovos.<br />

Fonte: Disponível em: sintracoop.com.br . Acesso<br />

em: 02 de maio de 2001.<br />

No seu ciclo de vida, o Aedes apresenta quatro fases: ovo, larva, pupa<br />

e mosquito adulto, como mostra a figura a seguir.<br />

Figura 68: Ciclo biológico do Aedes aegypti: ovo, larva, pupa e alado.<br />

Fonte: Disponível em WWW.aguilillamichoacan.gob.mx. Acessado em 03 de maio de 2011.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 132<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


O Aedes aegyptie vive, em média, de 30 a 35 dias. A fêmea põe<br />

ovos 4 a 6 vezes durante a sua vida e, a cada vez, cerca de 100 ovos, em<br />

locais preferencialmente com água limpa e parada (BRASIL, 2008).<br />

12.6 Modo de transmissão<br />

Figura 69: Forma de transmissão da dengue via vetor, a fêmea do Aedes aegypti<br />

infectada no ciclo ser humano – mosquito – ser humano.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

A transmissão faz-se pela picada das fêmeas dos mosquitos Aedes<br />

aegypti, no ciclo ser humano – Aedes aegypti – ser humano. Após um repasto<br />

de sangue infectado, o mosquito está apto a transmitir o vírus, após alguns<br />

dias de incubação. A transmissão mecânica também é possível, quando o<br />

repasto é interrompido e o mosquito, imediatamente, alimenta-se num hospedeiro<br />

suscetível próximo. Não há transmissão por contato direto de um<br />

doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem por intermédio<br />

de fontes de água ou alimento. Há relatos de casos de transmissão vertical,<br />

gestante para o bebê, do vírus DENV-2, ocorridos na Tailândia e na Malásia<br />

(BRASIL, 2009).<br />

12.7 Período de incubação<br />

Varia de 3 a 15 dias, sendo, em média, de 5 a 6 dias.<br />

12.8 Período de transmissibilidade<br />

O período de transmissibilidade da doença compreende dois ciclos:<br />

um intrínseco, que ocorre no ser humano, e outro extrínseco, que ocorre no<br />

vetor.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 133<br />

Segundo os relatos dos<br />

agentes de controle<br />

da dengue, são<br />

encontradas larvas em<br />

águas de esgoto e em<br />

outros locais com água<br />

suja, por isto é que<br />

falamos que o mosquito,<br />

preferencialmente,<br />

desova e/ou reproduz<br />

em locais com água<br />

limpa e parada, mas<br />

pode ser encontrado<br />

em águas impuras e até<br />

salgadas.<br />

Incubação:<br />

ato ou efeito de<br />

incubar, elaboração,<br />

preparação.<br />

Repasto: refeição.<br />

Ato do inseto em se<br />

alimentar de sangue<br />

– picada, refeição<br />

que a fêmea faz para<br />

maturação dos ovos.<br />

Intrínseco:<br />

que está dentro de<br />

uma coisa ou pessoa e<br />

lhe é próprio: interior.<br />

Período em que o<br />

vírus está circulando<br />

no sangue das pessoas<br />

infectadas.<br />

Extrínseco:<br />

que é exterior; não<br />

pertencente à essência<br />

de uma coisa. Tempo<br />

em que o vírus passa<br />

no tubo digestivo<br />

do mosquito para<br />

ficar pronto para ser<br />

transmitido via picada,<br />

forma infectante<br />

(FERREIRA, 1999).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Heteróloga<br />

Diz-se do que<br />

é composto de<br />

elementos diferentes<br />

pela origem ou pela<br />

estrutura: xenogenético<br />

(FERREIRA, 1999).<br />

12.9 Ciclo intrínseco<br />

A transmissão do ser humano para o mosquito ocorre enquanto houver<br />

presença de vírus no sangue do ser humano - período de viremia. Esse<br />

período começa 1 dia antes do aparecimento da febre e vai até o 6º dia da<br />

doença.<br />

12.10 Ciclo extrínseco<br />

No mosquito, após um repasto de sangue infectado, o vírus vai se<br />

localizar nas glândulas salivares da fêmea do mosquito, onde se multiplica,<br />

depois de 8 a 12 dias de incubação. A partir desse momento, é capaz de<br />

transmitir a doença, e assim permanece até o final de sua vida - de 6 a 8<br />

semanas.<br />

12.11 Suscetibilidade e imunidade<br />

A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. A imunidade é<br />

permanente para um mesmo sorotipo. Entretanto, a imunidade cruzada –<br />

heteróloga - existe temporariamente. Ou seja, se uma pessoa pegar o DENV<br />

1 e se curar, ela fica imune por toda a sua vida para este sorotipo e, temporariamente,<br />

para os demais – DENV2, DENV3 e DENV4.<br />

A suscetibilidade, em relação à FHD, não está totalmente esclarecida.<br />

Três teorias mais conhecidas tentam explicar a sua ocorrência:<br />

• teoria de Rosen – relaciona o aparecimento de FHD à virulência<br />

da cepa infectante, de modo que as formas mais graves sejam<br />

resultantes de cepas extremamente virulentas;<br />

• teoria de Halstead – relaciona a FHD com infecções sequenciais<br />

por diferentes sorotipos do vírus da dengue. Nesta teoria, a resposta<br />

imunológica, na segunda infecção, é exacerbada, o que<br />

resulta numa forma mais grave da doença;<br />

• teoria integral de multicausalidade – tem sido proposta por<br />

autores cubanos, segundo a qual se aliam vários fatores de risco<br />

às teorias de infecções sequenciais e de virulência da cepa. A<br />

interação dos fatores de risco, a seguir listados, promoveria condições<br />

para a ocorrência da FHD:<br />

– fatores individuais – menores de 15 anos e lactentes, adultos<br />

do sexo feminino, raça branca, bom estado nutricional, presença<br />

de enfermidades crônicas (alergia, diabetes, hipertensão,<br />

asma brônquica, anemia falciforme), pré-existência de<br />

anticorpos, intensidade da resposta imune anterior;<br />

– fatores virais – sorotipos circulantes e virulência das cepas;<br />

– fatores epidemiológicos – existência de população suscetível,<br />

circulação simultânea de dois ou mais sorotipos, presença de<br />

vetor eficiente, alta densidade vetorial, intervalo de tempo calculado<br />

de 3 meses e 5 anos entre duas infecções por sorotipos<br />

diferentes, sequência das infecções (DEN-2 secundário aos outros<br />

sorotipos), ampla circulação do vírus (BRASIL, 2009).<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 134<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


12.12 Aspectos clínicos e laboratoriais<br />

12.12.1 Manifestações clínicas<br />

A infecção por dengue causa uma doença cujo espectro inclui desde<br />

as formas assintomáticas até os quadros com hemorragia e choque, podendo<br />

evoluir para o óbito.<br />

a. Dengue clássico – DC<br />

A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C); de início<br />

abrupto, seguida de cefaleia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia,<br />

dor retro-orbital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo. Hepatomegalia<br />

dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento<br />

da febre. Alguns aspectos clínicos dependem da idade do paciente. Desse<br />

modo, dor abdominal generalizada tem sido observada mais frequentemente<br />

entre crianças, e manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe,<br />

gengivorragia, e metrorragia, têm sido relatadas mais frequentemente entre<br />

adultos, ao fim do período febril. A doença tem duração de 5 a 7 dias, mas o<br />

período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física<br />

e prolongar-se por várias semanas.<br />

b. Febre hemorrágica da dengue – FHD<br />

Os sintomas iniciais são semelhantes aos do DC, porém há um agravamento<br />

do quadro, geralmente entre o 3º ou 4º dia de evolução, com o<br />

aparecimento de manifestações hemorrágicas e colapso circulatório. A fragilidade<br />

capilar é evidenciada pela positividade da prova do laço. Outras<br />

manifestações hemorrágicas incluem petéquias, equimoses, epistaxe, gengivorragia,<br />

hemorragia gastrintestinal, intracraniana e hemorragia espontânea<br />

pelos locais de punção venosa. Nos casos graves de FHD, o choque geralmente<br />

ocorre entre o 3º e 7º dias de doença, comumente precedido por dor<br />

abdominal. O choque é decorrente do aumento de permeabilidade vascular,<br />

seguida de extravasamento plasmático e da falência circulatória. É de curta<br />

duração e pode levar ao óbito, em 12 a 24 horas, ou à recuperação rápida,<br />

após terapia antichoque apropriada.<br />

12.12.2 Diagnóstico laboratorial<br />

a. Exames específicos<br />

Pesquisa de anticorpos IgM por testes sorológicos - ELISA - e pesquisa<br />

de vírus - isolamento viral.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 135<br />

Segundo a Organização<br />

Mundial de Saúde (OMS),<br />

a definição de FHD é<br />

baseada em critérios<br />

clínicos e laboratoriais.<br />

Após o preenchimento<br />

desses critérios, os<br />

casos devem ser<br />

classificados quanto à<br />

gravidade, de acordo<br />

com as categorias:<br />

Grau I, Grau II, Grau III,<br />

Grau IV. Os graus III e IV<br />

também são chamados<br />

síndrome do choque<br />

da dengue - SCD. Para<br />

maior conhecimento,<br />

consulte o Guia<br />

epidemiológico, caderno<br />

nove, disponível na<br />

plataforma.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


. Exames inespecíficos<br />

Hematócrito, contagem de plaquetas e dosagem de albumina são os<br />

mais importantes para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes com<br />

dengue, especialmente os que apresentarem sinais de alarme, sangramento,<br />

e para pacientes em situações especiais, como crianças, gestantes, idosos<br />

(>65 anos), portadores de hipertensão arterial, diabetes melitus, asma brônquica,<br />

alergias, doença hematológica ou renal crônicas, doença severa do sistema<br />

cardiovascular, doença ácido-péptica ou doença autoimune.<br />

12.13 Tratamento<br />

O tratamento baseia-se principalmente nos sinais e sintomas apresentados<br />

pelo paciente – tratamento sintomático. É muito importante o reconhecimento<br />

precoce dos sinais e dos sintomas para se iniciar a intervenção.<br />

Nunca se pode esquecer da hidratação adequada.<br />

Todo tratamento deve ser orientado pelo profissional médico.<br />

12.14 Aspectos epidemiológicos<br />

Tem sido observado um padrão sazonal de incidência coincidente<br />

com o verão, devido à maior ocorrência de chuvas e ao aumento da temperatura<br />

nessa estação. É mais comum nos núcleos urbanos, onde é maior<br />

a quantidade de criadouros naturais ou resultantes da ação do ser humano.<br />

Entretanto, a doença pode ocorrer em qualquer localidade, desde que exista<br />

população humana suscetível, presença do vetor e o vírus.<br />

A - Nas Américas<br />

A dengue tem sido relatada nas Américas há mais de 200 anos. Na<br />

década de 1950, a FHD foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e na<br />

Tailândia. Após a década de 1960, a circulação do vírus da dengue intensificou-se<br />

nas Américas. A partir de 1963, houve circulação comprovada dos<br />

sorotipos 2 e 3 em vários países. Em 1977, o sorotipo 1 foi introduzido nas<br />

Américas, inicialmente, pela Jamaica. A partir de 1980, foram notificadas<br />

epidemias em vários países, aumentando consideravelmente a magnitude<br />

do problema. Cabe citar: Brasil (1982/1986/2002/2008), Bolívia (1987), Paraguai<br />

(1988), Equador (1988), Peru (1990) e Cuba (1977/1981). A FHD que<br />

afetou Cuba, em 1981, é considerada como evento de extrema importância<br />

na história da dengue nas Américas. Essa epidemia foi causada pelo sorotipo<br />

2, tendo sido o primeiro relato de febre hemorrágica da dengue ocorrido<br />

fora do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental. O segundo surto ocorreu na<br />

Venezuela, em 1989.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 136<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


B - No Brasil<br />

Há referências de epidemias desde o século XIX. No século passado,<br />

há relatos, em 1916, em São Paulo, e, em 1923, em Niterói, no Rio de Janeiro,<br />

sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia documentada clínica<br />

e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista/RR, causada pelos<br />

sorotipos 1 e 4. Em 1986, ocorreram epidemias, atingindo o Rio de Janeiro<br />

e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo<br />

no Brasil de forma continuada, intercalando-se com a ocorrência de<br />

epidemias geralmente associadas com a introdução de novos sorotipos em<br />

áreas anteriormente indenes ou com alteração do sorotipo predominante.<br />

Na epidemia de 1986, identificou-se a ocorrência da circulação do sorotipo<br />

DENV1, inicialmente, no estado do Rio de Janeiro, disseminando-se, a seguir,<br />

para outros seis estados até 1990. Neste ano, foi identificada a circulação de<br />

um novo sorotipo, o DENV2, também no estado do Rio de Janeiro. Durante a<br />

década de 1990, ocorreu um aumento significativo da incidência, reflexo da<br />

ampla dispersão do A. aegypti no território nacional. A presença do vetor associada<br />

à mobilidade da população levou à disseminação dos sorotipos 1 e 2<br />

para 20 dos 27 estados do país. Entre os anos de 1990 e 2000, várias epidemias<br />

foram registradas, sobretudo nos grandes centros urbanos das regiões Sudeste<br />

e Nordeste, responsáveis pela maior parte dos casos notificados. As regiões<br />

Centro-oeste e Norte foram acometidas mais tardiamente, pois as epidemias só<br />

foram registradas a partir da segunda metade da década de 1990.<br />

A circulação do DENV 3 foi identificada, pela primeira vez, em dezembro<br />

de 2000, também no estado do Rio de Janeiro, e, posteriormente, no<br />

estado de Roraima, em novembro de 2001. Em 2002, foi observada a maior<br />

incidência da doença, quando foram confirmados cerca de 697.000 casos,<br />

refletindo a introdução do sorotipo 3. Essa epidemia levou a uma rápida<br />

dispersão do DENV3 para outros estados, sendo que, em 2004, 23 dos 27<br />

estados do país já apresentavam a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e<br />

3 do vírus da dengue.<br />

No Brasil, os adultos jovens foram os mais atingidos pela doença<br />

desde a introdução do vírus.<br />

No entanto, a partir de 2006, alguns estados apresentaram a recirculação<br />

do sorotipo 2, após alguns anos de predomínio do DENV3. Esse<br />

cenário levou a um aumento no número de casos, de formas graves e de hospitalizações<br />

em crianças, principalmente no Nordeste do país. Em 2008, novas<br />

epidemias causadas pelo DENV2 ocorreram em diversos estados do país,<br />

marcando o pior cenário da doença no Brasil em relação ao total de internações<br />

e de óbitos; até o momento, essas epidemias foram caracterizadas por<br />

um padrão de gravidade em crianças, que representaram mais de 50% dos<br />

casos internados nos municípios de maior contingente populacional. Mesmo<br />

em municípios com menor população, mais de 25% dos pacientes internados<br />

por dengue eram crianças, o que evidencia que todo o país vem sofrendo,<br />

de maneira semelhante, essas alterações no perfil da doença (Brasil, 2009).<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 137<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


12.15 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

Objetivos<br />

• Detectar precocemente os casos, visando promover tratamento<br />

adequado e oportuno e reduzir a morbidade e, consequentemente,<br />

evitar o óbito.<br />

• Detectar precocemente o aumento de ocorrência da doença<br />

para a adoção de medidas de controle, evitando que<br />

processos epidêmicos se instalem.<br />

• Realizar investigação para identificar a área de transmissão<br />

e orientar ações integradas de bloqueio e de controle<br />

vetorial.<br />

• Acompanhar a curva epidêmica, identificando a área de<br />

maior ocorrência de casos e os grupos mais acometidos,<br />

visando controlar a transmissão em curso.<br />

• Realizar investigação de óbitos suspeitos, visando identificar<br />

possíveis determinantes.<br />

Definição de caso<br />

Caso suspeito de dengue clássico – segundo o Guia Epidemiológico<br />

(Brasil, 2009), paciente que tenha doença febril aguda, com duração<br />

máxima de 7 dias, acompanhada de pelo menos dois sintomas.<br />

Notificação<br />

Dengue, por ser uma doença de notificação compulsória, devrá ter<br />

todo caso suspeito e/ou confirmado comunicado ao Serviço de <strong>Vigilância</strong><br />

<strong>Epidemiológica</strong> imediatamente. Esse serviço deverá informar, no ato, o fato<br />

à equipe de controle vetorial local para a adoção das medidas necessárias ao<br />

combate do vetor. Em situações epidêmicas, a coleta e o fluxo dos dados devem<br />

permitir o acompanhamento da curva epidêmica, com vistas ao desencadeamento<br />

e à avaliação das medidas de controle. Os casos graves devem<br />

ser notificados e investigados imediatamente, preferencialmente durante o<br />

período de hospitalização.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 138<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Medidas a serem adotadas<br />

Figura 70: Procedimentos a serem implementados em município com transmissão<br />

endêmica de dengue.<br />

Fonte: Guia de vigilância epidemiológica (Brasília, 2009. p. 525).<br />

Atenção médica ao paciente; qualidade da assistência; proteção<br />

individual para evitar circulação viral, recomendável o manejo ambiental, a<br />

busca e a eliminação de possíveis criadouros do mosquito, tanto no domicílio<br />

quanto no peridomicílio, visando eliminar a proliferação dos mosquitos;<br />

proteção á população, ações de bloqueio na área provável de transmissão,<br />

visando eliminar fêmeas do vetor, responsáveis pela transmissão, e desenvolver<br />

ações educativas de forma individual e coletiva.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 139<br />

Esses procedimentos<br />

acima não podem<br />

aguardar resultados de<br />

exames laboratoriais<br />

para a confirmação dos<br />

casos suspeitos.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 71: Medidas de controle do Aedes aegypti vão desde o controle químico,<br />

construção de aterro sanitário, ações educativas e de mobilização até as mais<br />

simples mudanças de atitudes em relação a objetos que se encontram em casa e/ou<br />

no quintal, como: limpeza de compartimento de água da geladeira, colocar garrafas<br />

de gargalo para baixo, tampar caixas d`água, limpar os pratinhos das plantas,<br />

manter pneus sem água e cobertos, manter o lixo tampado.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• a definição de dengue e que essa doença é causada por quatro<br />

sorotipos: DENV 1, DENV2, DENV3 e DENV4;<br />

• que o vírus da dengue é transmitido ao homem através da picada<br />

da fêmea do Aedes aegypti infectada;<br />

• o ciclo biológico do Aedes aegypti é ovo, larva, pupa e mosquito<br />

adulto – alado -, e que vivem em média 30 a 35 dias;<br />

• que o agente etiológico passa por dois ciclos: um intrínseco, no<br />

homem, e outro extrínseco, no inseto;<br />

• que a suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. A imunidade<br />

é permanente para um mesmo sorotipo e, temporariamente,<br />

para outras cepas;<br />

• que manifestações clínicas da infecção por dengue vão desde<br />

formas assintomáticas até quadros com hemorragia e choque,<br />

podendo evoluir para o óbito;<br />

• que todo caso suspeito de dengue deve ser notificado e serem<br />

tomadas medidas preventivas e educativas.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 140<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Atividades de aprendizagem<br />

1. Qual a definição de dengue?<br />

2. Descreva a forma de transmissão da doença.<br />

3. Qual o ciclo biológico do vetor?<br />

4. Qual o agente etiológico da dengue?<br />

5. Cite as manifestações clinicas da dengue.<br />

6. Relacione os procedimentos a serem tomados diante de um caso suspeito<br />

de dengue.<br />

7. Descreva a forma de controle do mosquito.<br />

8. Onde são encontrados os focos de mosquito em sua cidade?<br />

9. Quem e como fazem o trabalho de controle do mosquito em seu território?<br />

10. Já foi notificado algum caso de dengue em sua cidade? Quantos?<br />

11. Quais foram as ações desenvolvidas para conter o avanço da doença?<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 141<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


AULA 1<br />

Alfabetização Digital<br />

Aula 13 – Influenza - H1N1<br />

13beijos.blogspot.com<br />

13beijos.blogspot.com13beijos.blogspot.com<br />

Objetivos<br />

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você<br />

seja capaz de:<br />

• conceituar a doença influenza;<br />

• descrever o agente causador, as formas de contágio, os sinais<br />

e sintomas, o tratamento e a profilaxia ou as medidas<br />

preventivas;<br />

• identificar as ações da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> diante de<br />

casos suspeitos e/ou confirmados.<br />

13.1 Introdução<br />

A influenza – H1N1 - tem sido motivo de preocupação nos últimos<br />

tempos em todo o mundo, por isso, nesta aula, vamos conhecer melhor<br />

essa doença para que possamos, como futuros técnicos de <strong>Vigilância</strong> em<br />

Saúde, evitar o contágio e orientarmos a população a tomar os seus devidos<br />

cuidados.<br />

13.2 Descrição<br />

A influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do sistema respiratório,<br />

de elevada transmissibilidade. Um indivíduo pode contraí-la várias<br />

vezes ao longo de sua vida. Esta doença pode se apresentar de forma<br />

grave, por isso tornou-se um problema de saúde pública, demandando<br />

abordagens específicas de vigilância e controle. Ela aparece de duas formas:<br />

sazonal e pandêmica.<br />

13.2.1 Influenza sazonal<br />

Classicamente, o quadro clínico da influenza sazonal tem início com<br />

febre (≥38°C), tosse seca, dor de garganta, mialgia, dor de cabeça e prostração,<br />

com evolução autolimitada, de poucos dias. Pode gerar ou desenvolver<br />

algumas complicações, como as pneumonias, que geram grande número de<br />

internações hospitalares.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I<br />

143<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Surtos:<br />

Arranco, impulso,<br />

aparecimento<br />

repentino. No caso da<br />

infuenza, notificação de<br />

vários casos suspeitos<br />

e confirmados em<br />

determinado local<br />

ou localidade em um<br />

pequeno espaço de<br />

tempo.<br />

Magnitude:<br />

importância e<br />

gravidade.<br />

Figura 72: O desenho mostra o quadro sintomático da H1N1, febre alta, mal-estar e<br />

tosse seca.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco, em 06-05-2011.<br />

No Brasil, o padrão de sazonalidade varia entre as diversas regiões,<br />

sendo mais marcado naquelas que têm estações climáticas bem definidas,<br />

ocorrendo com maior frequência nos meses mais frios.<br />

Segundo o Guia Epidemiológico (Brasil, 2009), a influenza sazonal<br />

pode manifestar-se por meio de surtos anuais de magnitude, gravidade e<br />

extensão variáveis. É também frequentemente confundida com outras viroses<br />

respiratórias, por isso o diagnóstico para confirmação geralmente é feito<br />

mediante exame laboratorial específico.<br />

A figura a seguir mostra como funciona a influenza – H1N1 - no ser<br />

humano.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 144<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 73: Figura mostra como o vírus entra no trato respiratório, sua multiplicação<br />

e a produção dos primeiros sintomas da influenza - H1N1 - ao atingir a corrente<br />

sanguínea.<br />

Fonte: Disponível em: . Acesso em 07 de maio<br />

de 2011.<br />

13.2.2 Influenza pandêmica ou com potencial pandêmico<br />

Os vírus da influenza A e B possuem vários subtipos que sofrem<br />

contínuas mutações, surgindo novas cepas. Em geral, as novas cepas que<br />

passam a infectar humanos apresentam diferentes graus de distinção em<br />

relação àquelas até então circulantes, devido ao referido processo de<br />

mutação.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 145<br />

Quando os vírus sofrem<br />

contínuas mutações,<br />

o risco de produção<br />

de epidemias ou<br />

pandemias é muito<br />

elevado, em virtude<br />

da suscetibilidade das<br />

populações aos novos<br />

subtipos. A detecção<br />

de epizootias de<br />

influenza aviária de<br />

alta patogenicidade<br />

– vírus A(H5N1) –,<br />

principalmente em<br />

aves silvestres, na Ásia,<br />

África e Europa, teve<br />

repercussões para a<br />

economia dos países<br />

afetados e para a saúde<br />

humana. Em abril de<br />

2009, foi decretada<br />

pandemia provocada<br />

pelo novo vírus da<br />

influenza A(H1N1), que<br />

está circulando em mais<br />

de 170 países, o que<br />

colocou em alerta a<br />

saúde pública mundial.<br />

Epidemias:<br />

elevado número de<br />

casos registrados de<br />

uma determinada<br />

doença em uma região<br />

ou país em curto espaço<br />

de tempo; pandemia é<br />

quando isso acontece<br />

em vários países e ou<br />

continentes.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Os vírus influenza A<br />

são mais suscetíveis a<br />

variações antigênicas,<br />

periodicamente,<br />

sofrem alterações<br />

em sua estrutura<br />

genômica, contribuindo<br />

para a existência de<br />

diversos subtipos.<br />

São responsáveis pela<br />

ocorrência da maioria<br />

das epidemias de gripe.<br />

Os vírus influenza B<br />

sofrem menos variações<br />

antigênicas e, por<br />

isso, estão associados<br />

com epidemias mais<br />

localizadas. Os vírus<br />

influenza C são<br />

antigenicamente<br />

estáveis, provocam<br />

doença subclínica<br />

e não ocasionam<br />

epidemias, motivo pelo<br />

qual merecem menos<br />

destaque em saúde<br />

pública.<br />

As aves migratórias,<br />

principalmente<br />

as aquáticas e<br />

as silvestres,<br />

desempenham<br />

importante papel na<br />

disseminação natural da<br />

doença entre distintos<br />

pontos do globo<br />

terrestre.<br />

Em geral, a transmissão<br />

ocorre dentro da mesma<br />

espécie, exceto no<br />

porco, cujas células têm<br />

receptores para os vírus<br />

humanos e aviários.<br />

Os vírus influenza do<br />

tipo A infectam seres<br />

humanos, suínos,<br />

cavalos, mamíferos<br />

marinhos e aves; os<br />

do tipo B ocorrem<br />

exclusivamente em<br />

seres humanos; e os<br />

do tipo C, em seres<br />

humanos e suínos.<br />

13.3 Sinonímia<br />

Gripe, influenza humana sazonal, influenza humana pandêmica, influenza<br />

A(H1N1)2009 pandêmica, influenza aviária.<br />

13.4 Agente etiológico<br />

O vírus Influenza, da família Ortomixiviridae, é um vírus com RNA<br />

de hélice única, que se subdivide em três tipos antigenicamente distintos:<br />

A, B e C.<br />

Figura 74: Vírus H5N1 altamente patogênico da gripe aviária.<br />

Fonte: noticias.r7.com. Disponível em: . Acesso no dia 08 de maio de<br />

2011.<br />

13.5 Reservatório<br />

Os reservatórios conhecidos na natureza são os seres humanos, os<br />

suínos, os equinos, as focas e as aves.<br />

13.6 Modo de transmissão<br />

13.6.1 Influenza sazonal<br />

O modo de transmissão mais comum é a transmissão direta - pessoa<br />

a pessoa -, por meio de pequenas gotículas de aerossol, expelidas pelo indivíduo<br />

infectado com o vírus influenza às pessoas suscetíveis.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 146<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 75: O desenho mostra uma pessoa expelindo o vírus H1N1 através do<br />

espirro, uma das maneiras de transmissão direta da doença.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco em 06-05-2011.<br />

Os indivíduos adultos saudáveis infectados transmitem o vírus 24 a<br />

48 horas antes do início dos sintomas, porém a títulos muito mais baixos do<br />

que durante o período sintomático.<br />

Pessoas com alto grau de imunodepressão podem excretar vírus por<br />

semanas ou meses. As crianças, comparadas aos adultos, também excretam<br />

vírus mais precocemente, por longos períodos e com maior carga viral.<br />

A influenza também pode ser transmitida pela forma indireta, desde<br />

que uma pessoa susceptível entre em contato as secreções dos doentes.<br />

Figura 76: O desenho mostra que a transmissão pode se dar através de objetos<br />

contaminados por secreção de pessoas portadoras do H1N1.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco em 06-05-2011.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 147<br />

As mãos são o<br />

principal veículo,<br />

ao propiciarem<br />

a introdução de<br />

partículas virais<br />

diretamente nas<br />

mucosas oral, nasal e<br />

ocular. Essa forma de<br />

transmissão depende<br />

de vários fatores:<br />

a carga viral, os<br />

ambientais - umidade<br />

e temperatura -, o<br />

tempo transcorrido<br />

entre a contaminação<br />

e o contato com<br />

a superfície<br />

contaminada.<br />

Apesar de a<br />

transmissão interhumana<br />

ser a mais<br />

comum, já foi<br />

documentada, para a<br />

influenza A(H1N1)2009<br />

pandêmica, a<br />

transmissão direta do<br />

vírus entre seres de<br />

espécies diferentes,<br />

especialmente a partir<br />

de aves e suínos para o<br />

homem.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


13.6.2 Influenza pandêmica ou com potencial pandêmico<br />

Os vírus da influenza aviária estão presentes nas fezes, no sangue<br />

e nas secreções respiratórias das aves infectadas. Desse modo, a contaminação<br />

humana, ainda que rara, pode ocorrer por meio da inalação dessas<br />

secreções, inclusive durante a limpeza e a manutenção nos aviários ou criadouros,<br />

sem os cuidados necessários de proteção, ou durante o abate ou<br />

manuseio de aves infectadas.<br />

Figura 77: O vírus da gripe aviária H5N1 tornou-se comum entre as aves<br />

domésticas na Ásia. Autoridades acreditavam que as feiras livres de aves levaram à<br />

disseminação da doença.<br />

Fonte: Disponível em WWW.saude.hsw.uol.com.<br />

br. Cortesia de MorgueFile. Acesso em 06-05-2011.<br />

Neste momento, você está se perguntando se pode pegar gripe<br />

aviária comendo carne de frango.<br />

A resposta é não. Segundo os estudiosos do assunto, o perfeito<br />

cozimento mata o vírus da gripe, assim como qualquer bactéria que possa<br />

estar relacionada ao frango. Isso não te isenta de continuar seguindo os<br />

procedimentos padrões de higiene no preparo. Ferramentas de cozinha e<br />

superfícies usadas no preparo do frango antes do cozimento devem ser<br />

completamente higienizadas. Tábuas para cortar o frango cru não devem<br />

ser usadas para o preparo de vegetais ou de outros alimentos que serão<br />

comidos crus.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 148<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


13.7 Período de incubação<br />

13.7.1 Influenza sazonal<br />

Em geral, de 1 a 4 dias.<br />

13.7.2 Influenza pandêmica ou com potencial pandêmico<br />

Segundo a OMS, apesar da escassez de informação com fundamentação<br />

científica disponível, alguns estudos indicam que o período de incubação<br />

da influenza aviária é mais longo do que o período conhecido para outros<br />

tipos de influenza, variando de 1 a 7 dias.<br />

13.8 Período de transmissibilidade<br />

13.8.1 Influenza sazonal<br />

Um indivíduo infectado pode transmitir o vírus desde 2 dias antes<br />

do início dos sintomas até 5 dias após o início dos sintomas.<br />

13.8.2 Influenza pandêmica ou com potencial pandêmico<br />

Até o presente momento, não foi identificada transmissão interhumana<br />

do vírus da influenza aviária H5N1, fundamentada cientificamente.<br />

As informações preliminares dos casos de influenza A(H1N1)2009<br />

pandêmica investigados até o momento indicam que, para o adulto, o período<br />

pode variar de 1 dia antes até o 7° dia após o início dos sintomas e, para<br />

menores de 12 anos, 1 dia antes até o 14° dia após o início dos sintomas.<br />

13.9 Suscetibilidade e imunidade<br />

Os vírus influenza acometem pessoas de todas as faixas etárias.<br />

Nos adultos sadios, a recuperação geralmente é rápida. Entretanto, complicações<br />

graves podem ocorrer em indivíduos pertencentes aos extremos etários,<br />

como os idosos e as crianças menores de 2 anos, o que pode determinar<br />

elevados níveis de morbimortalidade.<br />

A imunidade aos vírus da influenza resulta de infecção natural ou<br />

por meio de vacinação anterior com o vírus homólogo. Assim, um hospedeiro<br />

que tenha tido uma infecção com determinada cepa do vírus influenza terá<br />

pouca ou nenhuma imunidade a uma nova infecção com a cepa variante do<br />

mesmo vírus. Isso explica, em parte, a grande capacidade deste vírus em<br />

causar frequentes epidemias e a necessidade de atualização constante da<br />

composição da vacina com as cepas circulantes.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 149<br />

A pandemia de 1918<br />

Em 1918 e 1919, uma<br />

cepa mortal da gripe<br />

matou 50 milhões de<br />

pessoas no mundo<br />

todo. O vírus apareceu<br />

primeiramente no<br />

Kansas e se espalhou<br />

para o resto do<br />

mundo, levado pelos<br />

soldados que lutavam<br />

na Primeira Guerra<br />

Mundial. Recentemente,<br />

cientistas reconstruíram<br />

o vírus e, agora,<br />

acreditam que ele pode<br />

ter se originado a partir<br />

das aves.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 78: Demonstra que, quando o caso é prevenção contra a gripe aviária, o<br />

importante é manter a distância!<br />

Fonte: Disponível em: clubedazueira.blogspot.com>. Acesso em 07 de maio<br />

de 2011.<br />

13.10 Aspectos clínicos e laboratoriais<br />

13.10.1 Manifestações clínicas<br />

13.10.1.1 Influenza sazonal<br />

Febre alta, em geral, acima de 38°C, seguida de mialgia, dor de<br />

garganta, prostração, cefaleia e tosse seca. A febre é, sem dúvida, o sintoma<br />

mais importante e perdura em torno de 3 dias. Os sintomas sistêmicos são<br />

muito intensos nos primeiros dias da doença. Com a sua progressão, os sintomas<br />

respiratórios tornam-se mais evidentes e mantêm-se, em geral, por 3 a 4<br />

dias após o desaparecimento da febre. É comum a queixa de garganta seca,<br />

rouquidão, tosse seca e queimação retroesternal ao tossir, bem como pele<br />

quente e úmida, olhos hiperemiados e lacrimejantes. Há hiperemia das mucosas,<br />

com aumento de secreção nasal hialina. O quadro clínico em adultos<br />

sadios pode variar de intensidade. Nas crianças, a temperatura pode atingir<br />

níveis mais altos. Quadros de bronquite ou bronquiolite, além de sintomas<br />

gastrointestinais, também podem fazer parte da apresentação clínica em<br />

crianças. Os idosos quase sempre se apresentam febris, às vezes, sem outros<br />

sintomas, mas, em geral, a temperatura não atinge níveis tão altos. As situações<br />

reconhecidamente de risco incluem doença pulmonar crônica - asma<br />

e doença pulmonar obstrutiva crônica/DPOC -, cardiopatias - insuficiência<br />

cardíaca crônica -, doença metabólica crônica – diabetes.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 150<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 79: O desenho mostra o quadro sintomático da H1N1. Febre alta, mal-estar,<br />

dor de cabeça, dor de garganta, mialgia e prostração.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”. Joaquim<br />

Francisco.<br />

13.10.1.2 Influenza pandêmica ou com potencial pandêmico<br />

A descrição dos casos de pacientes hospitalizados infectados por<br />

influenza A(H1N1)2009 pandêmica revela que as manifestações iniciais são<br />

iguais às da influenza sazonal. Porém há relato da presença de diarreia, vômitos,<br />

dor abdominal, dor pleurítica e sangramento do nariz e da gengiva. O<br />

quadro pode evoluir para insuficiência respiratória aguda (IRA).<br />

13.10.2 Diagnóstico diferencial<br />

As características clínicas não são específicas e podem ser similares<br />

àquelas causadas por outros vírus respiratórios, que também ocorrem sob a<br />

forma de surtos e, eventualmente, circulam ao mesmo tempo. Apesar dos<br />

sintomas sistêmicos serem mais intensos na influenza do que nas demais<br />

infecções virais, cursam com quadro clínico semelhante, daí a denominação<br />

de síndrome gripal.<br />

13.10.2.1 Diagnóstico laboratorial<br />

Coleta e exame da secreção da nasofaringe – SNF -, preferencialmente<br />

até o 3° dia.<br />

O isolamento viral e as técnicas de biologia molecular são realizados<br />

nos três laboratórios de referência: Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Fiocruz/<br />

MS, Instituto Adolfo Lutz/SES/SP e Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz/RJ.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 151<br />

Visite o site: www.saude.<br />

gov.br e acesse o Guia<br />

epidemiológico, 7ª ed.<br />

Secretaria de <strong>Vigilância</strong><br />

em Saúde /MS.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


13.11 Tratamento<br />

Sabemos que existem vários antivirais que podem ser indicados,<br />

porém, diante dos primeiros sintomas, o paciente deverá procurar o médico<br />

e seguir todas as orientações.<br />

Os indivíduos com síndrome gripal, que apresentam fator de risco<br />

para as complicações de influenza, requerem – obrigatoriamente – avaliação<br />

e monitoramento clínico constante de seu médico assistente para a indicação<br />

ou não do tratamento com o antiviral, além da adoção de todas as demais<br />

medidas terapêuticas.<br />

13.12 <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

A <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> da influenza é realizada em diversos<br />

países do mundo. Surgiu em 1947, voltada, inicialmente, para a identificação<br />

da circulação dos vírus influenza, com a incorporação, posteriormente, do<br />

monitoramento das cargas de morbidade e mortalidade por essa doença.<br />

Essa rede mundial é composta por 112 laboratórios em 83 países, coordenados<br />

por quatro laboratórios de referência, localizados na Inglaterra, Estados<br />

Unidos da América, Austrália e Japão, vinculados à OMS.<br />

13.12.1 Objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong><br />

• Monitorar as cepas dos vírus influenza que circulam nas regiões<br />

brasileiras.<br />

• Avaliar o impacto da vacinação contra a doença.<br />

• Acompanhar a tendência da morbidade e da mortalidade associadas<br />

à doença.<br />

13.12.2 Definição de caso de síndrome gripal<br />

Esta síndrome caracteriza-se por um conjunto de sinais e sintomas<br />

respiratórios de origem infecciosa, decorrentes do comprometimento das<br />

vias aéreas superiores e/ou inferiores.<br />

Para efeito da vigilância da influenza, síndrome gripal é definida<br />

como:<br />

• suspeita – indivíduo com doença aguda, com duração máxima<br />

de 5 dias, apresentando febre e tosse, dor de garganta e outros<br />

sintomas já citados neta aula;• confirmada – quando for identificado,<br />

através de exame laboratorial, o vírus da influenza; OUA<br />

confirmação por vínculo epidemiológico;<br />

• descartada – quando o resultado do exame for negativo, em<br />

amostra adequadamente colhida e transportada, ou quando for<br />

identificado, laboratorialmente, outro agente etiológico, que<br />

não o vírus da influenza.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 152<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


13.12.3 Notificação<br />

As autoridades locais de saúde deverão ser imediatamente notificadas<br />

diante de qualquer suspeita de influenza – H1N1 -, seguindo as orientações<br />

da SVS e MS.<br />

Se você quiser compreender melhor o que deve ser notificado,<br />

acesse o Guia de <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> na plataforma do curso ou no site<br />

do MS: www.saude.gov.br/sinanweb e www.saude.gov.br/svs.<br />

13.13 Instrumentos disponíveis para controle<br />

Influenza sazonal<br />

A vacina é a melhor estratégia disponível para a prevenção da influenza<br />

e das suas consequências, proporcionando impacto indireto na diminuição<br />

do absenteísmo no trabalho e dos gastos com medicamentos para<br />

o tratamento de infecções secundárias, das internações hospitalares e da<br />

mortalidade evitável.<br />

Figura 80: Campanha de vacinação contra a Influenza –H1N, março de 2010.<br />

Fonte: Acervo do autor.<br />

A vacina utilizada no Brasil é constituída por três tipos de cepas dos<br />

vírus influenza, sendo dois tipos de vírus de influenza A e um vírus de influenza<br />

B. Para conferir proteção adequada, a vacina deve ser administrada<br />

a cada ano, já que a sua composição também varia anualmente, em função<br />

das cepas circulantes.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 153<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Essa vacina é oferecida por meio de campanhas anuais, cujo período<br />

deve ser anterior ao período de maior circulação do vírus na população<br />

do país. Está disponível também nos Centros de Referência para Imunobiológicos<br />

Especiais – CRIE.<br />

Após a vacinação em adultos saudáveis, a detecção de anticorpos<br />

protetores ocorre entre 1 a 2 semanas, e o seu pico máximo é após 4 a 6<br />

semanas.<br />

13.14 Medidas adicionais de prevenção e controle<br />

Além da investigação epidemiológica e da investigação clínico-laboratorial,<br />

outras medidas devem ser adotadas, como:<br />

Figura 81: Demonstra a higienização das mãos com água e sabão, depois de tossir<br />

ou espirrar, após usar o banheiro, antes das refeições, antes de tocar os olhos, a<br />

boca e o nariz.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 154<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figura 82: Orienta a proteger com lenços, preferencialmente descartáveis a cada<br />

uso, a boca e o nariz, ao tossir ou espirrar, para evitar disseminação de aerossóis.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

Figura 83: Orienta para que o doente evite o contato com outras pessoas.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 155<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Figura 84: Orienta para que não sejam usados copos, talheres e outros objetos de<br />

pessoas doentes com H1N1.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

Figura 85: Orienta evitar os ambientes fechados para quem estiver com H1N1.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

Figura 86: Orienta a manter ambientes arejados.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 156<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Figuras 87: Orienta a evitar aglomerações e ambientes fechados e manter os<br />

ambientes ventilados.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

Figura 88: Recomenda ingerir líquidos, repouso, boa alimentação e, após a<br />

recuperação, participar de atividade física.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

Figura 89: Orienta a nunca tomar medicamento sem orientação médica.<br />

Fonte: Foto tirada do cartaz do Ministério da Saúde, “Todos contra a Influenza A (H1N1)”, por<br />

Joaquim Francisco de Lima.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 157<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


Resumo<br />

Nesta aula, você aprendeu:<br />

• que a influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do sistema<br />

respiratório, de elevada transmissibilidade;<br />

• que os sinais e sintomas da influenza são: febre (≥38°C), tosse<br />

seca, dor de garganta, mialgia, dor de cabeça e prostração;<br />

• que o agente causador da influenza é o vírus Influenza;<br />

• que os vírus são transmitidos de forma direta ou indireta, ou<br />

seja, pelo contato com a secreção da pessoa ou do animal doente<br />

ou através de objetos contaminados com essas secreções;<br />

• que as medidas de controle, além da investigação epidemiológica,<br />

a vacina e as práticas de higiene da pessoa e dos objetos<br />

usadas pelo doente, como lavar aos mãos, proteger o nariz e a<br />

boca, ao tossir ou espirrar, com lenço descartável, entre outras.<br />

Atividades de aprendizagem<br />

1. Conceitue a influenza.<br />

2. Qual é o agente causador?<br />

3. Como se pega essa doença?<br />

4. Quais os sintomas da influenza?<br />

5. Como se deve fazer o tratamento dessa doença?<br />

6. O que fazer para evitar ou combater a influenza?<br />

7. Explique por que comendo frango bem cozido não se corre o risco de<br />

pegar a gripe aviária.<br />

8. Cite três objetivos da <strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong>.<br />

9. Descreva as medidas preventivas da influenza desenvolvidas no seu município?<br />

10. No seu ponto de vista, por que a maior incidência da influenza acontece<br />

no período mais frio?<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 158<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Referências<br />

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1. Distritos sanitários – Brasil 2. Municípios – Governo e administração – Brasil<br />

3. Serviços de saúde – Administração – Brasil 4. Sistema Único de Saúde. (Brasil)<br />

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ISBN 978-85-334-1632-1 1. <strong>Vigilância</strong> epidemiológica. 2. Saúde pública. I. Título.<br />

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BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica /<br />

Fundação Nacional de Saúde. 5. ed. Brasília: FUNASA, 2002. 842p. ISBN 85-<br />

7346-032-6. Conteúdo: Volume I - Aids / Hepatites Virais. Volume II - Influenza<br />

/ Varíola. 1. <strong>Vigilância</strong> epidemiológica. 2. Doenças transmissíveis. 3.<br />

Estudos epidemiológicos. 4. Sistemas de informação. I. Título.<br />

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual do agente indígena de saneamento.<br />

Fundação Nacional de Saúde. – Brasília: Funasa, 2008. 120p.<br />

Saneamento Básico. 2. Saúde dos povos indígenas. I Título.<br />

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de <strong>Vigilância</strong> em Saúde. Departamento<br />

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e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 160<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, 1910-1989. Novo Aurélio Século XXI:<br />

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3. ed. totalmente revista e ampliada. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1999.<br />

GALINDO, Ernesto e MACEDO, Natália. Transporte e Saúde Ambiental. In:<br />

Grupo de Trabalho Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Pós-graduação<br />

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<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 161<br />

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Acesso em 26 de abril de 2011.<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 162<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde


Currículo do professor conteudista<br />

Joaquim Francisco de Lima<br />

Formado em Administração Pública pela Universidade Estadual de Montes<br />

Claros/<strong>Unimontes</strong>.<br />

Graduado em Administração - Habilitação em Gestão de Negócios -, Faculdades<br />

Santo Agostinho.<br />

Pós-graduado em Gestão de Saúde Pública pelaFaculdade do Noroeste de<br />

Minas – Finom.<br />

Especialista em Segurança Alimentar Nutricional para a Saúde Indígena – Escola<br />

Nacional de Saúde Pública - ENSP/Fiocruz, RJ.<br />

Funcionário Público Federal; atua no setor de Educação e Saúde Ambiental -<br />

Setor de Saneamento Ambiental – Sesan/Superintendência Estadual de Minas<br />

Gerais – Suest/MG - e na Fundação Nacional de Saúde – Funasa.<br />

Professor conteudista e professor formador do Curso de Técnico em <strong>Vigilância</strong><br />

em Saúde - E-tec Brasil/<strong>Unimontes</strong>.<br />

<strong>Vigilância</strong> <strong>Epidemiológica</strong> I 163<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong>


e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong><br />

Escola Técnica Aberta do Brasil<br />

e-Tec Brasil/CEMF/<strong>Unimontes</strong> 166<br />

<strong>Vigilância</strong> em Saúde

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