Susana Isabel Ferreira da Silva de Sá ESTROGÉNIOS E ...
Susana Isabel Ferreira da Silva de Sá ESTROGÉNIOS E ...
Susana Isabel Ferreira da Silva de Sá ESTROGÉNIOS E ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
8<br />
Durante o <strong>de</strong>senvolvimento, a acção organizacional dos esterói<strong>de</strong>s sexuais é<br />
responsável pelo estabelecimento <strong>de</strong> diferenças sexuais estruturais e funcionais que persistem<br />
no adulto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos níveis circulantes <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s sexuais, e que apenas<br />
po<strong>de</strong>m ser reverti<strong>da</strong>s ou anula<strong>da</strong>s por manipulação hormonal no período perinatal. Do ponto<br />
<strong>de</strong> vista morfológico, <strong>de</strong>stacam-se as diferenças sexuais no volume do VMN (Matsumoto e<br />
Arai, 1983; Ma<strong>de</strong>ira et al., 2001) e do seu neurópilo (Ma<strong>de</strong>ira et al., 2001), maior nos machos<br />
que nas fêmeas, e nas <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> superfície (Matsumoto e Arai, 1986a,b) e <strong>de</strong> volume<br />
(Miller e Aoki, 1991) <strong>da</strong>s sinapses axo<strong>de</strong>ndríticas e axospinhosas, que têm sido referi<strong>da</strong>s<br />
como sendo também maiores nos machos que nas fêmeas. Pelo contrário, a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />
espinhas <strong>de</strong>ndríticas dos neurónios do VMN é maior nas fêmeas que nos machos (Segarra e<br />
McEwen, 1991; Ma<strong>de</strong>ira et al., 2001). Do ponto <strong>de</strong> vista funcional é <strong>de</strong> referir a acção<br />
organizacional dos esterói<strong>de</strong>s sexuais no reflexo <strong>da</strong> lordose já que, em contraste com as<br />
fêmeas, os machos castrados apenas <strong>de</strong>senvolvem este reflexo após exposição prolonga<strong>da</strong> a<br />
doses eleva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> estrogénios, não tendo a progesterona qualquer efeito facilitador (Davidson,<br />
1969; Harlan et al., 1984).<br />
Ao contrário do que acontece nos machos, nas fêmeas adultas os níveis <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s<br />
sexuais flutuam ciclicamente e, assim, fazem variar as características morfológicas e<br />
funcionais dos neurónios do VMNvl ao longo do ciclo ovárico. Com efeito, o reflexo <strong>de</strong><br />
lordose é apenas <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado quando os níveis circulantes <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s sexuais são<br />
elevados, estando inibido em animais ovariectomizados (Boling e Blan<strong>da</strong>u, 1939; Pfaff e<br />
Sakuma, 1979; Rubin e Barfield, 1980). Este efeito comportamental é acompanhado <strong>de</strong> um<br />
vasto conjunto <strong>de</strong> variações morfológicas e <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s neuroquímicas dos neurónios do<br />
VMNvl que reflectem a acção organizacional dos estrogénios sobre este núcleo e que se<br />
<strong>de</strong>screvem, <strong>de</strong> modo sucinto, em segui<strong>da</strong>.<br />
Nas fêmeas adultas, a administração <strong>de</strong> estradiol a ratos ovariectomizados estimula a<br />
activi<strong>da</strong><strong>de</strong> metabólica dos neurónios do VMNvl, como o <strong>de</strong>monstram o aumento dos níveis <strong>de</strong><br />
rRNA (Jones et al., 1986) e <strong>de</strong> transcrição génica (Meisel e Pfaff, 1984; Yahr e Ulibarri,<br />
1986), a hipertrofia do retículo endoplasmático rugoso, dos corpos <strong>de</strong> Nissl e do aparelho <strong>de</strong><br />
Golgi, e o aumento <strong>da</strong> área dos nucléolos, dos núcleos e dos somas dos neurónios do VMNvl<br />
(Cohen e Pfaff, 1981; Carrer e Aoki, 1982; Cohen et al., 1984; Jones et al., 1985; Meisel e<br />
Pfaff, 1988). A administração <strong>de</strong> estrogénios a fêmeas adultas altera também o padrão <strong>de</strong><br />
conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos neurónios do VMNvl, através do aumento que induz na <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />
espinhas <strong>de</strong>ndríticas (Frankfurt et al., 1990; McEwen e Wooley, 1994; Calizo e Flanagan-<br />
Cato, 2000) e <strong>da</strong>s sinapses axo<strong>de</strong>ndríticas (Nishizuka e Pfaff, 1989; Frankfurt e McEwen,