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Muriel Bulsing - UFSM

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um grupo, por exemplo, em espaço real, o conceito de netnografia trás a<br />

possibilidade de compreensão qualitativa de um espaço virtual. Esmiuçando um<br />

pouco mais e, ainda segundo Kozinets, apud Costa et al., a netnografia consiste em:<br />

“uma descrição escrita resultante do trabalho de campo que estuda<br />

as culturas e comunidades on-line emergentes, mediadas por<br />

computador, ou comunicações baseadas na internet, onde tanto o<br />

trabalho de campo como a descrição textual são metodologicamente<br />

conduzidas pelas tradições e técnicas da antropologia cultural”<br />

(COSTA; NETO; PINTO, p.05).<br />

Podemos visualizar nessa técnica o “esforço” da própria ciência antropológica<br />

em se adequar aos novos tempos, procurando sempre obter da realidade uma<br />

experiência de entendimento mais profunda.<br />

Outro ponto em qual me apoio para fundamentar a minha escolha por essa<br />

técnica é que, se entendemos os contextos on-line como novos contextos culturais,<br />

imbuídos de novos significados e de resignificações, então nada mais acertado que<br />

buscarmos no âmago da etnografia a possibilidade de compreensão desse novo,<br />

pois apesar dos novos tempos e da incrível capacidade de mudança que<br />

acompanha esses novos ares, o que persiste é a capacidade de adaptação que na<br />

memória do velho encontra degraus seguros para criar o novo.<br />

O mesmo Kozinets acima citado contribui com referência às questões éticas<br />

desse processo específico de investigação na rede quando pronuncia que a<br />

diferença maior da netnografia para a etnografia tradicional está relacionada a<br />

necessidade do pesquisador atinar constantemente para a relação público-privado<br />

que se encontra em jogo nesse contexto e, além dessa percepção, respeitar os<br />

limites dessa distinção. Visando ter esse cuidado, sempre que mantinha um primeiro<br />

contato pela internet com alguém que “encontrei” através dos sites da Wicca, eu me<br />

apresentava expondo minhas curiosidades pessoais acerca do assunto e meu<br />

interesse acadêmico. As conversas pessoais que tive com essas pessoas serviram,<br />

acima de tudo, para me situar no “ambiente da Wicca”, para conhecer e distinguir<br />

palavras, idéias e conceitos que me eram estranhos, dúbios ou simplesmente<br />

parciais. Não foi necessário citar nomes nas narrativas e/ou descrições aqui postas e<br />

quando cito foi em ocasiões em que explicitei para a pessoa o motivo de minhas<br />

perguntas pedindo para usar a transcrição livre de suas palavras em minha<br />

pesquisa. Convém citar também que muito raramente tratávamo-nos por nossos<br />

nomes civis, pois, geralmente, uma vez tendo adentrado no caminho da Arte muitos<br />

dos wiccanianos escolhem um novo nome que seja representativo das escolhas<br />

pessoais da própria pessoa.<br />

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