O verde à flor da pele

conjuntura
Liguem o maçarico
BNDES Proplástico promove sucateamento de máquinas velhas estimulando a
compra de linhas novas
Por volta da metade do parque brasileiro
de máquinas para transformação
de plástico acumula mais de
10 anos de ativa. Essa estimativa da
Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos (Abimaq)
inspirou um programa que, aprovado em
11 de junho pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), tem tudo para ativar em velocidade
nunca vista a substituição do defasado efetivo
de máquinas básicas e periféricos por linhas
nacionais zero bala, constituindo também,
por tabela, uma senhora mão na roda para
os fabricantes brasileiros duelarem com a
crescente concorrência importada. “No âmbito
dos setores cobertos pela Abimaq, esse
programa de financiamento à transformação
de plástico é visto como um projeto-piloto
que, se bem sucedido, poderá ser estendido
aos equipamentos de outras cadeias”, antevê
Márcio Ribaldo, diretor-executivo da entidade
e mentor da sacada. “Afinal, nossas projeções
situam em 17 anos a idade do efetivo de
máquinas em geral em operação no país e
uma parcela delas roda há mais de 25 anos”,
ele completa.
O programa idealizado por Ribaldo e
chancelado por Luciano Coutinho, presidente
do BNDES, também é o primeiro fruto concreto
das rodadas de debates e ações propostas
no Fórum da Cadeia do Plástico. Ele agrupa
representações setoriais e, pelo governo, o
Ministério da Indústria e Comércio, sob a
batuta do coordenador Alexandre Lopes. Entre as
incumbências atribuídas aos integrantes do fórum,
a Abimaq foi contemplada com a análise de
meios de renovar o parque industrial da terceira
geração do plástico. Com alta milhagem de voo
no ramo, tanto como ex-fabricante de injetoras (a
extinta Oriente) como atuante representante dos
bens de capital para plástico, Ribaldo convenceu
o governo a encampar sua sugestão, agora
apresentada nas vestes do programa BNDES
Proplástico.
“O programa deve entrar em vigência de
1 de outubro próximo a 30 de setembro de
2012 e conta com dotação orçamentária de R$
700 milhões”, ele delimita. Sua viga-mestra é
a possibilidade de o transformador livrar-se
de maquinário obsoleto sem revendê-lo, alimentando
competidores em regra informais.
“Máquina defasada não proporciona retorno
aceitável com sua produtividade deficiente,
além de consumir mais energia e dispor de
menos recursos de segurança que as linhas
atualizadas”, fulmina Ribaldo.
Como chamariz para a modernização do
maquinário, o programa acena com taxa de
6% ao ano para financiar a compra de bens
de capital. A partir de julho, a mesma taxa
estipulada pelo Programa de Sustentação
do Investimento (PSI) do BNDES passou de
4,5% para 5,5% para transações realizadas
até o final do ano. “A taxa do novo programa
é 0,5% maior mas sua vigência tem dois anos
pela frente” contrapõe Ribaldo, sublinhando
que o prazo total de financiamento do BNDES
Proplástico chega ao máximo de 10 anos,
inclusos até dois de carência.
Há outra cereja no bolo. Ao efetuar
a compra da máquina nova nacional o
transformador tem de habilitar-se ao
novo programa. “Pela regra, ele deve
entregar ao vendedor a máquina similar
22
plásticos em revista
Maio / 2010