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um grupo, por exemplo, em espaço real, o conceito de netnografia trás a<br />
possibilidade de compreensão qualitativa de um espaço virtual. Esmiuçando um<br />
pouco mais e, ainda segundo Kozinets, apud Costa et al., a netnografia consiste em:<br />
“uma descrição escrita resultante do trabalho de campo que estuda<br />
as culturas e comunidades on-line emergentes, mediadas por<br />
computador, ou comunicações baseadas na internet, onde tanto o<br />
trabalho de campo como a descrição textual são metodologicamente<br />
conduzidas pelas tradições e técnicas da antropologia cultural”<br />
(COSTA; NETO; PINTO, p.05).<br />
Podemos visualizar nessa técnica o “esforço” da própria ciência antropológica<br />
em se adequar aos novos tempos, procurando sempre obter da realidade uma<br />
experiência de entendimento mais profunda.<br />
Outro ponto em qual me apoio para fundamentar a minha escolha por essa<br />
técnica é que, se entendemos os contextos on-line como novos contextos culturais,<br />
imbuídos de novos significados e de resignificações, então nada mais acertado que<br />
buscarmos no âmago da etnografia a possibilidade de compreensão desse novo,<br />
pois apesar dos novos tempos e da incrível capacidade de mudança que<br />
acompanha esses novos ares, o que persiste é a capacidade de adaptação que na<br />
memória do velho encontra degraus seguros para criar o novo.<br />
O mesmo Kozinets acima citado contribui com referência às questões éticas<br />
desse processo específico de investigação na rede quando pronuncia que a<br />
diferença maior da netnografia para a etnografia tradicional está relacionada a<br />
necessidade do pesquisador atinar constantemente para a relação público-privado<br />
que se encontra em jogo nesse contexto e, além dessa percepção, respeitar os<br />
limites dessa distinção. Visando ter esse cuidado, sempre que mantinha um primeiro<br />
contato pela internet com alguém que “encontrei” através dos sites da Wicca, eu me<br />
apresentava expondo minhas curiosidades pessoais acerca do assunto e meu<br />
interesse acadêmico. As conversas pessoais que tive com essas pessoas serviram,<br />
acima de tudo, para me situar no “ambiente da Wicca”, para conhecer e distinguir<br />
palavras, idéias e conceitos que me eram estranhos, dúbios ou simplesmente<br />
parciais. Não foi necessário citar nomes nas narrativas e/ou descrições aqui postas e<br />
quando cito foi em ocasiões em que explicitei para a pessoa o motivo de minhas<br />
perguntas pedindo para usar a transcrição livre de suas palavras em minha<br />
pesquisa. Convém citar também que muito raramente tratávamo-nos por nossos<br />
nomes civis, pois, geralmente, uma vez tendo adentrado no caminho da Arte muitos<br />
dos wiccanianos escolhem um novo nome que seja representativo das escolhas<br />
pessoais da própria pessoa.<br />
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