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A Blogosfera policial no Brasil: do tiro ao twitter ... - Marcos Rolim

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28SÉRIE <strong>Debates</strong> <strong>CI</strong> A Blogosfera policial no Brasil: do tiro ao Twitter“Somos um blog com cara de site. Optamos pelo tomjornalístico com pitadas de opinião. É a forma maisfácil de administrar um blog feito por uma equipe”.O jornal O Dia mantém um blog desde março de2008, intitulado Blog da Segurança, em moldessemelhantes, ou seja, perfil jornalístico e colunistasconvidados.Ainda são muito poucos os veículos de imprensaque abriram espaço para blogs de jornalistas especializadosem crime e segurança pública. Um fator paraeste pequeno número de páginas pode ser o desinteressedos profissionais da área, pouco afeitos a usar oespaço da imprensa de forma opinativa e temerososda carga extra de trabalho que a manutenção de umblog representa.No entanto, provavelmente, o principal fator paraa escassez desses blogs é a postura das corporaçõesde mídia, que ainda encaram os blogs como competidoresdas redações tradicionais, no que diz respeitoao acesso às informações, e não veem neles produtospotencialmente geradores de renda, capazes de justificarinvestimentos maiores. Podemos especular –embora não tenhamos realizado entrevistas comchefes de redações sobre este assunto – que, na visãodos editores de diários, o repórter pode terminarvalorizando mais o espaço autoral do blog do que assuas tarefas na redação, o que representaria umaperda para o principal negócio da empresa. Existe,ainda, o risco de abrir um espaço opinativo para discutirtemas potencialmente explosivos.Pode-se argumentar que existem blogs sobre políticae economia, temas igualmente sérios, que repercutemna sociedade e provocam respostas dasautoridades. No entanto, os blogs dedicados a estesassuntos costumam ser responsabilidade de colunistasespecializados, jornalistas de grande reconhecimentonas suas áreas e com muita experiência nodelicado equilíbrio entre a opinião e a informação.Ao menos nos jornais impressos, são quase inexistentesos colunistas dedicados exclusivamente à segurançae à criminalidade. 14Os profissionais do chamado “setor policial” dasredações sempre foram considerados menos qualificadosdo que os de economia e política. O processode formação de jornalistas focados em segurançapública, que acompanhou o agravamento da violênciano Brasil, é recente, como observou em 2006Marcelo Beraba, à época ombudsman da Folha deS. Paulo e diretor da Associação Brasileira de JornalismoInvestigativo (Abraji):Se você comparar com as atenções que recebem,nas redações, áreas como economia, ciência emeio ambiente, essa evolução fica aquém doque aconteceu ou vem acontecendo nestasáreas. A área policial continua sendo um primopobre, não só dentro da imprensa, mas tambémna sociedade e na Academia 15 .Apesar da carência de investimentos, desde osanos 1990 a cobertura de segurança pública e crimeganhou novos padrões de qualidade e passou ainvestir mais em temas abrangentes – em vez deapenas cobrir o fato criminoso. O fenômeno dosblogs tende a acelerar estas mudanças. Os jornalistasespecializados em segurança pública, crime e violência,contam agora com cerca de uma centena depáginas que discutem estes temas. Por intermédiodestes blogs, eles podem descobrir pautas, avaliar oimpacto de uma notícia e estabelecer novas fontes –estas, por sinal, fatores centrais na qualidade do trabalhojornalístico. Até agora, a maioria dos repórterespodia contar apenas com a declaração de um portavozou, raramente, uma entrevista com um dosgestores de uma corporação ou secretaria. Agora, ojornalista pode estabelecer contato com policiais devárias patentes, origens e experiências.Outra contribuição importante dos blogs para acobertura jornalística é o contato com o leitor. O blogueirojornalista é obrigado a estar em contatopermanente com seus leitores, que tanto podemaplaudi-lo como criticá-lo duramente. Este contatocotidiano tende a ampliar as exigências éticas sobre aatividade do jornalista, incentivar a reflexão e odebate nas redações.Anonimato ou identificação. O anonimato é umtema em debate permanente na blogosfera, especialmentena blogosfera policial, já que profissionais14. O Jornal Zero Hora criou uma coluna especializada em segurança pública em 2006.15. RAMOS, S.; PAIVA, A. Mídia e violência: novas tendências na cobertura de criminalidade e segurança no Brasil. [Rio de Janeiro]: IUPERJ,2007.

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