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3 DESVENDANDO A WICCA<br />
“A religião Wicca está voltada para a terra, a natureza e a fertilidade; os seus<br />
adeptos prestam culto na mudança das estações e nas Luas Nova e Cheia. Eles<br />
geralmente aceitam divindades masculinas e femininas e acreditam na<br />
reencarnação, na magia e nas artes divinatórias. Embora a Wicca seja um<br />
caminho espiritual e filosófico, ela é acima de tudo e fundamentalmente uma<br />
religião, conhecida como „A Arte‟, significando a arte do sábio”<br />
(DANIELS; TUITÉAN, 2006, p.10)<br />
A egiptóloga Margaret Murray em seu livro “O Culto das Bruxas na Europa<br />
Ocidental” (2003) expõe-nos a tese de que a Moderna Bruxaria é uma sobrevivência<br />
dos cultos pagãos 34 da fertilidade que sobreviveram “nas sombras” desde épocas<br />
imemoriais. Em termos científicos a tese de Murray foi (e ainda é) extremamente<br />
criticada, porém para os escritos êmicos ela é um marco. Quando, em 1954, Gerald<br />
Gardner publica o já mencionado livro “A Bruxaria Hoje” (2003) ele oferece seu<br />
testemunho para confirmar a tese de Murray afirmando que ele próprio teria sido<br />
iniciado por um grupo de bruxas que teria sobrevivido às perseguições que a<br />
bruxaria sofreu ao longo dos tempos. Gardner acredita que, com o processo da<br />
Inquisição e o terror das perseguições o culto acabou por tornar-se praticamente<br />
uma espécie de sociedade familiar secreta. 35<br />
Ao contrário de Gardner, e apesar de ter sido iniciado nos caminhos da<br />
bruxaria por este, Raymond Buckland em “Wicca: Um estilo de Vida, Religião e Arte”<br />
(2003) discorda da idéia de que houve uma linhagem da bruxaria desde os<br />
habitantes das cavernas até a Idade Média; segundo este autor, há sim uma<br />
linhagem progressiva da religião mágica, mas isso não quer dizer que a bruxaria<br />
exercida hoje seja a mesma do Neolítico 36 .<br />
Histórica e simbolicamente falando é bem possível que as crenças pagãs de<br />
outrora que enfatizavam a adoração a um Deus de Chifres (Deus da Caça), a uma<br />
Deusa Mãe (Guardiã das Plantações e Colheitas) e que também realizavam os<br />
festivais sazonais, foram aos poucos se misturando sincreticamente com uma magia<br />
popular que consistia basicamente num conjunto de feitiços feitos com o uso de<br />
ervas, bonecos e outras ferramentas, numa perspectiva semelhante à magia<br />
34 Convém lembrar que os antigos cultos só receberam a denominação de “pagãos” com o advento<br />
do Cristianismo.<br />
35 GARDNER, 2003, p. 52.<br />
36 BUCKLAND, 2003, p.15-16.<br />
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